3 de março de 2010

A OBSESSÃO POR COLECIONAR...

 



                            - Taís Luso de Carvalho


       Realmente, muitas coleções são belas, mas para muitos a alegria inicial transforma-se numa procura incessante, e depois num pesadelo – no meu caso. O bonito e o excêntrico viram obsessão! Caixinhas, corujas, antiguidades, latas de cervejas, moedas antigas, relógios, selos, chaveiros, porta-chaves, canecas de times de futebol, facas, canivetes… Até um colecionador de urinóis apareceu na televisão, há anos. E conforme o bolso e o gosto do freguês a brincadeira sai cara. A extravagância tem seu preço. É viciante. Lembro daqueles álbuns de figurinhas, lá da minha infância. Era divertido para as crianças, os futuros colecionadores de tudo.

O problema fica dramático quando algumas fulanas resolvem colecionar objetos de grifes. Enquanto a tal da coleção for baratinha, só temos de enfrentar a chatice de receber, em todas as datas, aquilo que colecionamos. Acabei me irritando. A coisa mais fácil que existe é presentear um colecionador: não precisamos andar quilômetros e nem pensar muito, a criatura ficará feliz, nem que seja por pouco tempo.

Eu também colecionava. O meu negócio eram corujas! E o negócio foi crescendo, pesando... Certo dia, fiquei olhando para minhas 365 corujas, e todas com a mesma cara, é óbvio! Parei e pensei: quantos anos se passaram eu recebendo corujas nos Natais, Aniversários, Páscoas? Não aguentei mais. Certo dia aproveitei para surtar: o que faria com todas aquelas peças? Comprar mais armários? Tirar o pó de toda a bicharada? Mais furos nas paredes? Parei minha coleção, dei aos interessados. Aos amantes de corujas. Fiquei, apenas, com a principal, uma esculpida em madeira.

Lembro, também, de minha mãe com seus quase 1000 chaveiros! Lembro de seu drama para conseguir se desfazer daquela tralha toda. Não conseguiu. Acho que era doença de família. Foram anos perdidos catando diferenciados chaveiros. Minha mãe faleceu e herdei os chaveiros! Enlouqueci. O que fazer? Eram dela, gostava tanto, era tão animada! Guardei por bom tempo. Depois doei para 3 colecionadores.

Então, também fico a pensar nos enfeites que guardamos: não deixa de ser outro amontoado de inutilidades. Compramos mais armários para guardar mais coisas. É um desatino.

Não suporto mais enfeites, o melhor é enfeitar a vida, encher nosso coração de bons sentimentos, nossas prateleiras de livros, de filmes, de música. Encher nossos sofás de almofadas e descansar vendo um filme ou lendo um bom livro.

No fundo, tudo é pequeno demais: talvez, colecionar sentimentos, amizades e companheirismo seja um grande negócio, não ocupam nossas gavetas e não entulham os armários. E a casa fica limpinha e espaçosa. Direcionar nossa energia para algo que dê retorno, que preencha nossos corações de solidariedade e de amor.

A vida fica mais colorida, e nós muito mais felizes. Assim fiquei.




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31 comentários:

  1. e o coração fica feliz...
    Gostei
    beijos

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  2. Oi Taís, muuito bom esse seu post...eu atualmente não coleciono nada...só dívidas...rsrsrsrs...gosto de comprar canecas, mas só as muito diferentes, e livros, óbvio, mas isso não é coleção, é compulsão...tenho compulsão por livros...tenho uns 30 esperando para serem lidos e estou sempre comprando mais...doideira...
    Quando pequena colecionei chaveiros, mas só pra imitar minha irmã mais velha e para seu desepero, minha coleção ficou maior que a dela...hahahaha!
    Mas acho que vc disse bem, deve ser alguma carência...Freud poderia explicar?
    Beijos.

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  3. Bem pensado...vou nessa.

    Eu também fiz a minha colecção de
    chaveiros e de moedas.....Hoje só
    tenho meia dúzia de chaveiros de
    prata e ouro, os outros foram dar
    dor de cabeça a outro.
    Beijo

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  4. convite para seguir a história de Alice , lá no
    --- continuando assim ---
    ainda vai no princípio :)

    espero que gostes

    bj
    teresa

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  5. Lindona!
    Que texto maravilhoso e com pinceladas de bom humor.
    Acho que não dá pra fugir totalmente das coleções: livros, cds, dvds, bolsas, sapatos... Mas sem obsessão! rs
    Bjkas, minha querida!

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  6. “....o melhor é enfeitarmos a vida, colecionar sentimentos, amizades e companheirismo.”Adorei tua conclusão: Bem mais sensata.


    Ah! Eu que pensei nunca ter colecionado nada...descobri: coleciono "citações" desde que me conheço por gente.Para não perder o hábito,lá vai uma.

    "Quem nunca altera a sua opinião é como a água parada e começa a criar répteis no espírito."

