- Tais Luso de Carvalho
Muito engraçado foi o que vi, na data de 17 de setembro de 2013 no programa do Danilo Gentili – na Band. O hilário milionário Chiquinho Scarpa vai enterrar seu carro que custa mais de 1 milhão de reais no jardim de sua mansão. Ele mesmo deu início a cavar o buraco, a Tumba, o Mausoléu, sei lá... Chiquinho é educadíssimo, gentil com todos, mas bastante extravagante. Aí penso no enterro do pobre carro que vai morrer no jardim e cheio de saúde. Mais de 1 milhão de reais – um Bentley. Vai enterrá-lo para numa outra vida, andar no seu carro. Não me ocorre, no momento, por onde andará com ele... Talvez entre as nuvens.
Mas Chiquinho levou-me a pensar nos pobres mortais, sem carro para enterrar e sem título de nobreza. Nós, os mais moderados. Lembro bem de Chiquinho Scarpa, do seu conturbado casamento e de sua doença, mais recente. Nem tudo foi um mar de rosas. Nem Chiquinho escapará da realidade, mesmo enterrando sua Bentley cintilante para resgatá-lo noutra vida – se assim pretende. É tão fora de propósito que só pode ser um belo marketing. Mas aí me vergo à criatividade, pois está dando o que falar.
Estamos chegando no fim do ano e nós, sem nenhum título de nobreza, já exibindo nossas caras amarrotadas, caras de brechó. Cansaço, esgotamento e irritabilidade. Um tanto loucos para fugir de um cotidiano, às vezes massacrante, e fazer uma pausa para rever nossos limites. Talvez seja a hora de parar um pouco e contabilizar o saldo: estamos felizes? Preservamos nosso lazer? Nossa vida familiar está boa? Nosso desempenho no trabalho está satisfatório? Qualquer um dá mais de si se estiver feliz.
Os Departamentos de Recursos Humanos dão muita importância ao entrosamento do indivíduo na sociedade, na família e no seu grupo de trabalho. O que as empresas procuram são indivíduos felizes e não maníacos por trabalho, os conhecidos Workholics.
Férias e pausas são saudáveis para renovação. Um feriadão deixa todo mundo meio pirado, é compreensível pois queremos desligar de compromissos. São nesses períodos, onde o corpo grita, que podemos traçar novas metas e voltar com novo vigor. Precisamos de um período para viver intensamente, fazer algo prazeroso ou simplesmente não fazer nada. Não pensar em nada por algum tempo é uma dádiva! Por que pensar tanto no que se faz ou terá de fazer? Eu mudei meus conceitos. O mínimo de ansiedade, se possível. Quero viver, apenas.
Passamos a vida escutando que o fulano é bom moço porque é honesto e trabalhador. Estamos tão acostumados à falcatruas que o indivíduo bom e honesto é quase canonizado. Segundo muitos, o bom moço é aquele que construiu sua vida voltada para o trabalho; então o infeliz passa vinte e quatro horas ligadão. Está sempre a postos para resolver qualquer problema que possa surgir no trabalho. Sai de férias mas com o celular a mil, não pode perder uma ligação.
Diminuir um pouco o ritmo e entrar numa cadência mais saudável é a prevenção para o estresse, para problemas cardíacos e para doenças neurológicas. Portanto, penso que trabalhar para ter o necessário é o suficiente. Não quero mais saber de me levar tão a sério; e nem mais tudo e nem mais todos - quero ser mais leve.
Parar pra pensar; parar para querer mudar; parar para diminuir as atribuições; parar para poder viver. Viver com o conforto suficiente, e não extrapolar. Achar o equilíbrio.
Somos compulsivos e exibicionistas: comprar o carrão do ano, a casa na praia e viajar como aloprados está nos planos. Comprar e comprar muito. Isso é próprio da nossa espécie, o homem precisa de poder. Mas todos estamos na mesma agonia da incerteza.
Não é minha intenção fazer uma apologia à vagabundagem; falo num equilíbrio para preservar uma qualidade de vida. O tal dos bens, aquilo que muitos derramam seu sangue para adquirir, será disputado na primeira negociata. E friamente voará.
Às vezes paro, olho e acho tudo muito louco.
Que loucura enterrar um carro! Vejo seu ato como forma de chamar a atenção, de estar na mídia, pois não faz o menor sentido. Fosse eu a decidir enterrar o meu, seria internada (kkkk).
