- Tais Luso de Carvalho
Dias atrás, fui ao shopping comprar um cordão de ouro para sustentar uma medalhinha. Fui de jeans, camiseta branca, uma rasteirinha (sandália baixa) e um bolsão. Tudo básico. Não tinha o porquê ir de salto alto e produzida às 3 horas da tarde. Entrei numa joalheria, de nome, de grife. Quando saí é que vi o nome.
Dias atrás, fui ao shopping comprar um cordão de ouro para sustentar uma medalhinha. Fui de jeans, camiseta branca, uma rasteirinha (sandália baixa) e um bolsão. Tudo básico. Não tinha o porquê ir de salto alto e produzida às 3 horas da tarde. Entrei numa joalheria, de nome, de grife. Quando saí é que vi o nome.
Senti como se tivesse entrado numa casa de deficientes visuais: ninguém me enxergou. Depois de algum tempo veio a vendedora: e pra ti, querida? Ah, meu Deus... se há algo que me tira dos trilhos é o tal do querida: aquele abominável querida pra achincalhar. Coisa de vendedora (com todo o respeito).
Há alguns anos usava-se o filhinha: e pra ti, filhinha? Meu humor mudava na hora! Lembro que minha filha - ainda pequena - começava a me cutucar para eu dar uma 'maneirada', ser mais educadinha; era pior: eu enfatizava mais o deboche da vendedora.
Bem, mas voltando ao shopping...
Pedi alguns cordões de ouro para ver. A sirigaita foi se arrastando... totalmente vazia de vontade em mostrar os tais cordões. Mostrava olhando para a colega... Vi, remexi, baguncei o mostruário e agradeci. Saí roxa, meio nauseada.
Então fiquei pensando nas pessoas humildes que entram num banco para abrir conta e são vistas com desconfiança; pensei nas pessoas que vão atrás de atendimento médico do SUS; pensei nas pessoas que querem abrir crédito numa loja e esperam, meio que constrangidas, pela aprovação de seu nome. Pensei em muitas coisas... Inclusive nas quem têm dinheiro e não esperam por nada. São agraciadas com cafezinho.
E vejo, então, que esta hipocrisia é uma imposição de uma sociedade que diz: tenha uma aparência de pessoa chique, bem apessoada, de bom berço para ser bem atendida. Simule, seja artista, minta. Assim estará garantido um bom atendimento. Então tá.
Pois bem, amigos, a melhor filosofia para ir às compras é lançar mão do melhor coadjuvante: a roupa e a empáfia! Mesmo que você tenha tudo de bom e for uma pessoa agradavelmente simples, sem frescuras - o que é elogiável -, nestas santas horas não funciona, é preciso representar: é preciso estampar (na testa) que você tem esta porcaria de dinheiro para comprar o que procura; é preciso mostrar para o seu médico que você tem dinheiro para bancar uma cirurgia ou um tratamento caro; é preciso mostrar para o gerente do banco que você vai ser bom investidor; é preciso mostrar que você tem! Mesmo que não tenha. O tratamento que dispensarão a você será coisa pra cachorro grande. É assim que funcionam as coisas neste terceiro mundo dos confins. Infelizmente.
Nos países de primeiro mundo não sei como funciona; mas não deve ser muito diferente: a matéria-prima é a mesma...
Há alguns anos usava-se o filhinha: e pra ti, filhinha? Meu humor mudava na hora! Lembro que minha filha - ainda pequena - começava a me cutucar para eu dar uma 'maneirada', ser mais educadinha; era pior: eu enfatizava mais o deboche da vendedora.
Bem, mas voltando ao shopping...
Pedi alguns cordões de ouro para ver. A sirigaita foi se arrastando... totalmente vazia de vontade em mostrar os tais cordões. Mostrava olhando para a colega... Vi, remexi, baguncei o mostruário e agradeci. Saí roxa, meio nauseada.
Então fiquei pensando nas pessoas humildes que entram num banco para abrir conta e são vistas com desconfiança; pensei nas pessoas que vão atrás de atendimento médico do SUS; pensei nas pessoas que querem abrir crédito numa loja e esperam, meio que constrangidas, pela aprovação de seu nome. Pensei em muitas coisas... Inclusive nas quem têm dinheiro e não esperam por nada. São agraciadas com cafezinho.
E vejo, então, que esta hipocrisia é uma imposição de uma sociedade que diz: tenha uma aparência de pessoa chique, bem apessoada, de bom berço para ser bem atendida. Simule, seja artista, minta. Assim estará garantido um bom atendimento. Então tá.
