Taís Luso de Carvalho
O povo norte-americano têm lá seus defeitos, porém acho que são as pessoas mais práticas do mundo; eles têm serviços para tudo. Remédio para todos os males. Assisti, através de um canal americano, um serviço diferente, desses que ninguém consegue fazer. Eu, por exemplo, tentei centenas de vezes e não consegui.
Tratava-se de uma família que queria tornar sua vida mais prática, mais fácil, mas não conseguia. Tanto os pais como os filhos guardavam de tudo; montanhas de badulaques dos quais não conseguiam se desfazer. Presentes de casamento, de aniversários, lembrancinhas de viagens, pantalhas sujas, tapetinhos mofos, ferramentas obsoletas, cadeiras por arrumar, dezenas de bandejas, gaiolas (sem o passarinho), vasos de barro, de cobre, de porcelana e mil inutilidades. Aquelas coisas que atravancam a vida da gente. Mas eles tem certos serviços.
Muitos americanos têm, em suas casas, o famoso sótão. E o que vi, através do programa, estava uma lou-cu-ra!
Pois bem, contrataram o SOS Faxina, um serviço a domicílio. Primeiramente uma entrevista com a psicóloga da firma, para saber a extensão do problema, ou da doença da família. O porquê de tanto apego às coisinhas... Vi o problema com tanta clareza que fiquei ansiosa para livrar-me da minha cacarecada.
Tudo ia correndo fácil, mas chegou num ponto que trancou: emperrou. E justamente nas inutilidades.
Novas conversas aconteceram com a psicóloga e notei que a família estava à beira de um colapso. Um vaso velho, ganho no casamento, demoliu a dona da casa quando pensou em largá-lo. Um papagaio, de madeira, caquético, horroroso, levou o marido às lágrimas - lebrança de sua infância. Lembranças de quermesses, caixinhas cheias de titicas, lembrança do nascimento do filho da empregada, do filho da amiga, da colega do cursinho, da última campanha política... Realmente essas coisas estavam entupindo os armários e bagunçando o sótão.
Mais uma hora de conversa sobre os verdadeiros valores afetivos na vida das pessoas. A muito custo conseguiram soltar as amarras.
Aí fiquei pensando o que nos move para esse apego uma vez que muitas vezes recebemos coisas compradas às pressas, apenas porque a ocasião pede que se leve algo. Quantas vezes guardamos bagulhos - que detestamos -, porque a fulana que nos presenteou pode voltar à nossa casa e precisa ver o tal do bagulho enfeitando a prateleira? Não tenho dúvidas de que muita tralha atrapalha nossa vida. Enfeites? Pra que tanto enfeite?
Terminou o programa e comecei o meu SOS Faxina: digo a vocês que foi uma bar-ba-da... MENTIRA! Eu tirava de um lugar e colocava no outro! E constatei, então, como é difícil se desapegar das futilidades.
O que são essas amarras que nos impedem de tomar uma atitude de desprendimento total? Vi, então, que sou igualzinha a tal da família! Mas estou na luta, estou naquelas coisinhas da infância, as titicas, e naqueles presentinhos que nos dão para desencargo de consciência e que não nos dizem nada. Mas já dei alguns passos importantes.
Chego à conclusão que uma caixa de bombons, vinho, licor, whisky, uma cesta com guloseimas são os melhores presentes. Não atravancam, não ficamos obrigados a exibi-los e são deliciosos – sendo de boa marca. Roupa também é interessante, dá para trocar. E as flores também têm seus encantos.
Um dia voltarei para contar o que fiz das minhas ‘amarras’...
O povo norte-americano têm lá seus defeitos, porém acho que são as pessoas mais práticas do mundo; eles têm serviços para tudo. Remédio para todos os males. Assisti, através de um canal americano, um serviço diferente, desses que ninguém consegue fazer. Eu, por exemplo, tentei centenas de vezes e não consegui.
Tratava-se de uma família que queria tornar sua vida mais prática, mais fácil, mas não conseguia. Tanto os pais como os filhos guardavam de tudo; montanhas de badulaques dos quais não conseguiam se desfazer. Presentes de casamento, de aniversários, lembrancinhas de viagens, pantalhas sujas, tapetinhos mofos, ferramentas obsoletas, cadeiras por arrumar, dezenas de bandejas, gaiolas (sem o passarinho), vasos de barro, de cobre, de porcelana e mil inutilidades. Aquelas coisas que atravancam a vida da gente. Mas eles tem certos serviços.