    William Blake

    Mil beijos

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  7. Vou te dizer, Tais: colecionar pode ser muito gostoso durante um tempo, mas no fim se torna um martírio. Basta chegar a hora em que o colecionador resolve desistir da coleção. Vai tentar vendê-la, o pobre coitado! Descobrirá que, em geral, não vale nada. Sucata pura. E como se livrar daquela tralha agora? Há de se ter um quarto extra em casa para pôr esses fósseis. Aconteceu comigo algumas vezes, hehehe.

    bjão
    Cesar

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  8. Boa tarde!

    Eu cheguei em tempos a colecionar selos e moedas, mas com a idade cansei-me :-)

    Tenho a certeza que algumas das moedas valerao alguma coisa. Deu-me uma ideia. Vou ver disso :-)

    Beijo

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  9. Lembro-me de uma vez começar coleccionar pacotes de açúcar. Sempre que ia para estrangeiro trazia tudo que encontrava...um dia olhei para as 4 caixas que já tinha e pensei: mas que é isto? Será que vai servir para alguma coisa?
    Não gostei da resposta e nesse mesmo dia foram todos para o lixo. Nunca mais coleccionei nada...mas gostei da sugestão apresentada:
    coleccionar sentimentos, amizades e companheirismo, isso de facto só ocupa lugar no nosso coração.

    Uma boa chamada de atenção para quem gasta energia nestes pequenos gostos.

    beijinhos

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  10. Tais, sua crônica é muito boa.
    Confesso que não gosto de guardar coisas materiais.....é muita tralha para vc acomodar.
    As vezes,quando visito algumas amigas,tenho a sensação de que estou numa loja e o ambiente fica pesado.Mas...(risos)minha filha fez uma viagem e de cada país trouxe uma caixinha pra mim.Sabe que gostei!!!A coleção começou e terminou com ela.São lindas, mas segundo o Feng-shui, devemos dar vida às coisas que temos para que a energia possa fluir.
    Os museus estão aí para guardar as coleções .
    Um beijo.
    Emília

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  11. Colecionar, acho que faz parte de nossa natureza de acumular, o ser humano tem a mania de acumular, principalmente capital e além dele tudo o que lhe agrade. Midlin colecionou milhões de livros. Duvido que tenha lido 10%

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  12. Hua, kkk, ha, ha colecionou cartas de magic de tipo lendária, sendo que nunca vai ter o fim delas (sempre sai novas)...

    Fique com Deus, menina Tais Luso.
    Um abraço.

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  13. Oi Taís,

    Houve um tempo, que eu andei colecionando chaveiros, mas logo "deu no saco" parei.

    Quando bem jovem andei colecionando namorados, mas logo "caí na real" era melhor para saúde, um de cada vez.

    Sabendo não ser uma boa colecionadora saí do ramo.

    Beijos,
    Dalinha

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  14. Taís,

    acho que você tem razão quando diz que colecionar pode ser um meio de suprir alguma carência. Se não podemos ter aquilo que realmente importa, mas que num determinado momento da vida ainda não somos capazes de perceber, então vamos ter muitos selos, muitos aviõezinhos, muitas orquídeas, muitos muitos...

    A verdade é que vivemos uma vida inteira para, quase ao final, descobrirmos que é na simplicidade que está a sua essência; no ser, e não no ter. Menos quase sempre pode ser muito mais.

    Mas, temos que admitir, a vida é um processo em andamento. E só ao final cada um de nós vai ter um poquito más de certeza sobre o que conseguiu fazer da própria vida.

    Excelente reflexão, Taís! Bjs e inté!

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  15. obrigada por seu comentario la no blog.. e quanto a colecionar coisas.. nossa ! ate fiquei com vergonha..já colecionei tanta coisa ! mas passou...agora estou curada.. sabe fui mudando de casa e tudo foi ficando superfluo demais. e fui me desfazendo.. doia tanto !!!mas ainda bem que ja acabou.. ou melhor será??? tenha mania de comprar livros e dvds.. acho que não me curei não.. beijão

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  16. Com a mesma magnificência de sempre, seus textos comportam o mais sútil e necessário toque de consciência. Gratifico a abordagem; mas é necessário esclarecer: ambientação e caracterização de patrimônios estão desconectados das bugigangas alegóricas.

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  17. Todos colecionamos algo... prefiro colecionar o cheiro, o paladar... as cores... tenho um imenso espaço dentro da minha cabeça... pra tudo isso. mesmo por que muitas peças da minha coleção que tanto queria jogar fora, estão incrustada na prateleira em meu coração,

    Bom fim de semana Taís

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  18. Olá Tais
    Não tenho o habito de colecionar nada, mas se fosse ter uma coleção certamente seria de moedas antigas.
    Beijos

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  19. Oie! Tudo bem? Quando era pequena adorava figurinhas,principalmente quando ofereciam prêmios com as carimbadas. Nunca vi alguém que tenha ganho rs...Hoje tenho uma estante pequena de bonecas. Adoro,mas, nada de obcessão. Quando os amigos viajam pra fora do pais me trazem pequeninas.Hoje em dia, além de não se ter espaço, também não se tem dinheiro,realmente é melhor direcionar essa energia para coisas mais importantes.Montão de bjs e abraços e um excelente final de semana

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  20. Tais.

