- por Tais Luso de Carvalho
Esta crônica nasceu ontem, após ter visto, via TV, um salvamento de um casal numa das praias do Estado. É um sentimento inexplicável; uma admiração enorme pelo corpo de salva-vidas. E não tem como achar lindo um mar bravo, um mar aberto onde os ventos predominam e fazem o estrago.
Esta crônica nasceu ontem, após ter visto, via TV, um salvamento de um casal numa das praias do Estado. É um sentimento inexplicável; uma admiração enorme pelo corpo de salva-vidas. E não tem como achar lindo um mar bravo, um mar aberto onde os ventos predominam e fazem o estrago.
Os brasileiros em geral adoram um mar. E os gaúchos não deixam por menos, adoram veranear. Porém, aquela coisa linda, água mansa com pinceladas de azul ou verde, e peixinhos rodeando o pessoal, não é coisa pra gauchada: aqui é chocolate puro! É um litoral a perder de vista, que vai de Torres ao Chuí numa reta infinita, coisa boa pra correr na fórmula 1. Parece que não há finitude.
Aquele capim alto misturado com areia – que mais parece galinha com farofa, é a nossa realidade. O mar é muito convidativo: buracos, bancos de areia, siris, água-vivas e vários afogamentos por dia que, se não fosse o bravo trabalho dos nossos salva-vidas, o quadro da dor seria bem pior. No feriado de Ano-novo ocorreram 330 salvamentos no litoral norte - notícia do Correio do Povo do dia 2 de janeiro de 2011.
A exceção - quanto à beleza natural - fica com Torres, nossa melhor praia, mas já encostada nos catarinas, em Floripa. Porém estou falando da orla marítima, e não das cidades do litoral que são bonitas.
A exceção - quanto à beleza natural - fica com Torres, nossa melhor praia, mas já encostada nos catarinas, em Floripa. Porém estou falando da orla marítima, e não das cidades do litoral que são bonitas.
Aquele ventinho - que nunca pára, o Nordestão -, faz de nós uns bifes à milanesa: a areia gruda e o sol frita. Tudo numa alegria meio equivocada, que ninguém entende. Mas vamu-que-vamu, pois todos precisam voltar com aquela cor jambo, que no couro dos gaúchos torna-se uma cor de mógno. Aquela cor castanho avermelhada...
Mas o que dói, é que não temos uma sombrinha; as criaturas desfilam que nem camarão, o sol mal respeita os guarda-sóis. E como por aqui tem muita gente de pele clara, deveriam inventar um protetor solar número 200. Sai todo mundo sapecado, soltando a pele que nem cobra. Descascando, como chamamos.
Também temos muitas diversões: jogar tênis na beira da praia, acertando umas raquetadas e colocando em nocaute algumas vítimas, nada divertido. E passear na areia durinha, quase dentro d'água que serve para nossas avós tomarem banho de assento, é algo de extasiar.
Sim, por que vocês aí de Santa Catarina e do Nordeste não sabem o que é um repuxo! Isso é coisa pra bagual; entrou no mar tem de se garantir, lutar pra sair: cravar os pés no chão e rezar. Ou gritar por socorro.
Já fui muito para o mar; E consegui me desvencilhar, correr, esquecer. Fiquei com fobia; passei pela experiência de não sentir o chão ao dar um passo de 40 centímetros para o lado. Foi angustiante aquele dia de bandeira vermelha. E dizer que aprendi a nadar no mar...
Aqui, no sul, temos bandeiras branca, amarela vermelha e preta. Branca eu nunca vi; amarela é raro. O mais comum é a vermelha: 'entre, mas com cuidado!'. E a preta é sinal para não entrarmos: 'mar bravo e muito repuxo'. É só ficar olhando para a linha onde juntam-se mar e céu e se contentar. É coisa muito estimulante...
Aqui, no sul, temos bandeiras branca, amarela vermelha e preta. Branca eu nunca vi; amarela é raro. O mais comum é a vermelha: 'entre, mas com cuidado!'. E a preta é sinal para não entrarmos: 'mar bravo e muito repuxo'. É só ficar olhando para a linha onde juntam-se mar e céu e se contentar. É coisa muito estimulante...
Outra coisa muito comum por aqui é levarmos baralho para a praia, uma vez que chove aos montes! E aí tudo vira um carteado, ao som de um temporal e comendo bolinhos de chuva.
