29 de outubro de 2009

POEMA DE FINADOS / Manuel Bandeira


Amanhã que é dia dos mortos
Vai ao cemitério. Vai.
E procura entre as sepulturas
A sepultura de meu pai.

Leva três rosas bem bonitas.
Ajoelha e reza uma oração.
Não pelo pai, mas pelo filho:
O filho tem mais precisão.

O que resta de mim na vida
É a amargura do que sofri.
Pois nada quero, nada espero.
Em verdade estou morto ali.



Bandeira, Manuel, 1886-1968
Libertinagem Estrela da manhã / Rio de Janeiro
Nova Fronteira, 2000.




16 comentários:

  1. Nossa que forte! Que identificação! O filho extensão do pai. Pai morto, filho sem motivação. Esse Manoel Bandeira retratou no poema o que acontece com muitos filhos quando perdem o pai.Parece que perdem a si mesmo. Gostei, bjs amiga

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  2. GRANDE, MUITO GRANDE, MANUEL BANDEIRA!

    "Em verdade estou morto ali"...

    Um beijo e obrigado por teres trazido esta poesia nesta época.

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  3. Olá Tais,

    Uma enorme coincidência ocorreu! Estou em fase de ajustes finais de um texto chamado "Um único dia no passado". É a troca de emails que fiz com um amigo, órfão como eu, onde debatemos o triste assunto...

    Agora a coincidência: estou usando JUSTAMENTE este poema do Manuel Bandeira! Transmissão de pensamento!

    Logo você verá a postagem lá no blogue.

    Bjão a vc, por lembrar às pessoas de tão essencial poesia.

    Cesar

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  4. Oi, Cesar, não poderia deixar de prestar uma homenagem aos meus pais que se foram e que deixaram, em mim, a dor da saudades...Jamais uma separação, tão brutal, será uma doce lembrança. Todos nós, neste dia de finados, seremos um pouco 'Manuel Bandeira'.

    bjs, amigo.
    tais

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  5. Boa noite. Obrigado pelo registo no "Namorado". Gostei daqui. Vou tambem adiciona-la.
    Bom fim de semana e cumprimentos.
    Francisco

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  6. Olá Taís,

    Querida amiga,esse poema de Manuel Bandeira; desnuda a nossa dor de almas orfãs; principalmente de meus filhos que ainda jovens, sentem muito a perda do pai.
    Bjs,Vera

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  7. Oi, Verinha, pois é, entre tantos poemas - amargos - que li sobre esse dia, achei esse muito completo: mostra a dor, o sofrimento e o desamparo dos que ficam; é o calvário pela frente.

    Bjs, amiga.
    tais luso

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  8. Olá Tais

    Adorei sua visita. Também estou seguindo seus blogs, que são lindos!

    Nesse poema de Manuel Bandeira toda verdade foi dita...

    Bjs

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  9. "Em verdade estou morto ali."
    ...Obrigado pela reflexão^^

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  10. Tais, esse poema de Bandeira sempre
    me tocou. Mas hoje, ao lê-lo, senti
    um aperto muito grande no coração.
    Sábado foi a missa de sete dias do
    falecimento de meu pai. A gente deposita
    ali, na última morada deles, não só um pai,
    mas uma história inteira de vida.

    Grande abraço, amiga.

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  11. Jac...
    Meu carinho, imagino tua dor.
    São nesses momentos - de fragilidade - que é necessário o esforço máximo para superar a crise.

    tais

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  12. Olá Taís,
    Imagino a dor de quem já perdeu seus pais. Porém, só sente realmente quem já passou por isso. Eu ainda tenho pai e mãe e estive com eles agora em outubro, no Ceará. Meu pai tem 93 anos minha mãe seis a menos. Os dois perfeitamente lúcidos.Sei que não será fácil ficar sem eles.
    O poema de Bandeira mostra fortemente isso.
    Beijos,
    Dalinha

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  13. Olá Tais!!!td bem???

    Os poemas do Manoel Bandeira são divinos!!!! esse então... é bem interessante!!!

    Obrigada pela visita no meu blog!!! Estava sentindo sua falta lá!!! Vc sumiu buaaaaaa... que bom q esta de volta!!!!!rss vc sabe q sou uma grande admiradora do seu cantinho!!!!

    Grande beijo pra ti e ótima semana!!

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  14. A crônica que me referi, na qual usei o poema do Manuel Bandeira, já está lá no blogue. Chamei-a de O Derradeiro beijo da mamãe. Vc que, como eu, é órfã também, certamente irá se identificar.

    bjão!

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  15. Anônimo13:11

    quando esse poema foi escrito?

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  16. Boa tarde, 1930 em 'Libertinagem'.

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Muito obrigada pelo seu comentário
Abraços a todos
Taís