Tais Luso de Carvalho
Ontem, passando pelos canais da teve, parei num drama: o risco das tantas cirurgias estéticas desnecessárias. E me apavorei com um dos inúmeros casos mal sucedidos: uma linda moça em coma há 6 anos. Tudo começou pela vontade de aumentar os seios. E nessa cirurgia, desnecessária – segundo os depoimentos dos familiares – a vida acabou para ela. Triste quadro; triste de ver sua mãe acariciando seu rosto.
É curiosa a trajetória física feminina. Durante muito tempo as mulheres rechonchudas estavam no auge da dita mulher desejada. Foram retratadas nas obras dos grandes mestres da Renascença, como Leda de Leonardo da Vinci, Madalena de Ticiano Vecellio e outras tantas Madonas como as de Raphael Sanzio, de Rembrandt... Mas no início do século XX, as mulheres começaram a emagrecer: as beldades do mestre Modigliani já tinham cintura e já eram mais esbeltas.
No início, os pintores retratavam as curvas femininas bem carnudas e seios grandes. Mulher com excesso de gordura era mulher boa para parir. A função da mulher era esta: ter filhos, e muitos. E nem se falava em celulites e estrias. Eram coisas irrelevantes. Hoje, um furinho é o bastante para virar tática de guerra. Ninguém imagina o que uma mulher faz quando uma celulite ousa em aparecer!
Este percurso da beleza feminina veio de longe e lentamente sofrendo modificações até aparecer um negócio chamado espartilho, algo de tirar o fôlego em prol de uma cintura bem marcada. Belas mulheres. Metros de panos e lá pelo meio do caminho...esgoelava!
Mas chegou a época que ninguém suportava mais a tortura de um espartilho. E todas foram tocando o barco até se degolarem com grossos cintos e enormes fivelas. Mas tudo bem, melhor do que as irmãzinhas orientais que eram obrigadas à torturante tarefa de impedir que seus pezinhos crescessem. Tinham pezinhos pequeninos, mas deformados. E envoltas em quilômetros de faixas que atavam o quimono oriental. Ficavam durinhas.
Dando um enorme pulo no tempo, me reporto à década de sessenta quando houve uma mudança radical com uma magrela chamada Twiggy: esquálida, ossuda, sem peito, sem bunda, faminta, com cara de depressiva e com enormes olhos cavernosos. Era o máximo da esquisitice, mas as mulheres do mundo ocidental fizeram dela, uma referência de moda, um padrão de beleza. Twiggy foi a primeira Top Model e a primeira modelo magérrima. Daí pra frente fez escola. Muitas mulheres viraram palitos; foram-se as rechonchudas e apareceram as anoréxicas – até hoje essa doença está dando muito trabalho às famílias, aos médicos e fazendo vítimas. Mas esse assunto está em outra crônica.
De alguns anos pra cá, surgiu outro padrão de beleza: a mulher biônica. E isso requer dinheiro. Enormes seios – de mentirinha –, bumbum enorme, barriga aspirada, chapinha e boca repolhuda – para as mais maduras. O ápice fica por conta dos lábios, horrível. Seria de bom-tom deixar a natureza seguir seu rumo do que andar com boca de tucano. Mas fazer o que, se isso virou arma de sedução? A mulherada emplaca 50, 60 anos e pluft... lábios enormes e que perdem o contorno.
Não quero dizer que não se deva mexer quando necessário, mas me parece que a obsessão com o padrão de beleza atual, com uma mulher com pernas musculosas, passou à frente de outras coisas. Inclusive até de um corpo mais feminino.
Há muitas intervenções desnecessárias e uma obsessão pelo milagroso bisturi. Ter uma alimentação saudável, exercícios, sorriso e alegria de viver ainda são a melhor maneira de se ficar bonita.
Boa noite, querida amiga Tais.
ResponderExcluirAcho que o padrão sugere saúde.
No passado, a doença incurável era a tuberculose.
Com isso uma mulher gorda passava a ideia de saudável, de boa parideira.
Depois veio a era dos exercícios físicos para queimar gorduras, porque o importante é ter músculos e não, banha.
Aí então, a mulher magra exibe a saúde em pessoa.
Na época da aparição da AIDS, muitas magras foram vítimas de preconceito, porque sempre saía um boato de que estariam doentes.
Atualmente com a plástica, todas querem aumentar as partes sensuais, fabricando curvas.
Seria o padrão mais perto da perfeição feminina, se não fossem os exageros.
Eu acho que a mulher magra sempre será muito mais elegante!
Beijos.
Boa noite lindo blog!
ResponderExcluirLimerique
ResponderExcluirDe uma coisa pode ter certeza
É o casamento da esperteza
Do plástico cirurgião
Com a pura badalação
Da famosa ditadura da beleza.
