- Tais Luso de Carvalho
Há muitos anos eu adorava mudar os móveis e os objetos de lugar. Mudar a cara da casa; criar, inventar – estilo professor Pardal, o pato desastroso.
Algumas coisas foram ótimas, outras um desastre anunciado, como um jardim suspenso que tentei fazer com pedras de mármore - a sétima maravilha do mundo - dentro de um apartamento!
Eu dizia à minha família que seria ótimo, uma questão de adaptação. Assim, com o tempo, ninguém mais se esborracharia pelo chão batendo nas coisas. Na verdade, eu enrolava a turma...Mas de vez em quando não dava certo. E um dia parei com essa neura.
Mas, na medida que mudar a casa é prazer; mudar de casa é estressante, um suplício:
- Não encosta aqui, coloca lá, cuida o chão moço!! Olha a mão na parede pintada !
Não existe mudança em que as criaturas não se escorem nas paredes para descansar. E depois de tudo, começa a segunda etapa da tragédia: chamar o eletricista, o encanador, o pessoal especializado, que marcam uma hora e aparecem antes.
Mas o ponto máximo dessas loucuras de mudanças é o que ainda encontro de bugigangas, de lembrancinhas (sem mais sentido), de canetas pré-históricas, agendas obsoletas, roupas das cavernas, sapatos, louças duplas e quatrocentas inutilidades que atravancam a vida. Faço doações, mas quando vejo a montanha de inutilidades cresceu! Hoje, prefiro que minhas recordações permaneçam mais no coração. Nele há espaço. Mas é um exercício diário. Difícil.
Cria-se, assim, uma área mais livre em casa. Espaço é luxo. Luxo no sentido de amplidão, o luxo em si não faz minha cabeça.
Mas mudanças se farão sempre em nossas vidas, mesmo contra nossa vontade: mudamos os cabelos, os dentes, a fisionomia, a pele; trocamos os sonhos, mudamos as prioridades. Experiências são inevitáveis; umas ótimas, outras nem tanto, mas tudo é um aprendizado e enriquecimento.
E tudo é válido, até o dia em que esbarrarmos com a nossa última morada:
Aquela… Sem decoração, sem enfeites, talvez deixando saudades do que fomos. É o que fica.
Bom dia de Paz, querida amiga Taís!
ResponderExcluirMudança é um caos. Mudei-me muito. E cansei.
Mudança de móveis eu adorava a casa mudada de posição dos móveis. Achava que aparecia maia a faxina...
Hoje em dia, movo pouca coisa.
Doar tralhas eu faço sempre e é impressionantes como de um ano para o outro juntamos coisa.
Dezembro é uma época boa para desapegar.
Gostei muito do que falou da última morada.. nem janela tem.
Saudade deixaremos e teremos sim.
Tenha dias abençoados!
Beijinhos
Como siempre, tus palabras son muy certeras. Las mudanzas crean mucha tensión.
ResponderExcluirEs bueno, a veces, donar cosas que quizás ya no utilizamos y pueden hacer felices a otras personas.
La frase que citas es muy buena y sumamente reflexiva.
Muy agradable venir a verte.
Un beso. Muy feliz semana.