30 de setembro de 2023

VOCÊ CONHECE O SEU TEMPERAMENTO?

Arte Brasileira

 

<  TEMPERAMENTOS  >


       -  Taís Luso de Carvalho


    Ao detectarmos nosso temperamento, podemos ter uma noção de como melhorar o nosso convívio em sociedade, para um convívio mais equilibrado, menos conflitante, menos exigente e mais agradável. É um estudo sério, com participação de psiquiatras da PUCRS.

Segue abaixo, então, o Estudo da Pesquisa Bases Neurobiológicas e Tratamento de Transtornos Neuropsiquiátricos do Programa de Pós - Graduação em Biologia Molecular e Celular da PUCRS sob a orientação dos psiquiatras Gustavo Ottoni e Diogo Lara.

Temperamento é a natureza emocional da pessoa que define a qualidade de humor predominante nela ao longo da vida. O temperamento é basicamente definido por herança genética e influências externas, como criação e o ambiente onde se vive. É relativamente estável ao longo do tempo, mas pode variar um pouco com a idade ou experiências marcantes, como traumas, acontecimentos muito positivos, doenças ou uso de drogas.

Segundo os pesquisadores, o temperamento também é um indicador de predisposição a algumas doenças psiquiátricas, como depressão e bipolaridade. Quando os comportamentos extrapolam, passam a ser exagerados e começam a atrapalhar a vida social, nesse sentido, podem se tornar uma patologia.

Nem todos precisam de tratamento, as pessoas em geral se adaptam ao seu jeito de ser ao natural. É preciso tratamento quando se passa para o nível de doença e desequilíbrio. Nesses casos muitos precisam de terapia e medicamentos.

CONHEÇA OS TEMPERAMENTOS

1. EUTÍMICO:

Estável, previsível, equilibrado, com boa disposição e, em geral, sente-se bem consigo mesmo.

2. OBSSESSIVO:

Rígido, organizado, perfeccionista, exigente, lida mal com erros e dúvidas.

3. ANSIOSO:

Preocupado, cuidadoso, inseguro, apreensivo e não se arrisca.

4. CICLOTÍMICO:

Humor imprevisível e instável (altos e baixos), muda rapidamente ou de maneira desproporcional.

5. HIPERTÍMICO:

Sempre de bom humor, confiante, adora novidades, vai atrás do que quer até conquistar e tem forte tendência à liderança.

6. DEPRESSIVO:

Com tendência à tristeza e à melancolia, vê pouca graça nas coisas, tende a se desvalorizar, não gosta de mudanças e prefere ouvir a falar.

7. IRRITÁVEL:

Sincero, direto, irritado, explosivo e desconfiado.

8. EUFÓRICO:

Expansivo, falante, impulsivo, exagerado, intenso, não gosta de regras e rotinas.

9. DESINIBIDO:

Inquieto, espontâneo distraído, deixa as coisas para a última hora.

10. DISFÓRICO:

Tende a ficar tenso, ansioso, irritado e agitado ao mesmo tempo.

11. VOLÁTIL:

Dispersivo, inquieto desligado e desorganizado, precipitado, muda de interesse rapidamente, tem dificuldade em concluir tarefas,

12. APÁTICO:

Lento, desligado, desatento, não conclui o que começa.

HOMENS EUFÓRICOS:

O temperamento eufórico apareceu com mais frequência entre os homens. Pessoas que se enquadram nesse perfil são expansivas, falantes, impulsivas e não gostam de seguir regras ou rotinas. Tendem a infringir mais regras e ter comportamentos irresponsáveis como exceder o limite de velocidade dirigindo – afirma o psiquiatra Gustavo Ottoni.

MULHERES INSTÁVEIS:

Esse perfil ciclotímico ocorre mais em mulheres, segundo o psiquiatra integrante da equipe – Ottoni. Pode ser por causa da variação hormonal, devido ao ciclo menstrual que afeta comportamentos e emoções, porém não há uma resposta exata.

