Gustav Klimt / Viena - Áustria (1862 - 1918)
O DIA DAS MÃES
- Giuseppe A. Ghiaroni *
Mãe!
eu volto a te ver na antiga sala
onde
uma noite te deixei sem fala
dizendo
adeus como quem vai morrer.
E
me viste sumir pela neblina,
porque
a sina das mães é esta sina:
amar,
cuidar, criar, depois... perder.
Perder
o filho é como achar a morte.
Perder
o filho quando, grande e forte,
já
podia ampará-la e compensá-la.
Mas
nesse instante uma mulher bonita,
sorrindo,
o rouba, e a velha mãe aflita
ainda
se volta para abençoá-la.
Assim
parti, e me abençoaste.
Fui
esquecer o bem que me ensinaste,
fui
para o mundo me deseducar.
E
tu ficaste num silêncio frio,
olhando
o leito que eu deixei vazio,
cantando
uma cantiga de ninar.
Hoje
volto coberto de poeira
e
te encontro quietinha na cadeira,
a
cabeça pendida sobre o peito.
Quero
beijar-te a fronte, e não me atrevo.
Quero
acordar-te, mas não sei se devo,
não
sinto que me caiba este direito.
O
direito de dar-te este desgosto,
de
te mostrar nas rugas do meu rosto
toda
a miséria que me aconteceu.
E
quando vires a expressão horrível
da
minha máscara irreconhecível,
minha
voz rouca murmurar: ''Sou eu!"
Eu
bebi na taberna dos cretinos,
eu
brandi o punhal dos assassinos,
eu
andei pelos braços dos canalhas.
Eu
fui jogral em todas as comédias,
eu
fui vilão em todas as tragédias,
eu
fui covarde em todas as batalhas.
Eu
te esqueci: as mães são esquecidas.
Vivi
a vida, vivi muitas vidas,
e
só agora, quando chego ao fim,
traído
pela última esperança,
e
só agora quando a dor me alcança
lembro
quem nunca se esqueceu de mim.
Não!
Eu devo voltar, ser esquecido.
Mas
que foi? De repente ouço um ruído;
a
cadeira rangeu; é tarde
agora!
Minha
mãe se levanta abrindo os braços
e,
me envolvendo num milhão de abraços,
rendendo
graças, diz:
"Meu filho!", e chora.
E treme e chora e como fala e ri,
e
parece que Deus entrou aqui,
em
vez de o último dos condenados.
E
o seu pranto rolando em minha face
quase como se o Céu me perdoasse,
me
limpasse de todos os pecados.
Mãe!
Nos teus braços eu me transfiguro.
Lembro
que fui criança, que fui puro.
Sim,
tenho mãe! E esta ventura é tanta
que
eu compreendo o que significa:
o
filho é pobre, mas a mãe é rica!
O
filho é homem, mas a mãe é santa!
Santa
que eu fiz envelhecer sofrendo,
mas
que beijas como agradecendo
toda
a dor que por mim lhe foi causada.
Dos
mundos onde andei nada te trouxe,
mas
tu me olhas num olhar tão doce
que, nada tendo, não te falta nada.
Dia
das Mães! É o dia da bondade
maior
que todo o mal da humanidade
purificada
num amor fecundo.
Por
mais que o homem seja um ser mesquinho,
enquanto
a Mãe cantar junto a um bercinho
cantará
a esperança para o mundo!
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(reeditado - 2014)
Giuseppe Ghiaroni - jornalista e poeta brasileiro.
Nascimento: 22 de fevereiro de 1919, Paraíba do Sul, Rio de Janeiro
Falecimento: 21 de fevereiro de 2008, Rio de Janeiro, Rio de Janeiro
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Aquí en Chile, apreciada Tais, también se celebra el Día de la Madre este domingo. El texto que rescataste de ese periodista y notable poeta (lo descubro ahora), es representativo de lo que constituye una madre auténtica. En tu calidad de madre, te saludo con afecto, lo mismo que a tus lectoras que también lo son.
ResponderExcluir«Mãe! eu volto a te ver na antiga sala
ResponderExcluironde uma noite te deixei sem fala
dizendo adeus como quem vai morrer.
E me viste sumir pela neblina,
porque a sina das mães é esta sina:
amar, cuidar, criar, depois... perder.»
Minha amiga querida com este poema quase me mataste...
Que escolha magnífica, Tais!
Não conhecia o poeta, mas vou pesquisar tudo sobre ele.
FELIZ DIA DA MÃE (no próximo domingo) QUERIDA AMIGA.
Mil beijos.
