24 de outubro de 2010

APELAÇÃO ELEITORAL


- Tais luso Carvalho



Pois cá estava eu, escrevendo outro tipo de texto quando tocou o telefone. Atendi e uma voz feminina, daquelas bem treinadas, mas falando no gogó, perguntou como eu estava. Quando pensei em responder, que estava muito bem, obrigada, levei uma cortada como nunca eu havia levado. A infeliz criatura começou a dizer tudo o que queria de um dos candidatos ao segundo turno, e eu ingenuamente ouvindo aquela baixaria. Achei muita intimidade, como se nos conhecêssemos há anos. Esquisito...

O objetivo da mulher era o de lascar a lenha num dos candidatos. Até aí eu pouco estava entendendo, pois não perguntei nada. Não vou me referir ao candidato agredido, não faria propaganda para candidato nenhum. Foi-se o tempo em que eu acreditava nas minhas forças; que sacudia a bandeira e dava a volta por cima. Levei tempo, mas acabei vendo que todos os gatos são pardos; podem variar um pouco na cor do fundo do olho, se é que existe cor por lá.

Mas o problema maior, é que a infeliz não me dava espaço, não me deixava falar, eu tentava argumentar... Mas era uma matraca, falou tudo o que quis e desligou. Na minha cara. Senti o sangue subir, fiquei uma onça.

Eu queria dizer que não havia motivo para alguém pensar em fazer minha cabeça, pois ela já está pra lá de feita. Estava prontita. Mas não consegui.

Porém, fiquei pensando... E me deu um ataque quando descobri que era uma gravação. Como chamaria isso? Apelação, deboche, sei lá,  não entendo mais nada; não entendo mais político nenhum, não sei mais quem é quem nesse país. Só vejo ganância, trapaça, descaso e mudanças ideológicas com muita facilidade, conforme os ventos a criatura muda de partido. 

Recebemos pedidos de votos pelo telefone, por e-mail, pelo correio, pela televisão, pelo radio e na rua. E, depois vem o esquecimento. Não serei mais chamada de 'caríssima Tais Luso', serei um número qualquer. E talvez fique no limbo - o lugar das coisas inúteis - até a próxima eleição.

Pode? Pode sim!! Poucas são as coisas que conseguimos mudar com nosso voto. Alguém está errado nesta história: ou eles ou nós. A verdade é que estamos valendo muito pouco e não estamos podendo quase nada. Continuamos apenas ouvindo, ainda mais quando topamos com uma gravação, a maneira mais descarada e barata de pedir voto.

Um  modelito que não precisa fazer força.





18 comentários:

  1. É, Taís, a coisa tá feia mesmo.Acho que caminhamos a passos largos para o advento do mundo do Big Brother. Não o da TV, mas para aquele do qual falou o George Orwell! Lenta e inexoravelmente. Eu acreditava na capacidade de o povo mudar as coisas, mas parece que estão quase todos contentes como que aí está. Abração. Paz e bem.

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  2. Já me aconteceu isso e eu desligo rapidinho. Recebo e-mail que são enviados através da mala direta do órgão de classe pedindo voto pra esse ou aquele, que se quisessem fazer algo já tiveram oportunidade e nem se mexeram. É muito chato!!

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  3. Olá Tais.
    Pois, essa eu não conhecia. Por aqui ainda não chegou essa. Aqui são mais as operadoras de telefone, tv, os bancos e umas meninas que nos querem dar prémios sem nunca ter jogado rsrsrsr....
    Um beijo
    Victor Gil

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  4. Infelizmente, parece que a politica virou um circo com ares de guerra...

    Mas causa disto que que esquecemos a parte fiscalizadora do voto, pois ele não termina apenas com a escolha do candidato no dia da eleição.

    Fique com Deus, menina Tais Luso.
    Um abraço.

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  5. E ela nem esperou vc dizer que estava bem...rsrs Estão apelando pra tudo mesmo. O negócio tá é feio!!! O voto não é mais sinonimo de poder, é mais uma maneira de camuflar a nossa falsa Democracia. O pior, é que ainda tem gente que briga por esses "infelizes" caçadores de votos, já ouvi cada absurdo .... rsrs

    Beijos Tais!

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  6. Pois é, Taís... Ando que nem você: descrente de tudo e todos. São todas palavras vãs, esforços que caem num abismo, no vazio. Lembro-me de uma máxima que diz: "Calar os imbecis é tão inútil como instalar portas no campo". Quando somos jovenzinhos, coisa que já não sou mais faz tempo, mantemos aquela visão utópica de que tudo podemos fazer e modificar. Basta ter vontade! Com o passar dos anos, descobrimos que somos uma mera peça nessa gigantesca engrenagem humana, e que não podemos nada; e acabamos, gostemos ou não, sendo levados como animais arrastados pela correnteza.

    Bjo
    Cesar

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  7. Li o seu texto muito bom Belissimo o seu blo9g Passei aqui para lhe convidar a visitar o meu blog, e se possivel seguirmos juntos por eles
    Estarei lá lhe esperando
    http://josemariacostaescreveu.blogspot.com

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  8. È revoltante esse estado de absoluta indiferença conosco cidadãos pagantes e não "recebíveis".Além do enjôo que esta campanha tem-nos despertado, conseguem piorar ainda mais o circo sofrível a que estamos assistindo.
    Me sinto "num mato sem cachorro".Ops!
    Bjs, Taís.
    Calu

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  9. A política no Brasil é lastimável, parece que tudo é levado como piada, tanto para os políticos que lá estão para representar o Brasil, como a grande maioria da população que aqui reside.
    É lamentável, mas essa é a realidade que nós vivemos.

