Psicodrama - 1965 / Pedro Escosteguy
O CHAMADO
Carpinteiros
pedreiros
médicos
marinheiros
também
tu,
coveiro,
temos
trabalho!
Conclamam-nos
para
refazer
a
obra desfeita
a
estrada desfeita
a
consciência desfeita.
Vinde
de todos os lados,
artífices,
semeadores,
tratoristas
também
tu,
homem
de mão no bolso.
É
preciso debater-se
em
todos os detalhes
as
razões pelas quais
a
obra está desfeita
a
estrada desfeita
a
consciência desfeita,
para
que tudo
não
aconteça de novo.
Acorrei
com vossos instrumentos
preferidos
com
vossas reservas de entusiasmo
com
o braço disponível,
sem
ódio, sim,
sem
ódio.
Porque
a reconstrução da obra desfeita,
da
estrada desfeita,
da
consciência desfeita
é
trabalho de amor.
E
sobre os escombros
o
tom da rosa é amarelo.
(Canto à Beira do Tempo - Pedro Geraldo)
Pedro Geraldo Escosteguy nasceu em Santana do Livramento/RS - Brasil, no ano de 1916. Em 1938, já morando em Porto Alegre, concluiu o curso da Faculdade de Medicina da Universidade do Rio Grande do Sul, com especialização em Gastroenterologia. Paralelamente à medicina iniciou-se na poesia, migrou para o conto, ingressou nas artes plásticas.
Escosteguy publicou seus primeiros livros de poemas no início da década de 50, quando o grupo a que pertencia, o Quixote, pontificava na vida cultural porto-alegrense. Seu último livro de poemas foi lançado em 1988, um ano antes de sua morte, ocorrida em 1989.
Como pintor, participou da Vanguarda que, no Rio de Janeiro, revolucionava as artes plásticas brasileiras; como escritor, inventou os anticontos da revista Artista multifacetado. Pedro Escosteguy foi também um animador cultural. Na década de 50, junto com os companheiros do Grupo Quixote, organizou o Primeiro Festival Brasileiro de poesia e promoveu happenings como a Mostra Popular de Poesia Ilustrada e o Volante de Poesia - eventos que transcorriam nas praças de Porto Alegre. Difícil definir esse intelectual de tantas faces, homem ativo, generoso e delicado, a quem tanto deve a literatura de nosso Estado.
Criou uma obra própria de cunho vanguardista - veiculando através das palavras, pensamentos e imagens uma interação entre a sensibilidade e a necessidade de um posicionamento crítico.
(Poesia Reunida - LPM )
(Poesia Reunida - LPM )
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Em 14 de Julho de 2016 foi comemorado em Porto Alegre, no Instituto
Ling, os 100 anos de seu nascimento. Mais
sobre Pedro Escosteguy e suas obras no DAS ARTES.
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Ótimo poema, enganado, como se fez a muito um tempo atrás, de homens de luta e ideais nobres. Beijos, Tais.
ResponderExcluirOlá Taís, que bela trajetória do medico Pedro, nesta mudança de foco e dedicação. Não o conhecia.
ResponderExcluirUma construção poética interessante num chamado fantástico e critico.
E a rosa ainda é amarela.
Muito bom.
Um lindo fim de semana amiga.
Bjs de paz.
Poema perfeito para o hoje que vivenciamos! Feliz escolha sua, Taís!
ResponderExcluirLinda a trajetória de Pedro Geraldo Escosteguy, principalmente por ter acrescentado a sensibilidade poética em sua vida!
Abraço.
Boa noite, Taís.
ResponderExcluirUm poema muito lindo, chamado perfeito!
A reconstrução inexiste se não houver amor,alicerces não terão fundamentos.
Que todos venhamos aceitar o chamado em plurais sentidos da nossa existência.
Muito obrigada pelo carinho.
Tudo de bom.
Beijos na alma.
Cara amiga Tais, eis um poema oportuno, pois há tanta coisa para ser refeita, sobretudo, porque que nós nos desviamos do caminho, da obrigação, da tarefa que nos foi pré-definida, pois não viemos aqui à passeio, mas a trabalho...
ResponderExcluirGostei da vossa explanação sobre o autor, até então, desconhecido para mim.
Um abração. Tenhas um lindo fim de semana.
Olá, Tais...(Pedro Escosteguy ), creio que esse é o primeiro poema -dele- que leio, adorei a sonoridade poética ( e a sua escolha, claro)... sem vínculos sólidos, tudo é desfeito com a mesma rapidez...somos todos chamados para uma reconstrução e é isso que temos que fazer, com entusiasmo e sem ódio,com amor!Bom finde, belos dias, beijos!