Pois bem, amigos, a melhor filosofia para ir às compras é lançar mão do melhor coadjuvante: a roupa e a empáfia! Mesmo que você tenha tudo de bom e for uma pessoa agradavelmente simples, sem frescuras - o que é elogiável -, nestas santas horas não funciona, é preciso representar: é preciso estampar (na testa) que você tem esta porcaria de dinheiro para comprar o que procura; é preciso mostrar para o seu médico que você tem dinheiro para bancar uma cirurgia ou um tratamento caro; é preciso mostrar para o gerente do banco que você vai ser bom investidor; é preciso mostrar que você tem! Mesmo que não tenha. O tratamento que dispensarão a você será coisa pra cachorro grande. É assim que funcionam as coisas neste terceiro mundo dos confins. Infelizmente.
Nos países de primeiro mundo não sei como funciona; mas não deve ser muito diferente: a matéria-prima é a mesma...
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Así parece ser como te ven, te tratan...espero haber interpretado correctamente el mensaje pues no encontré un traductor en tu blog; como decimis por aquí: el hábito no hace al monje, pero bien que le ayuda.
ResponderExcluirUn abrazo1
Será que você não colocou mais lenha na fogueira ao sair de lá sem comprar nada não?
ResponderExcluirVocê poderia ter adquirido um solitário de 1 quilate à vista. Era só ligar depois para seu marido e dizer assim: Amoreco, teremos que vender o apartamento. Comprei um diamante africano legítimo só pra mostrar pra essa vendedora quem é que pode por aqui!
A vida é um palco e nós temos que escolher se fazemos o papel de atores ou de coadjuvantes. De qualquer forma será só uma representação.
ResponderExcluirTais,
ResponderExcluirJá passei por algo semelhante.
Não gosto de viver montada diariamente igual a uma árvore de natal. Nem o Rio de Janeiro oferece-me segurança para sair de tal forma, na realidade, ando bem simples e só faço um boa produção quando pede a ocasião.Limpa e cheirosa ando sempre. Certa vez entrei numa botique refinada, pois me agradei de um terninho, que tinha a minha cara. Eu cheguei perto, senti o tecido, e nem preocupei-me com o preço, pois ele olhava graciosamente para mim, pedindo:- Me leva!!! A garota no fundo da loja me olhava com uma cara de:"nojo de nós" que eu dei uma brochada geral. Ela chegou e perguntou-me? o que a senhora quer? Respondi-neste momento achar a porta da rua. e Fuuuui...
Um abraço,
Dalinha Catunda
Oi Taizínha!
ResponderExcluirOlha realmente como disse a Catunda, O Rio de Janeiro tem isso de bom, cada um anda como quer, nos shoppings, encontramos mta gente de sandalinhas "havainas", e sinceramente, bem simples , até em festas, e se vc se arruma mto, começa a chamar atenção.
Sou uma pessoa simples, gosto de coisas diferentes, e não estou nem aí, pra opinião dos outros...mas entendo direitinho sobre o que vc está falando, e sabe o por que disso? É porque os empregados se sentem os donos da loja...pois o dono mesmo, geralmente é simples...e nessas horas que sinto que querem ser mais do que eu, a minha simplicidade fica de lado, e entra aquela que olha por cima, que coloca a pessoa no seu devido lugar...e aí o "bicho pega"!Bjs.
Wal.
Olá Tais, há algum tempo atrás isso acontecia muito por aqui, por Portugal, as aparências iludiam.
ResponderExcluirMas com a democratização do vestuário, já ninguém mais sabe quem tem dinheiro ou quem finge ter. Então, é melhor tratar toda a gente por igual.
Mas claro que ainda acontece por muitos sítios.
Tais!
ResponderExcluirGostei muito do teu desabafo: uma realidade.Porém, por essas e outras, que ultimamente vemos assaltos de terno...aparências nada mais.É hora de rever valores, ou melhor: aparência.
Mil beijos
seu blog tá muito bom, gosto muito de cronicas e pretendo me tornar um escritor um dia.
ResponderExcluirabraços
É Tais. Por aqui também é assim. Tenho até uma cena que se passou comigo quando tentava comprar uma roupa, bem gira. Está num post em que dou as respostas em relação ao que era verdadeiro ou falso numa série de afirmações que fiz sobre mim em resposta a um desafio.
ResponderExcluirVim também agradecer o selinho.Vou ainda escolher.
Obrigada.
Um beijo.
Tais
ResponderExcluirNão é o caso: "se muito tens muito vales, se nada tens nada vales"! Atendimento por telefone ou por escrito, em que não há a presença resulta, o saber expôr o assunto. Pessoalmente, a "endernação" vale.
Aqui, no entanto, está a dar-se uma cultura de atendimento mais humano.