ResponderExcluirTais, quando entramos no mercado de trabalho, um comportamento nos é exigido. E nele está incluída a ambição. Precisamos desejar crescer, pois assim estaremos contribuindo para que a
empresa também cresça. Depois, adquirimos experiência e passamos a estabelecer prioridades. Não que a dedicação termine, mas impomos limites saudáveis.
A vida pessoal não pode ser abandonada. Já o fiz, por longo tempo, em função do lado profissional. Percebo, hoje, que me equivoquei nesse aspecto, abrindo mão do lazer.
Também estou na fase do viver mais leve, agora que não preciso mais trabalhar (rss). Optei pela aposentadoria e não me arrependo. Bjs.
Limerique
ResponderExcluirA vida é curta, portanto calma
Curta a vida valorize a alma
Saibas que o menos é mais
Com menos mais longe vais
Sem querer tudo muito espalma.
É, tudo parece, sim, muito louco. Temos essa fome por ultrapassar limites - os nossos e até os do bom senso. Doamos nosso corpo ao desgaste, nossa mente, ao roedor mais apto. Deixamos fervilhar as emoções, cabemos ao estresse, filosofia de vida é viver para atingir os mil objetivos. Mas nenhum objetivo muito poético como andar num campo florido. Algo mais puxado pra "ter uma casa assim e assado, um carro lindo e lustrado". Só. O jardim bonito pode até ter em casa, mas é só uma coisa ali, no canto, de enfeite, representatividade zero.
ResponderExcluirEstamos errados.
Valorizamos tão pouco os momentos bons, e por bons não quero dizer a champanhe em dia de festa e a risada no meio da bagunça. Somos plantas sofrendo tropismos, deixamos só um lado de nós crescer. Esquecemos de elevar o lado simples, suficiente, tranquilo.
E sobre o Chiquinho enterrando seu carro, ele enxergou uma incerteza do que acontece depois da morte. Pode até achar que vai andar de carro, mas sua atitude o condena: após a morte, ainda quer carregar aquilo que em vida, materialmente importou. Triste.
Excelentes observações, texto lindo, nota mil!
Beijo e bom findi! ("Findi" em homenagem a Sueli, que finalmente voltou rsrs)
Totalmente insano!! Com tantas pessoas menos afortunadas que o "barão" em questão... isso é esnobar o povo em geral! Uma doação a uma entidade seria muito mais apropriado... mas, esse é o Chiquinho = fútil... Bens materiais ficam por aqui meu caro. Será que ninguém falou isso pra ele. Bem, não pertenço a essa casta. Basta.
ResponderExcluirTais,
ResponderExcluirO segundo limerique estava muito chinfrim de modo que fiz uma "upgrade" nele, que acabou ficando assim:
Limerique
Curta a vida, tão curta é a vida
Alargue o lazer, abrevie a lida
A mundo não vai findar
Se você não se estressar
A existência é senda só de ida.
É claro que eu voltei. Afinal, ficamos aqui pensando e repensando nessa coisa louca do Chiquinho, mas tudo não passou de uma bela pegadinha dele. E não foi em vão, ao menos, teve lá um objetivo belíssimo, uma mensagem, um pedido. Foi bonita a ação e valeu a pena. Vai ficar como um grande exemplo de criatividade, que ajudou a chamar a atenção do publico, já que muitas campanhas passam transparentes aos olhos da população.
ResponderExcluirQue a campanha consiga muitos doadores!
Veja lá no MEU texto (2º parágrafo) quando escrevi:
Excluir'É tão fora de propósito que só pode ser um belo marketing. Aí me vergo à criatividade... está dando o que falar.'
Ótimo se for isso, porque deu pano pra manga; causou comentários revoltados no Face dele e na mídia em geral, mas me vergo à criatividade - se for isso. Uma 'chamada' para 'Doação de Órgãos', vale qualquer extravagância, afinal, quantas milhões de pessoas enterram muito mais do que um Bentley - como ele disse.
BJS!
Querida amiga,
ResponderExcluirSaudades!
Um lindo dia para você, coberto de muita paz e amor!
Com carinho
Abraço amigo!