OS MAIS POSITIVOS:

Os perfis mais positivos são o Eutímico e o Hipertímico. As características desses temperamentos são as que menos apresentam riscos de desenvolvimento de patologias psiquiátricas.

Segundo o psiquiatra Diogo Lara, as pessoas que preferem a noite, geralmente se enquadram nos perfis mais instáveis, enquanto os que preferem a manhã tendem a ser mais regrados.

A pesquisa mostrou também que, quanto maior a preferência pela noite, menor é a capacidade de organização, cautela e foco. Isso só é amenizado nas últimas horas do dia, quando a pessoa apresenta maior energia. Essas características também estão associadas a maior criatividade, em geral, enquanto os matutinos são os tipos mais organizados, mais certinhos.

Até os 20 anos, há uma clara preferência pela noite, com baixa energia pela manhã. Essa preferência decai até os 40 anos. A partir dos 50 anos, a tendência é de que a pessoa sinta mais disposição nas primeiras horas do dia. Quanto mais energia se tem pela manhã, mais cedo se acorda. Claro que são dados populacionais, é um movimento de grupo. Alguns indivíduos podem ser noturnos a vida inteira – conclui o psiquiatra.


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1ª reedição  (Caderno Vida - ZH de 19.2.2011).




20 de setembro de 2023

UMA LAGARTIXA NO BANHEIRO


Lagartixa-de-parede (Hemidactylus mabouia ) RS -
encontrada nos lares brasileiros.

                      

                         - Taís Luso de Carvalho


Adoro animais e brigo em defesa deles, principalmente pelos cachorros, gatos e cavalos, animais os quais fizeram parte da minha infância, juventude, casamento, filhos e por aí vai.

Os cachorros fizeram parte do crescimento dos nossos filhos. A convivência com esses animais fez tão bem a eles que hoje, adultos, não abrem mão de seus bichinhos de estimação. Então os pets e gatos fazem parte da família desde sempre.

Mas, tenho algumas restrições, ou melhor dizendo, tenho horror dos aracnídeos (todos tipos de aranhas), baratas, de alguns répteis e insetos que aqui não vou catalogar. Qualquer coisa que se arraste, ou que corra para se esconder e ficar me espiando, eu surto! E as lagartixas têm esse comportamento.

Minha vida com as tenebrosas baratas foi resolvida, me deixavam em pânico, porém há 20 anos não aparecem para uma visitinha aqui em casa, nenhuma espécie delas. Sou uma eterna vigilante. E as formigas,  também consegui despachar, mas com todo o carinho, admiração e compreensão pelo seu trabalho (risos). 

Porém, não faz muito que apareceu por aqui, uma lagartixa no banheiro, entrou pela janela. Surtei. Para variar, Pedro, o defensor até das baratas (elas têm o direito à vida – como diz ele), disse para eu não matá-la porque ela iria embora. 

Ah, sim... bonito teu gesto de compaixão, mas vou dormir com uma lagartixa solta pela casa? Subir no meu pescoço?

- Elas são mansinhas, comportadas…

Fiquei pensando como tirar a lagartixa sem causar-lhe dano e nem “problemas emocionais”. Eu já não sabia em quem eu deveria me fixar, se no Pedro (me cuidando para não matar o bicho), ou na lagartixa desconfiada.

Peguei uma vasilha arredondada, e fui ter com o bichinho: pluft! Ficou enjaulada. Introduzi um papelão por baixo da vasilha, ela subiu, e levei a lagartixa à janela e a soltei no parapeito. Fechei a janela quase quebrando o vidro.  Fiquei cuidando e a perdi de vista, desconfio que entrou na janela da vizinha do andar debaixo.

Mas tirei o bichinho do meu domínio, sem traumas e com vida. Tudo numa boa, ela respeitando meu espaço e eu respeitando a sua vida.








