12 de outubro de 2025

NOSSO ESTRESSE - Taís Luso de Carvalho

 

Foto da Internet



NOSSO ESTRESSE

               – Taís Luso de Carvalho



Esse problema de estresse é coisa muito antiga, há muito que ele vive entre nós, juntinho, silencioso e piorando. Pode tornar-se crônico, mas só vamos perceber quando estivermos com os sintomas físicos ou mentais anormais, sintomas instalados e ávidos para fazerem um bom estrago no nosso cotidiano. As coisas vão avançando e muito da nossa paz, evaporando. Com todos os meios de comunicação nada fica fora do planetinha, e muita coisa é bem estressante. E muito no país onde moramos.

Muitas vezes paro para pensar o tanto que estamos deixando o estresse nos atingir em certos momentos e não percebermos.

Atualmente o que estressa bastante são as discussões políticas. Não faz muito, escutei numa rádio coisa que eu jamais imaginei em ficar ouvindo, ainda estava na cama, um ótimo dia para dormir mais um pouquinho, mas perdi o sono e liguei o rádio. Que loucura aquilo, quanta agressão na defesa de ideias próprias, como se estressava aquela gente discutindo! Desliguei.

Muitos assuntos nunca ficam numa boa, a imposição de ideias é sempre forte, e sem educação e respeito o estresse vem saltitando de faceiro.

Quando nos metemos na vida dos outros, vira uma tragédia, começam as discussões e as críticas pejorativas e ninguém limita mais o que diz, dizem tudo de uma maneira até leve, como se o ofendido não percebesse.

Muitas vezes fazemos as coisas com muita pressa, encaixamos tudo num dia para aproveitar o outro. E o outro dia vira uma porcaria. Isso não é saudável.

Evitar discussões por bobagens, coisinhas pequenas demais é medida muito boa, principalmente em família. Aquelas pessoas que sabem de tudo também são difíceis.

O bom é quando conseguimos mudar de atitudes, o que não é fácil, mas evitaremos AVC, problemas Cardíacos, Gastrites, Ansiedade, Depressão e muitas outras doenças emocionais. E isso tudo apressa o nosso envelhecimento.

Na verdade o cérebro age na razão e o coração na emoção! O nosso cérebro evita muita coisa que poderá afetar o coração que vive lá se batendo, cumprindo sua nobre missão que é garantir nossas vidas por mais tempo, com muita sensibilidade e amor. Mas há momentos na vida, que o cérebro  tem de comparecer mais. 

Uma feliz vida para todos os amigos!









6 de outubro de 2025

ESSA GENTE FAMOSA - Tais Luso de Carvalho

 

Escritor Fabrício Carpinejar - foto Correio Braziliense


ESSA  GENTE  FAMOSA... 

- Tais Luso de Carvalho



Tempos atrás, eu e Pedro precisávamos fazer umas compras e entramos no Shopping Moinhos de Vento. Em seguida fomos tomar um cafezinho e comer alguma coisa. Já era fim de tarde, mas o sol estava a mil, dia lindo depois do dilúvio que tivemos.

Sentamos na cafeteria e Pedro me pergunta:

Viu quem está na tua frente?

Sim, um cabeludo de franja.

 É o Carpinejar...

Carpinejar? Não; o Carpinejar não é cabeludo e não tem franja...

Olha mais pra tua esquerda!!

Ahhh, à esquerda Calma, eu sou discreta…

Viu?

Sim, é ele... Camisa preta, sem cabelo e sem franja!

É cômica a visão de alguns homens: eles não têm uma visão periférica, tudo está na frente! Não existem detalhes, nuances de cores... E nem cantos de cafeterias à esquerda ou à direita. É ali, na frente!!!

O bairro em que moramos é um bairro cultural de Porto Alegre. Encontramos muita gente conhecida. Também vi Carpinejar por aqui, faz algum tempo, não passou despercebido, impossível isso. Eu o reconheceria até de Burka – só pela sua risada e sua alegria. Muitos devem lembrar de tê-lo visto em alguns programas do Jô Soares, na Rede Globo, como também regularmente no programa "Encontro", da mesma emissora. Muita simpatia atrás de uma gargalhada que ficou marcante na sua personalidade. Muitas verdades nos passa em suas crônicas.

Excelente cronista e maravilhoso poeta. É filho do poeta Carlos Nejar - um dos imortais da Academia Brasileira de Letras. Sua mãe, Maria Carpi, também é poeta. Herança genética é isso.

Bem, retomando o fio da meada, quem lê muitos escritores gaúchos, naturalmente sente maior proximidade. Quase um parentesco, coisa de gaúcho. Quando encontramos com um deles por aqui, parece que o conhecemos desde a infância. É aí  que mora o perigo, não dá para ir chegando... Então você não sabe se enxerga a criatura ou faz que não enxerga, para não incomodá-lo. Ou também por timidez.

