- Taís Luso de Carvalho
É muito divertido de se ver as extravagâncias dos novos-ricos. Mas o mais curioso é que alguns emergentes nos dão a impressão de que tudo o que ostentam vem de berço, como se eles fizessem parte de uma dinastia, dando a impressão de que tudo é muito natural. Sendo assim, a coisa fica bastante animada. E essa migração, de uma classe social para outra, chama muita atenção.
Os cachorros dos novos-ricos frequentam manicura, pedicura, tosa e modelista. As fêmeas andam de fitinhas e gargantilhas de strass. E se forem pequeninos andam no colo, aquele lance de nenê da mamãe.
A casa do novo-rico tem de ser top: recebe a visita de um decorador - já conhecido no mundo das celebridades - para decorar a nova morada com muito luxo. E começa por cavar uma piscina, o que é fundamental.
As empregadas domésticas entram na goma: uniformizadas dos pés à cabeça, passam a falar baixinho e adquirem um comportamento misterioso, principalmente ao telefone: falar com a patroa torna-se algo mais difícil do que falar com o Ministro das Comunicações. Mas faz parte, a madame é muito ocupada.
As empregadas domésticas entram na goma: uniformizadas dos pés à cabeça, passam a falar baixinho e adquirem um comportamento misterioso, principalmente ao telefone: falar com a patroa torna-se algo mais difícil do que falar com o Ministro das Comunicações. Mas faz parte, a madame é muito ocupada.
Bom gosto não se compra com dinheiro, e por isso é que se vê tanta extravagância. Os velhos amigos voam! Os novos-ricos têm interesses diferentes: um deles é explodir como mais uma socialite nos céus desta pátria amada / idolatrada / salve, salve...
Para os homens valem outras coisas, mas não menos engraçadas: o carro top, com duzentas luzinhas no painel que lembra a cabine de um Boeing supersônico.Isso deixa os novos emergentes alucinados. Após o carango, entra na lista o laptop mais avançado do mercado; O celular mais afinado, caneta de ouro, relógio Rolex, Patek Phillipe... E bebida! E na bebida, a maior exigência fica por conta do vinho. E o bom emergente faz questão de anunciar o preço de seu vinho... Aliás, fazem questão de gritar o valor de tudo. É um problema de status, prestígio.
O emergente metido a enólogo tem um envolvimento com o vinho como se fosse a sua eleita, e fica aloprado ao entrar numa adega. Para alguns deslumbrados, o vinho tem de ser degustado e seus mistérios desvendados! Olhem que coisa romântica. O ritual do vinho só perde para o chá dos japoneses - com cinco horas de preparo. Beber com um emergente nunca será um prazer, será um estresse.
Mas, continuando com as originalidades dos emergentes, a temperatura do vinho tem de ser exata: o excesso de temperatura poderá deixar o vinho agressivo, pouco agradável, como o inverso fará com que o vinho adormeça, neutralizando o aroma e sabor. (Nossa Senhora!...)
É da maior importância que o vinho seja da melhor safra, da melhor uva, e da melhor vinícola - procurada alucinadamente no rótulo da garrafa. Faz parte da sua cultura geral.
Mas tem mais: o melhor cálice é o de cristal sem emenda, liso e com silhueta de tulipa, para poder girar o vinho, pois é assim que solta os seus delicados aromas. E assim ser cheirado inúmeras vezes. Estão entendendo o espírito da coisa?
Então sigo...
A idade do vinho é importantíssima: sendo vermelho rubi, é um vinho jovem; vermelho acastanhado, vinho mais envelhecido. Então você decide se quer um 'véio' ou um novinho, frutado ou com gosto de madeira.
Você tem de amar o vinho! Ser-lhe fiel! Beber pensando nele: sentir se é encorpado ou leve; se generoso, aveludado, rascante... Mas se for um vinho filante (doente), o cara surta! O estudo técnico de um vinho é como um Processo de Software; é muito importante, você precisa entender isso.
O vinho sempre será algo de extrema importância nos bate-papos, e você aprenderá sobre as uvas sauvignon, merlot, pinot noir, pinotage, chardonnay, gewürztraminer... E não somente isso, falar na rolha, no sabor, no perfume, na uva, na cor, na acidez, na idade e de onde veio a bebida é coisa para muitas horas. Porém, não repare se o emergente ficar de olho na garrafa feito cão de guarda.
Nesse delicioso papo talvez você descubra o sexo da bebida, uma vez que uva é feminino e vinho é masculino. Mas então é isso aí, gente; foi só uma introdução pois o assunto é infinito e as extravagâncias são inúmeras.
