19 de outubro de 2008

MARCEL DUCHAMP / A ANTIARTE

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Marcel Duchamp / obra 'Fonte' 1917

- tais luso de carvalho

Marcel Duchamp nasceu na França 1887. Foi um dos precursores da arte conceitual e introduziu a idéia de ready-mades (objeto pronto) como obra de arte. Começou como pintor impressionista, expressionista e cubista. Nessa fase pintou o quadro 'Nu Descendo Escada', uma sobreposição de figuras que lembra algo de humano. Porém foi como escultor que Duchamp atingiu a fama, deixando a Europa e indo trabalhar nos Estados Unidos, onde encontrou campo fértil para desenvolver sua arte dadaísta (movimento de vanguarda iniciado em Zurique, 1915, por escritores e artistas).

O DADAÍSMO era um movimento de caráter anti-racional, em oposição a qualquer tipo de equilíbrio; movimento de intensa revolta contra o conformismo, em que as forças da criação artística foram colocadas a serviço da antiarte. O movimento surgiu de um espírito de desilusão gerado pela Primeira Guerra Mundial, a qual alguns artistas reagiram com um misto de ironia, cinismo e niilismo anárquico. Os artistas usavam de gracejos grosseiros e de provocações, como mais tarde o próprio Duchamp veio a confessar.

Enfatizou o ilógico e o absurdo, exagerando-se a importância do acaso na produção artística. O objetivo era chocar o público que se alimentava dos valores tradicionais.

Antes do final da Primeira Guerra Mundial este movimento já acontecia em Barcelona, Berlim, Colônia, Hanover, Nova York e Paris. Juntaram-se a este movimento grupos da Áustria, Bélgica, Holanda e outros países. E Paris veio abrigar, em 1922, a primeira exposição internacional dadaísta.

No campo da pintura houve tentativas de desenvolvimento das técnicas cubistas, porém o que definiu o movimento foram os poemas aleatórios e o ready-made. Em Paris o movimento deu mais importância à literatura e sua inclinação para o absurdo e para o extravagante, isso deu suporte para o surrealismo. Suas técnicas de criação foram empregadas, também, pelos expressionistas abstratos. A arte conceitual também tem suas raízes neste movimento.

O espírito dos Dadaístas não desapareceu inteiramente, suas características foram mantidas pela cultura junk e pela arte pop, que era conhecida nos Estados Unidos pelo nome de neodadá.

Em 1912, Duchamp monta uma roda de bicicleta, sobre um banquinho de cozinha, inventa o ready-mades; posteriormente traz, a público, uma caixa de garrafas comprada num armazém parisiense e um urinol - a este último, assinando R. Mutt, e deu o nome de ‘Fonte’. Em outro de seus celebres gestos provocativos apossa-se da clássica obra de Mona Lisa e acrescenta-lhe um bigode, cavanhaque e uma inscrição obscena.

O conceito do ready-mades parece originar-se da convicção de Duchamp de que a vida é um absurdo, sem sentido. Segundo ele, qualquer objeto torna-se uma obra de arte se o retirarmos do limbo dos objetos indiferenciados, e o declararmos como tal.

Duchamp, em outras ocasiões declarou que os ready-mades não eram arte, e sim antiarte, afirmando que nenhuma arte tinha valor.

Na década de 20, Duchamp combinou a idéia de máquina com a de futilidade, construindo elaboradas geringonças mecânicas que foram consideradas precursoras da arte cinética. Após deixar 'O Grande Vidro'- inacabado - abandonou a arte pelo xadrez. De seu casamento, ocorrido em 1927, seu amigo Man Ray escreveu: Duchamp passou a maior parte da única semana que viveu com sua mulher estudando problemas de xadrez: ela, em desesperada retaliação, acordou certa noite e colou as peças no tabuleiro. Os dois divorciaram-se 3 meses depois.


Duchamp tornou-se uma lenda ainda em vida. Tanto no cotidiano quanto em suas realizações artísticas; fez mais do que todos de seus colegas para modificar as concepções de arte no século XX. Tentou, sem sucesso, como ele mesmo reconheceu. Sobre destruir a mística do gosto ou desmontar o conceito de beleza estética disse em 1962: "Quando descobri os ready-mades, pensei em desencorajar a estética... Joguei na cara de todos uma caixa de garrafas e um urinol, que são hoje admirados por sua beleza estética".