10 de setembro de 2023

SOLIDARIEDADE É AMOR ! ENCHENTE NO RGS

 

Cidades do Vale do Taquari - RGS  / Ciclone extratropical



                   - Taís Luso de Carvalho


Ultimamente parece que muitos corações vão explodir de emoção. É o que fazem os atos de solidariedade. Esses atos são puro amor. Amar é quando nos despimos de tudo que é irrelevante e damos voz ao coração. Eu senti isso muito forte nas pessoas; amor, compaixão, solidariedade! Que maravilha é ver e sentir isso nas pessoas, pois hoje só vemos notícias de crimes, assaltos, egoísmos e guerras incompreensíveis, terror! Mas o amor existe.

Não há quem não se emocione muito quando um Ciclone invade dezenas de municípios, quase todo o meu Estado, o Rio Grande do Sul - no sul do Brasil. Vi de tudo, a pior tristeza e a maior solidariedade - juntas. Como sempre, povo ajudando muito  o próprio povo.  

Pessoas de todas as idades, jovens a idosos, saíram de outras cidades e foram ajudar as dezenas de municípios atingidos. São 46 mortes, mais de 46 pessoas ainda desaparecidos, 3193 desabrigados e 8282 desalojados e  900 feridos. 

Na cidade de Muçum, Roca Sales e outras não existe mais nada: foram-se com as águas, o hospital, farmácias, supermercado, Bancos, cemitério, lojas. Vários jornalistas sob muita emoção, rumaram aos inúmeros municípios, a fim de mostrar a tragédia e ajudar na arrecadação de alimentos, garrafas de água, colchões, material de limpeza etc. A água era tanta que cobriu prédios de dois andares. As regiões de “Roca Sales, Muçum, Lajeado, Estrela, Arroio do Meio, Encantado", entre tantas outras, foram das mais afetadas. Uma vaca e algumas suínos foram parar nos telhados das casas, mas já resgatados (foto). Cidades sem luz, sem internet, sem telefone. São 92 cidades atingidas.

Foi a primeira vez que vi uma jornalista, Cristina Ranzolin – RBS Porto Alegre, não conseguir esconder sua emoção após entrevistar um senhor da cidade de Muçum, que não aguentou a tragédia e virou de costas para chorar. Naquele momento, Cristina o  abraçou, muito comovida. E, naquele ponto da gravação, penso que todos que viram a cena, ficaram muito emocionados, difícil de segurar as lágrimas.

Agora, essa gente que perdeu tudo o que construiu durante uma vida toda, precisa acreditar; precisam da solidariedade de todos,  precisam do amor dos seus semelhantes.

Passei essas noites de insônia com aquelas imagens que me sensibilizaram muito, e aquelas imagens que vimos faz com que acreditemos no ser humano: sim, eu vi  que o amor existe!

Triste saber, agora, pelo serviço 'Clima Tempo', e outros serviços de meteorologia, que nesta semana, de 11 de setembro, virá novo ciclone.



Vaca foi parar em cima do telhado da casa




Cidade no interior do Rio Grande do Sul
cidade de Muçun

Suínos em cima de telhado da casa





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31 de agosto de 2023

OS MORADORES DE RUA

 





                       - Taís Luso de Carvalho


      Os desprovidos de sorte, filhos de uma vida sem futuro, passam o dia caminhando, comendo as sobras que encontram nos lixos. É dureza caminhar tanto, suplicar tanto para no fim do dia conseguirem comer as sobras do lixo. E os responsáveis por isso, por este péssimo quadro de horror, passam sem olhar. Não interessa olhar para desgraça. Todos querem ver uma cidade bonita, limpa, arborizada e florida; quanto mais florida, melhor! Esconde o horror.

O que mais se vê pelas esquinas dos países em desenvolvimento, é gente dormindo pelos cantos, enfiados em buracos ou em caixas de papelão, num canto debaixo de qualquer coisa que se pareça com teto. Vivem como ratos, mas são os moradores de rua: um dia aqui, outro ali... Caminham e procuram por um canto até terem a certeza do sossego. E contam com a sorte de não serem importunados por gente sem piedade.

