- Tais Luso de Carvalho
As histórias que vejo todos os dias, da minha janela, são verdadeiras, não são ficção. Escrevo o que vejo e o que vivencio. Por morar, há muitos anos, perto de um hospital, já deu para constatar que entre as lindas rosas de seus jardins, também há muitos espinhos. Vejo o belo das flores e o belo do ser humano. E também vejo o lado hipócrita das pessoas.
Não preciso dizer que existem milhões de pessoas que cuidam de seus velhos com amor e carinho, como existem, também, os que são deixados ao abandono. E é desses que quero falar; dos abandonados.
De minha janela avisto uma bela natureza, mas a vida humana sem fricotes e sem encenações. É da minha janela que vejo o ser humano na sua arrogância e também na sua fragilidade.
Hoje meu olhar bateu num casal que subia pela calçada arborizada. Ele, deficiente, seu andar era inseguro e dependente. Ela, meio altiva, e alienada do pobre homem. Notei a desatenção e fiquei observando aquela cena até que entraram no hospital.
Isso que vi, me fez lembrar das cenas que vi dentro de um asilo, pela televisão. Deprimente. Um depósito de idosos, sofridos e abandonados.
Não falo da parte física da instituição, falo dos parcos sentimentos de compaixão, de amor e de carinho. Falo do descaso e do abandono. Gente que se sente só. São pessoas que demonstram um pouquinho de alegria com qualquer visita. Com qualquer estranho.
Não estou falando de Casas de Repouso, com ótima infraestrutura, fisioterapeutas, médicos, dentistas e onde se paga muito bem. Isso é outra coisa. Entendo que em muitos casos, essas casas de saúde são necessárias. Reconheço que muitas vezes não há outra coisa a fazer, pelas doenças estarem já muito avançadas.
Envelhecer e ficar doente é difícil, é sentir-se um peso para a família, alguém inútil, e isso dói demais. Impossível não ver tristeza no olhar de um velhinho. Tenho muita pena dos velhinhos: bato direto meu olhar em seus olhos e vejo aquele brilho revelador...
Muitas pessoas fogem de certos assuntos, mas pensar só nas alegrias da vida? Não consigo, nosso mundinho não é tão feliz.
Chocou-me, um dia, quando ouvi alguém dizer: 'Eu trato bem os meus filhos porque um dia vou precisar deles! Não aceito esse tipo de atitude. Amor não se comercializa, não é um “toma lá dá cá!” Amor é único, verdadeiro e incondicional. Podemos ser alegres como tristes, mas nunca alimentar algo que possa servir, apenas, para uma troca futura. Uma negociata. Amar é outra coisa.
Muitos esquecem que a vida não é condescendente com nossos erros; mais tarde ela cobrará nossos atos e perguntará o porquê de certos erros. E teremos a cota-parte que merecemos.
Es duro sentirse inútil no importa la edad . Pero hay una luz al final del túnel. Te mando un beso.
ResponderExcluirBoa Noite, querida Taís.
ResponderExcluirSou abençoada.
Tenho filhos maravilhosos.
É triste quando os filhos abandonam os seus pais idosos.
Infelizmente os maus tratos são comuns.
Gostei da sua crônica tão bem escrita.
Um beijinho carinhoso
Verens.
Minha querida amiga Taís,
ResponderExcluirDizem que se você está feliz, deve falar bem baixinho, para que os “invejosos de plantão” não estraguem sua felicidade.
Ser feliz é saber fugir da monotonia da vida. A felicidade é algo razoável e necessário, mas, é claro, ninguém consegue ser feliz o tempo todo, nem mesmo as pessoas alienadas conseguem isso.