Tais,
ResponderExcluirA mídia fomenta esse padrão e a massa segue-a. Eu até uma certa idade lutava contra as celulites e estrias, mas depois descobri que a maturidade, coerência e inteligência falam mais alto que bumbum duro e pernas musculosas. Sem dizer que contra a natureza e tempo não há quem vença e ao se travar essa ferrenha luta que vc fala, as pessoas acabam se emprenhando na ridicularidade. O que adianta uma cara esticadinha com um pescoço e mãos toda enrugadas? Melhor deixar a natureza seguir seu curso, embora eu nao seja contra a cirurgia plástica, mas que seja sem exageros, sem neuroses e numa corrida interminável para aplacar o tempo...
bjkas doces
Tais, também fico assustada com os exageros em busca do padrão do momento. Adorei seu passeio pela História, pois deixou claro que o padrão muda conforme os anos passam, revelando que a tão almejada beleza feminina varia - e muito! De fato, estamos na era da mulher biônica, fabricada para ser sensual, custe o que custar - seja dinheiro, seja saúde! Nada tenho contra quem busca a beleza e, para tanto, recorre aos recursos disponíveis, mas o exagero sempre será indicativo de doença. Nesses casos, recorrer a um psiquiatra seria mais adequado do que a um cirurgião, pois pessoas assim estarão sempre insatisfeitas consigo mesmas.
ResponderExcluirInteressante o texto e a aula de História, adorei! Beijos.
É verdade,Taís! Vemos cada horrorarda saindo de plásticas que é melhor não arriscar!rs...
ResponderExcluirEu, depois de ter tido tantas cirurgias graves e de verdade, por SAÚDE,não me arrisco a fazer essas por beleza. Me assumo assim e deu pras cuias,rs...
beijos,lindo domingo!chica
INFLÁVEIS
ResponderExcluirNada contra que pessoas tenham como sonho de consumo ou objetivo de vida tornarem-se mais bonitas, mais “clean”, mais malhadas ou mais atraentes. Ou que, por imposição da mídia e de uma suposta estética pós-moderna globalizada, sejam “obrigadas” a malharem e esfalfarem-se em academias, tantas e tão cansativas horas por dia. Nada contra que essa gente “produza” um físico padrão para se tornar inserida nas tribos supostamente saudáveis que circulam nas danceterias, shoppings e points da moda. Nada contra até, que por motivo de saúde ou estética mesmo, pessoas, - mulheres principalmente – se submetam às, tão na moda, cirurgias, lipos, spas e quetais de última geração, cujos custos econômicos fazem a fortuna dos vendedores de ilusões. Como disse o profeta: “Seu corpo é sua morada”. E ninguém contestará, porquanto na sua casa é você quem manda e poderá pintá-la ou reformá-la como lhe aprouver. O que queremos chamar a atenção é para o exagero. É o culto às formas superabundantes, sem trocadilho. Que grassam em todas as direções que nos voltamos.
Hoje tornou-se quase impossível olhar para uma beldade na telinha, numa revista ou noutro veículo de comunicação, sem que nos deparemos com seios, traseiros, coxas, lábios, narizes, panturrilhas ou outras partes menos votadas, infladas, moldadas, lipoaspiradas, siliconizadas e transformadas em esculturas grotescas, por demasia, por excesso. Peles esticadas como couro de tamborim fazendo contraponto com olhares envelhecidos e cansados. Seios volumosos sobrantes de roupas exíguas, contrastando com corpos esguios e anoréxicos. Narizes nórdicos em rostos gritantemente morenos-tropicais. Corpos com volumes ou falta deles visivelmente artificiais.
Quando o que predomina são essas deusas de silicone, não nos resta outra coisa senão sonhar com formas naturais, harmoniosas e não tão perfeitas, mas constituídas de carne e osso, como há pouco eram encontráveis. Quando tudo que existe são esses monumentos fartos e inverossímeis feitos pela mão do homem, ficamos a imaginar se o que as mulheres almejam é tornarem-se objetos sexuais de látex. Se assim é, fica mais fácil e barato adquirir no primeiro sex shopp uma boneca inflável. JAIR.
Olá Tais,tem um tempinho que não visito teu blog,estava com saudade de uma leitura atualizada,harmônica e bem distribuída...
ResponderExcluirAdorei tua crônica, acredito que somos aptos á beleza, pois amamos flores, montanhas, estrelas,a casa bem arrumadinha.Os índios amantes das belezas das florestas, pássaros, pintam o corpo, fazem seus cocares de penas também...
Claro que gostamos morar dentro de um espaço que caiba bem a nossa alma, e quando dedicamos algum cuidado a esse espaço, melhora a nossa auto estima, e tudo vai bem...
