DEMASIA
(para as mães excessivas)
Os filhos que pari trilharam seus caminhos
(como dizem que deve ser).
Eu não me conformei: andei em seus calcanhares,
lancei-me em mil direções, fiquei perdida
nesta casa vazia.
Toda a noite espreito os velhos quartos
para ver se as memórias dormem direito,
se escovaram os dentes, fizeram as lições.
Meus filhos tiveram outros
e eu me fragmentei ainda mais.
No espelho não vejo ninguém:
Virei poeira de gente, soprada entre eles.
Tanto me entranhei em suas vidas,
que tentam limpar-se de mim
para poderem crescer, para não serem
meus filhos.
Poema do livro "Para não dizer adeus" - pág 79
LYA LUFT – Renomada romancista, cronista e ensaísta e poeta. Nasceu em 1938 / Santa Cruz do Sul, Rio Grande do Sul. Faleceu em 2021, aos 83 anos em Porto Alegre.
Na experiência poética trata do amor e da eminência da morte como espaços que se confundem e se misturam. Já na década de 1990, voltou a arrebatar seus leitores com os poemas de amor de "Secreta mirada". "Para não dizer adeus" marca o retorno de Lya Luft à poesia em um volume que reúne poemas antigos, outros mais recentes, quase todos bem atuais e inéditos.
"Como diz Lya, é natural ter várias possibilidades de expressão, como um pintor emprega aquarela, óleo, acrílico, esculpindo ou desenhando. A gente abre portas, espia, apanha e usa o que ajuda a ver melhor, a respirar melhor. Muda, deve mudar; volta, pode voltar, importam a liberdade de ação e a fidelidade à arte – essa que não admite interferências nem faz concessões."
Encontraremos nos livros de Lya material para reflexão de questões do seu cotidiano: a relação entre pais e filhos, a relação entre amantes, o medo da morte, as dificuldades em aceitar as perdas, as amarras que, muitas vezes, nos impedem de ousar e amadurecer.
Formada em letras anglo-germânicas, e com mestrados em Literatura Brasileira e Linguística Aplicada. Foi professora titular de Linguística. Depois disso dedicou-se unicamente à tradução e à sua literatura. Desde os vinte anos dedicou-se a tradução de alemão e inglês, e já verteu para o português autores consagrados como Virginia Woolf, Günter Grass, Thomas Mann e Doris Lessing, além de ter recebido o Prêmio União Latina de melhor tradução técnica e científica em 2001 por Lete: Arte e crítica do esquecimento, de Harald Weinrich.
No total, escreveu e publicou 23 livros, entre romances, coletâneas de poemas, crônicas, ensaios e livros infantis.
______________________💗💛💜______________________
Bom fim de noite e feliz Domingo de Ramos na feliz Semana Santa Taís.
ResponderExcluirUm poema de uma sensível escritora sobre este vazio no ninho e o amor, que precisa libertar para viver e crescer. Mas sabe-se o quão difícil é este desprendimento.
Grato pela bela partilha da Lya.
Beijo e paz no coração amiga.
Poema deslumbrante
ResponderExcluir.
Um domingo feliz … Saudações cordiais
.
Pensamentos e Devaneios Poéticos
.
Esse poema mexe com todas as mães ...
ResponderExcluirLindo demais.Aliás, adoro a nossa querida e já saudosa Lya! Beleza!
Lindo domingo de Ramos pra todos nós! beijos, chica
Hola Tais,es muy bonito el poema, la escritora no la conocía, gracias por darla conocer.
ResponderExcluirFeliz semana.
Un abrazo
Si fuésemos inteligentes, nuestra labor de padres acabaría como en el primer verso de la poeta que nos muestras, "Los niños que di a luz caminaron por sus caminos". Punto.
ResponderExcluirPero, ¡Ah! ¿Se desmarcan la mayoría de los padres de las vidas de sus hijos cuando dejan el hogar familiar? Ni locos.
Es "la teoría del clavo", como afirma mi amiga Ana. Los hijos se emancipan, viajan, construyen sus propias familias y, a pesar del amor que les tengan, por lo general piensan poco en sus padres, lo que debería ser motivo de tranquilidad para estos. Ya se sabe, "no news... good news". Aún así, son muchos los mayores que nunca desprenden la placenta por completo, sufriendo de mala manera por la falta de noticias, de llamadas, de confidencias. Lo viven como un clavo eterno clavado en el centro de su frente.