Maria Alice
Htts://www.facebook.com/mariaalicefcerqueira
Blog http://www.mariaalicecerqueira.com/
Site http://www.mariaalicecerqueira.com.br
Querida Taís,
ResponderExcluirObrigada pelo seu carinho lá no blog
Lindo final de semana
Com carinho de
Verena e Bichinhos
Quando vi no uol o tal buraco pra sepultar o carro, pensei logo no exibicionismo e despropósito do milionário, que podia doar o carrão para fins sociais e beneficiar a tanta gente - que alardeasse, que aparecesse na mídia, mas, por uma causa nobre... mas deixei pra lá mais essa esquisitice. Quando vi que era um "marketing do bem" senti vergonha da minha apressada conclusão do que "achei que vi"...segundo informação que vi hj no face da Sulei, a Associação Brasileira de Transplante de Órgãos "recebeu após as 11h da manhã de ontem uma quantidade imensa de mensagens de pessoas querendo se informar sobre o que fazer para doar seus órgãos! A Campanha foi sensacional!""
ResponderExcluirQue tenha mesmo um resultado positivo este gesto tão questionado, né amiga?
Quanto à reflexão de teu texto, às vezes eu penso que na maturidade esta visão de vida seja mais propícia, quando a gente já realizou muito e hj sonha com os pés mais no chão, os olhos mais voltados ao que existe ao redor, que são as conquistas que tivemos, as pessoas que nos cercam, a realidade que s eimpoe e muda muitos critérios, afasta as ilusões e define novos passos... a simplicidade e descomplicação que a gente consegue incluir na rotina enriquece a vida, e isso é fato!
Beijo pra vc, e meu abraço especial pelo dia de ontem, tão especial para o povo gaúcho, a quem eu rendo minha homenagem e afeto!!!
AGRADECENDO DESDE JÁ AOS QUERIDOS AMIGOS,
ExcluirMARILENE
JAIRCLOPES
LUIZ FELLIPE ALVES
CÉLIA RANGEL
MARIA ALICE CERQUEIRA
VERENA
DENISE
MEU CARINHO A TODOS, MUITO OBRIGADA PELA PRESENÇA1
Olá!
ResponderExcluirPassando para conhecer seu espaço!
Cada louco com sua mania né?
Chiquinho sempre gostou de se envolver em polêmicas e estar na mídia.
Vamos ver que bicho vai dar tudo isso!
Tenha um lindo dia!
Carinhosamente
Rê
Blog: Femme Digital te espero lá!
Não sabia desta extravagância. Tem gente que pensa que a Vida é uma brincadeira. Pode até ser, mas para quem sabe brincar.
ResponderExcluirMeu abraço, Tais.
Jorge
O tema da crônica é oportuno e muito contemporâneo. O vazio existencial não é preenchido com bens materiais. O trabalho e o conforto preenchem o vazio do estômago. Um equilíbrio difícil como o mercado de oferta e procura...
ResponderExcluirVamos vivendo de preferência com uma dose de despretensão, simplicidade.
Um grande abraço amiga Taís. Sua fã Loyde manda um abraço ( ela não gosta muito de escrever pois o perfeccionismo faz com que cada e-mail leve horas para ser resolvido, rsrsrs )Uma boa semana!
Não sabia dessa característica da Loyde (rsss).
ExcluirANTONIO MACHADO E LOYDE
RÊ
JORGE SADER FILHO
GRANDE ABRAÇO,
MUITO OBRIGADA PELA QUERIDA PRESENÇA DE VOCÊS!
Alguns dizem rico tem mania, outros dirão fantasias e ainda outros dirão que é coisa de louco que não rasga dinheiro, mas que aparece bem.
ResponderExcluirMas no fundo uma criatividade bem típica de alguns publicitários.
Meu abraço Tais.
Linda a semana sem esquisitices.
Paz e luz amiga.
gorgeous! Have a great day!
ResponderExcluirTais, que bom se alcançássemos essa compreensão da vida desde a juventude! Infelizmente, somente em raros casos isso acontece: a sabedoria parece estar mais associada a maturidade do que a flor da idade. Em geral, pisamos no freio depois de muito termos acelerado. Só então nos damos conta de que, na corrida maluca, esquecemos de apreciar a beleza da paisagem!
ResponderExcluirO detalhe é que esse "dar-se conta" atinge apenas alguns de nós: outros seguem até o leito de morte ostentando muito e pouco vivendo de fato. Avanço na idade nem sempre é sinônimo de maturidade... seu texto dá um exemplo muito claro disto que estou sugerindo.
Excelente proposta de reflexão, muito útil nos dias atuais.
Um beijo, e uma boa semana!