26 de novembro de 2024

MUDAR DE CASA, MUDAR A CASA, MUDAR...


 

                              - Tais Luso de Carvalho


          Há muitos anos eu adorava mudar os móveis e os objetos de lugar. Mudar a cara da casa; criar, inventar – estilo professor Pardal, o pato desastroso.

Algumas coisas foram ótimas, outras um desastre anunciado, como um jardim suspenso que tentei fazer com pedras de mármore - a sétima maravilha do mundo - dentro de um apartamento!

Eu dizia à minha família que seria ótimo, uma questão de adaptação. Assim, com o tempo, ninguém mais se esborracharia pelo chão batendo nas coisas. Na verdade, eu enrolava a turma...Mas de vez em quando não dava certo. E um dia parei com essa neura.

Mas, na medida que mudar a casa é prazer; mudar de casa é estressante, um suplício:

- Não encosta aqui, coloca lá, cuida o chão moço!! Olha a mão na parede pintada !

Não existe mudança em que as criaturas não se escorem nas paredes para descansar. E depois de tudo, começa a segunda etapa da tragédia: chamar o eletricista, o encanador, o pessoal especializado, que marcam uma hora e aparecem antes.

Mas o ponto máximo dessas loucuras de mudanças é o que ainda encontro de bugigangas, de lembrancinhas (sem mais sentido), de canetas pré-históricas, agendas obsoletas, roupas das cavernas, sapatos, louças duplas e quatrocentas inutilidades que atravancam a vida. Faço doações, mas quando vejo a montanha de inutilidades cresceu! Hoje, prefiro que minhas recordações permaneçam mais no coração. Nele há espaço. Mas é um exercício diário. Difícil.

Cria-se, assim, uma área mais livre em casa. Espaço é luxo. Luxo no sentido de amplidão, o luxo em si não faz minha cabeça.

Mas mudanças se farão sempre em nossas vidas, mesmo contra nossa vontade: mudamos os cabelos, os dentes, a fisionomia, a pele; trocamos os sonhos, mudamos as prioridades. Experiências são inevitáveis; umas ótimas, outras nem tanto, mas tudo é um aprendizado e enriquecimento.

E tudo é válido, até o dia em que esbarrarmos com a nossa última morada:

Aquela… Sem decoração, sem enfeites, talvez deixando saudades do que fomos. É o que fica.




 


2 comentários:

  1. Bom dia de Paz, querida amiga Taís!
    Mudança é um caos. Mudei-me muito. E cansei.
    Mudança de móveis eu adorava a casa mudada de posição dos móveis. Achava que aparecia maia a faxina...
    Hoje em dia, movo pouca coisa.
    Doar tralhas eu faço sempre e é impressionantes como de um ano para o outro juntamos coisa.
    Dezembro é uma época boa para desapegar.
    Gostei muito do que falou da última morada.. nem janela tem.
    Saudade deixaremos e teremos sim.
    Tenha dias abençoados!
    Beijinhos

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  2. Como siempre, tus palabras son muy certeras. Las mudanzas crean mucha tensión.
    Es bueno, a veces, donar cosas que quizás ya no utilizamos y pueden hacer felices a otras personas.
    La frase que citas es muy buena y sumamente reflexiva.
    Muy agradable venir a verte.
    Un beso. Muy feliz semana.

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Muito obrigada pelo seu comentário
Abraços a todos
Taís