4 de setembro de 2025

COISAS DO PASSADO - Taís Luso de Carvalho

 



COISAS DO PASSADO

         - Tais Luso de Carvalho



          Estou aqui a imaginar uma cidadezinha com suas ruelas em pedra, em estilo colonial, casas com janelas floridas, gente mais tranquila e amiga. Ando um pouco enfadada da nossa realidade, desse ritmo alucinante e inseguro, e desse consumo desenfreado. Gostaria de visitar o passado, de caminhar por lugares onde passei, rever minhas colegas e amigas, e crescer num meio mais saudável como era mais comum em tempos atrás. Sentir as coisas mais autênticas e talvez mais ingênuas.

Gostaria de vivenciar os preparativos entusiasmados dos alunos para a Procissão de Corpus Christi em que vários colégios da capital desfilavam juntos, rumo à Igreja Matriz, era uma festa esperada, uma grande confraternização entre os jovens estudantes. Gostaria de vivenciar as aulas de ginástica do colégio, ao sacrifício das academias de hoje. Gostaria de sentir, novamente os padrões morais e éticos desabrochando em cada família, diferentes dos atuais. Não tenho dúvida que as famílias perderam muito de seus antigos valores por várias influências externas, meio pesadas.

Gostaria de rever um pouco os telefones fixos, padronizados, e não passar pelo martírio das mensagens falsas e dos terríveis assaltos nas ruas atrás dos nossos celulares. Gostaria de ver mais paz nas redes sociais, e não mais um batalhão de gente postando suas vidas e outras espiando ou teclando não sei o quê. Não gostaria de ver tanto ódio espalhado no confronto das ideologias.

Também gostaria de voltar a ver o meu país produzir música de ótima qualidade. Onde estão os excelentes compositores de outrora? Tantas coisas novas e boas surgiram, mas tantas coisas muito boas morreram!

Viver o presente é o que temos agora, mas nada de muito interessante na educação, a não ser um universo de tecnologia que nos leva a um novo mundo das comunicações. 

As pessoas são reais, são as mesmas, algumas muito boas, outras nem tanto. E dessas não presumimos suas intenções. Mas estamos no contexto. Estamos num mundo que não vai parar e nos resta acompanhar, com muita cautela, um mundo cada vez mais próspero e fantástico com sua infinita tecnologia, isso não há dúvidas.

Tomara que grande parte da geração de meus filhos esteja feliz. Estarão? Também não sei, as gerações que vêm chegando enxergam as coisas sob outra ótica, que naturalmente não é a minha, embora a minha geração também teve seus pecados.

Onde erramos? O que corrigir? Acredito que tudo o que aprendemos, o caráter que trazemos e a vida que vivemos, não se joga fora, é a antessala de um futuro que poderá nos trazer benefícios, algo bem compensador.

Espero que muitos encontrem uma resposta, algo que acreditem e que mereça uma luta, um sacrifício que faça com que suas vidas valham a pena e que possam se orgulhar do legado que deixarão para as gerações futuras.

Não concordo com pessoas que dizem que o que passou está enterrado. Não; o passado é a nossa história, o nosso aprendizado, a nossa memória. Passou, sim, mas não precisamos enterrá-lo!

E por que não podemos falar nele ou dele? Isso não invalida viver o presente. As comparações servem para podermos corrigir nossos erros.

Passado e presente são a nossa História. E não vou enterrá-los.






 


28 comentários:

  1. Oi, Tais!

    Que crônica linda e cheia de memórias! Li cada linha sentindo o perfume das ruas antigas, o barulho dos telefones fixos e a alegria das procissões de Corpus Christi como se estivesse ali com você. É incrível como certas lembranças carregam uma doçura que o tempo moderno, com sua pressa e tecnologia, não consegue apagar.
    Concordo com você: o passado não precisa ser enterrado. Ele é a base do que somos hoje, um aprendizado que nos permite viver o presente com mais consciência e, quem sabe, orientar o futuro com mais cuidado. E que bom é poder revisitar essas lembranças, mesmo que só na imaginação, e perceber que valores, afetos e pequenos rituais têm o poder de nos tocar profundamente.
    Obrigada por nos lembrar de olhar para trás sem nostalgia cega, mas com gratidão e reflexão. Que possamos sempre equilibrar passado e presente, construindo um futuro de sentido e lembrança.


