24 de novembro de 2008

CONSUMIDORAS X VENDEDORAS

-obra de jorge luis rosenzvaig

- tais luso de carvalho


Reconheço a educação que recebi: assimilei o que meus pais se empenharam em me passar: ‘filha, seja educada e cordial com todos’. Fiz tudo direitinho, porém tem uma situação em que não me controlo: é quando vou comprar roupas ou sapatos. Sei o que se adapta ao meu estilo. O ato de comprar deveria ser prazeroso, mas na maioria das vezes torna-se tortura. Os balconistas, em muitas lojas, são treinados para ‘empurrar’ a mercadoria, pouco se importam ou pouco ouvem o que realmente pedimos. Pois ontem resolvi ir para um shopping comprar blusas. Olhem só o martírio:

- Moça... estou procurando blusas de tamanho P ou M, meia-manga. E não gosto de blusas muito justas.
- Mas agora é verão! O que estou vendendo é blusa sem manga e justinha; vou lhe mostrar o que recebemos...
- Hei moça... eu quero blusa com manga, eu vou para lugar friooooo!
- Mas é só colocar um casaquinho...

E, como a loja estava cheia, a mulher sumiu entre os cabides, mas ainda consegui me agüentar. Dois minutos depois, veio ela com tudo o que não pedi. Dei uma olhada por cima: blusas com lacinhos, outras estilo bata, pra menina de 15 anos, outra, tinha tantas tiras que não sabia onde enfiar os braços e a cabeça, fiquei numa agonia... sem respirar. E trouxe-me uma mais larga, como havia pedido. Abri... tamanho 50; Pô... Eu sou mignon, 42!

- Hei moça... eu disse que visto P ou M!!
- Mas esta deve ficar linda na senhora!
- Linda? Como sabes?
- Eu tenho uma.

Engraçado como as vendedoras se assemelham: o negócio é empurrar qualquer coisa. Trouxe várias blusas cheias de lacinhos, apertadinhas e com babadinhos... e depois me chama de senhora?? Senhora retardada. Serei desprovida de inteligência? Aquilo parecia roupa de boneca. Qualquer mulher de sã consciência teria vários ataques...

Lembro do dia em que meu pai foi comprar um terno, só um terno: o atendente trouxe-lhe o terno, uma camisa, uma gravata, as meias e um sapato! E deu o maior rolo; meu pai queria só o terno! E o atendente insistindo... Aí veio o gerente, e tudo se ajeitou.

Essa maneira de atender o cliente deveria mudar: mostrar o que foi pedido, se esmerar e pronto. Não tem? Tchauzinho, fica pra outra! E isso acontece principalmente com vestuário, onde elas podem dizer que ficamos lindas e maravilhosas. Tenho notado que tudo o que compro, a balconista tem; do  chinelo ao televisor!

Sei que não é falta de educação, é prevenção contra o desgaste de comprar. Como sei que a  filosofia da venda é esta - de empurrar -, sei também que minha tática está certa: objetiva e sem muitos papos em torno do que é moda. Se eu afrouxar elas me trazem roupa para jovens de 15 anos, para mulheres de um metro e oitenta ou para senhoras de 80 anos... Assim não dá, não há Cristo que aguente.
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3 comentários:

  1. Anônimo09:54

    Qualquer dia entrarei numa loja carregando uma dessas armas de traficantes e direi com os olhos esbugalhados, babando, com tique nervoso no canto da boca e mirando o vendedor:
    - Bom dia. Por favor, quero experimentar somente aquela camisa e somente aquela calça. E não me empurre nada que eu não queira, entendeu vendedor?
    Abraço.

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  2. Olá! Volto mais uma vez a entrar em contato para informar que estamos
    abrindo um novo grupo de entrevistas para a pesquisa que estamos realizando na UFRGS sobre blogs da grande Porto Alegre. Sendo assim, além do dia 4 de dezembro (quinta-feira), estaremos realizando uma entrevista em grupo no dia 3 de dezembro (quarta-feira), às 19h.
    Gostaríamos muito de poder contar com sua presença nesta pesquisa. Se
    você puder participar, por favor entre em contato pelo e-mail limc
    arroba ufrgs.br. Se quiser conhecer mais sobre as pesquisas de nosso
    laboratório, visite www.ufrgs.br/limc/

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  3. Oi Taís! Tdo bem?
    sobre sua postagem gostaria de dizer que aqui no RJ- os vendedores são a mesma coisa...as vezes pior. A sensação q/vc tem é que quando eles percebem que vc esta chegando, uma voz na cabeça deles diz: porque que entrou na loja, eu estava tão bem,sem fazer nada, e quando somos mto bem tratadas, pode começar a desconfiar...aí tem! Quando vc chega em casa, vai perceber que tem um defeito, falta alguma coisa, como um lençol que compramos e veio sem fronha...enfim...adoro lojas, que eu mesma pego aquilo q/quero, sem depender de ninguém. Eu sou difícil de comprar, pois tenho meu estilo, e as roupas hoje, estão mto empobrecidas, ou é malha, ou é chita, e é aí, que vc sente que o dinheiro não é td, pois vc procura uma coisa, e não existe. Precisei comprar um vestido p/o niver de 80 anos da minha mãe, e só encontrei coisas horrorosas, e tive que mandar fazer...enfim...alguma coisa esta acontecendo com a humanidade!
    Bjoca! Wal.

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Abraços a todos
Taís