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Igreja Santa Teresinha / Porto Alegre - RS/ Brasil |
O VELHO NA IGREJA
- Tais Luso de Carvalho
Hoje trago aqui mais um pouco de minhas reflexões.
Volta e meia vou à igreja em que me casei, Igreja Santa Teresinha, a mesma que eu e meus pais frequentávamos quando eu era solteira.
Meu pai era um homem de muita Fé. Sentei no mesmo banco onde sentávamos, na ânsia de conversar com eles e refletir sobre nossas vidas. Fico na esperança de haver outra vida, e nos encontrarmos novamente. Oxalá! Porém, nada sei.
Intriga-me o fato de me tornar apenas uma memória. Mas fé é um dogma da Igreja, certo e indiscutível. É acreditar no que não vemos e no que não entendemos. Fiquei num silêncio respeitoso que só encontramos num templo religioso, com seus mistérios e seus dogmas. Gosto imensamente do ambiente de um templo cristão e da sua arquitetura. Da sua fantástica arte. Contudo, respeito todas as religiões porque respeito as escolhas do ser humano.
Havia pouca gente na Igreja, meia hora faltava para a missa das 18:00 horas. Olhei para o lado e vi um dos “confessionários” – lugar onde os Cristãos confessam seus pecados e recebem o perdão Divino.
Chamou minha atenção um velhinho que mal conseguiu chegar ao confessionário. Arrastava-se com sua bengala e com enorme dificuldade de andar. Fiquei olhando e pensando na tristeza daquele ato, e por quê? Que pecado teria cometido o velhinho solitário, no crepúsculo de sua vida, e na ânsia por perdão. Que pecado teria ele a confessar? Senti piedade das suas amarras. Sou difícil de entender certas coisas. E um dia meu pai me falou:
- Filha, não podes mudar os dogmas da igreja, Fé é acreditar em Cristo!
- Não pai, eu não quero mudar nada, eu quero entender o porquê de certas coisas.
Sim, eu era assim. Eu sou assim. Preciso entender para firmar minha posição. O pobre velhinho poderia conversar com Deus, sozinho, na sua intimidade. Naquela altura da vida só caberia compaixão, não acusações. Por que não deixar que pessoas, já bem vulneráveis, alcancem seu último voo sem muitas culpas? Se tivesse cometido um crime, já teria cumprido sua pena.
Não existe pecado maior do que a morosidade ou a ineficiência da Justiça dos Homens, nas quais as penas são amenizadas ou nunca aplicadas, devido a muitos fatores. Quantos crimes terríveis não são desvendados! Quantos inocentes estão morrendo covardemente nessas Guerras infames, absurdas e cruéis!
Pois é, como tudo continua igual, a humanidade continua a mesma, também eu continuo com as mesmas indagações. E mudo as coisas dentro de mim. E cada vez com menos esperança no ser humano, esse mesmo ser cruel que faz as guerras, que odeia, que rouba, que mata sem um pingo de piedade.