E nós, os mais afortunados, damos de cara com este mundo cão, um mundo que saltou da condição de pobreza, para a indigência, porém, muitas vezes ainda botamos banca, achando que ver isso é desagradável. Desagradável é pouco: é desumano tanto descaso. Mas a solução não está em nossas mãos: o brasileiro trabalha, paga todos seus impostos e o que vemos é isto. De nada adianta a população sair a distribuir uns trocados; isto nós fazemos. E não soluciona, nem minimiza nada. O problema está lá  no topo! Na Ilha da Fantasia.

Pelas ruas, mãos humilhadas se estendem, nos tocam e suplicam. Já conhecem o que é desprezo, o que é fome, o que é sede, o que é martírio. Conhecem um lado da vida que nós não conhecemos. Banheiros e chuveiros não existem para os moradores de rua. E como é que fica? Algum político já deu alguma solução?

Então vem a pergunta que não cala: por que esta gente não arruma um emprego? Por que ficam pedindo, em vez de trabalharem? Ora, ora! Como resolver este problema se esta gente é solitária, doente, desamparada e sem escolaridade alguma? Não há interesse político voltado para eles; não temos uma ação social eficaz e outras coisas mais. O dinheiro é para outros fins. Temos um país com muitas riquezas, mas com uma parte do povo com grandes dificuldades. Só não dá pra entender o motivo que um país continental como o nosso,  com tantas riquezas, ainda há muita gente morando nas ruas e  passando fome. Não resolvem e nem minimizam tamanho problema. 

PORÉM...

É um espanto que, de uma hora para outra, surgem bilhões de nossas reservas para mandar para fora do país... e fazem bonito com o sacrifício de nossa população de indigentes. Sei que é um enorme problema social, mas seguindo o bom senso teríamos de resolver, primeiro, o problema da nossa gente: dar comida e teto para o Brasil. Mas não é bem assim: existem as negociações! E, enquanto os "homi" ficam trocando figurinhas pelo mundo, nossa gente que espere, que continue a comer porcarias e a dormir debaixo de marquises.



          (2ª edição)

                  




      

                                   



18 de agosto de 2023

O LADO BELO DA VIDA


                                                - para  Pedro Luso de Carvalho


                                              

                  - Taís Luso de Carvalho


Diariamente, quando o sol está brilhando e o dia está lindo, abro a porta do quarto, vou à sacada (terraço) e fico olhando para longe, onde os morros se encontram com o céu. A emoção bem presente, e a natureza rodeando parte da cidade e descortinando sua magnitude .

Desço os olhos, passo por prédios altos e lindas imagens. Volto a olhar para minha rua arborizada, os automóveis rodando apressados enquanto algumas pessoas passeavam com seus pets, outras com seus filhos numa doce e leve felicidade. Isso tudo é vida saudável.

É ótima e agradável a sensação de viver sem fazer muitos projetos, sem pensar em compras, sem a agonia em chamar o pintor, o pedreiro, o estofador rapidamente. Sei que é difícil, somos seres programados para projetos, para pensar sempre o que fazer nos dias da semana, nas férias, nos feriados, e nas datas festivas  pensamos meses antes. É desgastante essa emenda de atividades. E estou revendo isso.

Saí da nossa sacada, um pouco emocionada e pensativa sobre o real valor das coisas em nossas vidas!

Mais do que tudo,  é uma dádiva  o fato de existirmos e seguir o padrão normal de uma vida confortável e não exagerada. Na verdade, não pensamos muito, crescemos com a cabeça dirigida ao ter, e isso não termina nunca! É um crescente em nossas vidas. Mas não critico àqueles que gostam, todos somos diferentes, e eu preciso de calma.

Na medida em que amadureço vou mudando minhas exigências. Agora quero paz, quero doçura, quero leveza, quero me despir das mágoas, dos rancores, de opinar sobre alguma coisa sem que me perguntem. Não quero surpresas em minha vida. Não quero cultivar inimizades.