Esse é o nosso mar, minha gente, mas não há de ser nada: o bom é dar um pulinho nos vizinhos, fazer amizades, usufruir de suas belas praias com águas cristalinas e retornar com saudades da terra, da nossa cidade, do povo, da Serra, dos pampas, de nossas tradições: nosso orgulho.
Sair é bom, mas retornar pra casa é ótimo: e isso se dá na alma de cada brasileiro: do norte ao sul. E da gauchada, nem se fala!
Sair é bom, mas retornar pra casa é ótimo: e isso se dá na alma de cada brasileiro: do norte ao sul. E da gauchada, nem se fala!
Parabéns para você pela ótima crônica e para suely pelo belo quadro!
ResponderExcluirBoas férias!
Conheço bem cada palavra deste texto e posso testemunhar que tudo é a mais absoluta verdade. Sou gaúcha com muito orgulho, mas em termos de praia deixamos a desejar...
ResponderExcluirUm bj querida e boas férias!
Que delícia de crônica, Tais. Retrato fiel das nossas praias - não só no RS os buracos engolem a gente!!
ResponderExcluirA serra de vcs é linda, a terra de vcs é linda - e o povo, me encanta. Tive a sorte de conhecer uma gauchada muito tri, e olha que não é pouco pra poder afirmar!
Boa viagem, bom retorno e um ótimo 2011!
Bjos, minha amiga.
Você tem razão, por mais que sejamos cosmopolitas, a casa, a nossa terra, a nossa gente ainda são o grande palácio que usufruímos e onde se pode repousar mais tranquilamente a cabeça. Boa viagem e bom retorno para você.
ResponderExcluirNão se pode ter tudo. Tem as lindas serras, os pampas, muita coisa bonita.
ResponderExcluirBoas ferias e cuide-se.
beijos
Muito boa crônica, com boas observações. Por muito menos, desisti de curtir esse hábito de frequentar as praias. Aqui no Rio, nem pensar! só se for pra disputar a tapa um lugarzinho na areia, com direito a boladas, petecadas e a areia que é jogada por cada um que passa...e se for sozinha, o risco de ser assaltada (rsss).
ResponderExcluirBem... mas não é só de praia que se vive. Boas Férias e Feliz 2011.
Bjs.
Amei sua crônica, Tais. Eu adoro praia e, como sou muito branca, tenho vários desses problemas aí. Fico rosa pink e toda ardendo, se quiser aproveitar bem o mar. Mas já faz tantos anos que fui a uma praia, que já nem me recordo. Atualmente, não tenho acesso nem a uma poça d'água. rsrsrsrs
ResponderExcluirBeijo grande e parabéns pra você, pelo texto, e para a querida Su, pelo quadro belíssimo.
Não conheço as praias do Rio Grande (ainda), Tais, mas vou ter esse prazer (e com moderação, rsrs). Afinal , mineiro é meio bobão quando chega num litoral. Fica tão admirado e encantado que torna-se uma potencial vítima de um repuxo. um abraço e ótimas férias para você. Paz e bem.
ResponderExcluirÓtimo texto, belíssima crônica.
ResponderExcluirSenti calafrios e dores "Bife a milanesa", "nordestão", "repuxo" ...
Aí! Eu sou do Sul! Eu amo este estado lindo cheio de belezas e excelente cultura, mas te confesso uma coisa:
Passar horas para ir até o litoral; disputar espaço na areia; sujar os pés de óleo; enfrentar vendaval; fugir do repuxo; terminar a temporada e abrir o bocão e dizer "Curti o Mar" não é para mim não.
Sou "peixe de água doce" Não troco um belo banho de rio e as belas delícias e paraísos de água doce com sua calmaria; muitas familias; pouco som estridente nos ouvidos - maior segurança nas areias...
Esta minha visão partcular do paraíso eu encontro todo ano na Paz das praias de São Lourenço do Sul; num refúgio do meio do mato em arambaré e as margens do rio camaquã.
Bjão amiga!
adorooooo este blog!
Eu, como o Cacá, também não conheço as prais daí. Ainda!
ResponderExcluirTudo que se refere a praia é gostoso, especialmente uma crônica sua, Taís, ilustrada por esta obra da Suely que sinceramente me impressionou pela beleza e maturidade artística.
