23 de março de 2009
PABLO NERUDA / QUANDO...
Quando eu morrer quero tuas mãos em meus olhos;
quero a luz e o trigo de tuas mãos amadas
passar uma vez mais sobre mim seu viço:
sentir a suavidade que mudou meu destino.
Quero que vivas enquanto eu, adormecido, te espero,
quero que teus ouvidos sigam ouvindo o vento,
que cheires o amor do mar que amamos juntos
e que sigas pisando a areia que pisamos.
Quero que o que amo continue vivo
e a ti amei e cantei sobre todas as coisas
por isso segue tu florescendo, florida.
Para que alcances tudo o que meu amor te ordena,
para que passeie minha sombra por teu pêlo,
para que assim conheçam a razão do meu canto.
Neruda, Pablo 1904 – 1973
Cem sonetos de amor – tradução Carlos Nejar – Porto Alegre
L&PM 2008
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É sempre um prazer ler Pablo Neruda.
ResponderExcluirLer:*"sentir a suavidade que mudou meu destino", "que cheires o amor do mar que amamos juntos/
e que sigas pisando a areia que pisamos." ou "para que assim conheçam a razão do meu canto." - ler imagens/versos assim é uma dádiva.
Obrigado.
Uma ótima semana para você.
Abraços.
Prefiro :
ResponderExcluirpara que a minha sombra passeie pelos teus cabelos
em vez de
para que passeie minha sombra porteu pêlo
Mas, não admira a minha atenção: este é um dos sonetos que mais gosto de Pablo Neruda...
oi, pela primeira vez passei pelo seu blgo, o vi em um blog que costumo frequentar, adorei o seu. você escreve maravilhosamente bem. acabaste de ganhar um leitor a mais. parabéns.
ResponderExcluirMaravilhoso poema do Neruda. Sabe, já estive sentado no seu colo, ainda lembro seu "poncho" de lã da cor cinza; Essa vaga lembrança se manteve no tempo e foi fortalecida quando eu, jovem ainda participei das suas declamações sobre sua poesia. Foi em concepción a última vez que ouvi alguns dos seus últimos poemas. Neruda morreu de pena, de tristeza, nada mais tinha sentido depois da morte do seu grande amigo Allende e da matança inicial que a ditadura no mês de setembro de 1973.
ResponderExcluirEu sabia de cor um poema de Neruda, mas o tempo fez as estrofes desabarem no abismo negro do esquecimento! Enfim, o poema foi infinito enquanto durou em mim.
ResponderExcluirEstive por aqui.
Para ser sincero não conhecia Neruda, mas gostei muito desde texto. Vou procurar ler mais esse autor.
ResponderExcluirAgora que eu li essa frase, Escrever é, simplesmente, um modo de falar sem que interropam a gente, muito boa. É verdade.
Agradeceria se colocasse um link para meu blog em sua página inicial, os blogueiros tem de se ajudar.
Um abraço
É dificil falar de Neruda, o que um fósforo pode falar do Sol? Apenas que a luz que irradiam é a mesma só que o Sol é infinitamente mais intenso.
ResponderExcluirQue bela escolha, Tais. E também que enorme coincidência. Este será um dos seis poemas que irei dizer na próxima quinta-feira, numa das já habituais sessões de "Poesia in Progress". A sessão será toda ela dedicada a Pablo Neruda que eu,simplesmente, amo.
ResponderExcluirUm beijo e obrigada.
Poesia... sempre carinho recebido com suspiros!!
ResponderExcluirAxé.
LU MARIA
Apetece sempre ler o que escreve, faz-me sentir bem.
ResponderExcluirAbraço