- Tais Luso de carvalho
Quarta-feira de Cinzas, após cinco dias de sonhos já dá pra esquecer dos reis e das rainhas, dos pierrôs apaixonados, do luxo dos carros alegóricos, das deusas televisivas e do ritmo dos tamborins.
Já dá pra esquecer do maior ‘Espetáculo da Terra’ e voltarmos à realidade de povo de terceiro mundo: de muita gente pobre e analfabeta, de gente doente e desamparada, de uma enorme desigualdade social, de aposentados desprotegidos - com seus vencimentos minguados -, de uma educação precária, de uma segurança a desejar, de um Estado que se perdeu em assumir seus deveres para com seu povo.
Viemos sonhando desde o Natal, com uma fantasia vermelha que nos traria mais calor humano, presentes, reunião cordial no núcleo familiar; viemos sonhando com um Ano Novo que sempre prometeu muita saúde, dinheiro e paz: nada mais existe de tão repetitivo e de tão ilusório.
Pelo menos o Carnaval serve para afogar as mágoas, a vida dura, dar diversão ao povo e cobrir de purpurina aos muitos que se vestem com dificuldade o ano inteiro por este Brasil afora. É nossa cultura, como é o futebol: carnaval e futebol são sinônimos de 'povo brasileiro', por isso há de se respeitar.
Sinto que depois de assistirmos a tanto luxo, tanta alegria - quase que por tempo integral nas televisões - temos de voltar a conviver com a nossa realidade humilhante, e ver em cada esquina o abandono dos humildes; ver a corrupção sem punição e conviver com gente que foi eleita para fazer e não faz.
A ilusão se foi... e agora, José? - lembrando Drummond.
Quarta-feira de Cinzas, após cinco dias de sonhos já dá pra esquecer dos reis e das rainhas, dos pierrôs apaixonados, do luxo dos carros alegóricos, das deusas televisivas e do ritmo dos tamborins.
Já dá pra esquecer do maior ‘Espetáculo da Terra’ e voltarmos à realidade de povo de terceiro mundo: de muita gente pobre e analfabeta, de gente doente e desamparada, de uma enorme desigualdade social, de aposentados desprotegidos - com seus vencimentos minguados -, de uma educação precária, de uma segurança a desejar, de um Estado que se perdeu em assumir seus deveres para com seu povo.
Viemos sonhando desde o Natal, com uma fantasia vermelha que nos traria mais calor humano, presentes, reunião cordial no núcleo familiar; viemos sonhando com um Ano Novo que sempre prometeu muita saúde, dinheiro e paz: nada mais existe de tão repetitivo e de tão ilusório.
Pelo menos o Carnaval serve para afogar as mágoas, a vida dura, dar diversão ao povo e cobrir de purpurina aos muitos que se vestem com dificuldade o ano inteiro por este Brasil afora. É nossa cultura, como é o futebol: carnaval e futebol são sinônimos de 'povo brasileiro', por isso há de se respeitar.
Sinto que depois de assistirmos a tanto luxo, tanta alegria - quase que por tempo integral nas televisões - temos de voltar a conviver com a nossa realidade humilhante, e ver em cada esquina o abandono dos humildes; ver a corrupção sem punição e conviver com gente que foi eleita para fazer e não faz.
A ilusão se foi... e agora, José? - lembrando Drummond.
Felizmente, passado o carnaval, está na hora de acordar para a realidade da vida.
ResponderExcluirAbraço
Tatá,
ResponderExcluirNem sabes o que é detestar a folia e morar no Rio de Janeiro, rs.
Saudades.
Como sempre, adorei sua crônica.
Beijos.
A vida é para nós o que concebemos dela. Para o rústico cujo campo lhe é tudo, esse campo é um império. Para o César cujo império lhe ainda é pouco, esse império é um campo. O pobre possui um império; o grande possui um campo. Na verdade, não possuímos mais que as nossas próprias sensações; nelas, pois, que não no que elas vêem, temos que fundamentar a realidade da nossa vida .