Explico: no caso Carpinejar, eu olhei e logo desolhei por não querer invadir sua privacidade, não tirar sua liberdade, ser chata. Deixar um escritor  como anônimo, tomando um cafezinho com seus amigos, deve ser bom demais!

Mas, também é desagradável você bater olho no olho e fazer que não conhece alguém  famoso! É terrível, dá uma ideia de que você é retardada. Então você abre um sorriso tímido, com um neon na testa dizendo que o conhece, é sua fã mas não vai invadir seu canto, que fique descansado. E o tal do Olá, sou sua fã,  pode sair  baixinho, raquítico. 

Com isso tudo, meus olhos pareciam olhar de águia sobrevoando aquela cafeteria, e paravam justamente naquele canto: colavam lá como um ímã de geladeira. Tive vontade de falar e ao mesmo tempo receio. Não é lá muito fácil.

Contudo, vejo que deve ser difícil ser conhecido, andar pelas ruas e enfrentar muitas situações esquisitas, gente pedindo para tirar foto em horas inconvenientes, para colocar nas suas redes, etc. 

Se eu sair de casa de pijama, ninguém notará. Será, apenas, mais uma louca de pijama pelas ruas da cidade. Mas o bom mesmo é quando não precisamos disfarçar, quando podemos derramar pelos nossos caminhos uns alegres Oi, tudo bom? Sem o perigo da invasão. É uma sensação de que nossa alma está em festa, livre e alegre. 

 Carpinejar é autor de mais de 50 livros. Nasceu em Caxias do Sul em 1998. É jornalista, escritor, poeta e palestrante. Seu último livro chama-se "Deixe ir". Já está comigo. Sempre uma delícia ler suas crônicas. Suas verdades.



Parque Farroupilha / Porto Alegre - Brasil



 

  

30 de setembro de 2025

UM MUNDO EM CRISE

 



UM MUNDO EM CRISE

          - Tais Luso de Carvalho


Lá pela minha adolescência, eu achava muito chique alguém dizer que estava em crise existencial, altamente filosófico! Quando via que alguém, de mais idade, já estava vivendo uma crise existencial e estava na terapia direto, eu achava o máximo (risos). Coisa de adolescente, só podia! Desvendar todos os porquês da vida deveria ser encantador, eu pensava naquela época.

Complicadas e indecifráveis filosofias sempre encantaram os adolescentes e principalmente aqueles com ideias de vanguarda. Conhecer-se era “maneiro”, como diziam. Mas eu não tive crises. Minha adolescência foi legal. O esporte que eu praticava, Hipismo, se encarregou de me enquadrar numa boa disciplina e preparação para os campeonatos.

Já adulta eu gostaria de ter sido mais solidária com algumas pessoas, bater bons papos, mas senti que pouco adiantaria. O ser humano é muito complicado. Ajudar, aconselhar, é muita intromissão para muitas pessoas, vira um tumulto, pois o conflitado muitas vezes não se dá conta do tamanho de sua crise e o negócio piora, a gente vira uma bengala emocional da criatura em crise. Tentei com algumas  pessoas mais próximas, e o negócio só crescia. Então percebi que se meter nas crises alheias é coisa pra cachorro grande. Pra terapeuta com 100 anos de janela, não para mim. E se for parente, pior ainda.

Hoje temos crises para todas as categorias, tipo vitamina de A a Z. Acostumamos a conviver com crises. Umas, até resolvemos; outras nos matam aos poucos.

Atualmente vivemos uma crise coletiva no pobre planetinha.  Os companheiros não enxergam bem, o país inteiro está à beira de um colapso e parece que tudo continua lindo – desde que o sol brilhe e o mar amanse. Uma crise difícil de resolver, difícil de puxar a ponta certa do nó, parece nó de marujo – nunca desata. E as guerras atuais são coisas que nunca pensei ver, por demais tristes, desumanas e outras tantas coisas mais. 

Tenho umas reações que me incomodam ao ler jornais, escutar rádio e ver na televisão as últimas do dia, bomba pra todos os lados e só me pego dizendo: que loucura, que horror esse mundo, que desumanidade!  Estou meio viciada em notícias. Não é bom, é um negócio que desnorteia muito. Sei lá, que Deus olhe mais para nós. Talvez esteja na hora de parar de ler os jornais; de escutar rádio; de ver televisão, de sair na rua, de bebericar uma caipirinha com metanol, de falar com os vizinhos, de desconfiar da minha sombra. 

Talvez rumar para um mosteiro! Ando com ideias de me tornar monja. Só escutar passarinho cantar e rezar pela salvação da humanidade. Acho que estou no começo de uma crise, aquela lá da adolescência que esqueci de viver! Tá em tempo ainda...e o quadro mundial está favorável a isso. 

