7 de fevereiro de 2025

TEXTOS: CURTOS OU LONGOS?

 

                           Obra: Alice Williams - EUA / 1990


                       - Taís Luso de Carvalho


      Faz muito tempo que participei de concursos literários. Minha escolha caiu em crônicas. Mas uma das exigências dos concursos era o tamanho do texto. Foi nessa época que aprendi o tanto de laudas que eu teria de obedecer nas crônicas. Nada longo. Foi uma das observações que segui à risca. E hoje, em meus blogs, tenho mais ou menos um padrão certo. Sigo com naturalidade, mas sempre me policiando para conseguir dizer o que quero sem me estender muito, a enxugar o texto, isso significa tirar tudo que não interessa ao leitor, para que a leitura não fique dispersa e cansativa. E pensando bem, para que tantos adjetivos e penduricalhos? Vejam o exemplo deste meu texto:

"O cavalo era baio, de crinas compridas e desparelhas, uma cruza de um belo garanhão chamado Arcônios com uma égua branca chamada Cigana, animais que vieram da Argentina – país frio ao sul do Brasil -, celeiro de raças puras e fortes, dirigidas mais para o esporte hípico".

Viram que saco? Que importância tem as crinas compridas e desparelhas e a linhagem dos animais não tem importância, só enche linguiça! São detalhes que não interessam numa crônica. Essa descrição só pode interessar a quem pretende comprar um cavalo e uma égua. Ver sua genealogia, seu pedigree.

Procuro escrever crônicas com poucas palavras e trabalhar o principal. Encher linguiça é uma expressão usada que significa enrolar, no sentido de falar o que não tem importância.

Uma das coisas que mais aprecio é colocar a ideia no computador e depois dar forma e cortar os excessos. Cortar, cortar sem medo. Mas aprendi isso graças a inúmeros cronistas e contistas que li e continuo a ler. A poesia também me ensinou muito a sintetizar a ideia e a dar ritmo e harmonia ao texto.

Mario Quintana conta, no seu livro Caderno H, pg. 154, que seu professor, nos tempos de ginásio, disse aos alunos na aula de redação: "não adianta escrever muito, meninos, porque só leio a primeira página, o resto eu rasgo".

E foi dessa maneira, não muito delicada, que Quintana ficou eternamente grato ao professor Major Leonardo Ribeiro:Foi a melhor lição de estilo, obrigando-nos a reter as rédeas de Pégaso e a dizer tudo nas trinta linhas do papel almaço”.

Também eu, fico grata ao nosso querido poeta Mario Quintana!




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