Segundo “Aristóteles”, em “Ethicà Nicomáche”, sua principal obra, que reúne dez livros e aborda os mais variados assuntos, inclusive a felicidade, o autor defende uma receita para a felicidade, uma espécie de finalidade da ação humana do nascimento à morte, onde se deve encontrar o ponto certo da felicidade. Mas, onde fica este ponto? Li e reli a obra completa de “Aristóteles” e não cheguei a nenhuma conclusão. Ou seja, a melhor receita para a felicidade é justamente evitar receitas.
Beijos e bom final de semana!!!
Boa noite de sábado, querida amiga Taís!
ResponderExcluirTenho visto tanta coisa em relação ao tema de hoje...
Inclusive vusitei uma casa de repouso no mês passado...
O que podemos contar é com vivermos, lucidamente, até o final dos nossos dias cá na Terra. Já facilita muito ternos o uso da razão.
A saúde física, muitas vezes, impede de teermos vida independente. O que é a coisa horrível.
O abandono na vgive pode acontecer com todos, ,normalmente. Incrível que pareça.
Tenha uma nova semana abençoada!
Beijinhos fraternos
A lei do retorno é implacável, ninguém escapa dela.
ResponderExcluirBoa semana e início de outono.
Mais uma crônica com a lucidez das tuas palavras!
ResponderExcluirO amor, seja quela for, nunca é ou deveria ser moeda de troca. E vemos tantas coisas que nos deixam triste só de pensar, imagina então viver!
Linda semana! beijos, chica
Em Portugal, o número de pessoas idosas tem crescido em relação a outros níveis etários.
ResponderExcluirUrge que todos se consciencializem da necessidade de cuidar bem de quem deu o seu contributo à sociedade e que não merece, agora, ser tratado como um peso morto.
Abraço solidário.
Juvenal Nunes
Não existem velhinhos, apenas flores crescidas!
ResponderExcluirDevemos cuidar delas com todo o carinho, e amá - las ao máximo!
Que os nossos jovens não adoemeçam na ignorância e cuidem das suas flores!
Beijinhos esperançosos, minha querida Taís!
🌻 🌻 🌻 Megy Maia
O envelhecimento populacional cresce e sua crônica traz as reflexões necessárias pois nada mais desolador que ser abandonado, esquecido, ficar invisível diante do mundo. Bem como sentir-se inútil ou um peso diante dos familiares. Ser feliz é o desejo de todos, mas também sabemos que esta se faz de pequenos momentos e quantas vezes um carinho, atenção tece esta felicidade. Bjssss
ResponderExcluirhttps://pensandoemfamilia.com.br/contos/era-uma-vez-3/
This reflection speaks deeply about human nature, the complexities of compassion, and the importance of genuine love. It calls attention to the harsh reality of neglect and abandonment, particularly towards the elderly, while also contrasting the true meaning of love with transactional relationships. It's a powerful reminder to live with empathy and to understand that love is not something to be exchanged for future gain, but given freely and unconditionally.
ResponderExcluirPois é, envelhecer não é fácil em nenhum lugar do mundo, em um lugar como o Brasil, pior ainda. E veja que trágico. Quando éramos jovens, ouvíamos na escola que o Brasil era um pais "de jovens", e pouco mais de 40 anos depois, o Brasil está se tornando um país de velhos sem nem mesmo resolver os problemas dos mais jovens.
ResponderExcluirTemo pelo futuro do Brasil que já foi o "país do futuro" e o futuro chegou e estamos vendo que não somos tal país. Pagamos um percentual de impostos muito alto para recebermos um péssimo serviço público nas áreas mais sensíveis, que é saúde e educação.
Os males sempre nos encontrarão, como você diz, "a vida não é condescendente com nossos erros" e aí, de nós, que passamos a vida a errar...
Mas para não terminar meu comentário de forma pessimista, apelo para o poetinha que nos deixou um verso singular:
É melhor ser alegre que ser triste
Alegria é a melhor coisa que existe
É assim como a luz no coração...
mesmo que depois ele tenha escrito que para fazer um bom samba é preciso um bocado de tristeza.