Gosto muito do desapego à matéria, e penso o porquê de tanta aflição, gastando saúde e com a preocupação em ganhar em ter mais e mais coisas.

Naquele momento, ao ver tão lindo cenário, veio à minha mente, que um dia vamos embora, e tudo vai ficar. É, um dia vamos embora...

Estou me dirigindo à sacada para mais um olhar antes de fechar essa crônica. Quanta vida lá fora, como brilha o sol! E escuto meu coração dizer:

“Poupa-te, vai em busca da tua paz de espírito, escuta mais teu coração, já tens o suficiente!”








9 de agosto de 2023

HOMEM E MULHER: ALGUMAS DIFERENÇAS...

 




      - Taís Luso de Carvalho

                            

Amizade entre mulheres é muito diferente da amizade entre homens. Falo do meu país - Brasil. Os homens saem juntos para jogar tênis, futebol, ir ao jogo torcer pelo seu time e também bebericar umas cervejinhas juntos, em busca de uma boa prosa. As mulheres entram numa cafeteria e pedem chazinho e uns docinhos para acompanhar a prosa.

A jovem adolescente, tem o hábito de  convidar a amiga para irem juntas ao banheiro do restaurante, do clube, etc. Lá, arrumam os cabelos, passam um batonzinho, dão palpite na roupa e também correm algumas fofocas sobre o pessoal.

As mulheres adoram indicar, às amigas, ótimos livros, receitas culinárias, remédios homeopáticos para tudo!  Já passei por isso com uma amiga que me enviou uma ótima dica homeopática. Mulher é mais preocupadas com a saúde. Vão juntas ao parquinho com a criançada, aulas de arte, teatro, cinema e palestras interessantes de algum Guru famoso ao visitar à cidade. E logicamente, pós-faculdade fazem seus mestrados, doutorados e seguem numa brilhante carreira profissional. Aí a coisa já muda.

Mulher vai ao hospital visitar a sogra e se oferece para acompanhá-la um turno; homem vai ao hospital - carregado!! Mas passa por cordial: foi; acertou as pontas com a sogra. Mas, fica louco para pôr o pé na rua e voltar  para ver seu time jogar.

A jovem, quando termina o namoro, tem a solidariedade da amiga, choram juntas, bah! Uma aconselha a outra e tentam deixar tudo na melhor situação, levando até um ramalhete de flores para ver o sorriso e a esperança da amiga.

O homem já vai soltando sua frase de efeito:

Pô, cara, deixa de ser veado, parte pra outra, ‘tá sobrando mulher no pedaço!’

Pois é, e tenta arranjar uma 'amiguinha' pro companheiro desolado sair do pranto.

Mulher adora Natal, se esborracha em colocar toalha de renda na mesa, enfeites pela casa, empurra o infeliz peru pra dentro do forno, cuida da sobremesa, guarnições, sucos, guardanapos e presentes para a turma inteira. Homem se encarrega das bebidas dos amigos para todos ficarem alegrinhos.

O bom para os homens é o Ano Novo, quando o protagonista da festa é o churrasco, a caipirinha e litros de cerveja a compartilhar. E vestindo um bermudão – dois números acima do seu, e aquela medonha sandália franciscana! Aqui no sul usam muita a pilcha, vestimenta típica do gaúcho. Aí tá bom. 

Homem é natureba, nada pode atrapalhar e nem apertar, entenderam? Tudo muito à vontade, enquanto a mulher se equilibra num salto alto e fininho...E não pode faltar o brinco. 

O que chama mais minha atenção, no quesito estética, é o desequilíbrio do visual de muitos casais em festinhas despojadas: a mulher veste uma calça jeans justa, blusinha legal, saltinho mais alto. O homem, sai com o tal bermudão horroroso, camisa regata e um enorme tênis que serviria num elefante. Mas pensa ser um luxo. Luxo total é ver um homem num alinhado terno, camisa e colarinho perfeito, gravata e um belo sapato! Ah...é uma festa no céu!