    Biólogo/professor, percorro várias páginas que me parecem interessantes. Desejo divulgar um espaço ecológico (Verde Vida), com imagens e textos relacionados à causa ambiental.

    Sua escrita é generosa e muito agradável. Vou seguir seu blog. Parabéns!

    Felicidades em sua jornada!

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  21. Agradeço-lhe toda a gentileza, Tais.

    Sinta-se à vontade junto ao nosso espaço. Sua adesão amplia a causa ambiental.

    Grande abraço!

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  22. Eu colecionava revistinha em quadrinhos quando era criança e adolescente.

    Havia centenas delas no meu quarto.

    Hoje não coleciono nada, pelo contrário, minha vida se resume em poucas coisas.

    Mamãe colecionava latinhas de leite condensado.

    Num belo dia, meu avô chamou-a num canto e mostrou prateleiras e prateleiras abarrotadas de latinhas.

    Foram longos meses engolindo brigadeiros.

    Estive por aqui.

    Abração!

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  23. Oi linda obrigada pela visita no meu novo cantinho.
    Estava com saudades de ti.
    Fez muita falta no níver do blog e na coletiva.
    Feliz dia das Mulheres querida!
    Tu que és uma mulher admirável e de visão como poucos!
    Adoro você!
    Beijo na alma...
    Passe no Devaneios que tem homenagem.

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  24. Saudações Taís!

    Se me permite o questionamento, tu nao seria uma colecionadora das compulssividades alheias? hehehe
    Bom, mas piadinhas sórdidas a parte, creio que desde a infância também carregue comigo alguns hábitos de colecionar objetos ou coisas menos tangiveis, como lembranças e sentimentos. Na verdade, muitas vezes, o próprio objeto traz consigo muito mais do que a sua representação material, esse tipo de coleção é deveras interessante e agregadora. Gosto muito inclusive, de presentear e ser presenteado com objetos pessoais, como livros, discos, cd´s, dvd´s, tenho muitos amigos pelas estantes do apartamento. Carrego-os em meu peito numa manha de sabado, embreagado de sono e doces lembranças, que coleciono em minh´alma.

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  25. Para 'CRÔNICAS DO SUBMUNDO':

    Olha...livros, cd's,dvd's não considero objetos de coleção, considero alimento para nossa alma, para o espírito. Jamais serão 'tralhas' inúteis, como as minhas 300 corujas. Estes concordo com você! rsrs

    bjs
    tais

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  26. Oi Tais!

    Frase do dia:

    "NÃO SE NASCE MULHER: TORNA-SE".
    Simone de Beauvoir

    Parabéns pra você, amiga!

    Parabéns pra nós, pelo nosso DIA!

    Abraço carinhoso...

    Lia♥

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  27. Feliz dia da Mulher! E que Deus continue abençoando seu dom. Montão de bjs e abraços cheios de flores

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  28. Estou aqui pensando nas tantas coisas que fico guardando. Coisas cheias de lembranças. mas não há como ñ lembrar tbm daqueles que se dão ao luxo de abarrotar armários com bolsas, sapatos, entre outros...a vida é feitas de outras coleções, as amizades, como vc disse...Adorei o texto....bjs

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  29. Tais,
    Eu coleciono, mas prefiro me entender como colecionista ao invés de colecionador. Claro que tenho consciência que é um síndrome de alguma coisa, e que deve ser controlada, mas, enquanto isso, tenho uma belíssima coleção de dinheiro (sou numismata), outra de relógios de pulso e ainda outra de canetas tinteiro, daquelas que usam tinta e tem penas de metal. Sei que minhas coleções valem algum dinheiro, de forma que quando eu me for, meu filhos terão a escolha de vendê-las, guardá-las como recordação ou continuá-as. Consigo vencer minha febre de buscar itens novos guardando as coleções onde raramente as vejo, daí não passo meses e as vezes anos sem buscas nos saites de vendas da internet. Abraços, JAIR.

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  30. Hola, conservo cosas desde mis bisabuelos, y yo personalmente he continuado guardando postales, revistas, libros etc. Actualmente tengo documentos muy importantes que si yo no hubiera comprado, quizás, hubieran desaparecido. Algunos para mi son verdaderos tesoros, unos sentimentales, y otros históricos, pero jamás ha sido ni un trauma ni una obsesión.
    Una cosa es el espacio físico que ocupan y otra el personal, que no tiene porqué, quitarles tiempo a tu familia, amigos, etc.
    Un abrazo.

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  31. Muito boa noite querida amiga, bah, nem fale srs esses assuntos são complicados mesmo, eu colecionava caixinhas de incenso vazias srs sem falar nas minhas canetas vazias, tinha muitas, pra tu ter ideia eu guardava até os rascunhos dos meus poemas, tinha pilhas e pilhas de papel, minha mãe ficava doida srs
    aui na cidade tem uma pessoa que coleciona selos, tem uma infinidade deles, uma fortuna em selos srs e saber que tudo isso apenas nos mantém presos nesta ilusão terrena srs beijos meus e uma linda noite Tais,

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Muito obrigada pelo seu comentário
Abraços a todos
Taís