Essa foto é do Mosteiro Taktsang, o mais belo dos mosteiros do Butão. Foi construído na encosta mais íngreme do penhasco de Taktsang, a uma altura de 900 m. Leva-se cerca de 4 horas de caminhada para chegar até ele. Não será uma boa? Estou pensando na ideia… Abraçar um pouco da santidade! rss

Mas não, pensando bem, ficarei por aqui mesmo! Aqui estão  minhas raízes... 




Mais amor no mundo! 💙❤️💜💚




18 de setembro de 2025

NOSSAS VIDAS ATRAVÉS DO TEMPO - Taís Luso de Carvalho

 



NOSSAS VIDAS ATRAVÉS DO TEMPO

__Tais Luso de Carvalho__



Estamos num tempo em que é proibido envelhecermos. E penoso. Tantas ofertas para rejuvenescer uma pobre ruguinha não é bem vista, jamais. E lá vem as toneladas de cremes com a obrigação de aliviar a barra pesada. Lembro que minha avó, minha mãe, minhas tias envelheceram alegres e com muita dignidade. Não havia esse desespero em busca de rejuvenescimento como nesse tempo em que vivemos de agora. Não haviam tantas ofertas e promessas por uma eterna juventude.

Envelhecer ainda era coisa vista com mais naturalidade, sem traumas. Lembro das mulheres de minha família e tantas outras não tinham grandes problemas. Viviam mais felizes. Cada uma  curtia sua idade, vivenciava as etapas da vida com alegria e mais paz, eram mais seguras nesse quesito. Hoje é muito diferente, é como se nosso potencial físico tivesse sentido apenas na juventude. E com uma certa data de validade, pois rapidinho muitas mulheres já são apresentadas aos cremes,  bisturi e... viva o Botox! 

Contudo, as mulheres quando envelhecem são mais atingidas pelas críticas do que os homens. Homem com cabelo grisalho é charmoso, mulher é relaxada! Homem,  passeia com sua Barriguinha de Chopp, coisa mimosa, com toda a tranquilidade, mas mulher com barriga é vista como desleixada! Homem com rugas e barba branca tem pinta de filósofo, a mulher com rugas já fica pesada no pedaço...

Se estamos magras, estamos doentes, se estamos gordas, estamos com problemas emocionais. Porém, o homem muito magro faz parte de um Movimento Cultural de Vanguarda. Coisa tri de chique. Mas a  mulher, já é vista com anorexia nervosa! Olhem a diferença!   

Que coisa patética. Não sei o que pensar, mas segundo as dramáticas de plantão, dá vontade de voar pelos céus do Everest. Mas nossa sociedade é  assim sabemos disso. 

Por que não falam nas experiências  adquiridas, nas etapas vencidas, nas nossas realizações, nos filhos que criamos, na família que construímos, nas nossas lutas por uma sociedade com mais igualdade civil, política e moral?   Está esquecido isso?

Envelhecer, hoje, é um ato de bravura, de superação. É como se tivéssemos sobrevivido à tragédia do Titanic! 

Quando o homem chega nos 80 anos, o quadro que pintam é lindo, chega a ser lisonjeiro:

- Olha que fantástico, o seu Lico com 80 anos está muito disposto, um galã, está namorando uma mocreia com 50 anos! Trinta anos mais jovem!

Perceberam? Ele, com 80 anos ainda é um galã, ela com 50 é uma mocreia! Contudo, as mulheres estão vivendo uma época de transformação: envelhecer não é nada mais do que etapas da vida que precisam ser vividas. Cuidados com o corpo e exercícios são ótimos, sem dúvida, mas não essa obsessão por uma eterna juventude, que vejo, é muito sacrifício para pouco resultado. Nossos valores estão mudando, são outros,  mais poderosos. Trazemos na bagagem toda a nossa experiência de vida  que não é pequena. 

Os animais envelhecem, envelhecem as plantas, os rios, as matas, o planeta. Mas quando atinge os humanos, a coisa se torna dramática. Capacidade, sabedoria, amizade, amor e beleza encontramos no espírito das pessoas de qualquer faixa etária, e muito mais na idade madura. O espírito não tem idade, pode ser bonito e encantador a vida inteira. Ou triste, desde muito cedo.

Mas há o tempo certo para essas tantas reformas.  Muita coisa já foi feita. Continuo acreditando.