    Com carinho,
    Fernanda

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  2. Tais, minha amiga!
    Essa sua postagem, se você desenrolar, dá umas várias outras, cada uma sob uma óptica diferente.
    Mas resumindo, hoje em dia, nós somos marionetes das grandes corporações, que não querem que as pessoas tenham paz e alegriai. Que não quer que eles tenham saúde, nem fisica e nem mental.
    Essas corporações querem vender remédio, querem vender livros de autoajuda, querem vender comida processada.
    Não é ineterssante que as pessoas saiam de frente de suas televisões e fiquem sentados na calçada conversando até altas horas da noite.
    Não interessa politicamente que homoxessuais, negros, indigenas, brancos, ricos e pobres, vivam bem.
    A divisão alimenta os partidos políticos que levantam bandeiras contra os rachas que eles mesmo insuflam.
    Não é interessante que as pessoas tenham fé. Ateus são mais fáceis de aceitar tudo que a "ciência" os empurrar goela abaixo...
    É minha amiga!
    Ou vivemos na contra a mão do mundo, ou entramos nessa onda.

    Bela postage.
    Desculpe se me alonguei no comentário.

    Tenha um lindo dia.

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    1. Oi, André, não se alongou, não, você fez um belo comentário,
      meu amigo, eu adorei, muito obrigada!
      Uma ótima quinta feira, também!
      Abraços!

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  3. Esse é um desejo que também compartilho, inteiramente, Taís!
    O nosso passado faz parte de nós, das coisas, dos lugares e das pessoas que nos rodearam. Jamais poderá ser enterrado!

    Adoro quando a Amiga escreve estas Crónicas, revestidas de uma certa nostalgia.
    Sinto o mesmo!

    Um grande abraço com o desejo de muita saúde e harmonia.

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    1. Oi, Janita, que bom ver que você está bem melhor!!
      Fico muito feliz!
      Obrigada pelo carinho do comentário.
      Beijo, um bom fim de semana que está chegando.

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    2. Sim, Taís. Felizmente a minha saúde melhorou muito e, quiçá, consequentemente, o meu estado de espírito e a vontade de visitar os amigos, olhando tudo ao meu redor numa perspectiva mais animadora, também.

      Grata pela atenção e carinho.

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  4. Bonjour Tais, tes mots respirent le désir d’un monde plus humain et plus serein, où le temps s’écoule avec douceur et authenticité, ton texte nous invites à revisiter le passé, non pour le fuir, mais pour y puiser la sagesse et la beauté oubliée, chaque souvenir de ruelles, de fêtes et de gestes simples devient un miroir pour mesurer la valeur de notre présent, ton écriture tisse un pont entre générations, entre mémoire et espoir, entre silence et mélodie, que cette méditation éclaire nos vies modernes et nous rappelle que l’âme véritable se nourrit de ce qui est authentique, bonne soirée, bisou, Régis.

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  5. hermoso sucedar
    el que das
    y nos dejó
    canto hecho
    bellleza por recordar
    pasado labrado
    luminosas letras
    Tais telares
    mieles diamantes
    ahora al leer...


    feliz semana Tais , un fuerte abrazo , tú amigo .jr.

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  6. Pra mim acho que o passado está sempre aparecendo em nossos dias, seja em forma de saudades, lembranças e tudo bem! Temos esse direito ainda que vivendo o presente! Vamos que vamos e que tudo esteja bem por aí! Aqui aproveitando muito! beijos praianos, chica

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  7. Oi Thaís
    Esses dias chuvosos combinam muito com a sua crônica que leio aqui no seu e também nosso 'porto'. E, tudo que leio é também o que me falta_ um vilarejo calmo , sem o medo dos meninos a te roubar o celular, uma cidade limpa com praias num tom azulado porque não jogam plásticos nem garrafas, calçamento sem buracos,
    flores nas calçadas e árvores nuas que o inverno despiu para vestir na primavera. Cidades assim acordam cedo antes do povo sair as ruas para recebe-los bem, com a cidade arrumadinha. Transportes absurdamente nos horários previstos, sem congestionamento de pessoas , essa tranquilidade de saber que nossos filhos vão sair e voltar, . Eu vivo isso vez ou outra e quando volto tudo toma uma dimensão maior e fico assim, reclamando rs .Hoje ,por acaso fui a um desses exames que os médicos costumam pedir para dizer que estão trabalhando ,nem sempre olham direitinho para nós, mas receitam, enquanto estão envolvidos com o notebook que precisam registrar ... tudo muito moderno e sem praticidade, Taís. Pela alameda sozinha fiquei pensando por onde andam nossos governantes _ a cidade está suja, calçamento emburacado, apesar da chuvinha miúda .Imagina um temporal ...
    Taís, são tantas coisas,, sua crônica está perfeita amiga , obrigada pela sintonia que temos , seja no bem ou no mal rsrs Desculpa me alongar _ não é de bom tom escrever muito ,não é? a crônica é sua .
    beijinhos e fica bem , tá?
    (estou assim hoje _ melancólica e por isso escrevi muito.