Duas mestras, uma das letras outra das tintas.
bjos
Cesar
Conheço as praias do sul. Repuxam meeesmo. Mas como bom mineiro, como disse o Cacá, não poderia deixar de entrar no mar e tentar sair dele sem pedir socorro.
ResponderExcluirConvido os amigos que gostaram desta crônica tanto quanto eu a fazerem uma visita as Montanhas de Minas Gerais. Novas inspirações para escrever.
Tais,
ResponderExcluirapesar de todo nordestão, solão, confusão,aproveite este marzão da melhor forma que der, viu?
Felizes férias p/ vc e família.
Até a volta,
Bjs,
Calu
Só resta deixar um convite pra vir a Porto de Galinhas em Pernambuco: mar tranquilo e belas piscinas naturais. Bjo
ResponderExcluireu moro mesmo em frente da praia da Nazaré um local lindo e pequeno mas de Verão fica completamente lotado e as pessoas não respeitam o mar que é lindo mas rebelde e como dizes os salva vidas tem um papel preponderante.
ResponderExcluirbeijinhos de bom ano
Taís querida!
ResponderExcluirOlá!
Boa noite pra você!!!
"Todos os dias devíamos ouvir um pouco de música, ler uma boa poesia, ver um quadro bonito e, se possível, dizer algumas palavras sensatas."
(Goethe)
Eu acrescento: todos os dias deveríamos visitar um blog de qualidade como esse!
Beijocas, muitas!
Sônia Silvino's Blogs
Vários temas & um só coração!
*Blogueira entrevistada no blog Patchwork nesta semana: Maysha!
Confira!
Taís,
ResponderExcluirFico muito feliz quando descubro em uma mulher duas qualidades raramente (será que exagero?) encontráveis juntas: beleza e inteligência.
Bj.,
Gabriel
Amei seu texto, amiga! :)
ResponderExcluirMinha mãe já dizia: com o mar não se brinca, temos que ter respeito.
Acho que é mais ou menos por aí.
Beijão, e ótimas férias pra você.
Cid@
Olá Taís,
ResponderExcluirAmei sua crônica. Seu não incentivo me diz para navegar em outros mares.
Tenho a felicidade de morar no Rio de Janeiro onde praias belíssimas fazem parte da paisagem natural.
E passo temporadas no Ceará onde as praias são encantadoras.
E minha cor sertaneja aguenta o repuxo.
Beijos,
Dalinha
Vi o filme perfeitamente, pois a discrição e demais realista...Mas
ResponderExcluirnão é só no Brasil que isso acontece...desde que a Natureza anda zangada...é pão nosso de cada dia em todo
o lado...
Beijo
Oi, amiga! Finalmente consegui retornar à blogosfera. Eu chegando; você, indo.
ResponderExcluirAliás, você vai e me deixa aqui em cólicas de tanto rir. Diverti-me muito lendo esse seu texto cinematográfico. Matou minha saudade de te ler em grande estilo. rsrs
Aproveite bastante as suas férias, querida. Apreciei muito também a escolha desse quadro da Sueli que compõe belamente com a sua crônica.
Bjs saudosos, minha linda. E inté!
Hua, kkk, ha, ha, ninguém está realmente livre de um bronzeado profundo em algum momento da vida...
ResponderExcluirE mesmo que atrasado, feliz ano novo menina.
Fique com Deus, menina Tais Luso.
Um abraço.
oii..adorei suas crônicas...muito legal o seu ponto de vista sobre assuntos que interessam a muitos brasileiros sou de Eldorado mato Grosso do Sul espero que vc escra muito e muito mais...
ResponderExcluirbjoo
Olá Taisinha!
ResponderExcluirEu sou fã das montanhas, não há mar que me faça desgostar. Amo serra, montanhas e um certo clima frio. Fico confortada, relaxada e bem.
Mar, areia, bife a milanesa, morta de calor, sol que me dá dor de cabeça, se possível, fico longe. Gosto, mas de ver em fotografias. Mas o marido gosta, então, vez por outra, vou.
Tenho até uma postagem, sobre a Ilha Bela, que gostamos muito. Mas nada me faz mais feliz do que um clima fresco, um bom vinho e montanhas.
Um beijinho querida e uma ótima semana.