Muitos americanos têm, em suas casas, o famoso sótão. E o que vi, através do programa, estava uma lou-cu-ra!
Pois bem, contrataram o SOS Faxina, um serviço a domicílio. Primeiramente uma entrevista com a psicóloga da firma, para saber a extensão do problema, ou da doença da família. O porquê de tanto apego às coisinhas... Vi o problema com tanta clareza que fiquei ansiosa para livrar-me da minha cacarecada.
Tudo ia correndo fácil, mas chegou num ponto que trancou: emperrou. E justamente nas inutilidades.
Novas conversas aconteceram com a psicóloga e notei que a família estava à beira de um colapso. Um vaso velho, ganho no casamento, demoliu a dona da casa quando pensou em largá-lo. Um papagaio, de madeira, caquético, horroroso, levou o marido às lágrimas - lebrança de sua infância. Lembranças de quermesses, caixinhas cheias de titicas, lembrança do nascimento do filho da empregada, do filho da amiga, da colega do cursinho, da última campanha política... Realmente essas coisas estavam entupindo os armários e bagunçando o sótão.
Mais uma hora de conversa sobre os verdadeiros valores afetivos na vida das pessoas. A muito custo conseguiram soltar as amarras.
Aí fiquei pensando o que nos move para esse apego uma vez que muitas vezes recebemos coisas compradas às pressas, apenas porque a ocasião pede que se leve algo. Quantas vezes guardamos bagulhos - que detestamos -, porque a fulana que nos presenteou pode voltar à nossa casa e precisa ver o tal do bagulho enfeitando a prateleira? Não tenho dúvidas de que muita tralha atrapalha nossa vida. Enfeites? Pra que tanto enfeite?
Terminou o programa e comecei o meu SOS Faxina: digo a vocês que foi uma bar-ba-da... MENTIRA! Eu tirava de um lugar e colocava no outro! E constatei, então, como é difícil se desapegar das futilidades.
O que são essas amarras que nos impedem de tomar uma atitude de desprendimento total? Vi, então, que sou igualzinha a tal da família! Mas estou na luta, estou naquelas coisinhas da infância, as titicas, e naqueles presentinhos que nos dão para desencargo de consciência e que não nos dizem nada. Mas já dei alguns passos importantes.
Chego à conclusão que uma caixa de bombons, vinho, licor, whisky, uma cesta com guloseimas são os melhores presentes. Não atravancam, não ficamos obrigados a exibi-los e são deliciosos – sendo de boa marca. Roupa também é interessante, dá para trocar. E as flores também têm seus encantos.
Um dia voltarei para contar o que fiz das minhas ‘amarras’...
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Taís, adoro quando você aparece.... vc trás uma paz e uma simpatia inigualáveis.
ResponderExcluirTe aguardo para um café sempre - ou uma bomba se for o seu gosto.... rs
Bjs do Zé Carlos
Tais, adorei o texto! Interessantissima a questao e merece mais profunda observacao ainda.
ResponderExcluirMas nem todos os estadunidenses (pq vc eh americana, mais do que eu, que nasci em Israel) tem sotao. Alias, isso nao eh nada comum aqui em Miami hehe.
Bjx!
RF
Tais, senti saudades de ler tuas crônicas e vim parar aqui nas 'tuas faxinas'. Adorei!
ResponderExcluirDe vez em quando assisto esses programas americanos, realmente eles têm uns métodos muito interessantes, coisas do tipo 'on sale' no meio do quintal e lá se vão todas as quinquilharias, atravancar os sótãos de outros... Penso que esse - desapego - não é um de meus problemas. Acostumada a mudanças, vou deixando por onde passo a minha história e as coisas que carrego são os registros escritos e fotográficos: eles me bastam para recompor o que ficou para trás. Mas detalhezinhos sinceramente deixaram de ser amarras para mim, já faz algum tempo. Espero que você também consiga se livrar das suas!
Beijão!