 






4 de setembro de 2025

COISAS DO PASSADO - Taís Luso de Carvalho

 



COISAS DO PASSADO

         - Tais Luso de Carvalho



          Estou aqui a imaginar uma cidadezinha com suas ruelas em pedra, em estilo colonial, casas com janelas floridas, gente mais tranquila e amiga. Ando um pouco enfadada da nossa realidade, desse ritmo alucinante e inseguro, e desse consumo desenfreado. Gostaria de visitar o passado, de caminhar por lugares onde passei, rever minhas colegas e amigas, e crescer num meio mais saudável como era mais comum em tempos atrás. Sentir as coisas mais autênticas e talvez mais ingênuas.

Gostaria de vivenciar os preparativos entusiasmados dos alunos para a Procissão de Corpus Christi em que vários colégios da capital desfilavam juntos, rumo à Igreja Matriz, era uma festa esperada, uma grande confraternização entre os jovens estudantes. Gostaria de vivenciar as aulas de ginástica do colégio, ao sacrifício das academias de hoje. Gostaria de sentir, novamente os padrões morais e éticos desabrochando em cada família, diferentes dos atuais. Não tenho dúvida que as famílias perderam muito de seus antigos valores por várias influências externas, meio pesadas.

Gostaria de rever um pouco os telefones fixos, padronizados, e não passar pelo martírio das mensagens falsas e dos terríveis assaltos nas ruas atrás dos nossos celulares. Gostaria de ver mais paz nas redes sociais, e não mais um batalhão de gente postando suas vidas e outras espiando ou teclando não sei o quê. Não gostaria de ver tanto ódio espalhado no confronto das ideologias.

Também gostaria de voltar a ver o meu país produzir música de ótima qualidade. Onde estão os excelentes compositores de outrora? Tantas coisas novas e boas surgiram, mas tantas coisas muito boas morreram!

Viver o presente é o que temos agora, mas nada de muito interessante na educação, a não ser um universo de tecnologia que nos leva a um novo mundo das comunicações. 

As pessoas são reais, são as mesmas, algumas muito boas, outras nem tanto. E dessas não presumimos suas intenções. Mas estamos no contexto. Estamos num mundo que não vai parar e nos resta acompanhar, com muita cautela, um mundo cada vez mais próspero e fantástico com sua infinita tecnologia, isso não há dúvidas.

Tomara que grande parte da geração de meus filhos esteja feliz. Estarão? Também não sei, as gerações que vêm chegando enxergam as coisas sob outra ótica, que naturalmente não é a minha, embora a minha geração também teve seus pecados.

Onde erramos? O que corrigir? Acredito que tudo o que aprendemos, o caráter que trazemos e a vida que vivemos, não se joga fora, é a antessala de um futuro que poderá nos trazer benefícios, algo bem compensador.

Espero que muitos encontrem uma resposta, algo que acreditem e que mereça uma luta, um sacrifício que faça com que suas vidas valham a pena e que possam se orgulhar do legado que deixarão para as gerações futuras.

Não concordo com pessoas que dizem que o que passou está enterrado. Não; o passado é a nossa história, o nosso aprendizado, a nossa memória. Passou, sim, mas não precisamos enterrá-lo!

E por que não podemos falar nele ou dele? Isso não invalida viver o presente. As comparações servem para podermos corrigir nossos erros.

Passado e presente são a nossa História. E não vou enterrá-los.






 


23 de agosto de 2025

SOLIDÃO - Tais Luso de Carvalho


SOLIDÃO

- Taís Luso de Carvalho


        Gosto de crônicas do cotidiano por poder narrar fatos que influenciam nossas vidas; falar de coisas, pessoas, sentimentos, alegrias, tristezas e que de uma forma ou outra nos fazem refletir. Os fatos escritos aqui podem ser apenas hilários, mas outros podem mexer com nossas emoções. E hoje não tem nada de hilário por aqui, e sim de triste.

Há uns dez dias, estávamos eu e Pedro vindo do almoço, quando um táxi estacionou no fio da calçada em que vínhamos. Uma senhora, já com bastante idade, não conseguia sair do carro. O taxista ficou na dele, sentado, sem prestar um mínimo de solidariedade.

Ao chegarmos perto dela, olhamos para aquela dificuldade e fomos ajudá-la. Estava ali para ir ao consultório médico, pois tinha passado por uma cirurgia do colo do fêmur e fraturado a bacia, também. Lembrei de minha mãe que há muitos anos passara pela mesma situação, e o tanto que foi traumático.

Levamos a senhora até a sala de recepção, e lá lhe perguntei por que ela estava sozinha… Disse-me que sua cuidadora não viera porque estava doente, mas ela não poderia perder a consulta. Não quis constrangê-la, não perguntei pelos seus filhos, netos, vizinhos e parentes. Não era hora.

Acomodou-se na cadeira e agradeceu muito. Perguntei-lhe como iria embora...nos oferecemos para esperá-la, mas ela não quis.