Os homens não compram uma Louis Vuitton , não enfeitam os cachorros, não colocam uniforme nas empregadas, não enchem a casa de cristais, mas quando emergem ficam loucos por coisas que ninguém entende. Até por uma taça de tulipa, sem emenda!
Mas no final, tudo isso é a cara do Brasil; e a gente acaba entendendo. Mas o que vale é que os novos-ricos devem se divertir um bolão; e eu também!
Alô Taís,
ResponderExcluiressa foi na veia e merece um brinde na taça tulipa, sem emenda, de cristal e com vinho sem nenhuma acidez, acompanhado de um azeite super virgem e um relógio Rolex de ouro...
Resta como consolo: aturar um novo rico é melhor do que um novo pobre que vai ficar falando do tempo em que tinha um carrão, um avião...
Um abraço
Taís, faz um tempinho que não passo por aqui, ou melhor, deixo um comentário, pois sempre venho ler as suas postagens,que são ótimas.
ResponderExcluirVocê retratou muito bem o mundo dos "novos ricos".É terrível ter que digerir determinados comportamentos, e a gente sente logo quando a pessoa teve berço...tudo é natural.Não são afetados e tiram de letra todas as situações.
Obrigada pela visita e os comentários sempre deixados com muito carinho.
Quando tiver um tempinho passe no (http://emiliamineira.blogspot.com/)e diga se gostou.
Um fim de semana tranquilo.
Aqui em Salvador já se respira o carnaval em todos os cantos, e a cidade está lotada de turistas.
Um abraço...
Emilinha
kkkkkkkkkkkkkkkk,vou aproveitar do comentário do Daniel Savio.
ResponderExcluirSem mais fala sério.
Olá Tais
ResponderExcluirFui lendo o texto e visualizando cada cena descrita, não pude deixar de rir. É exatamente o que acontece. O novo rico, fica ridículo, tentando implantar em sua vida, coisas que não naturais para quem é rico de origem. Aí é um verdadeiro desastre. São dignos de dó.
Beijos
kkkkkkkkkkkkkkkkk
ResponderExcluirMe diverti lendo seu texto amiga...
Ningém merece esses tipos no nosso dia a dia...mas o pior é que eles aí estão...Brindemos então e dexemos rolar...Beijos .Um feliz domingo !!!!
Os emergentes endoidecem e não sabem o que fazer com tanto dinheiro, eu sempre os observei e acho muito engraçado.
ResponderExcluirComeçou com Vera Loyola, requintadíssima e assumindo que luxava mesmo...
Mas quando bate a vontade do famoso torresminho e churrasco na beira da piscina?
Bem lembrado Tais, uma vez que o Brasil é o pais dos emergentes existe muito pano pra manga sim.
Beijos!
Tudo pelo status, né, Taís! Essa sua crônica me fez lembrar de uma ótima frase que ilustra bem essa coisa do querer aparecer do nono rico:
ResponderExcluir"status é quando se adquire o que não se precisa, com o dinheiro que não se tem, para impressionar aqueles de que não se gosta"
É um mal que afeta a muita gente, mais até aos remediados. A diferença é que o novo rico tem grana mesmo!
bjo
Cesar
srrssrsr Perfeito!
ExcluirTambém se tornam ricos nas suas misérias...
ResponderExcluirAbraço.
Olá Taís! Belo texto. Lembrou-me uma frase que a minha querida e inesquecível mãe sempre dizia: "quem nunca come mel, quando come se lambuza."
ResponderExcluirBeijos e ótima semana pra ti e para os teus.
Furtado.
amiga Tais,bom dia uma semana de luz e paz para voce ,imagino amiga o estrago que o tão desejado dinheiro pode fazer na vida de alguem,sem preparo sem noção, ,
ResponderExcluirum abraço com carinho marlene
A ostentação é uma espécie de olimpo dos novos e velhos ricos. Fica parecendo que simplicidade é coisa só de pobres. Mas acabam tornando-se todos simplórios, com os espíritos de uma pobreza de fazer dó. rsrs. Abração, Tais. paz e bem.
ResponderExcluirOlá Taís,
ResponderExcluirVocê está falando de certos emergentes, mas imagine os novos ricos nordestinos,(EU SOU NORDESTINA!)quando voltam a sua terra natal.
Já vi gente até perguntando se manga tinha caroço. Cansadas de tomar água de cacimba com mijo de cururu e com cabeça de prego, só querem tomar água mineral. Aí o pessoal da terrinha fala assim: Fulana voltou! mas só quer ser as pregas!