ResponderExcluir(Fernando Pessoa)
Beijos.
Delicioso cheiro de grama molhada, crepúsculo radiante são só para alguns olhos. O meio como produto do meio, não o contrário naturalistas.
ResponderExcluirTalvez o mundo agreste tenha dado almas agrestes, João Cabral de Mello Neto
Tais, sao textos como este que me fazem passar horas e horas nesta blogosfera.
ResponderExcluirQuem nao tem palavras sou eu, a nao ser para lhe agradecer por tao importantes verdades, que nao sao unicas no seu pais...
Beijo e um bom rsto de semana para si
Tais, fiquei muito contente com a sua visita e comentário.Respondi lá mesmo, e quando tiver um tempinho passe por lá.
ResponderExcluirA vida volta a sua realidade...
As máscaras serão substituídas(ou não)e cada um procura seguir o seu bloco, no trabalho,em casa e na vida.
As serpentinas e confetes darão lugar aos compromissos nossos de cada dia.
Vamos à luta!!!
Um abraço
Emília
Bonito texto, com questões importantes. E lembrou Drummond.
ResponderExcluirbeijos
Depois da euforia, apenas a calmaria.
ResponderExcluirEu adoro seus textos, um beijo
"A grande ilusão do carnaval: a gente trabalha o ano inteiro por um momento de sonho, pra fazer a fantasia..."
ResponderExcluirÉ sempre um prazer ler tuas crônicas.
Um abraço,
mR.
É isso, Tais. Pão e circo para o povo, para que assim, feliz e de barriga inchada, ele nos deixe locupletar à vontade! - pensa o político de ontem e de hoje.
ResponderExcluirbjão
Resta-nos aguardar....mas com José
ResponderExcluirou um Barão, mudará?????
Beijo
Taís, eu vi o seu comentário e meu blog. A respeito da parte onde fica os seguidores é porque eu tinha feito umas alterações no blog, logo, acabei esquecendo de colocar o gadget de seguidores. Mas, caso se interesse o link é esse:http://philosophie-filosofia.blogspot.com
ResponderExcluirOutra coisa, eu adorei tuas crônicas, muito divertidas!!! Força sempre!
querida passando rapidinho para te dizer que tem um selo para vc no meu blog Mimos e selos de amigos.. chama-se Selo prêmio- Superior Scribbler
ResponderExcluirespero que vc aceite.. me fará feliz..beijão saudade..outra hora passo para ler hoje não da mesmo..
Taís, a imprensão é que cada palavra escrita por você fez ecos em meu ouvido carioca... Até parece que o peso de suas palavras cai mais profundamente aqui!
ResponderExcluirO carnaval sempre me concedeu apenas uma coisa... alguns dias de descanso para passar com a familia.
Tomar folego para o resto ano. onde vou enfrentar tudo o que você descreveu...
Parabéns, muito bom ler você!!!
Abrç.
Oi adorei seu Post, obrigada pela visitainha no meu Blog, adoroooooo quando me visitam!
ResponderExcluirEsta sua crônica está muito boa, é muito difícil mesmo voltarmos a realidade drástica que temos em nosso país. Ah! se fosse todo ano carnaval né, cidades e pessoas cheias de alegria e vivendo um sonho. Beijos
Olá Tais
ResponderExcluirAcabou a fantasia , agora é hora de encarar a realidade nua e crua. A miséria, a fome, a violência. Lamentavelmente depois que sonho acaba nada mais resta.
Beijos
Cara Tais
ResponderExcluirEstou de volta e logo procurei atualizar meus blogs e por a leitura dos blogs favoritos em dia. Tenho que dizer que "E agora José?" cai como uma luva no momento em que o nosso país vive, aliás, é uma encruzilhada que se arrasta desde a Independência. "Mulher Vazia" é como um complemento, embora tenha sido escrito antes. Quantas delas não vemos nos desfiles de carnaval?
Agora..."Retrato" de Cecília...não tem como comentar é ler, reler, reler e sentir....simplesmente sentir a força das palavras.