Y pensándolo bien... Si viven esa situación sin motivos serios, los padres se merecen (nos merecemos), un par de bofetadas bien dadas.
Petons, Tais.
No conocía a esta escritora. Su poema me parece muy bello.
ResponderExcluirMuy interesante tu excelente información.
Un beso. Feliz domingo.
Ah, Lya como gosto de ler-te. As imagens deste poema são tão bem concebidas para traduzir esta relação com os filhos, a de criá-los para o mundo sem perdê-los, perdendo-os. E tão bem condensado este sentimento em tão poucos versos... Valeu, Lya por tudo que nos deixou.
ResponderExcluirUm abraço, minha amiga Taís!
Uma GRande Escritora.
ResponderExcluire um Poema de excelència
gostei muito, amiga Tais
Excelente poema y gran escritora que desconocía. Gracias por mostrar y traer a tu blog.
ResponderExcluirEl sentimiento como el de muchas madres y padres, siempre vemos a los hijos como lo que son nuestros hijos y aunque ya mayores y con hijos, además de ser padres nos consideramos nuevamente padres (abuelos). Pero así es la vida y así probablemente les sucederá a ellos. Los hijos y los nietos siempre serán "una preocupación" no sabría vivir sin ellos y sin saber de ellos. Cuando ellos están bien, todo está bien y se disfruta de la felicidad.
Un fuerte abrazo amiga Taís, desde el levante español.
P.D. Esta mañana entré a tu publicación pero no existía.
Boa noite. Uma das minhas escritoras favoritas. Escolheu um precioso poema,que certamente nos sensibiliza enquanto mãe. Deixa um belo legado à humanidade.
ResponderExcluirUma boa semana Santa. Bjsss
Demasia, é o título
ResponderExcluircerto
não há mãe que o não seja
contudo
no desfiar do poema
no desenvolvimento do verso
só te digo
que, como pai
senti-me excluído
(comenta meu comentário com o teu Pedro...)
Beijo
Taís, que lindo poema!
ResponderExcluirEu como mãe me identifiquei muito, pois sou assim não desvio o olhar da minha família.
Desejo a você e família, uma Feliz e Abençoada Semana Santa.
Beijinhos.
Os filhos são nossos mas temos de os saber partilhar com o Mundo.
ResponderExcluirÉ isso que espero estar a proporcionar às minhas filhas que adoro muito mais que a própria vida.
Beijo, boa semana
Lya Luft: também a leio sempre com gosto e com a sensação de que sou eu a falar. Há escritores assim, onde nos encontramos a nós mesmos naquilo que escrevem.
ResponderExcluirUma boa semana com muita saúde, minha Amiga Taís.
Um beijo.
Desconhecia por completo, mas gostei muito do poema e de saber sobre essa importante escritora.
ResponderExcluirLamento a morte de outra grande escritora da Língua Portuguesa: Lygia Fagundes Telles.
Querida Taís, lhe desejo e a sua família serena e doce Semana Santa e deixo afectuoso abraço.
Desconhecia esta autora. Mas ainda bem que esta excelente crônica, descreve o trajeto e as obras publicadas desta ilustre artista.
ResponderExcluirExcelente partilha, amiga Taís.
Votos de uma excelente semana, com muita saúde.
Beijinhos!
Mário Margaride
http://poesiaaquiesta.blogspot.com
ADOREI A POESIA...
ResponderExcluirMAS, É BEM ASSIM, MESMO...
BEIJINHO COM CARINHO!!!
https://leandrogiroldopoesias.blogspot.com/
Muito bem-vindo ao Porto das Crônicas, Leandro!
ExcluirMuito obrigada pela sua presença.
Uma boa semana,
beijinho.
Buen y reflexivo poema. Te mando un beso.
ResponderExcluirQuerida Taís
ResponderExcluirSim, um autor pode enveredar por várias formas de expressão, escrever poesia, romances, crónicas, enfim não tem de se situar apenas num género.
Adorei ler este seu poema, tão verdadeiro, e que espelha muito bem o problema das "mães excessivas", que com o seu amor quase obcecante não deixa os filhos e netos crescerem. Como resultado acabam por se tornarem "poeira" sem vida própria e, consequentemente, infelizes.