- Uma das serventes pedirá um táxi pra mim, querida, muito obrigada, que Deus proteja vocês.

Apesar de doente, percebi nela muita determinação. Mas seu corpo não acompanhava mais sua mente.

E desde aquele episódio - triste de ver - ainda lembro daquela senhora. São os caminhos tristes da vida que não têm como esquecer, não tem como varrer pra baixo do tapete e esconder essa sensação de vazio, de indiferença que se chama solidão - pelo motivo que for.

Várias situações me fazem lembrar do poeta Mário Quintana quando disse:

"Com o tempo não vamos ficando sozinhos apenas pelos que faleceram, vamos ficando sozinhos uns dos outros!"

           É isso. Triste assim.




 



18 de agosto de 2025

PENSE ANTES DE DECIDIR

 

Praça da Matriz - Porto Alegre / RS - Brasil


PENSE ANTES DE DECIDIR

              - Tais Luso de Carvalho



Esta não foi uma segunda feira comum, foi um dia frio de inverno, com ameaça de chuva. Mas não é sobre o tempo que eu quero falar, até porque não entendo nada de meteorologia. Então vou dizer a vocês o porquê foi um dia diferente.

Levantei muito cedo, tomei café com Pedro, e logo chegou no nosso apartamento o encanador que havíamos contratado para fazer umas inovações e consertos no lavabo. Até um certo tempo tudo permanecia em paz, acontece que logo vimos o dia mudar abruptamente. Do doce canto do sabiá passamos a ouvir infernais batidas, o dia inteiro. Pensei que isso logo teria fim, que eu voltaria à minha paz. Mas estava enganada, as batidas continuariam na manha seguinte, ou seja, na terça-feira.

Meus tímpanos estavam quase explodindo. Para encontrar um pouco de paz, fui à cozinha e preparei um bule de café para mim, para o Pedro e para o encanador. Enquanto tomávamos um cafezinho o silêncio devolveu-me um pouco de tranquilidade. Tomamos a segunda rodada e cá com meus botões, comecei a refletir sobre a necessidade dessa reforma toda. Já era quase noite quando pararam as terríveis batidas, olhei no relógio e vi que o condomínio não permitia barulho além das 18 hs.

O nosso encanador trocou de roupa, arrumou suas sacolas, despediu-se educadamente de nós e foi embora. Porém, continuei ansiosa, sabendo que na manhã seguinte tudo começaria novamente. Pressenti que teria um ataque de nervos. Restou-me pedir a Deus a sua misericórdia.

Senti que temos muito a aprender na vida, ainda. Será que precisaria tanta coisa?  Foi muito mais complicado do que pensávamos. Ficará ótimo, sem dúvida, mas o que dói é que vimos um pouco tarde se isso tudo era necessário. 

Muitas coisas que decidimos, meio na emoção, na verdade podem não ser necessárias. O estresse é grande. Mas, está ficando excelente. Oxalá!

  






11 de agosto de 2025

UM PLANETA INFELIZ - Tais Luso de Carvalho

 



UM PLANETA INFELIZ

             - Tais Luso de Carvalho


Coisas estranhas e cansativas acontecem na vida da gente, e não escolhem hora, dia e nem momento.

Ontem, quando o cansaço me pegou, resolvi dormir um pouco à tarde. Senti que estava cansada da mesmice de ver e escutar tantos noticiosos pesados, tanto sofrimento num mundo sem solução, parece que esse pobre planeta vai explodir! Mas não culpo os meios de comunicação. Estão fazendo o trabalho deles.

Jamais vi tantas guerras pela televisão, tanta gente inocente, sofrendo, morrendo, dia após dia. E nas minhas noites de insônia escuto muitas conversas sobre a possibilidade de vivermos uma Terceira Guerra Mundial! Será o fim do mundo e o enterro desse pobre e infeliz planeta. É muita dor para um planeta só.

Que mundo louco e que absurdo estamos vivendo em pleno século XXI, onde os povos almejam paz e bem-estar. Vejo semblantes frios e carrancudos nos rostos desses ditos poderosos que fazem a infelicidade de milhões de pessoas. Passei a mão em meu rosto e ali, lágrimas de desesperança, de um futuro sem perspectiva de paz. Preocupa bastante.

Não sou poeta, mas sonhei que estava tentando escrever um poema, talvez algo belo para esquecer um pouco todo esse lamaçal de arrogância e avidez pelo poder. 

Esses poderosos  deveriam estar em outro planeta, só para eles, bem distante do nosso. Mas que nada por lá fosse belo!

Sem flores, rude e áspero, que não acolha e nem  proteja!