Que as mães nunca deixem de cantar junto aos berços dos filhinhos, nunca os deixem em abandono e que a esperança possa existir! Parabéns pra ti e todas mamães! Bjs,chica
ResponderExcluirBoa tarde Taís e meu abraço com carinho pelo dia das mães, que logico, são todos os dias, noites e madrugadas. Mãe que não dorme, que não se alimenta em nome de sua prole.
ResponderExcluirSua homenagem é completa e emotiva numa excelente escolha amiga.
Filhos crescem e tomam rumos e muitas vezes os inesperados.
Bela postagem Taís.
Beijo amiga.
Querida Vizinha/Escritora, Taís Luso !
ResponderExcluirEste Poema me deu um "nó na garganta"...
Lindo demais. Uma feliz e oportuna postagem.
Muito grato e Parabéns.
FELIZ DIA DAS MÃES !
Sinval.
Não podias ter escolhido melhor poema para mostra o amor de uma mãe., Tais! É assim o coração de uma mãe, é assim o amor que a Mãe dedica aos seus filhos, mesmo quando eles, ingratos, a abandonam. A mãe arranja sempre maneira de justificar a ausência dos filhos, alegando que a vida deles é muito ocupada e que não tem tempo para as visitar; nunca se queixam, mesmo quando os olhinhos tristes mostram a tristeza e a solidão em que vivem. Todos sabem que um dia os filhos voam, mas nunca pensamos que, junto, vai também aquele amor lindo que nos dedicavam quando crianças e é muito, muito doloroso quando vemos isso a acontecer à nossa volta. Quantas mães não choraram no domingo passado, quantas mães não chorarāo no próximo domingo por não terem um abraço dos filhos a quem deram tudo? Muitas, Amiga! Mas tu, Tais, vais ter um dia muito especial de certeza, vais ter muitos abraços dos teus queridos filhos e vais lembrar com saudade a tua mãe que já partiu, mas que permanece viva no teu coração. A minha está longe, mas está rodeada do filho, dois netos e três bisnetos que a vão encher de carinho.
ResponderExcluirAmiga, adorei este poema que, como disse, traduz na perfeição o amor de Mãe. A ti, vou-te deixar aquele abraço que já conheces, bem, bem apertadinho para que, durante a travessia do oceano, não deixe cair os beijinhos que nele mando. Parabéns por seres uma GRANDE MÃE!
Emilia
Uma belíssima homenagem!!!
ResponderExcluirBom fim_de_semana
Um poema lindo de um poeta que desconhecia por completo. Obrigada amiga pela partilha.
ResponderExcluirAdoro este tema musical.
Desejo-lhe um feliz dia da mãe. Como sabe por cá foi no domingo passado, mas dias da mãe são todos desde que se percebe a gravidez até ao nosso último suspiro.
Abraço e bom fim-de-semana
Amiga Taís
ResponderExcluirO Poema que aqui nos trouxe exprime tudo, toca em todas
as teclas da grandeza do Amor e Dedicação das Mães.
Honra e glória a todas Mães: o maior Amor do Mundo.
Beijinhos
Olinda
Nossa!!! O poema sobre mães (ou filhos) mais bonito que já li!
ResponderExcluirmaravilhoso!
Bom final de semana!
Bom dia, Taís
ResponderExcluirO poema escolhido me levou às lágrimas, querida
Lindo!
Tenha um Feliz Dia das Mães.
Mil beijinhos de
Verena.
Tais, essa é uma das mais belas poesias que conheço relativa à mãe! Poesia que decorei na juventude e declamava às mesas de bar. Creio que o Pedro também declamava! Pergunte a ele. Não tenho certeza ser ele ou outro rapaz de Lages - creio que Valerim ou Vedequim. Era meio comprida, mas a platéia ficava atenta. Creio que o Pedro declamou na rádio, também, em Dia das Mães. Feliz DIA DAS MÃES! Abraços! Laerte.
ResponderExcluirEste Poema teve um impacto tão forte e profundo em mim, que ainda me sinto toda a tremer.
ResponderExcluirFeliz Dia para si, amiga Tais e todas as Mães que por cá passam
Beijos.
Boa noite amiga!
ResponderExcluirUma mãe é um ser absoluto, racional por ser humana, instintiva pela maternidade. Na hora do parto, após todo o processo doloroso de gerar uma vida, mesmo antes do contato visual, é pelo cheiro que a mãe identifica seu filho e esse ficará gravado em sua alma para o resto da vida. O amor de mãe é infinito! É eterno! Onde quer que ele esteja, esse amor grandioso permanece vivo!