Mulher recebe as amigas com beijinhos, fricotes e elogios; homem recebe os amigos com muita simpatia e tapinha  nas costas :

E daí, canastrão, como tá essa força?

Ao oferecer o churrasco aos convivas, corta lascas da saborosa carne com um negócio que mais parece uma adaga, surgida na idade do Bronze. Sujeito viril, macho, encanta a todos e mostra sua destreza com aquela arma degoladora que deve ter andado por aqui, no Rio Grande do Sul, na Revolução Farroupilha de 1835.

Enquanto isso a mulher oferece várias saladinhas de tomate com rodelas em flor e uns galinhos de arruda. Como nosso país é  muito grande, há  outras variantes hilárias,  sem dúvida.

Mas todas as festinhas ficam ótimas quando aparecem a bela e a fera, caso contrário, não teria graça alguma. Ver e conviver com as diferenças é uma delícia! E, é nesse ponto que o equilíbrio se mostra presente. Nem tanto Mariazinha, nem tanto Paulão!

Mas digo: a diferença gritante que não gosto, é aquela coisa machista de que homem não chora... por que tirar a sensibilidade deles? Seria ótimo se os homens deixassem florescer mais a sua sensibilidade. Homem quando chora, emociona muito, a dor é tão verdadeira que nossa alma fica aos frangalhos. E choramos juntos.

E isso é culpa nossa, mulher educa o filho para ser meio bagual, aguentar mais facilmente os trancos da vida, mas com o passar dos anos, as mesmas mulheres cobram mais sensibilidade dos homens! 

Vá entender...









29 de julho de 2023

O TEMPO EM NOSSAS VIDAS

 

O Carro Voador 1913  -  Marc Chagall     Das Artes



                             - Taís Luso de Carvalho


Há coisas na vida que eu não gostaria de ver, principalmente pela exaustiva repetição através dos meios de comunicação. Não tem como escapar de ver, repetidas vezes, as misérias humanas. Mas busco, apenas, uma maneira de poupar-me, de ter mais paz. A paz emocional é a melhor das sensações para se viver.

Que triste e preocupante ver pessoas amigas sempre entristecidas, desanimadas e levando uma vida como se nada valesse a pena. E nada adianta dizer, pois a depressão e outras tantas doenças do cérebro não são coisas para leigo entender e nem tentar ajudar esses amigos e parentes, derramando baldes de otimismo em suas cabeças, mostrando-lhes que a vida é maravilhosa!

Não, risquem isso, essa palavrinha não existe no vocabulário dessas pessoas. Para elas a vida pode ter virado um inferno. Não é por nada, mas nosso cérebro é a parte mais difícil de estudar no corpo humano. Somos seres muito complexos! E o estudo e cura dessa nobre parte do corpo humano é coisa muito séria.

Lembro, quando criança, que o mundo me parecia mais feliz, as pessoas, os jovens não eram tão problemáticos como vejo hoje. Posso estar errada, talvez fosse uma visão que ficou do meu ingênuo mundo, filha cuidada como milhões de outros filhos espalhados pelo mundo, e sou infinitamente grata aos meus pais.

Hoje, os pré-adolescentes, não aceitam nem palavras de cuidados, como em outros tempos, revoltam-se pois, segundo eles, isso é falta de liberdade!

Comparando as épocas, todas tiveram coisas muito boas, inventos maravilhosos, pesquisas fantásticas na área da saúde, evolução na área da educação, construções lindas que dizíamos que aquilo era coisa de cinema, de tão fantástico! 

E o invento da informática? Vi um mundo se descobrindo, meu Deus, que coisa espetacular! Em segundos estamos conversando com pessoas de outros países e trocando experiências. Claro, nem tudo na Internet é merecedor de aplausos, mas faço minhas escolhas baseadas no meu bom-senso. Coisas que nos aproximam, como o gosto pela leitura, pela escrita e pela  arte, como vemos em milhares de blogs e sites. Temos a maior Enciclopédia do mundo que carregamos até no celular! Maravilha, seria difícil viver, hoje, sem a Internet.