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  10. Estava eu passeando pelo blog,
    passei para conhecer o seu
    ME ENCANTEI!
    Parabéns...
    Te sigo com carinho
    Tenhas uma semana regada de paz e amor
    Preciosa Maria

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  11. Taís, isso já é um abuso contra a privacidade do povo brasileiro. Eu também já recebi ligações de vários candidatos, várias coligações, tudo nesta espécie de monólogo de quinta categoria. Realmente é lamentável,além de insuportável. Escrevi em meu blog alguns posts sobre o sistema político e eleitoral no Brasil.

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  12. Menina, aqui em casa também já recebemos algumas ligações assim. Algumas, favorecendo Dilma; Outras, Serra. Deveria ser proibido. Isso é invasão de privacidade. Tecnologia utilizada em favor da lavagem cerebral. Fico imaginando que deve haver algum retorno significativo para esse tipo de telemarketing ou não investiriam nele. Afinal, este é um país onde não se dá a devida atenção à qualidade da Educação. Se os menos favorecidos hoje têm dinheiro para comer melhor e algum poder aquisitivo para realizar compras à prestação, em contrapartida não têm massa crítica para discernir sobre tais atos . Não deveria haver uma lei enquadrando esse tipo de comportamento?

    A verdade é que essa campanha, de um lado e de outro, é uma grande decepção. Haja estômago!...

    Bjs, querida. E inté!

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  13. Anônimo21:14

    Tais!
    Mas bah Tchê, um modelito novo? Não me faltava mais nada. Aqui ainda não chegou, acho, pelo menos nunca recebi o tal telefonema. Mas é uma tristeza. A que ponto chegamos. Qual foi o idioma falado? Não vai me dizer que foi em novilíngua? (1984 Orwell). Falta pouco. Bjssssss

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  14. Olá, Tais Luso!

    Obrigado por se ter feito minha seguidora, gesto que retribuo com muito gosto, depois de aqui ter entrado.

    Pois é, "call center" - com perguntas que nunca mais chegam ao destino; mensagem gravada que nos deixa a falar para o boneco; é praga dos nossos dias, coisa a que cada vez menos conseguimos fugir...é assim por todo o lado!

    Beijinhos.
    Vitor

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  15. Oi Taís!

    Saudades de te ler!

    Eu tô esbaforida, com a corda no pescoço.

    Arrumei 2 'bicos' para ganhar uma graninha.
    Peguei trabalhos de faculdade e um site sob encomenda para fazer.
    Quanto aos trabalhos já fiz até de biologia, matéria que eu só vi no colegial e da qual não lembro nadica de nada.
    O bom é que eu aprendo e faço outros cursos por tabela... rsrs

    Faz tempo que não escrevo, mas prometo entrar mais para ler.

    Sua crônica é ótima. Disse o que também está engasgado em minha garganta.
    haha... Era só o que faltava... Ter de conversar com gravação. E mal educada, ainda por cima!
    Quanto às eleições, fica difícil comentar.

    Beijos moça

    Deva

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  16. Taís li seu texto sobre a apelação política. Eles não respeitam nem o brasileiro que ainda pensa que dirá aos não pensantes. É muito triste ver-nos nessa situação. O que sobra para as futuras gerações?
    Li em um blog algo mais ou menos assim:"as bolsas distribuídas pelo governo são confeccionadas com legítimo couro da classe média brasileira".
    Também escrevi uma crônica sobre o tema. Está no meu blog. Gostaria de um comentário seu.
    Abraços

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  17. Poxa Tais! Desta vez invejei um pouquinho só você, pois pode ter raiva, subir pelas paredes mas era com uma gravação.

    Infelizmente; ontem foi o meu dia - mas não era uma gravação.
    Estou no meu limite estudando, dando o máximo de mim; acordei as 6:30 fui fazer caminhada , regressei para casa lá pelas 9:00 e me "grudei" nos livros , e mais uns trabalhos que tinha para realizar; as 14 horas tinha fisioterapia e enfim meu dia só acabaria quando eu estivesse exausta na cama lá pelas 22:00.

    Pois você acredita que uma matraca me ligou para me cobrar porque não ligo pra ela; e ainda não aceitou o meu argumento de que estou muito atarefada e ficou batendo boca, larguei o telefone emandei meu marido atender pois ela também queria falar com ele.

    Resumo da ópera fiquei tão perturbada que acabei gritando "O diabo não liga mas envia secretária", eu tirei 90 no meu trabalho porque não consegui mais me concentrar; fui para a fisio e sai depois a caminhar e entrar no comércio buscando algo que me fizesse esquecer, mas não deu cansei mais ainda.

    Fico me perguntando por que as pessoas não nos respeitam? Porque pensão que estamos sempre a disposição para seus ataques.

    Bem querida por hora, eu vou voltar a estudar
    Boa noite

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Muito obrigada pelo seu comentário
Abraços a todos
Taís