Este ser tão especial merece a nossa homenagem, o nosso amor e respeito.
Se você for mãe de sangue ou de coração e se não for mãe, feliz dia das mães para todas as mães do mundo, independente que este dia já tenha sido comemorado.
Obrigada Jesus por esta dádiva de ser Mãe!
FELIZ DIA DAS MÃES!
Este poema, "O Dia das Mães", de Ghiaroni,
ResponderExcluiré o canto do filho arrependido, que deixou a sua mãe sozinha e foi para o mundo se deseducar; um dia o filho volta e a encontra quietinha na cadeira, a cabeça pendida sobre o peito, e a pobre mãe o abraça e chora e ri. Mas o filho volta para a mãe, santa que a fez envelhecer sofrendo; do mundo o filho nada trouxe, pois nada tinha para oferecer-lhe (não teria sido a sua presença o bem maior?)
Parabéns, Taisinha, mãe de um casal de filhos, pelo "Dia das Mães" no calendário, já que todos os dias são dias das mães no Brasil, no Chile, em Portugal, na Espanha e de todo o Mundo.
Um beijinho daqui do escritório.
Um poema maravilhoso que se me colou à pele e me sensibilizou imensamente. São assim as mães. Guardam sempre os filhos no coração e estão sempre prontas a perdoar todos os abandonos…
ResponderExcluir"Dia das Mães! É o dia da bondade
maior que todo o mal da humanidade
purificada num amor fecundo. "
Tão belo!
Um abraço a todas as mães do Brasil.
Um grande beijo, minha Amiga Tais.
En España se celebra últimamente el primer domingo de Mayo antes el 8 de Diciembre.
ResponderExcluirLa segunda estrofa me impacto en especial ya que esta semana acompañe a unos padres a despedir a su hijo con casi 54 años.
Saludos.
Bom dia querida amiga Tais
ResponderExcluirUm poema que eu desconhecia e muito emocionante. É dificil compreender como existe mães que entregam os seus filhos a propria sorte e os filhos e filhas que na velhice colocam a sua mãe que lhe deu a vida em asilos e hospitais, os negando o direito de estarem com quem lhe deu a vida. Não estou aqui para fazer julgamento, cada pessoa age conforme a sua vontade. Graças a Deus eu tenho certeza que mesmo se um dia ficar invalida, cega ou quem sabe por um milagre envelhecer foi ter o amor e os cuidados da minha filha sempre. Mas sabendo que um dia ela iria ter a propria vida, quando digo isso a ela, ela se chateia e diz o homem que não te aceitar morando com a gente mando ele pastar rsrs. Um feliz dia das mães minha linda amiga. Enorme abraço.
Que lindo poema trouxeste para homenagear as mães.
ResponderExcluirMãe tem a capacidade de ouvir o silêncio.
Adivinhar sentimentos.
Encontrar a palavra certa nos momentos incertos.
Nos fortalecer quando tudo ao nosso redor parece ruir.
Tem a sabedoria emprestada dos deuses para nos proteger e amparar.
A você, Mãe, os meus Parabéns e um Feliz Dia iluminado pelo fino amor de seus filhos
Beijos e um amoroso abraço
Um poema sublime para comemorar um dia sublime.
ResponderExcluirMãe é amor, é compreensão, é espírito de sacrifício, é força, carinho perdão e protecção.
Feliz Dia da Mãe
Beijinhos
Maria
Divagar Sobre Tudo um Pouco
Que seu esteja sendo lindo. Grata pelas partilhas: poema e música, ambos lindos. Bjsss
ResponderExcluirLinda homenagem! Parabéns pelo Dia das Mães!!
ResponderExcluirO meu abraço... Ser Mãe é um privilégio e desafio diários...
Querida Tais, antes de comentar deixei as lágrimas que teimavam em querer brotar caírem um bocadinho. Esta é a sina de muitas mães, mas basta um olhar, uma palavra dos filhos amados que pronto tudo passa, tudo esquece, a alegria do seu ser toma conta e sente que valeu muito a pena. Obrigada querida espero que tenha dito um belo dia das mães, bjos
ResponderExcluirQue o dia da Mãe seja todos os dias do ano.
ResponderExcluirIsabel Sá
Brilhos da Moda
Belíssimo poema, Taís!
ResponderExcluirCada mãe tem sua história de amor com cada filho.
Os filhos geralmente só compreendem a imensidão do amor aos pais depois de mais maduros...Penso que é assim com todo mundo. E qdo voltarem estejam como estiverem serão recebidos de braços abertos e com compreensão. Coisas de mãe (afetuosa).