ResponderExcluirOi, amiga, Taís Luso !
ResponderExcluirGenial escolha, como sempre, fizeste para
partilhar conosco.
Pedro G. Escosteguy, multifacetado nas
artes, é um orgulho para quem escreve a
sensibilidade. Parabéns, com o meu abraço
de boa noite e agradecimento.
Sinval.
Este comentário foi removido pelo autor.
ResponderExcluirAcróstico a Pedro Escosteguy
ExcluirExplicação: (detesto fazer explicações) O comentário anterior sai com incorreção, daí a necessidade desta.
Quem sabe - como Escosteguy - faz, quem não sabe - como eu - homenageia.
Outro chamado, de Érato, também existe
Convidando aqueles seres bem especiais
Homens e mulheres com poesia em riste
A viabilizarem este mundo cada vez mais.
Mas, onde essas pessoas ocultas estão?
Assim como Pedro Escosteguy aqui veio
Deixar bem mais (P)alegre este mundão
Onde sequer, ele dizia, estava a passeio?
Excelente partilha, uma poética para ser lida com
ResponderExcluiratenção nas palavras como portadoras de uma
consciência crítica social e existencialista.
Grata por este momento de leitura aqui, querida Taís.
Beijo.
Siempre nos traes buenos poemas, un abrazo.
ResponderExcluirO chamamento à intervenção do público está muito interessante!
ResponderExcluirNota-se na sua poética a sensibilidade de um artista completo e nato,
com uma forma de crítica social e política subtilmente irónica e bem
humorada.
Gostei de apreciar este poema delicado inserido numa nova estética de
vanguarda introduzida na literatura gaúcha.
Beijo, Taís.
~~~~~~
Fiquei a conhecer mais um grande poeta.
ResponderExcluirUm excelente poema de que gostei bastante.
Um abraço e bom fim de semana.
Andarilhar
Oi Tais!
ResponderExcluirQue linda a trajetória e sensibilidade deste belo homem!
Amei tua escolha Tais!
Beijão!!
Mariangela
Boa noite querida Taís.
ResponderExcluirUma trajetória brilhante do medico Pedro Geraldo Escosteguy, que foi também um grande poeta. Um feliz domingo para vocês. Enorme abraço.
Precioso querida amiga, siempre es un placer leerte.
ResponderExcluirMe ausento unos días a descansar, pronto estaré con todos vosotros.
Te mando un fuerte abrazo querida Tais Luso.
Besos amiga.
poema com um certo perfume "herético" rss
ResponderExcluiradorei conhecer o nome do poeta. que não irei perder.
grato, Tais, por dar a conhecer.
muito refrescante a leitura do poema.
sem passarinhos à janela, nem gemidos do mar a bater na rocha rs
beijo, amiga
A poesia tem dessas coisas, é atemporal. Lendo o poema, percebo que pode ter tantas aplicações, ser posto em tantos contextos diferentes. Penso, por exemplo, no momento atual de nosso país, onde precisamos da ajuda de todos para reconstruí-lo. Por outro lado, penso que o mundo todo precisa de uma reforma, onde, irmanados, possamos curar as doenças que existem nele.
ResponderExcluirAntes que me esqueça. Faz tempo que não venho aqui, mas toda vez que venho, sempre encontro uma coisa boa para levar comigo.
ResponderExcluirAbraços, Taís.
É verdade, Thomaz, faz tempo, recebo sua visita com alegria.
ExcluirObrigadíssima, volte sempre.
Grande abraço.
Um poema excepcional que nos permite diversas e oportunas leituras por caminhos diferenciados.
ResponderExcluirTanto para reconstruir... a paz que almejamos, solidariedade entre os povos, a compleição dos valores, a dignidade humana, a equidade e tantas mazelas
Há que pensar e atitudes precisam ser tomadas para a reconstrução de um mundo igualitário e digno para todos
Venho agradecer o carinho e deixar um afetuoso abraço
Vou dar uma pausa nos blogs para curtir o recesso escolar
Volto em breve! Até a volta!
Beijokas doces no coração
Este mundo, às vezes, parece mesmo os escombros de uma obra perfeita, que o homem desfaz a cada dia, pela sua acção...
ResponderExcluirAinda sob o choque dos últimos acontecimentos em Nice...
Brilhante escolha, Tais! Que me permitiu apreciar mais um formidável poema, de um autor que não conhecia...
Beijinhos! Boa semana!
Ana
"Porque a reconstrução da obra desfeita, da estrada desfeita, da consciência desfeita é trabalho de amor."
ResponderExcluirGostei imenso deste poema. A paz é o empenhamento de todos nós. Sem isso, vencem os que têm o mal dentro de si mesmos...