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  8. El pasado hace que futuro pueda realizarse. Hay mucho del pasado que uno debería considerar para aprender hacer un futuro mejor. te mando un beso.

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  9. Cada vez mais penso menos no passado.
    Saudades?
    Só do futuro.
    Beijo, bfds

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  10. Tais, totalmente de acuerdo con todo eso que te gustaria que fuera....yo tambien lo quisiera, aunque comprendo que hay grandes avances y en muchas cosas hemos mejorado, pero añoro desde esa nostalgia que duele, el ayer que viví, y me gustaria que los que amo pudieran gozar la trasparencia de entonces, pero no nos queda otra que intentar trasmitir los valores de la mejor forma que podamos
    Un placer querida amiga leerte y saber que pensamos lo mismo
    Un abrazo

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  11. Sabe, eu sou um cara meio saudosista, mas acho que todo velho o é. Temos a ilusão (?) de que tudo no "nosso tempo" era melhor. E nem era. Ou era. A questão é que sentimos saudades das experiências que tivemos no "mundo do nosso passado" que já não é o mundo de agora. Enterrar nosso passado? Nunca! Adoro escrever sobre minha infância e juventude. O passado é o que nos trouxe até aqui, porém, não se adequar ao mundo de hoje pode ser bem traumático. Ora, em muitos aspectos, a vida hoje é bem melhor do que "antigamente". Toda geração produz soluções para velhos problemas e e novos problemas que deverão ter futuras soluções. Sinto que daqui a 50 anos meu filho estará dizendo a mesma coisa que nós aqui: "No meu tempo era bem melhor".

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  12. Al igual que tu pienso que la forma de relacionarnos a cambiado y ahora estamos todo el día pendiente del móvil y somos muy dependientes de la tecnología. Con ello no quiero decir que sea mala ya que no se lo que sería de nosotros sin ella, porque avances tecnológicos les podemos ver hasta en las salas de prehistoria de los museos arqueológicos pero lo negativo es no usarla solo para mejorar nuestras vidas.

    Saludos.

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  13. Faz-nos bem reviver o passado, as nossas memorias, visitar as nossas raízes! Só assim podemos valorizar o presente e futuro.
    Abraço.
    https://rabiscosdestorias.blogspot.com

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  14. Boa tarde de paz, querida amiga Taís!
    Bem-vinda ao time das 50... 60... 70... a +!...
    Saí do RJ não foi em vão... foi pelos mesmos motivos que aborda aqui.
    Viver numa cidade onde não preciso de carro, de ônibus para nada é um alívio.
    Poder sair de casa com roupa simples, fresca, sem ser reparada ou questionada pelo meu jeito de ser normal sem parafernálias das cidades grandes é uma maravilha.
    È bom sentir saudade de se arrumar bem (caprichar mais) em alguma ocasião... ou quando temos vontade mesmo não por compromissos fúteis, todo dia, não.
    Somos de outra civilização Amiga.
    Temos que nos conformar de uma certa forma.
    Não e nem questão de geração, é civilização mesmo. Os espiritualistas assim o dizem...
    Temos questões bem resolvidas que nunca vão entender os de agora... são supérfluos demais e se acham os tais, os da geração Z para cá.
    A insensibilidade para um jardim e suas flores... já denota algo estranho no ar.
    A dimensão de dores articulares por não se cainhar mais, só ficar preso ao note ou celular... tem tantos pontos estranhos que nos dão saudade das brincadeiras de roda nos quintais que vivemos com os primos muitos que tivemos, por exemplo.
    Saudade de tanta coisa, mas vamos escrevendo nossa nostalgia que ameniza um pouco e nos dá vitalidade da mente.
    Para quem só pensa em si, afirma mesmo que o que passou passou, como se fôssemos carniça nas mãos dos urubus.
    Uma crônica para ninguém pôr defeito, querida.
    Tenha um setembro abençoado!
    Beijinhos fraternos









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  15. Todos nos equivocamos en algunas decisiones que se ha tomado en la vida, pero es de sabios rectificar.
    Feliz fin de semana.