Adorei a postagem, abraço!
Boa tarde, querida amiga Tais,espero que seu Dia das Mães,tenha sido repleto de felicidades.Gostei muitíssimo de ler tão bela homenagem,com a qual você nos presenteou.O belíssimo poema: "O Dia das Mães",de Ghiaroni,e a música perfeita para o seu post.Fiquei imaginando quanto de realidade está descrito no poema, quantos filhos vão sem olhar para trás, mas um dia precisam retornar.Filhos que passam anos sem lembrar de sua mãe que fica à sua espera, que cuida noite e dia da curva da estrada na esperança de ver o filho chegar,voltar para seus braços. Mãe jamais esquece um filho que partiu, por mais idade que tenha, guarda na memória todos os traços de quem carregou por nove meses, o viu nascer, crescer e partir.
ResponderExcluirE ter ainda a alegria de vê-lo voltar. Grande beijo!
Um poema que mostra toda a randeza e sublimidade das mães.M~e o amor perfeiParabéns pelo pelo seu dia.
ResponderExcluirBelíssimo poema Taís! O Giuseppe estava muitíssimo inspirado quando criou esta maravilha. Excelente a tua escolha! Parabéns!
ResponderExcluirBeijos e uma ótima semana para ti e para os teus.
Furtado
Foi comemorado em família no passado domingo.
ResponderExcluirBeijo
Bom dia de paz, querida amiga Tais!
ResponderExcluirAgradeco imensamente seu carinho pelo dia das maes. Estou ainda fora de casa e so devo retornar hoje.
Gostei muito tanto dos versos dele que dizem sobre o quanto ama uma mae e depois o perde... Depois, sobre o canto suave e terno da mae no bercinho e a esperanca de um mundo bem melhor.
Muito obrigada pela excelente partilha.
Tenha uma nova semana favoravel, amiga!
Bjm carinhoso e fraterno de paz e bem
Que maravilha! Uma mãe é tudo e até diria que muito mais. Quantas saudades e como noto o silêncio da sua ausência.
ResponderExcluirFoi um dia feliz e o meu desejo é que o teu também tenha sido assim.
Abraços de vida, querida amiga
Este é o problema, querida Taís! Ora acredito, ora não dou a menor para e bela crença. Mas que ela existe, existe! Nosso imaginário não conhece fita métrica! Beijos,
ResponderExcluirJorge
É, de facto, um poema magnífico.
ResponderExcluirNa obra de GKlimt, há outra mãe... não menos mãe...
Sorrssssss...
Dias bons e harmoniosos.
Beijos
~~~
Que poema lindo para comemorar um dia sublime.Mãe é amor
ResponderExcluirbeijos
Muito bela e exacta, esta poesia de Giuseppe Ghiaroni. As mães, com efeito, perdoam tudo aos filhos, constituindo-se, não obstante as vicissitudes entretanto ocorridas, como o seu último reduto, o seu porto de abrigo, a sua insubstituível rêverie.
ResponderExcluirBeijos, Taís.
Poema muito belo, Tais
ResponderExcluirgrato por dar a conhecer o poema e o Poeta
beijo, minha amiga
Ei Tais! Enfim, mãe e´tudo isso descrito no belo poema . Eu ja´não tenho a minha e confesso que na semana que precede o dia das mães fico um pouco deprimido pela falta que ela me faz; Infelizmente é a vida....Belissima postagem em homenagem àquelas que são doadoras do amor incondicional. Grande beijo. Feliz continuação de semana.
ResponderExcluirOi Taís,
ResponderExcluirSua postagem ficou muito linda.
Falar de mãe é algo sublime
De duas mães fiquei sem nenhuma, também se viva teria 96 anos.
Beijos no coração
Lua Singular
Acho que é o poema mais tocante, que já li, recentemente... e menos recentemente... e que contempla uma das mais maravilhosas homenagens, às mães... para ler... e reler, este poema extraordinário!
ResponderExcluirGrata pela lindíssima partilha, Tais!
Não cheguei aqui, a tempo do dia das mães... mas que espero, tenha sido passado, aí desse lado, da melhor forma junto dos seus, Tais!
Beijinhos, Tais! Bom fim de semana!
Ana
Belíssimo poema que não conhecia nem sequer o autor.
ResponderExcluir"O filho é homem, mas a mãe é santa"!
E assim é. Tantas ralações que um filho dá a sua mãe...
Quantas noites de vela?
E mãe tem colo até à morte. Sempre!
Beijo.
Gracias por tu visita y aportacion te agradezco que pases por el blog
ResponderExcluirCuidate mucho.
Besos