Um beijo.
No conocía este poema y he de confesar que tampoco al gran poeta que lo creó. Es hermoso leer, verso a verso, como va desarrollando sus sencillas y geniales ideas. ¡Ha sido tan fácil de entender! Genial.
ResponderExcluirGracias por contarnos su historia. Una vida plena y llena de interés.
Con afecto.
Oi Taís,precisamos de muita Paz neste mundo tão conturbado que estamos vivendo e vendo tantas atrocidades.
ResponderExcluirUma bela escolha pelo momento que estamos passando,não só no Brasil como no mundo.
Parabéns por nos compartilhar esse poema de um autor que eu não conhecia.
Bjs e obrigada pela visita.
Carmen Lúcia.
TAÍS,
ResponderExcluiresta sua postagem foi de tirar o fôlego.
Completíssima e parabéns, mesmo!
Um abração carioca.
ResponderExcluirQuerida Taís.
A sensibilidade e a bela trajetória mostra que há pessoas que nascem com uma visão atemporal do mundo, esta poesia se aplica perfeitamente aos tempos atuais, a nossa necessidade da ajuda de todos para reerguermos nosso abatido País.
Ótima postagem, amei,
beijinhos.
P.S- Gostei demais de seu comentário à minha postagem
'A Adolescente'.
Também como você meus sonhos são de acordo com o meu amadurecimento é quando a vida nos ensina até a sonhar, realmente podemos chamar de planos ou projetos possíveis e mesmo assim nem sempre realizados.
bjs. Léah
Olá Tais! Se esse "Chamado" fosse feito hoje, dificilmente seria atendido por todos, principalmente o de mão no bolso. Bela trajetória do Autor. Confesso que não o conhecia. Ótima escolha!
ResponderExcluirBeijos e muita saúde e paz para ti e para os teus.
Furtado
Gracias Tais por tu incorporación a los seguidores de mi blog.
ResponderExcluirUn abrazo desde Chile.
Tais...não conhecia!
ResponderExcluirÉ fantástico esse poema...e obrigada pela partilha!
Bj amigo
Belissímo poema, não conhecia o poeta, obrigado pela partilha.
ResponderExcluirBeijinhos
Maria
Um belo convite para refazermos este mundo turbulento através do amor. Gostei da partilha. bjs
ResponderExcluirPerfeita a escolha Taís ! Sempre bom ouvir, ler e falar sobre a Paz. Beijos querida
ResponderExcluirOlá Tais,
ResponderExcluirFiquei impressionada com a riqueza biográfica de Pedro Geraldo Escosteguy. Este pequeno resumo mostra o quão qualificado ele era, já que médico, escritor/poeta e pintor.
O poema é fantástico e reflete bem as necessidades atuais do planeta de reconstrução, inclusive da reconstrução da consciência, o que requer a participação indispensável do amor. Um chamado que deveria ecoar no mundo, notadamente aqui, em nosso Brasil.
Preciso mesmo de um tempo maior, daí ter interrompido as interações no meu blog. Ele estava consumindo grande parte do meu tempo, levando-me a relegar coisas importantes para mim e para a minha vida. Retornarei quando me sentir pronta para continuar na vida blogueira.
Obrigada!
Beijo.
Nem imaginas o quanto gostei deste poema, Tais! Não conhecia o autor e por isso agradeço as informações sobre ele. Por todo o lado se vê destruição em todos os aspectos e todos nós temos a nossa quota parte de culpa; a parte mais dificil, amiga é refazer as consciências; essas não mudam com pás e cimento, tijolo e força braçal; é preciso que na mistura se coloque uma grande dose de força de vontade, persistência, amor ao outro e uma grande capacidade de compreensão e tolerância. Ha alturas em que me pergunto como foi possivel que a consciência humana se tenha desfeito de tal maneira que dela não tenha restado um pingo sequer de sensatez. Como diz Drummond de Andrade, em Residuos, " de tudo fica um pouco...muito pouco...de tudo fica um rato" Melhor seria se ficasse um botão, mas....pelo que vemos, fica um rato ou menos ainda que um simples rato. Adorei, amiga! Façamos a nossa parte e tentemos refazer o que parece totalmente desfeito. Beijinhos
ResponderExcluirEmilia
Eta gaúcho bom, se baiano fosse, diríamos "arretado". Mas baiano de verdade diria "gaúcho retado" "Poeminha" de tirar o fôlego e uma história (a dele) exemplar. Gostei da partilha.
ResponderExcluirBeijo,
http://anna-historias.blogspot.com.es/.
ResponderExcluirTe mando mi blog si quieres darle un vistazo gracias