Estava com saudades amiga,
Beijos,
Dalinha
Hehehe! Só rindo mesmo, Tais! Muito engraçada essa sua descrição dos ricos que invadem o mercado, hahahaha!!!!!!
ResponderExcluirBom pra revista Caras, né?
Bjoo!!
Oi Tais, como vai? Esse é meu primeito comentário sobre seus posts.
ResponderExcluirCá entre nós, tudo verdade o que disse, mas onde será o brinde mesmo? Vc leva ou eu levo as taças?..rs..
Parabéns! Gostei muito.
Quando costurava pelos parágrafos, fui visualizando perfeitamente o que vc também enxergava!
Um abraço!
Pugim
Devo registrar que a maioria
ResponderExcluirdos que conheço ficaram, ao longo da vida ou repentinamente, tão ricos de dinheiro quanto mais e mais pobres de espírito. Não há nada mais elegante do que ser quem se é na essência, e isso inclui assumir as origens. Mas, tantas caras e coroas à mão e eis a insanidade. Seduzidos pelas "benesses" de um alto poder aquisitivo, tão sonhado e finalmente conquistado, mergulham com prazer na tentativa de serem identificados como celebridades, jogando um jogo que inclui muita falsidade,superficialidade,deslumbramento, etc, e nenhuma autenticidade, - zero para o bom-senso. Simplesmente esquecem, ou ignoram, o que é ser, e ponto.
Sempre um prazer te ler, querida.
Bjs, amiga. E inté!
Amada!
ResponderExcluirO pior é que todo mundo nota que são novos ricos, pois o deslumbre é tanto e a naturalidade não existe.
Beijos!!!!
E enquanto isso, o pobre recebe essa miséria de aumento no salário mínimo. Sua crônica, por sinal muito bem escrita e bem humorada nos leva a questionar isso. Fazer o quê? Um brinde, 'salut' aos novos ricos! Bjs minha linda.
ResponderExcluirÉ isso mesmo Taís, o pobre sonha em ser classe média, o classe média sonha em ser rico e, de sonho em sonho, vive-se a ilusão da vida, o imenso palco da vida. Quanto ao espírito, ora...deixa para pensar nisso na próxima encarnação.
ResponderExcluirOi Taís,
ResponderExcluirNão é a toa que se diz: "No vinho, a verdade".
Beijocas.
Gostei da sua entrevista.
Taís,divertida e muito verdadeira sua cronica!Adorei!Bjs,
ResponderExcluirTaís: Lindo texto e bem lucido os Novos Ricos: Não fui não sou e nem quero ser: minha origem é e uma familia modesta, por isso nasci assim e assim hei-de partir quando Deus quiser, a mina maior riqueza é ter saude, a Familia, as minhas belas e eternas doces flores que são as minhas amigas/os, da qual tu passaste a fazer Parte, um dia destes podes ter uma Pequena surpresa no meu blog.
ResponderExcluirBeijos bom fim de semana e bom carnaval, meu filho mais novo esta com a Minha nora No Recife de onde ela é natural.
Santa Cruz
Nooossa muito parabens pelas palavras, voce disse e diz tudo nesse Blog, parabens mesmo..
ResponderExcluirIluminada por Deus.
O que vejo é muita inveja e pouca consciência e coragem de assumir que se estivessem no lugar do tal novo rico, muitos ,se nao todos, fariam o mesmo, sem se dar conta de quao ridículamente poderiam estar se comportando.
ResponderExcluirAcho estranha essa perseguiçao e essa intolerância com as frescuras dos novos-ricos.
Frescura e afetaçao devem ser condenados sempre e independentemente de quem ou de onde parte; mas ao invés disso,o que se nota é que muita gente(com complexo de inferioridade e baixa auto-estima) tolera e justifica as cafonices e caprichos de um "bem-nascido",
ao mesmo tempo em que nao perde a ocasiao de apedrejar os deslizes de quem nao foi.
Tudo é permitido a um, e ao outro nao, Por quê??
Esse tipo de condescendência tem outra explicaçao...
Deixemos que as pessoas vivam e gozem de suas posses como bem entendam!
Acredito que os novos ricos com a cara do Brasil só estao espelhando o comportamento dos velhos ricos Brasileiros.
ResponderExcluirUm abraço
vc falou tudo....
ExcluirTais, adorei seu texto e lembrei imediatamente da Val Marchiori sempre falando em champagne e com uma risada forçada.
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