- Tais Luso de Carvalho
Pois é, hoje já escutei tudo o que não deveria ter escutado nos noticiosos do meio-dia. Os assaltos em lugares ditos e vistos como seguros nos deixam desconcertados; estas coisas à lá Brasil estão muito presentes na vida dos brasileiros.
Realmente me nego a assistir programas onde a vida perde muito de seu brilho. Estou fugindo, talvez à procura de outra vida que não sei bem onde está. Talvez dentro de mim, reformulando conceitos, velhos e caducos conceitos de bem viver.
A gente acorda com a cabeça meio bam-bam ao escutar tantas notícias desconcertantes pelo rádio. Por isso que ouvir o Macaco Simão - no programa do Ricardo Boechat - é compreensível. O riso é a melhor terapia, ainda mais ao acordar. Ainda que façam - eles - as fofocas mais malucas, mais picantes, mais denunciantes, sempre serão melhores do que as notícias mais temíveis, a política mais indesejável, a saúde mais deplorável e a segurança mais ineficaz. Este é o nosso real cenário; e é nele que vivemos a nossa única vida. Esta vidinha tão estressante.
Nego-me a assistir o horário político, é humor repetido e intragável; os noticiosos são programas de terror; e muitos filmes são escolas para o crime - cada vez mais violentos e mais didáticos. Quem sabe lá, eu volte a ver o Didi, a Xuxa, o Sítio do pica-pau amarelo... Talvez fique retardada, mas mais tranquila.
Como estamos no início de mais uma história que se repetirá por muitos anos, e que sabemos que pouco ou nada vai mudar, só temos de esperar para ver no que vai dar toda esta lengalenga.
Que tranquilidade podemos esperar se estas campanhas eleitorais servem mais para mostrar que somos um povo de picadeiro, cada um com seu nariz de borracha, sabendo que todo o blábláblá na telinha é decorado e ilusório? Que paz podemos ter, se quanto mais abertos são os sigilos bancários dos políticos, menos sabemos? Que tranqüilidade podemos esperar se nossas tricoteiras, que tecem quilômetros de mantas à espera dos precatórios, já deram a volta ao mundo? O que podemos esperar de nosso país, se em cada cinco brasileiros, um é analfabeto funcional – não completou quatro anos de estudos?
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Pobre do meu país! De acordo com o estudo do IBGE, o Brasil ainda tem 40% de domicílios sem rede de esgoto, quase a mesma porcentagem de 2008. Essa lerdeza é muito tranquila, conforta!! Só espero que nosso povo vá levando um pouquinho mais, e que segure as pontas dessa irresponsabilidade despejada em cima de nós.
Só rezo para que nossa vida não fique mais violenta do que está. Peço pouco, e já me contento. Passeatas não resolvem mais: abraçar lagoas ou morrer por uma causa, também não comove mais. Passar fome para chamar a atenção não abala governo nenhum. Deve faltar pouco para o Brasil ser o primeiro classificado no ranking dos países mais violentos do mundo.
Talvez seja de bom tom rezar pra todas as crenças, seitas e religiões. Unindo as forças, e com pensamento positivo - quem sabe lá, a coisa por aqui não tome um rumo diferente?
Realmente eu não tenho mais noção de coisa alguma, meus pensamentos voam, estão meio perdidos na via láctea.
Só rezo para que nossa vida não fique mais violenta do que está. Peço pouco, e já me contento. Passeatas não resolvem mais: abraçar lagoas ou morrer por uma causa, também não comove mais. Passar fome para chamar a atenção não abala governo nenhum. Deve faltar pouco para o Brasil ser o primeiro classificado no ranking dos países mais violentos do mundo.
Talvez seja de bom tom rezar pra todas as crenças, seitas e religiões. Unindo as forças, e com pensamento positivo - quem sabe lá, a coisa por aqui não tome um rumo diferente?
Realmente eu não tenho mais noção de coisa alguma, meus pensamentos voam, estão meio perdidos na via láctea.
Acredito que o problema maior esteja na péssima educação oferecida, principalmente a doméstica. Hoje, o que vemos nos noticiários são os roubos, os estupros e os assassinatos, inclusive, entre os próprios familiares.
ResponderExcluirBelo texto. Profundo e verdadeiro.
Abraços pra ti e para os teus.
Furtado.
O mal necessário de tanta tecnologia, Tais, é essa overdose de informação (e nenhuma formação) a que estamos submetidos nas vinte e quatro horas do dia. Agora estamos podendo ver que a tal da selvageria humana parece ser bem maior do que a gente pensava quando via horrores e iniquidades com um espaçamento maior de tempo. Abraços. Paz , paz, paz e bem
ResponderExcluirViramos insensiveis já que nõa podemos mudar, mas acaba sendo um circulo vicioso, pois como isto o que poderia ter salvação acaba sendo perdido...
ResponderExcluirFique com Deus, menina Tais Luso.
Um abraço.
Olá Tais
ResponderExcluirO que mais me irrita são esses político subestimarem nossa capacidade. Toda eleição é a mesma coisa e nada muda. Fome, sem teto, sem terra, violência. Nada muda, e vai continuar não mudando.