 




3 de agosto de 2025

O DESAPEGO DAS TRALHAS - Taís Luso de Carvalho

 

É preciso viver com leveza


O DESAPEGO DAS TRALHAS



Assisti, há tempos, através de um canal americano de televisão, um serviço diferente de ajuda, o SOS Faxina, uma ajuda para as pessoas se desapegarem de coisas inúteis. Encher a casa de tralhas é coisa séria.

Eu, por exemplo, tentei dezenas de vezes me desfazer de coisas inúteis e não conseguia. Dos enfeites, de coisas antigas que adoro! Trocava os enfeites de lugar e  acreditava que estava tudo organizado. Ficava me enganando. Como é difícil aquela coisa de vou pensar para quem doar. E a coisa não andava! 

Nesse programa que assisti, tratava-se de uma família que queria tornar sua vida mais prática. Tanto os pais como os filhos guardavam de tudo. E aqui no Brasil também é muito comum guardarmos montanhas de badulaques, presentes de casamento que não são mais úteis, presentes de aniversários da época das cavernas, lembrancinhas de viagens, cúpula de abajur, tapetes, ferramentas obsoletas, bandejas, vasos, gaiolas sem o passarinho, vasos e mil inutilidades. E as antiguidades de família! É um sentimento esquisito, sentimos que estamos jogando fora parte de nossas vidas!  Muitos já querem ser práticos e objetivos numa certa altura da vida. Menos trabalho.

Pois bem, essa família que assisti no canal, contratou o SOS Faxina. Primeiramente fizeram uma entrevista com a psicóloga da firma, para saber a extensão do problema ainda não resolvido. O porquê de tanto apego às coisinhas! Vi o problema com tanta clareza que fiquei ansiosa para livrar-me das minhas tralhas. Acho que além do transtorno, é um apego terrível. Aquela coisa de que “um dia poderei precisar!” Dramático isso. Os armários vão enchendo.

Tudo corria fácil, naquela família, mas chegou num ponto que parou. Novas conversas aconteceram com a psicóloga,  notei que a tal família estava à beira de um colapso. Um par de castiçal antigo, presente de casamento, demoliu a dona da casa quando pensou em se desfazer da antiga tralha. Um papagaio, de madeira, caquético, horroroso, levou o marido às lágrimas – lembrança de sua infância. E por aí foi indo, parecia piada. Mas eu entendo isso. 

Mais um pouco de conversa sobre os verdadeiros valores afetivos na vida da família, e  a muito custo a família conseguiu soltar as amarras.

Terminou o programa e comecei o meu SOS Faxina: coisa boa, digo a vocês que foi bem mais fácil... Há anos, eu tirava de um lugar e colocava no outro. Hoje, não mais. O que são essas amarras que nos impedem de tomar uma atitude de desprendimento total? Talvez uma disfarçada culpa por nos desfazer de algo que nos foi dado com carinho. Ou apenas fomos acumulando as coisas, coisas pequenas, como enfeites, coleções, etc. Disso já me livrei.  Falta pouco, o menos é mais!  

Livrar-se das tralhas e do inútil, certamente  a vida fica bem mais leve! 











27 de julho de 2025

A LIÇÃO DO PESCADOR – Tais Luso de Carvalho

 



A LIÇÃO DO PESCADOR

             


       Hoje quero dividir com vocês, uma história que escutei há tempos, todos nós escutamos coisas desse tipo.

Bem, estava um pescador a descansar numa rede defronte sua casa. Seu barco, ali ancorado, estava repleto de peixes recém-pescados no mar. Não faltava muito tempo para sua freguesia começar a chegar, e como sempre, vendia tudo o que pescava. No entanto, sempre deu tempo para um bom descanso, entre uma saída e outra para o mar. Curtia, desfrutava muito daquela praia que tanto amava. Um lugar paradisíaco, de águas claras e temperatura agradável.

Num certo momento, um homem que passava viu os peixes no barco e o pescador descansando em sua rede – feliz da vida. O homem sentiu-se incomodado e parou para falar com o pescador:

Amigo, - disse ele, vejo seu barco cheio de peixes e você aí deitado na rede! Se colocasse mais barcos no mar e empregasse mais gente, certamente ganharia muito dinheiro, em pouco tempo teria muitos barcos pesqueiros e gente trabalhando para você!! Teria tempo para descansar muito e curtir a vida, olhando o mar.

Meu caro, o que você acha que estou fazendo agora? Estou descansado sem os incômodos que teria! Não está bom assim?

Mas você não quer ficar rico?

Pra quê? Sou feliz assim!

O homem partiu um tanto irritado e sem dizer mais nada.

Pois é, muitos agem assim, aumentam o número de empregados, triplicam os negócios da empresa viajando muito, compram mansões em vários lugares etc. e tal. E pulam de cá para lá buscando as melhores aplicações financeiras, e muito mais. Formam um império. Um império, maravilhoso! Empresários de sucesso!! Mas nem todos querem isso para si. Muitos optam por um outro tipo de vida.

