DESCONSTRUIR REPUTAÇÕES

Francisco Brennand - Sofrimento  /   no Das Artes

___Taís Luso___

Não costuma acontecer, mas ando com  saudades de uma época que já passou. Talvez  seja pelo fato do que estou vendo, diariamente, nas mídias e redes sociais do meu país. Parece que a sociedade está em guerra. Sem dúvida, vejo que estamos na  Era  da  Desconstrução  de Reputações. Que coisa triste!

Em minutos é desconstruída a boa reputação de uma pessoa que  leva uma vida para construí-la através do seu bom caráter. Em dois toques acabam com sua moral e com sua boa reputação na sociedade. Sim, tudo pode ser desconstruído, através do ódio, que em minutos alcança milhões de pessoas nas redes sociais. Que loucura. Motivos partem de emoções, não da razão.

Nasci numa época ainda tranquila, e tenho saudades da calmaria nas ruas, sem perigo algum. Não havia a informática no Brasil, ainda. Era uma sociedade bem mais calma.

Vivi intensamente um tempo lindo. Lá atrás, não me dava conta de que no futuro a vida me colocaria diante do desconhecido, das maldades do mundo, da violência, dos fracassos e medos. Recebi um pacote que foi sendo aberto aos poucos.

Fui crescendo e descobrindo as verdades, as pessoas, as alegrias, tristezas, responsabilidades, injustiças, o ódio e a ingratidão. Mas também o amor, a solidariedade, a delicadeza. E só por esses sentimentos a vida vale muito.

No entanto, causa-me pena em escutar, ainda, muitas lamúrias ditas por pessoas conhecidos que continuam a se lastimar por coisas que ficaram lá atrás: pelo que não tiveram; pelo que não fizeram; pelas oportunidades perdidas. O processo de cicatrização não se concretizou. E a culpa é do mundo, dos pais, da sociedade. Dos outros. As feridas estão tão vivas nessas pessoas que não lhes permite uma vida plena e feliz. Fazem questão de se manterem infelizes. Rancorosas. Maldosas.

Contudo, se eu tivesse de escolher entre todos os meus momentos, mesmo  um pouco saudosa, escolheria a minha maturidade atual: é a fase de maior liberdade e equilíbrio. A objetividade também se insere mais nesse período de nossas vidas - é fato. O tempo que temos não é mais uma eternidade como eu pensava na minha infância, mas sempre existirão novos sonhos e novos desafios. É só não deixar escapar.

A vida, em toda a sua complexidade, tem de fazer sentido. Não cabe mais ressentimentos, cabe é a vontade de ser feliz.

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