Bjux
"Que país é este?" gritou Renato Russo há décadas atrás. Anos após esse grito, a situação parece de mal a pior. Se houve mudança, não foi significativa, mas tímida, considerando as dimensões e os problemas sociais que enfrentamos. Esses velhos problemas não são pequenos nem serão resolvidos mediante a distribuição de bolsas (família, escola etc). O Brasil não parece tão diferente daquele que levou Renato Russo a denunciar suas mazelas. Talvez, pior, porque hoje somos tentados a calar e entrar num consenso de que tudo anda muito bem (acho que são os efeitos das bolsas: consenso e resignação) Ótima reflexão. Abraço.
ResponderExcluirTais,
ResponderExcluirNunca teremos essa paz que você e eu queremos. Nunca. Estou tão cético quanto você neste momento... Seria bom eu nem escrever este comentário, senão vamos acabar nos desanimando mutuamente, mas a bola que você levanta é tão boa, redonda... enfim, tenho que chutá-la!
Olha, Taís, esse é um país desgraçado, 70% da população é de analfabetos funcionais, gente que não consegue compreender nada com o mínimo de complexidade. Por isso uma peste com essa Dilma vai ganhar, e daqui a 4 anos volta o Lula, e essa droga aqui virará uma república de marionetes, de autômatos que riem como idiotas das palhaçadas boçais do Lula, mas são incapazes de enxergar o óbvio ululante, como diria o Nelson Rodrigues. E essa obviedade que dança, que ulula em frente aos olhos de gente com o mínimo de cultura como nós, some diante do povo, essa massa de manobra ignóbil, bovina, que caminha muda em direção ao matadouro e nem se apercebe.
Dia desses, conversando com uma pessoa, uma pessoa simples, ela me dizia que “Cesar, o Lula e a Dilma pelo menos são pelo povo!”. Expliquei que isso é uma farsa que eles criaram, que basta uma leve retrospectiva dos fatos para se perceber que eles, tão-somente, embarcaram nos méritos do que o governo FHC conquistou. Como ele ficou em silêncio, só me olhando, calado, perguntei: “Entendeu?”. “Entendi”, ele me disse, “só não entendi essa coisa de retrospectiva que você falou”, e sorriu, inocente, ditoso. São esses que vão eleger a Dilma, Tais, e depois o Lula. Que Deus nos ajude.
Bjos
Cesar
Estamos atônitos ante as tsunamis de absurdos ocorrentes na vida brasileira.
ResponderExcluirO cerne das questões há muito já mesclou-se nas tantas deficiências de condução da sociedade brasileira que hoje assistimos( quando não somos co-autores inocentes)à virulência da perfídia humana traduzidas nos horrores noticiados.
Empresto pois, de José Régio,esses versos:
[...]"Não sei por onde vou
Não sei para onde vou,
Sei que não vou por aí!"
Dias calmos e luminosos p/vc e para todos.
Bjos,
Calu
Só um investimento sério na área de Educação seria capaz de mudar a cara do nosso país. Mas educar significa desenvolver massa crítica, e ensinar o povo a pensar é o mesmo que abrir a porta dos currais. Então, educar para quê? E tudo vai ficando como sempre; uma maquiagenzinha aqui, outra ali, mas ensinar a pescar, fazer um movimento sério, uma reforma retumbante na Educação... nem pensar! E sem que isso aconteça seguiremos convivendo com a violência em todas as suas formas; com todo tipo de faltas.
ResponderExcluirFome? Fome é produto. Artigo de primeira necessidade que alimenta com grandes resultados a maioria dos discursos de campanhas políticas. Imagine-"os" vivendo sem ela!...
É, minha amiga, o trem está feio, e com grandes chances ficar horrorível (horroroso + horrível). E aí, o que há de nos sobrar será mesmo o tal "salve-se quem puder". Infelizmente.
Bjs, Taís, e inté!
Serão os "Sinais dos Tempos", o "Fim do Mundo", o "Apocalipse"... como diziam nossos avós?!
ResponderExcluirBjs.
Amei a crônica, Taís.
ResponderExcluirEstou passando por um processo parecido com o seu. Noticiosos por aqui nunca mais. Agora dou uma olhada na net e seleciono as notícias. Também corro o risco de acabar retardada e alienada, mas tenho o mínimo de paz que uma pessoa pode se dar ao luxo de ter.
Beijos e obrigada por entrar lá no blog.
Em meio à overdose que temos de informação, pouco se aproveita. Poucos transformam informação em conhecimento. Talvez seja a cultura nacional do 'tanto faz', do 'deixa pra lá'. Vemos as coisas erradas na nossa frente, mas não as enxergamos. Não fazemos nada para modificá-las. Esperamos que as coisas caiam prontas nas do céu, embora saibamos que isso nunca acontecerá.
ResponderExcluirE a grande parte da população do país, sem instrução nem discernimento sobre a informação que recebe é motivada a continuar assim. Ignorante e alheia aos fatos que afetam suas vidas. Escolhendo palhaços que dançam na comédia eleitoral e têm a cara de pau de dizer que 'pior não fica'. Ah, fica sim! E como fica! Sempre dá para piorar...
Abraço Tais
Deva
Tais, voltei para lhe agradecer emocionado o presente. A indicação de meu blog no seu é algo grandioso e motivo de orgulho para mim. Obrigado! Um grande abraço. Paz e bem.
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