Repara que nas pastelarias (lanchonetes no Brasil), já é muito comum o atendimento por brasileiros e fracamente, muitos são o máximo.
Há tempos tive de tratar, uns assuntos com o meu banco, fui atendido como devia por uma senhora que simpáticamente me atendeu. Na mesma tarde, morreu-lheu um familiar e assunto, mais ou menos de certa importância ficou parado. Recorri a um colega e disse: se eu fosse o Joe Berardo (conhecido investidor do banco), não estaria já ter prejuizo, ao ausentar-se a colega, logo o assunto passaria a outras mãos.
Resposta: aqui tanto vale o pequeno, como o grande investidor!
Fiquei com um pequeno prejuizo, mas como fui sempre bem atendido esqueci!
Aqui desde que deixámos de ser europeus de segunda, com a entrada na UN - União Europeia, tudo mudou, no atendimento. Até mudou a qualidade dos produtos.
Daniel
Então fiquei pensando nas pessoas humildes que entram num banco para abrir conta e são vistas com desconfiança...Tais,
ResponderExcluirSua ótima crônica me lembrou que quando trabalhei no departamento de marketing de um banco notei em uma visita que fiz na agência da Liberdade, um bairro popular de Salvador, que as pessoas pediam informações aos vigilantes antes de abordar as recepcionistas ou gerentes: questão de identificação. Mas a diretoria do banco não aceitou minha recomendação para mudar o visual “metido a besta” da agência.
Beijos
Tais, lendo sua crônica, acredito que cada uma de nós já passou por isso, lamentavelmente o conceito aqui em nosso país, é sobre e como você se apresenta, vivem de aparências, quando na realidade, sabemos que "ás aparências enganam".
ResponderExcluirAdorei ler você hoje, e agradeço seu selinho,
beijos,
Efigênia
UM SONHO PROFUNDO
VIVE Á BEIRA DA EMOÇÃO
VEM EMBALAR O MUNDO
AO SONHO COM MANSIDÃO.
Efigênia Coutinho
Tais, gosto do seu blog.
ResponderExcluirÉ dificil conviver com pessoas assim, porem o ser humano vê no outro aquilo que elê acha que elê é, obvio que ela viu em você tudo que ela pensa que ela é, então você vale o que ela acha que ela vale. Assim sendo temos que ver no outro um poco mais alem do que aquilo que imaginamos que o outro é.
Beijos
Boa Tarde uma vez mais! Esse post eu naum poderia deixar de comentar. A dias atrás, quando fui ministrar uma aula acerca do movimento anarquista no primeiro período da faculdade de Direito, no final da explanação da aula, alguns acharam aquilo tudo uma imensa baboseira, perda de tempo até, pois segundo eles, aquilo tudo era ilógico. Bom, diante disse, virei um pouco a mesa, analisei do pontp da logicidade do nosso sistema: pessoas explorando outras tantas, todos arrebentando com o planeta em nome do consumo, miseráveis aos montes... isso tudo é lógico-racional? Ser explorado por uma minoria é lógico? A reflexão final, parou no seguinte: utilizei uma critica de Nit sobre a frase de René Decartes: "Penso, logo existo". Na realidade isso não é verdade. Nós pensamos o rótulo, fomos condicionados e preparados todos os dias para pensar de um jeito, isso nos tira a liberdade é o que mostra a nossa reação diante de teorias como o anarquismo... Acho que chegamos num estágio em que a idéia, a promessa de felicidade está tão junta ao dinheiro, consumo, et. que não mais conseguimos nos imaginar de outra forma. Não que eu seja anarquista, acho somente que perdemos a lógica racional que tanto nos gabamos durante séculos.
ResponderExcluirabraço pra vc!
Muito bom ler seus posts!
E. Lariucci
Olá Tais fico feliz que tenha se lembrado, um abraço e uma boa semana.
ResponderExcluirMarco
Infelizmente dá-se mais valor à embalagem do que ao seu conteúdo.
ResponderExcluirBeijo.
Confesso que dificilmente passo por isso , por mais simples que eu vá , não sei por que ? mas tenho sorte , mas sim já aconteceu algo parecido comigo , e eu simplesmente não comprei na loja ,uma vendedora praticamente me mostrava os produtos de menos qualidade pensando que não tinha dinheiro para comprar , mas ai outra observando a situação veio logo em seguida e me atendeu super bem , o que eu queria era sair com o produto de melhor qualidade e ainda garantir uma boa comissão para a vendedora que me atendeu bem , dando uma lição e tanto na outra mesquisnha , mas o produto de outra loja me agradou mais , infelizmente ainda tem se muito desses comportamentos é triste ver essa falta de profissionalismo.
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