Também tenho curiosidade de ver a arte que não é arte, segundo Duchamp... Certos tipos de arte que apresentam nas bienais não conseguem, sequer, formar um elo de compreensão entre o criador e o expectador: fica um vazio. Gosto de todos os períodos da arte, de todas as escolas e de vários movimentos, porém, acho que o principal num artista é querer comunicar-se através de sua obra, é querer passar algo. E fica a dúvida: o artista quer apenas se expressar ou quer ser, também, compreendido? Daí o ‘vazio das bienais’ que fala Affonso Romano.
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Mais obras de Duchamp no DAS ARTES:
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4 comentários:

  1. Táis realmente artista como Marcel Duchamp, são importantes. Naquela época então, nem se fala... um tempo onde td era gerado de forma rígida, e tida como certa..onde vc não podia mostrar aquilo q/realmente pensava...ele deu como tantos outros artistas, a contribuição na construção de um novo conceito, onde já não cabia mas a obrigação de se trabalhar somente aquilo q/podemos dizer "acadêmico",onde as formas eram perfeitas, a beleza tinha um padrão..
    Duchamp, veio com uma linguagem nova até então, o qual não esta em julgamento, mas que veio quebrar,alguns alicerces, e estruturas, impostas por mto tempo.
    Já hoje temos um carnaval de estílos, uns aceitos, outros mal compreendidos, e outros que vem e vão, sem deixar rastros.
    Eu como artista, digo a vc, que realmente, quando pinto uma tela, quero passar várias coisas, através do tema, forma, cores, pois trabalho com mtas cores vibrantes, outras em degradê, textura, e uma baita informação e pesquisa,...agora querer q/as pessoas entendam são outros quinhentos... mas concordo quando diz do vazio das bienais, pois não há conteúdo, existe apenas um jogo!Se puder me visite, pois quero pedir-lhe um favor se possível.
    Bjo.

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  2. Anônimo13:47

    Oi, Wall!

    Também acho que Duchamp revolucionou; que é visto como um dos artistas mais influentes do século XX, devido às suas idéias muito avançadas, isso não há dúvida.

    Porém o movimento Dadaísmo, o qual ele se enquadrou e que falo no texto, era um movimento de caráter anti-racional, em oposição a qualquer tipo de equilíbrio. Enfatizou o ilógico e o absurdo. O objetivo era chocar o público que se alimentava dos valores tradicionais. Foi um movimento de revolta. Partiu dele em dizer que o que fazia não era arte.

    Arte é um assunto polêmico, há os que aceitam (ex) a ‘Fonte’ como uma obra revolucionária. Mas há os que não aceitam, que não a vêem como arte. Acolho todo tipo de opinião, mas tenho uma.

    Como sabes, o ‘Nu descendo escada’, dentre outras de Duchamp gosto muito, é uma pintura cubista mesclada com o futurismo. No final acho que temos a mesma visão: da importância para a mudança, largar a pintura acadêmica para alçar vôo maior. Mas que têm muita coisa esquisita por aí, rotulada como arte, ah tem! E tem muita gente achando o mesmo, só que uns falam; outros ficam inibidos. Acho que com respeito, todos poderiam dar sua opinião.

    Um beijo, amiga, volte sempre.
    Tais

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  3. Anônimo17:44

    Não considero Marcel Duchamp um artista.Arte é feita para se expressar é claro, mas deve ser feita com um bom acabamento, e se você olhar as "obras" dele verá coisas que qualquer cidadão faria.

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  4. Para Anônimo: dê uma olhada em http://taislc.blogspot.com (no índice)

    Tenho um blog 'DAS ARTES' onde falo mais de Duchamp. A 'Fonte' já dá o que falar... Identificando-me ou não com suas obras (que não gosto), mesmo assim tenho de trazê-lo por tratar-se de um artista que foi importante e extremamente polêmico.

    Não só Duchamp como tantos outros. Há vários links que deixei no término dessa postagem.

    Definir o que é arte, é tarefa impossível; jamais chegaremos a um consenso, resta-nos - e graças a Deus - poder dizer se gostamos ou não! E olha lá!! Gera polêmica.

    Um abraço.
    tais

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Taís