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- Taís Luso de Carvalho
Basta a gente se indignar com certas coisas para ouvir a famosa frase: "Não ligue, aproveite a sua vida!"
Mas como assim, como será esse aproveitar a vida? É muito relativo, tem gente que aproveita a vida viajando até se estafar; outros aproveitam se empanturrando de churrasco e cerveja até enfartarem; e outros, correm atrás de superação se atirando de paraquedas, escalando o Everest etc. e tal. Mil coisas para se alegrar. Aproveitarem a vida!
Mas juro que vou ficar no aguardo, um dia descobrirei o que é esse aproveitar. Talvez eu esteja fora do contexto, vivendo ainda no séc. 18. Mas por falar em viver bem, em aproveitar a vida, penso que a melhor maneira de aproveitar a vida é pensar antes de pular em campo minado, ou arranjar uma enorme confusão. Calcular o que se faz...
Tenho aversão à brigas; sei que certas coisas até pedem um barraco de tanto que nos enlouquecem, mas não é o ideal, não deixará ninguém mais leve. Há muito que constato que paz por longo tempo é algo muito difícil uma vez que dependemos uns dos outros. E principalmente na dor. Na fragilidade. É difícil viver, mas conviver não é moleza.
Como espero que meu espírito vá para uma dimensão mais evoluída, depois do apagão, então o que me resta por aqui é escolher caminhos mais floridos. O saudável é entrar pra turma do Não Discuto. Não tenho dúvidas dos benefícios e da qualidade de vida que se ganha. Mas não é coisa fácil, é um exercício diário, porque tem o outro lado da moeda: as pessoas que destrambelham, contagiam outros.
Ter qualidade de vida não é só fazer exercícios, moderar na comida, comer grãos e frutas. Ter qualidade de vida é ter a liberdade de escolher e tomar decisões, sem culpas. E decidir é sempre difícil. Pode-se levar anos numa indecisão ou decidir em 10 minutos algo que não se quer. Depende da cabeça do freguês.
O que acontece é que vivemos numa sociedade que cobra demais, mas cada um tem sua maneira de resolver as coisas, de ser feliz. Sofremos cobranças diariamente: a luta por status econômico, status cultural, e a poderosa indústria da beleza - para mantermos uma juventude eterna - mesmo que toda deformada – essa pressão é terrível. Outras gerações envelheciam com paz e dignidade. Hoje...é proibido. Que mundo louco!
É fácil ver pessoas se retraírem, não por serem antissociais, mas por não terem mais fôlego para encarar inúmeras cobranças e julgamentos. Você é puxado para ser outra pessoa, embora lute para ser você mesma.
Se cada um cuidasse de si, mais felicidade sobraria para dividir, e menor seria o fardo dos infelizes. Não estou me referindo a movimentos sociais, políticos ou reivindicatórios em defesa de direitos coletivos. Isso é outro departamento. Parto do individual: mais autonomia, mais paz, mais calma, menos cobranças e mais simplicidade não estariam dentro desse conceito de aproveitar a vida ?
Antes isso do que me atirar das alturas à procura de total liberdade.
Atirar-se das alturas é ato de coragem, mas deve dar uma sensação de liberdade, ah dá!! E pensando bem, deve ser isso que muitos querem sentir: um alívio de tudo, quem sabe aproveitar alguns minutos de liberdade: Voando!