Penso que cada um tem suas prioridades e sabe de si. Não precisamos muito para sermos felizes, há um meio termo para tudo. Podem enriquecer, mas outros não pensam nisso, e sim pensam em viver mais tranquilos. O difícil é saber encontrar o equilíbrio entre uma dedicação excessiva e a negligência, o que não me pareceu ter acontecido com o pescador. Os extremos sempre são difíceis, sempre.

Porém, dar conselhos a quem não pediu, é complicado, não é a melhor solução, pode ser o início de um rolo, seja na família, seja com os amigos ou colegas de trabalho A não ser quando esses pedem conselhos.







19 de julho de 2025

BLOGS – E O QUE É A BLOGOSFERA

 


                         -  Tais Luso de Carvalho


     A Blogosfera é um espaço na Internet que se destina, especificamente aos Blogs. Neles são colocados ideias, conhecimentos, sentimentos e emoções. Pode ser considerado um espaço literário para as pessoas que se dedicam a escrever Contos, Crônicas, Ensaios, Poemas etc.

Os blogs são, essencialmente, os textos publicados, e a Blogosfera é o termo coletivo que reúne os blogs para interação entre autores. Um fenômeno social.

Pois hoje estive pensando nessa minha querida Rede Literária, espaço ao qual pertenço há muitos anos. Escrevo e leio muitas pessoas, e as quero muito bem. Posso dizer que na Blogosfera existe respeito, carinho e satisfação por parte da maioria. Nela não há disputas, não há agressões. É território de paz, pois temos um imenso prazer em pensar e elaborar uma crônica, conto, poema, com grande vontade de dizer as coisas que acontecem no nosso cotidiano, e tudo sem estresse.  É ótimo esse processo de criação. É o mesmo processo do artista plástico que ama e sonha enquanto cria.

Há excelentes Blogs de Poesias, Crônicas, Contos, Ensaios. Também Blogs profissionais de Tecnologia, Jornalismo, Política, Jurídicos e outros tantos.

Ao ler essa gente amiga, noto que estão na Blogosfera aqueles que escrevem porque sentem prazer e paz. É uma magia a paz que se consegue, a satisfação, a calma que ficamos nesse processo de criar.

Nascemos para interagir, jamais para sermos criaturas caladas e isoladas. Colocar na telinha o que vai saindo da nossa mente e do nosso coração  é muito bom.

Não estamos na Blogosfera para agredir. Não há motivos para isso. Nela estamos com o coração em festa. Conheço pessoas excelentes nesse mundo dos internautas. Ainda bem que podemos dizer que apesar de muita gente, o nível se mantém alto. Amigos de vários países se Interligam na Blogosfera, como a Espanha, Itália, França, Portugal, Brasil, Argentina, Chile, China,  Equador, EUA e outros tantos.

É maravilhoso sabermos, também, onde alcançam nossos Blogs, pois a plataforma Blogger (Google) disponibiliza toda a visualização no interior dos Blogues.

Deixo aqui uma foto da Blogueira mais idosa do mundo, Dagny Carlsson, faleceu aos 109 anos. Nasceu em 1912 na Suécia e faleceu em 2022. Em 2019 ainda mantinha seu Blog.

Blogueira centenária e influenciadora sueca, Foi feliz, e isso foi maravilhoso!

Meu abraço e meu carinho a todos os amigos!


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Postagem da Blogueira mais idosa do mundo, no Porto das Crônicas, 

com várias fotos. Aqui! 

Dagny Carlsson  - aqui com 106 anos





7 de julho de 2025

MEUS CABELOS, MINHA VIDA!

 



MEUS CABELOS, MINHA VIDA!

- Taís Luso de Carvalho


       Foi numa quinta-feira, e foi um dia de cão. Nada daquilo estava no meu esquema. Na verdade fui só renovar minha Carteira de Habilitação para motoristas, no Detran RS. Coisa básica. Mas é sempre uma tortura fazer uma fotinho, com pouca, qualidade nos computadores dos Centros de Habilitação (CNH). Cheia de coragem, olhei para a máquina e...

       — Espera moço!! Posso fazer um sorriso discreto, o rosto ficará mais leve...

       — Não; não pode mostrar os dentes, senhora...

Mostrar os dentes?? Credo, que coisa mais primitiva! Falei que estava pensando num sorriso estilo Mona Lisa, aquela coisa enigmática… e de boca fechada. Rir só com os lábios! Mas a criatura não entendeu nada, deve ter confundido Mona Lisa com marca de bolacha, compota de pêssego, sabonete… E achei melhor deixar assim. Explicar quem foi Mona Lisa confundiria a cabeça do rapaz. Ele não esperou e clicou o botão da máquina, com gosto, sem piedade.

