Acho que o nosso futuro já está traçado: não adianta esbravejar. O negócio é relaxar.
Dias atrás, escutei uma amiga - esperançosa, a coitada - perguntar se eu não teria uma visão menos pessimista, de ver revertido alguns valores da sociedade e ver mais seriedade por parte das instituições governamentais.
Não dá, amiga; no Brasil, onde a miséria é crescente, onde a saúde, a segurança, a educação são menosprezadas, o que esperar para os próximos anos? O que esperar de um país cuja mentalidade dos nossos políticos é de se esbaldarem com o dinheiro público através dos carrões, de mansões, de aviões luxuosos, e de muita grana nos paraísos fiscais? É muito. Isso agride. Vejo uns homenzinhos, já caindo aos pedaços, roubando como loucos, como se tivessem uma vida inteira para torrarem o nosso dinheiro. Já não estão lá com toda esse vigor... Mas querem mais.
O SUS? – ah, bobagem! O Presidente Lula não disse que o tal SUS está perto da perfeição? Miséria não existe, é invenção nossa. E trabalhar pra pobre não dá resultado: é como fazer saneamento básico, não aparece. O negócio é encher a cidade de viadutos gigantes e pomposos - nem que seja nos cafundó. Rolar dinheiro. Só espero que não queiram reproduzir, aqui, as pirâmides do Egito. Mas qualquer dia aparece um louco com uma ideia mirabolante pra faturar. Eles faturam e nós relaxamos.
Os pobres vão subindo o morro, pra lá das moitas. Mas estão descendo com maior violência, igual a bumerangue.
Olha, gente: não adianta falar mais; esse nosso apelo nos ouvidos da turma é música. Precisamos de tudo, mas vivemos num país que não nos dá nada. Ficamos correndo dos marginais, colocando grades nas portas, evitando sair à noite e não dormimos enquanto nossos filhos não chegam. Até nos hospitais corremos perigo com medicamentos trocados. Estamos enfartando. De medo.
E, contudo, ainda precisamos conviver com aquele paraíso anárquico, com aquela Praça da Alegria que fica lá no centro do país, onde roubar, há muito virou moda.
E ainda lembramos do conselho daquela madame, a nossa Ministra do Botox, a dona Marta Suplicy, para não nos estressarmos: Relaxem!
To começando a concordar com ela, mesmo porque... teria outro jeito?
Tais, chego sempre e pouco comento, mas esse texto eh o relato de que nossa situacao social, a nivel mundial, esta grotesca, absurda, beirando a auto-destruicao. Os sufocos do sec. XXI poderiam ser diferentes... Utopia ou nao, a conduta precisa ser mudada. Nossa conduta. Precisamos encarar a desesperanca, talvez, e deixar o cinismo de lado.
ResponderExcluirTorco por nos, pela humanidade, ainda que a cada dia mais desiludido.
bjx
Roy