Tenha uma boa semana, minha querida amiga.
Tudo de bom, muita saúde ao lado da família.
Beijinhos
Olinda
Deverá ler-se:
ExcluirAdorei ler este poema de Lya Luft... :)
Beijo
Querida amiga Tais, que linda postagem, o poema diz tudo da maioria das mães que de fato sofrem muito ao ver seus filhos crescendo e indo embora, Lya Luft mostrou com poesia isso tudo!
ResponderExcluirÉ difícil mesmo, aprendi em tempo, logo que minha mãe tinha falecido, meus filhos ainda pequenos, em um curso do Luiz Gasparetto, com ele aprendi e trabalhar o " deixar ir", " deixar crescer" deixar a vida fluir, assim é a vida e assim consegui estar aqui, hoje avó de netos adultos, meus 73 anos sendo vividos como tem de ser, com leveza!
Amei te ler minha doce amiga e obrigada pelo carinho de sua sempre amável visita Abraços apertados!
Um belíssimo poema. Que é mãe entende.
ResponderExcluirGostei de conhecer esta autora.
Beijinhos.
Feliz e Santa Páscoa!
Olá Tais, venho de novo a reparar a minha mistake. Gostei tanto do poema que partilhei no facebook cos amigos e amigas que também gostarom.
ResponderExcluirBeijinhos e boa continuação de semana.
Muito obrigada, querida amiga.
ExcluirUm beijinho! 🧡💜💛
Desconocía a la autora.
ResponderExcluirMe ha encantado su poema. El síndrome del nido vacío, lo llaman.
Siempre es un placer visitarte querida Taís.
Pois é, Taís, sei que muitas vezes te digo que um poema deve ser lido uma e outras vezes, o que serve tanto para o prazer que o poema nos dá, como para tentar entendê-lo na sua profundidade. E agora, diante desse poema da Lya Luft repito o que sempre disse: um poema não deve ser para uma única leitura. Esse poema que a poeta trata sobre o sentimento materno, sobre os filhos dela, não foge à regra. O poema da Lya Luft é uma queixa amorosa sobre a ausência dos filhos na casa em que foram criados, ali onde ela passa seus dias sem tê-los consigo, mas os torna vivos na sua mente com o seu amor e o seu carinho pelos filhos amados. Um poema de extraordinária beleza, que diz muito num pequeno espaço no qual afloram os sentimentos maternos, que sabe que o mundo deles é para fora, e não ali onde foram criados.
ResponderExcluirGostei de reler a Lya, leitura que se repetirão no tempo.
Parabéns pela escolha, minha querida cronista.
Um beijinho daqui do escritório.
Uma grande escritora.
ResponderExcluirUma merecida homenagem.
Continuação de boa semana e uma Páscoa Feliz, minha querida amiga Taís.
Beijo.
Olá, amiga Tais,
ResponderExcluirPassando por aqui, relendo este excelente post, que muito gostei, e desejar um Feliz fim de semana, e Páscoa Feliz!
Beijinhos.
Mário Margaride
http://poesiaaquiesta.blogspot.com
passando para desjar uma linda e feliz pascoa bj saude
ResponderExcluirVenho desejar-te uma boa Páscoa, querida Taís.
ResponderExcluirE sobre o poema digo que é simples e pleno de sabedoria.
Ainda bem que nos encontramos na blogosfera e partilhamos o que nos emociona.
Abraço apertado.
Apertado abraço.
Oi amiga, Taís!
ResponderExcluirPassando para desejar uma FELIZ E ABENÇOADA PÁSCOA, para você e sua família.
Beijinhos com carinho.
Estimado amiga Tais, os deseo todo lo mejor para esta Semana Santa de armonía, paz, meditación... y todo lo mejor para con tus seres queridos. Que Dios os bendiga.
ResponderExcluirUn gran abrazo desde el levante de este hermano país, España.
Amiga Taís, achei o poema como um desabafo de uma Mãe algo desencantada.
ResponderExcluirNão posso dizer que morri de amores, mas se calhar não entendi bem o sentido do poema.
Os filhos não são pertença nossa, nós os criamos para o mundo, tal como aconteceu connosco.
Aproveito para desejar um excelente Domingo de Páscoa com todos os seus amores, querida amiga.
Beijinhos e tudo de bom, Tais querida.