Mas, auto lá, sem agressões e loucuras em nome da beleza, pois naturalmente ela se faz compatível com o tempo que é, ao contrário do que pensam, o grande aliado da beleza , uma vez que esta se exterioriza e desabrocha de dentro para fora.
Amei!
Beijos!
Izildinha
Pois é Taís, vivemos a era do ridículo e, ao mesmo tempo, a da cegueira, afinal a mulher que acaba deformando o corpo com plásticas mal sucedidas não deve enxergar um palmo diante do nariz, não é possível!
ResponderExcluirSeu texto ficou um primor, gostei demais!
Beijos
Olá Taís! Eu sou o tipo daquele que só gosta do original, nada de pirata. Assim como nada de exageros, tudo no meio termo, nem gorda, nem magra. Bela crônica amiga! Parabéns!
ResponderExcluirAbraços e uma ótima semana pra ti e para os teus.
Furtado.
Tais, padrão é algo tão velho quanto o humano. Infelizmente a gente tá nesse barco de nos modelar a partir de um tipo singular. E queremos nos encaixar de qualquer forma.
ResponderExcluirA magreza absurda é um problema gigantesco. Busca-se por trás dessa beleza pouco apreciada, uma certa felicidade. Mas uma felicidade muito volátil. Vimos, há alguns anos, uma sucessão de mortes causadas pelos disturbios alimentares. Inclusive discursos de garotas que não se importavam com a morte. Há um resquício de razão nisso?
Vivemos num tempo que imagem é tudo. Conservar-se é primordial; talvez a idade seja um problema pior do que parece. Somos meio movidos pela felicidade alheia e esquecemos de notar que essa felicidade é comprada e artificial.
Que texto!
Parabéns.
Beijo
Cirurgia plástica reparadora? Claro que sim. Restauradora? Igualmente. Ninguém, homens incluídos, quer ter nariz de boxeador. O resto fica por conta e risco dos que se submetem aos procedimentos para parecerem Apolos e Afrodites.
ResponderExcluirQue belo retrospecto da moda que escraviza muitas mulheres! Adorei a crônica!Pessoas escravas da moda deixam de viver com serenidade trocando a paz por preocupações inexistentes.Vão em busca de uma falsa beleza que na maioria das vezes as deixam marcadas para sempre.
ResponderExcluirBeleza de tema.Serve como alerta.
Sempre me encanto quando passo por aqui.Bjs Eloah
ResponderExcluirOlá Tais,
Você fez uma completa e bela descrição da trajetória física feminina através dos tempos. Infelizmente, no mundo atual, a busca exagerada pelo padrão de beleza ditado pela mídia tem levado muitas mulheres a uma morte prematura ou até a deformidades terríveis por erro médico, que acabam destruindo os seus sonhos e mergulhando-as em depressão. Não sou contra cirurgias plásticas, desde que necessárias ou que venham resolver problemas corretivos que ferem a auto-estima. O que atrapalha é a fixação pela beleza. Nenhuma mulher é mais ou menos amada em razão de sua aparência exterior. A verdadeira beleza vem de dentro para fora.
Claro que a mulher deve ser cuidar, sentir-se atraente, mas os recursos existem independentemente da passagem pelo bisturi. O culto à beleza acaba afastando a mulher de sua essência e levando-a a uma vida de ansiedade e frustrações.
Perfeita a crônica.
Beijo.
Querida, voce esta absolutamente certa. Eu so vejo na televisao mulheres monstruosas, que tipo de padrao estético es ese? nao entendo...
ResponderExcluirSabe? suspeito que eu devo estar muito velha, nao consigo apreciar esta nova clase de "beleza feminina".
Saludos, beijos.
Taís, estive ausente porque minha sobrinha resolveu fazer aquela cirurgia do estômago, eis que muito além do peso ideal ela estava. Ficamos apavorados. Ela tem duas crianças pequenas, de 2 e 4 anos. É alta e bela, bastava enfrentar, com seriedade, a orientação dos médicos. Mas relaxou após os partos e só foi engordando. É muito bem humorada, o que torna sua companhia extremamente agradável. Mas cismou e tomou as providências. O marido concordou e nada podíamos fazer, senão rezar. Graças a Deus, tudo correu bem e ela está na fase dos líquidos. E nós, ansiosos para que todo o processo seja concluído.
ResponderExcluirVocê falou dessa obsessão pelo corpo perfeito e está corretíssima. As pessoas são amadas por algo que está muito além disso. Uma empresária mineira, jovem, morreu quando foi colocar silicone nos seios. É triste, realmente, as mulheres buscarem seguir padrões que, muitas vezes, nem combinam com seu tipo físico. Bjs.