8 de outubro de 2007

LUIZ CORONEL / O Dia da Inauguração do Mundo




O DIA DA INAUGURAÇÃO DO MUNDO

O mundo estava pronto
ao findar do sexto dia.
Água e terra, lado a lado
na mais perfeita harmonia.

Então uma pedra falou
com sua voz um tanto aguda:
“Eu gostaria de andar!”
E Deus fez a tartaruga.

E depois uma montanha,
com sua voz trovejante,
pediu para ser bicho,
e Deus criou o elefante.

E a lua que se refletia
em águas claras, pacatas
disse que queria nadar
e se fez peixe de prata.

E quando a folhinha verde
expressou os sonhos seus
de saltitar entre os galhos
se tornou um louva-a-deus.

E as nuvens que cobriam
de branco o céu inteiro
resolveram se transformar
num rebanho de cordeiros.

E o sol, com pinta de rei
quis também sua mutação:
por ter uma juba dourada
Deus fez do Sol um leão.

E no seu galho uma flor,
com vozinha de opereta,
pediu que queria voar.
E Deus fez a borboleta.

E a estrela brilhante,
vendo a onda se elevar,
pediu para descer às águas
e hoje é “estrela do mar”.

E um anjo que estava perto
(até nem me lembro o nome),
gritou que queria ser Deus.
De castigo virou homem.






2 comentários:

  1. oi, Taís...adoro os poemas do Luiz Coronel, principalmente os do Lunarejo...

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Muito obrigada pelo seu comentário
Abraços a todos
Taís