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  16. Olá, amiga Tais.
    Todos os tempos têm a sua beleza e encanto. Mas, como dizia Camões: "mudam-se os tempos mudam-se as vontades". E assim é. Podemos ser nostálgicos com tempos e coisas de outrora, mas o tempo não volta para trás. É a vida em movimento. E a evolução das sociedades com a criatividade do ser humano em toda a sua dimensão.

    Gostei desta sua crónica, estimada amiga.

    Deixo os votos de um bom fim de semana, com tudo de bom.
    Beijinhos, com carinho e amizade.

    Mário Margaride

    http://poesiaaquiesta.blogspot.com
    https://soltaastuaspalavras.blogspot.com

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  17. Taís:
    los cambios técnicos en la sociedad se aceleran a un ritmo vertiginoso, pero la mentalidad no. Se necesita sosiego, pero no lo hay.
    Salu2.

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  18. Olá Tais :)
    Eu sem ser extremamente saudosista, gosto do passado.
    Na brincadeira costumo dizer, que se houvesse uma máquina do tempo, preferia ir ao passado , do que ao futuro :)
    Como sempre, um prazer ler as suas palavras.
    Agora vivo numa pequena aldeia, a 45 minutos da cidade.
    Ontem tive de ir á mercearia, a única que temos, e fui pé.
    Durante o trajecto, coisa de 15 mim para cada lado, não vi nem pessoas, nem carros.
    O silêncio era só cortado ou pelos cães que ladravam, as galinhas e os patos que cacarejavam. Uma paz.
    No início confesso que estranhei tanta tranquilidade.
    E tal como a Tais, acho que se deve falar sim sobre o passado, sobre as nossas memórias e vivências, afinal são elas o cabouco da nossa casa.
    Abraço e brisas doces ****

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  19. Yo siento nostalgia del pasado porque hay muchas cosas bonitas que no volverán. Siempre las tendremos dentro de nuestro corazón.
    Todo ha cambiado mucho y la tecnología nos lleva por otro mundo.
    Muy interesante tu buen escrito y, sobre todo, muy bueno para meditar.
    Muy feliz fin de semana.
    Un beso.

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  20. Taís, minha querida amiga,
    Como diz a canção: "Como uma onda" ("Zen-surfismo"), dos idos anos (1983)...

    "Nada do que foi será; de novo do jeito que já foi um dia; tudo passa, tudo sempre passará..."

    Este moto-contínuo petrificou as emoções das pessoas que se orgulham mais do "$" do que do coração, pois, nunca vimos tantos golpistas e corruptos como nesta era virtual atual. Já vimos de modo patético, uma mulher levando seu tio morto ao Banco para receber sua aposentadoria; os traficantes dormindo em cima de pilhas de dinheiro, fruto do vício de milhões de pessoas; e os políticos continuam desviando verba pública de modo vergonhoso, para paraísos financeiros, deixando a população à mercê de tudo.
    A História está em andamento, mas, o "glamour" se perdeu faz tempo.
    Beijos e bom final de semana!!!

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  21. Wonderful, wonderful text, I think that all of us who lived through the decades of the '70s, '80s, '90s are very natural to miss them!!
    It was the flowering of Music, cinema and all the arts.
    The development at such a fast pace and the loneliness of mobile phones if we do not handle them in the right way are dangerous.
    Thank you very much for this text, it is very good to get us thinking...
    Have a beautiful Sunday, Tais!

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  22. O passado deve ser lido à luz do passado. O presente não pode, não excluir o passado, pois, são passado não temos história. Assim, a minha concepção de história é mais do que uma do que uma narrativa e, questioná-la é alavancar o seu potencial para o presente e futuro.

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  23. What a thoughtful reflection on the value of the past and how it shapes us. I appreciate your desire to preserve meaningful traditions, moral guidance, and cultural richness while navigating the rapid pace of modern life. It’s a reminder that God gives us both memory and wisdom, so we can learn from what has been and apply it to the present with discernment. Thank you for sharing such a sincere perspective. I would be glad if you took a moment to read my latest posts as well.

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  24. Vuelvo de nuevo amiga, disfruto de nuevo del texto que nos dejas y te dejo un fuerte abrazo

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Muito obrigada pelo seu comentário, é muito valioso para mim.
Meu abraço, saúde e paz a todos!
Taís