Uma
P elo Amor derramado
ResponderExcluirA paz enfim reinou
S ó nos resta o Amado
C om todo esplendor
O sol nos vem calado
A contemplar tanto Amor
Feliz Páscoa, querida amiga Taís!
A todos seus amados.
Beijinhos festivos e carinhosos
Um poema extraordinário que tocou o meu coração. Os filhos crescem, abrem asas e voam para longe procurando o seu rumo, construindo a sua própria vida, é claro que é assim que deve ser e ficamos muito felizes por eles, mas sentimos tanto a sua ausência.
ResponderExcluirUma Páscoa muito Feliz para si e todos os seus familiares.
Beijinhos
ola bom diaa.
ResponderExcluirOLÁ TAÍS
ResponderExcluirmuito obrigada por se lembrar de mim nesta Páscoa!
Espero que o seu dia de Páscoa tbm tenha sido feliz e com Paz e saúde
Voltarei para ler essa belíssima postagem, depois da Páscoa.
VOLTE SIM querida amiga TAÍS
e já agora veja o artigo anterior que tbm não viu de um almoço num restaurante giratório
Terça-feira é o meu dia de aniversário
Amanhã farei um post alusivo
Um beijinho!
Mas que poema lindo, garota.
ResponderExcluirUm beijo e feliz Páscoa.
Una autora importante, Tais. Su poema podrían apropiárselo muchos lectores.
ResponderExcluirEl ejercicio de volver la vista atrás no siempre es grato. Habría que ser muy poco analítico para autoconcederse un sobresaliente general, ya que siempre asoma por ahí, por los rincones, algún recuerdo no bien resuelto.
"Se hizo lo mejor que se pudo, que se supo".
A nadie nos dieron un libro de instrucciones...
Un beso, Tais.
Há muitos anos eu vi numa livraria, já extinta, aqui na minha cidade um livro de capa laranja com um titulo em letras garrafais que dizia: POR FAVOR NÃO ME AME! Que estranho? Se amar é tão bom. Porque? Titulo no minimo provocador e de excelente marketing. Mais depois soube após rápida leitura no prefacio do que se tratava. Se referia simplesmente a esse amor ai, o amor possessivo, castrador, que torna o filho dependente, sem iniciativa e inseguro para o resto da vida. Qualquer decisão que for tomar a mãe dará a ultima palavra enquanto ele estiver vivo. Depois não se sabe como vai se virar. Talvez desperte tarde por força das circunstâncias, qualquer forma terá feito o dano. Não por culpa dela, certamente, mais por egoísmo, medo excessivo. Tudo em excesso é veneno, já diz o ditado. Obrigado pela visita, Tais. Boa Páscoa pra você também nesse final de domingo e boa semana.
ResponderExcluirOlá, Tais.
ResponderExcluirPassando por aqui, para desejar uma boa semana, com muita saúde.
Beijinhos!
Mário Margaride
http://poesiaaquiesta.blogspot.com
Muchísimas gracias por tus letras ^^
ResponderExcluirTaís:
ResponderExcluir¡ojalá nuestros hijos tomen el camino adecuado!
Abraços.
Querida amiga
ResponderExcluirHá muito tempo que sou "fã de carteirinha" de Lya Luft.
Embora a conheça melhor como poeta e cronista (nunca li nenhum romance escrito por ela) gosto imenso dos seus escritos.
Este lindo poema retrata bem a vida das mães (da maioria...) a quem custa muito deixar os filhos voarem. A verdade é que não podemos viver por eles... eles têm a sua própria vida e nós temos que o aceitar...
Que a sua Páscoa tenha sido muito feliz.
Uma boa semana.
Beijinhos
MARIAZITA / A CASA DA MARIQUINHAS
Lindo poema. Belíssima homenagem a grande Lya Luft. Parabéns Taís.
ResponderExcluirBeijos e uma ótima semana para ti e para os teus.
Furtado
Excelente escritora que nos deixou muitos legados,. Este poema sobreo ninho vazio é uma das suas preciosidades. BJssss
ResponderExcluirNão conhecendo a fundo a obra de Lya, tenho contudo apreciado imenso, tudo o que da sua autoria me chegando... Adorei poder ficar a conhecê-la mais um pouco, através desta sua belíssima publicação, Tais! Formidável partilha!
ResponderExcluirBeijinhos! Feliz semana!
Ana