Mas, infelizmente vivemos com falta de afetos, de solidariedade, de amor, de generosidade. Se tivéssemos maior capacidade de doação, formaríamos uma corrente bem mais humana e espiritualizada. 

Em outros tempos, nossos idosos, envelheciam mais felizes, sentiam carinho, cuidados e gratidão. Hoje, as coisas mudaram. Não há muito mais tempo para nossos velhinhos. E é nesse tempo, já tão curtinho, que precisaria haver mais  brilho em suas vidas.

Os tempos mudaram, muitas pessoas tornaram-se viciadas, com muita dificuldade para livrarem-se dessas armadilhas. Mesmos assim a vida vale muito a pena ser vivida, nada é tão maravilhoso, só lhes damos o real valor quando estamos pertinho de perdê-la.

Há momentos que pedem decisões corajosas, assim aprendi com meus pais, idosos mas muito lúcidos. Eles decidiam o que era bom para eles, e nós respeitávamos. E foram felizes. Jamais esquecerei esse exemplo. Hoje vejo que tinham  razão.







16 de julho de 2023

O IMPORTANTE É SER FELIZ

 

Pôr do Sol no Rio Guaíba - Porto Alegre -RS / Brasil



                 - Taís Luso de Carvalho


Não sei por que algumas revistas colocam a idade de seus entrevistados, logo após a citação de seus nomes. Precisaria? O que tem a ver, inicialmente, a idade da pessoa se não se trata de uma RG, CPF, Título Eleitoral, Passaporte, exames médicos… Acho desnecessário e, para alguns, até constrangedor.

Certo dia, perguntaram a idade de um jornalista muito conhecido em Porto Alegre, na apresentação de seu programa. O jornalista foi direto: nasci em 1912, quando o Titanic afundou. Não; não teria 111 anos! A risada foi geral e a jovem curiosa ficou meio constrangida pela pergunta. Ninguém falou mais em idade depois disso. Não deixou de ser uma indelicadeza, pois há pessoas que não gostam de dizer sua idade. Outras, não se preocupam.

Hoje existe muito pouca privacidade. A curiosidade sobre as pessoas tomou maiores proporções com as redes sociais. Respeitar a privacidade dos outros é coisa do passado. A curiosidade, a obsessão pela privacidade das pessoas incomoda muito. Tudo vai para as redes: “Bens materiais” adquiridos, fotos da família, viagens, fotos na praia em trajes sumários, roupas de marcas, como Louis Vuitton, Chanel, Dior, Ralph Lauren, Versace comprada na última viagem. E por aí seguem as selfies, também, com a conhecida boquinha.

A evolução do ser humano em certos aspectos é lenta. As mulheres, ao entrarem nos 50 anos, pressentem um certo desconforto, como se o seu potencial físico tivesse atingido o limite: para algumas pessoas estamos bem conservadas; para outras, nem tanto, e está feita a fofocada. Se estamos magras, estamos doentes; se estamos gordas, estamos com problemas emocionais. Como devemos estar aos, 50, 60, 70, anos? Adolescentes, e jovens Cocotas? Ou vivermos cada idade com a  respectiva sabedoria  da maturidade? 

Envelhecer, hoje, é um ato de bravura, é como ir para guerra e sobreviver, apesar dos percalços… Envelhecer tornou-se um suplício, uma via-crúcis para muitas pessoas. Muitas mulheres ficam meio desorientadas, e com razão, pois a massiva propaganda da juventude eterna é o que prevalece nas mídias. Que coisa cansativa. Sem falar que o Brasil de hoje não é mais um país de jovens.

Sobre a idade, já escutei muitas pessoas dizerem a outras: assuma!! Não temos nada para assumir diante dos outros e nem satisfação a dar a ninguém! O que temos é a obrigação de vivermos felizes  com a idade que temos, a não ser que alguém queira morrer na flor da idade! Aí dirão: coitadinha, morreu tão jovem! Mas vivemos numa sociedade que envelhecer parece castigo.

