O DESAPEGO DAS TRALHAS
Assisti, há tempos, através de um canal americano de televisão, um serviço diferente de ajuda, o SOS Faxina, uma ajuda para as pessoas se desapegarem de coisas inúteis. Encher a casa de tralhas é coisa séria.
Eu, por exemplo, tentei dezenas de vezes me desfazer de coisas inúteis e não conseguia. Trocava os enfeites de lugar e acreditava que estava tudo organizado. Ficava me enganando. Como é difícil aquela coisa de vou pensar para quem doar. E a coisa não andava!
Nesse programa que assisti, tratava-se de uma família que queria tornar sua vida mais prática. Tanto os pais como os filhos guardavam de tudo. E aqui no Brasil também é muito comum guardarmos montanhas de badulaques, presentes de casamento que não são mais úteis, presentes de aniversários da época das cavernas, lembrancinhas de viagens, cúpula de abajur, tapetes, ferramentas obsoletas, bandejas, vasos, gaiolas sem o passarinho, vasos e mil inutilidades. E as antiguidades de família! É um sentimento esquisito, sentimos que estamos jogando fora parte de nossas vidas! Muitos já querem ser práticos e objetivos numa certa altura da vida. Menos trabalho.
Pois bem, essa família que assisti no canal, contratou o SOS Faxina. Primeiramente fizeram uma entrevista com a psicóloga da firma, para saber a extensão do problema ainda não resolvido. O porquê de tanto apego às coisinhas! Vi o problema com tanta clareza que fiquei ansiosa para livrar-me das minhas tralhas. Acho que além do transtorno, é um apego terrível. Aquela coisa de que “um dia poderei precisar!” Dramático isso. Os armários vão enchendo.
Tudo corria fácil, naquela família, mas chegou num ponto que parou. Novas conversas aconteceram com a psicóloga, e notei que a tal família estava à beira de um colapso. Um par de castiçal antigo, presente de casamento, demoliu a dona da casa quando pensou em se desfazer da antiga tralha. Um papagaio, de madeira, caquético, horroroso, levou o marido às lágrimas – lembrança de sua infância. E por aí foi indo, parecia piada. Mas eu entendo isso.
Mais um pouco de conversa sobre os verdadeiros valores afetivos na vida da família, e a muito custo a família conseguiu soltar as amarras.
Terminou o programa e comecei o meu SOS Faxina: digo a vocês que foi bem mais fácil... Há anos, eu tirava de um lugar e colocava no outro. Hoje, não mais. O que são essas amarras que nos impedem de tomar uma atitude de desprendimento total? Talvez uma disfarçada culpa por nos desfazer de algo que nos foi dado com carinho. Ou apenas fomos acumulando as coisas.
Mas, livrar-se das tralhas e do inútil, a vida fica bem mais leve!
Minha querida amiga Taís,
ResponderExcluirJá falei sobre acumuladores no ®DOUG BLOG e estou motivado e disposto a lhe enviar um contêiner (sem a sobretaxa do Trump), cheio de corujas colecionáveis, o que você acha? 😅😅😅
Acumuladores são verdadeiros colecionadores de "coisas inúteis". Suas casas são como museus de objetos do cotidiano, onde cada item tem uma história e um potencial uso futuro que só eles conseguem enxergar. Afinal, quem nunca precisou de um potinho de "Pó Royal" vazio para guardar botões, alfinetes, agulhas, etc... - E os potes de sorvete, estes servem para guardar de tudo. Já as canetas que não funcionam mais, por que jogá-las fora? (pensa a mente apegada a tralhas, do acumulador). 😅😅😅
Para eles, o minimalismo é uma utopia distante. O lema dos acumuladores é: "nunca jogue fora hoje, o que você pode guardar para sempre". O resultado é uma busca épica pelo controle remoto da TV, uma aventura arriscada em meio a montanhas de revistas velhas (se bobear, encontra-se na pilha, até a primeira edição de "O Cruzeiro", de 1928) 😅😅😅 - além de um suprimento infinito de "coisas que podem ser úteis algum dia", mesmo que este dia nunca chegue. E não adianta tentar convencer um acumulador a se livrar de algo; afinal, como ele vai explicar para os "copos de requeijão" vazios que "eles" não possuem mais lugar em sua vida?
Beijos e tenha uma semana suave (de olho na única coruja que sobrou), pois, ela aguarda ansiosa o contêiner!!! 😅😅😅