        Olhei a foto…

      - Que coisa horrorooosa!!! — disse isso, e nada mais.

Cheguei em casa e me olhei no espelho sem pena de mim. Talvez meu cabelo, meio comprido, não tivesse ajudado na foto! Ou talvez preconceito com a tal máquina, endureci a cara, sei lá. Odeio fotos 3 X 4 - me roubam 10 anos de vida útil.

No dia seguinte resolvi ir ao Salão para cortar as melenas! Um corte mais curto, de acordo com meu tipo físico.

      - Tens certeza que é esse corte, Taís ? - perguntou a cabeleireira.

     - Sim, igual a esta foto, curtinho, olha que beleza de corte! 

Notei que ela estava cortando muito rápido, mas eu estava confiando. Acabado o corte, saí do salão pior do que cachorro em procissão: apavorada! 

Não quis convencer a criatura do tamanho do erro, mesmo porque eu nunca mais voltaria lá. Cheguei em casa, fui ao espelho e desandei a rir… Depois me indignei, pois fiquei com cara de travesti com o Novo Look! E não tem outro jeito senão esperar uns dois meses para que o cabelo atinja um tamanho mais ou menos decente, suportável. E tudo num dia quente - fora da estação.

Mas uma pergunta que não queria calar: como sairei de casa? E a reação da minha família? E a cara dos conhecidos? 

Meu   Deus... Deus meu!!

     Deixei a dramaticidade de lado e pensei nas mulheres de Atenas e suas melenas; pensei nas mulheres de Burca Eu precisava pensar em alguma coisa mais forte para disfarçar. E encontrei uma solução temporária, embora quente e desagradável: achei no Google um maravilhoso turbante! 

Já menos  ansiosa e mais resignada pensei: bora lá, e seja o que Deus quiser...  

    

          

Turbante no Google 
Foto  da Internet



 

25 de junho de 2025

A CHAGA SOCIAL

Acolhimento de pessoas em situação de rua  em Curitiba / Paraná 
- foto Ricardo Marajó SMCS


A CHAGA SOCIAL

                                                               - Tais Luso de Carvalho

         Pois ontem chegou o inverno no Brasil, mas frio mesmo faz nas Regiões Sul, nos Estados do Rio Grande do Sul, a terra dos Gaúchos, no Estado de Santa Catarina e no Estado do Paraná. Em São Joaquim, SC, estava 6 graus negativos, e muito vento. Nas cidades Serranas de Gramado e Canela do meu Estado, estava 1 grau negativo. Para o começo do inverno está frio demais.

Levantei hoje pela manhã com 5 graus, mas a sensação térmica estava 2 graus. Digo isso porque há décadas que o frio não é tão intenso por aqui. Mas neste ano de 2025 será de muito frio, chuva e vento forte. É tudo que o povo gaúcho não queria, pois está escaldado com a enchente de Maio de 2024.

Ando muito decepcionada ao ver durante minhas andanças, e em especial pelo meu Bairro e bairros vizinhos, muitas pessoas em situação de rua.

Os Órgãos governamentais, em suas rondas diárias, querem levá-los para os Albergues. Lá tem banho, comida, roupas e lugar para dormirem. Acontece, porém que, muitos deles vão, ficam uns dias e retornam para onde conseguem manter a liberdade e o vício - álcool e drogas, pois nos Albergues é proibido. Alguma coisa está falhando nesse acolhimento.

Quantas vezes critiquei o Governo Federal, o meu Estado e os Municípios mais populosos! Sim, estão falhando, mas não só eles. Quando o doente não coopera, quando não quer a cura, qualquer feito com eles não funciona.

Nossos políticos tentam, prometem quando vai chegando o ano eleitoral, mas vejo que esse problema não é fácil de resolver. Mendigos querem ficar nas ruas, pedindo qualquer dinheiro para comer, dizem que estão com muita fome, mas já foi visto que não é para comida… Quando alcancei sanduíche e  refrigerante, ficaram brabos, e pediram dinheiro!

Trabalhar não querem! Curar o vício e tentar outro tipo de vida, com dignidade, não pensam. E continuam nessa mesma vida. Muito difícil lidar com quem não quer mudanças. Esse, também, é um grande problema para o Estado.

Infelizmente, a boa vontade dos políticos pode ser notada durante as eleições, mas depois de eleitos, esquecem esse grande problema social, como se as pessoas em situação de rua não existissem mais. Esperamos que os políticos se socorram de gente capacitada nas várias áreas, para resolverem essa chaga social.

Aguardaremos, até quando, não sei...


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 Aqui, neste  Blog: 

OS MORADORES DE RUA  -  Vista de um outro ângulo!

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