Um grande abraço
Bernardo
A gente podia mesmo é trazer toda a alegria do carnaval dentro do nosso ser e externar isso em bondade e responsabilidade com o mundo. Uma corrente de alegria sempre e sempre...
ResponderExcluirOi Tais, adorei tua visitinha e vim aqui retribuir. Tenho certeza que adorarei também teus comentários no meu cantinho.
ResponderExcluirGostei da crônica deste post, é verdade, agora é hora de cair na real e continuar na luta. Ainda bem que temos esse carnaval tão lindo, essa ilusão que, por alguns momentos nos anestesia da dureza de viver. Nossas forças estão sempre precisando de um refresco para seguir vivendo, convivendo e tentando amenizar esses paradoxos que a vida nos apresenta, uns com tanto e outros sem nada. E agora, José? É. Pois é. Alguns de nós ainda terão pela frente o "caminhando e cantando e seguindo a canção"... Lindo blog, beijo grande.
E agora todos seguem o curso natural de suas vidas e seus dias serão tão verdadeiros ou fictícios como os próprios dias de Carnaval, porque muitos, apesar de estarem nas aveninas por algumas noites, com toda a alegria possível, mesmo lá, carregavam um coração triste.
ResponderExcluirBeijinhos amiga
Oi, Tais.
ResponderExcluirCarnaval, pior em Olinda que dura mais do que devia, neste fim de semana ainda tem mais, este é o Brasil e sua total falta de medida, tudo bem, Brasilia tambem esta ainda em carnaval no seu Governo e o o governador sai ou não sai, fica ou não fica, toma vergonha ou será que sabe o que significa?
Beijo adoro teu espaço e desculpe a falta de acentos e pontuação estou apressada.
Renata
Muito boa sua crônica, concordo em prosa e verso. Obrigado por acompanhar meu blog.
ResponderExcluirGrande abraço
Olá Taís,
ResponderExcluirGostei muito do texto, porque é a realidade, passam os anos e não vemos mudanças; os pobres estão cada vez mais pobres, quanta sujeira estamos vendo no governo!!!
Quando estava lendo seu texto, me lembrei da música Construção do Chico Buarque; seu texto e a música falam da opressão e a falta de respeito as pessoas humildes e da banalização do amor, além de outros temas importantes.
Táis,
Tem um presente para você no meu Blog, espero que você goste. Um abraço!
http://meudivaenacozinha.blogspot.com/2010/02/selo-1.html
ResponderExcluirGanhaste um selo, rs.
Oi, Taís!
ResponderExcluirVim retribuir sua gentileza de seguir um de meus blogues. Obrigada!
Veja que coincidência! Abordei o assunto de seu post, - com o qual concordo em gênero, número e grau -, em meu blogue, Medo de Avião. Deixo-lhe um fragmento do texto que, em muitos momentos, é mergulhado em ironia:
Tudo voltou ao normal...
Muito óleo de peroba
lustra as caras-de-pau,
pra lá e pra cá,
em avião
ou em carro oficial.
Lustra até ilustres
sorrisos
em cela especial.
Bjs, Taís. Mais uma vez, obrigada pela visita e por me seguir. E inté!
Olá amiga. Foi uma surpresa sua visita, mas maior ainda o seu trabalho que encontro nestas páginas. Dei uma "voltinha" nos dois, parei neste e percorri com mais atenção. Aqui deixo sinal da minha passagem, pois espero voltar em breve. Tudo de bom para ti, simpática amiga.
ResponderExcluircarnaval eu questiono todos os anos, acho que é a festa da cultura ao inutil que vivemos
ResponderExcluirTua escrita é diferênciada. Dá pra ver experiência no uso das palavras. Por isso sigo me experimentando...
ResponderExcluirMas deixa o José em paz...ele não tem nada a ver com a nossa perdição..
bjoss
É daqui a pouco é páscoa, o maior milagre, pois deveria ser o sinal que é possivel vencer a morte a ascender aos céus...
ResponderExcluirFique com Deus, menina Tais Luso.
Um abraço.