Oi, Edu, pois é, não gostaria de ser pessimista, mas há tantos anos que esperamos "acontecer"! As coisas não andam conforme as nossas esperanças , então só ouvindo o poetinha para esquecer o meu, o nosso desapontamento. Por enquanto estou mais para realista, para não afogar de vez minhas esperanças...
ExcluirUma boa semana!
Um olhar no cotidiano faz um bom cronista. Um tema que tem provocado reflexões nos dias atuais, a velhice e o que fazer com estes seres, que muitas vezes são depositados numa casa de repouso, rica ou pobre, mas vão como um objeto. Alegam que as familias modernas todos trabalham e não tem como ficar de companhia aos seus velhos e isto tem um reflexo perverso no coração destes. Já visitei muitos asilos e casas de recolhimento e o olhar é mesmo estarrecedor, com o numero de velhos que não tem visita, nem quem procure noticias sobre eles. É assim Taís, falta gratidão e sobra hipocrisia.
ResponderExcluirBela cronica e critica de comportamento desta humanidade.
Bjs e paz amiga com uma feliz semana para vocês.
Boa noite, amiga Tais
ResponderExcluirInfelizmente, há muita tristeza que nos rodeia todos os dias. Principalmente, das pessoas mais vulneráveis. Idosos, crianças, e muitas famílias pobres, sem ter pão para pôr na mesa para dar aos filhos. O desemprego, é uma chaga que se instalou na nossa sociedade, que deixa muitas pessoas em desespero.
Bela crónica, estimada amiga.
Deixo os votos de uma boa semana, com tudo de bom.
Beijinhos, com carinho e amizade.
Mário Margaride
http://poesiaaquiesta.blogspot.com
https://soltaastuaspalavras.blogspot.com
Ter filhos como garantia de futuro.
ResponderExcluirHaverá maior egoísmo??
Dei vida e liberdade às minhas filhas.
O que lhes peço em troca?
Sejam felizes e responsáveis.
Bjs, boa semana
Que crónica tão cheia de sensibilidade, minha Amiga Taís. A mim também me custa ver os idosos a serem ignorados e tantas vezes maltratados. Custa-me muito ver a tristeza que guardam no olhar tão ansioso de alguém que lhes dê um pouco de atenção. É triste.
ResponderExcluirUma boa semana.
Um beijo.
Hay muchas personas infelices, son muchos, cada día más, esto parece ir en aumento. Hoy te toca a ti mañana a mi, no sabemos, la vida cambia en un momento.
ResponderExcluirQuedo en reflexión y llego a la conclusión de que los humanos somos más animales, que los animales.
Debemos ir con esperanza por la vida siendo felices y haciendo felices a los demás.
Excelente post estimada Tais.
Vengo tarde pero nunca los es si la dicha es grande, y venir a tus letras lo es.
Un abrazo Tais
El articulo de hoy es como siempre fantástico ya que parece que las personas mayores nos estorban y cuando no nos sirven los dejamos aparcados a un lado en esas residencias sin acordarnos de esa persona hasta que nos llaman para decir que murió.
ResponderExcluirDigo lo anterior porque el marido de mi hermana trabajo en una de ellas y vio muchos casos de este tipo y yo mientras estuvo mi madre con alzhéimer aunque no iba todos días porque así me recomendó la dirección también vi algo.
Aunque también creo que depende como vean nuestros hijos nos portamos con nuestros padres y con ellos así se comportaran ellos.
Saludos.
Muitos filhos abandonam os pais quando ficam velhos, preferem colocar no asilo do que cuidar deles, isso é muito triste, Tais boa semana bjs.
ResponderExcluirNada do que aqui se reporta
ResponderExcluirtem a ver comigo
nem com os meus
Eu trato a "minha avó"
como ninguém
embora a homenagem que lhe foi feita
tenha sido memorável!
Queres saber do que falo?
Visita o meu espaço!
Beijinho