CONVERSAR É UMA ARTE

 

daqui: Das Artes

              

                 - Taís Luso de Carvalho 

Dentre tantos motivos das pessoas gostarem de escrever na Internet, um deles é que damos nossa opinião mais tranquilos. Podemos escrever sobre literatura, arte, relações humanas, como também assuntos polêmicos, como política, religião, esporte, mas sem discussões. Acho delicioso poder dizer o que se pensa sem ofender e sem ser ofendido imediatamente, como se fosse um soco no estômago. Sem dúvida que a forma escrita nos dá paz.

Na conversa ao vivo, a coisa tem várias nuances, é diferente: tem de haver sintonia. Tempos atrás, fui apresentada a uma pessoa e fomos as três numa confeitaria, sentamos pra conversar enquanto tomávamos um cafezinho com quitutes. Que coisa desagradável foi aquilo: a mulherzinha não falava, poderia ter matraqueado um pouco, mas não, um silêncio sepulcral, constrangedor. Não houve troca, senti que morri na praia. Principalmente quando minha amiga foi à toilette e demorou mais do que o esperado.

É muito difícil achar o meio termo das coisas, encontrar o equilíbrio. E numa conversa em que a pessoa não fala, meu Deus! Existem pessoas que falam, falam... E ficamos cansados. Porém, existem outras que a coisa se limita à apresentação: Olá, satisfação! E deu. Não abrem mais a boca. Ficam no mundinho delas, e isso é terrível. Não sei se boto as mãos no bolso, se penteio o cabelo, se canto, se fungo ou se pergunto se a pessoa está bem de saúde umas três vezes.

Geralmente as pessoas gostam de conhecer gente, falam coisa com coisa, mas outras não soltam o verbo. Depois disso, cheguei à conclusão de que na maioria das vezes o melhor é falar, seja de uma maneira ou de outra. Nestas circunstâncias, a gente acaba dando o desconto para certos exageros. Pessoas trancadas, que não falam, desprovidas de sociabilidade nos deixam desconfortáveis. Nada pior do que um silêncio sepulcral "entre vivos". Deparar-nos com alguém que mora num casulo não é das melhores coisas. Não houve empatia? Nunca haverá. Tchau.

Não é raro, encontrarmos pessoas que falam com eloquência, que o assunto flui fácil, com entusiasmo, com ideias, com simpatia. Que conversa agradável! Essas pessoas são abençoadas por terem esse dom, são agradáveis de conviver.

Nossa fase de apenas grunhir, ficou lá atrás! De lá pra cá começamos a articular outros sons, formar palavras, transmitir ideias e sentimentos. Falar, se interessar em ouvir os outros. Uma troca. Não tem assunto? Tem, sim, só dar corda e deixar a pessoa falar dela que a coisa flui bonito! Existem certos segredinhos que as vezes dão certo. Soltar  mais linha para o peixe, é uma boa...

Então, dado a certos episódios desagradáveis, se não houver o meio-termo, prefiro alguém que matraqueie: juro que terão meu perdão! E minha simpatia.

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