A verdade é que não estamos num palco, ninguém nos olha tanto quanto imaginamos, ninguém é o centro do Universo. Somos apenas uma partícula viva zanzando por essa imensidão e meio que perdidos na nossa essência.

Podemos ser pessoas virtuosas ou não. E diante de tudo isso, de todos esses mistérios que nos rodeiam, é muito pouco nos preocuparmos com idade que não é nada mais do que fases da vida. Ser Idoso, Velho, Melhor Idade (seja o que for) não é para preocupar. São os únicos que poderão dizer: missão cumprida, vivemos plenamente, e como valeu a pena!

Capacidade, cultura, amizade, amor e beleza encontramos em pessoas, não em faixas etárias.

Saúde e felicidade para todos meus amigos e leitores.











8 de julho de 2023

DESCASO COM A NOSSA IMAGEM

 

Dimas Florêncio - Porto Alegre / Brasil -    Das Artes


                       - Taís Luso de Carvalho


Todos nós tentamos cuidar de nossa imagem: da nossa postura, do que vestimos, como andamos, como gesticulamos, e do que dizemos. E também de nossas fotos que vemos em revistas e nos meios de comunicação, principalmente em redes sociais. Cada coisa...

Uma das coisas que me incomoda são aquelas fotos 3 X 4 em vários documentos. É difícil gostar daquilo; quase sempre saímos com cara de presidiário. Quando me pedem essa coisa, já vou ficando meio desatinada. Seria pegar mais um problema pra resolver: o tempo ou a fotinho de computador dura e antinatural ?

Ontem tive de renovar um documento:

— Traga Carteira de Identidade, Comprovante de Residência, CPF

E as fotos seriam tiradas lá no setor. O esquema mudou, faz tempo que a tal foto é batida no momento do recadastramento. Pior do que antes. Mesmo assim não deu outra: saiu a mesma foto dura, com cara de presidiário ou de neurótica. Surtei! Que desagradável, uma foto dessas sem sorrir, ali na dureza! Tentei sorrir com a alma, com os olhos, com o espírito, mas nada! Piorou. Há fases na vida da gente que é bom não registrar: cara de estressada, cara de desgosto, cara de tristeza, de desiludida... Tudo somado, não tem foto que aguente. E a proximidade da 3x4 é fatal.

Na verdade, o que interessava mais eram meus dados, minha visão e se meus reflexos estavam bons. A foto seria uma firula de segundo escalão. Poderia levar uma foto de casa, que me agradasse um pouquinho, mas não pode. Terei de olhar muitos anos para uma foto que não gostei, desagradável.

Depois desse fato fiquei pensando como somos exigentes com fotos! O tanto que uma simples foto 3x4 pode nos abalar, mesmo por minutos. Mas somos assim e não vamos mudar! Quando temos autocrítica, somos exigentes. Estou empregando o "nós" porque nunca vi alguém ficar satisfeito com este tipo de foto, tão dura, tão sem generosidade.

Mas o que altera de fato a nossa imagem é a nossa cabeça; é nossa maneira de viver e de encarar o mundo. De interagir com os outros. De levar tudo muito a sério. Tirando certos períodos conturbados que somos obrigados a encarar, levar as coisas muito a sério é um fardo muito pesado; tudo que é leve traz mais benefícios, ficamos mais suaves. Mas isso é difícil nesses tempos bicudos que cada um pensa mais em si. 

Muitas pessoas não toleram um olhar atravessado. São as agressões no trânsito; nas filas dos supermercados, nas lojas e tantos outros lugares. O que não gostamos no outro já é motivo para encrenca. Quase ninguém, com um carrinho cheio, no supermercado, cede o lugar para uma pessoa que está apenas com um saquinho de frutas! As gentilezas estão ficando raras.

Pensei um pouco, e puxei muitas verdades lá do fundinho de minha alma e vi que não dá para desperdiçar a vida com coisas tão pequenas. Então, que vão os anéis, mas fiquem os dedos...