2 de agosto de 2009

QUANDO NÃO SE DEVE VISITAR


Modigliani / expressionismo 1919

- tais luso de carvalho
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Não sei o que fazer para ter a calma que me pedem; liguei o rádio pela manhã e ouvi todos os óbitos causados pela gripe suína; fiquei informada da morte de uma ascensorista; de algumas gestantes que faleceram e mais outros tristes casos. Aí penso nas pessoas que cruzaram com a coitada da ascensorista dentro daquele elevador... E que devem estar meio apavoradas.
Somos aconselhados a ver filmes em casa; a não irmos a shopping e teatro; lavar dezenas de vezes as mãos porque tocamos em alimentos, em balcões, em dinheiro, em maçanetas, em bancos de ônibus, em cadeiras, em carrinhos de supermercados, em frutas e legumes. É perigoso de pegar o ‘bicho’ pelo nariz, boca e olhos! Tá difícil de ouvir e não se preocupar: o vírus da gripe 'A' fica cerca de 10 horas numa superfície como maçanetas etc. Já não beijo mais ninguém; deixo os dois beijinhos lá para outubro ou novembro.
Remédios? Só nos hospitais. O Tamiflu, e agora o genérico Oseltamivir, não são vendidos em farmácias, para evitar que o vírus crie resistência ao princípio ativo. Sim, porque quem de nós não pensou em fazer estoque? Se eu tivesse condições, compraria a farmácia...

Pois, com toda esse tumulto - que vemos pela televisão  -, ontem me aconteceu um fato inédito. E lógico, que entrei em pânico!

Sem que eu esperasse, bateu à minha porta uma pessoa que há muitos anos trabalhou pra mim: ela foi ao hospital - perto de minha casa - e depois veio me fazer uma visitinha. Ela e o filhote. Entraram, sentaram e começaram o teteté e tititi... Porém, me desceu uma ‘luz divina’ em perguntar, a ela, o que tinha ido fazer no hospital.
- Ah... Vim trazer o Andrezinho (25 anos, o mimoso), tá com 39 de febre, tossindo muito e cheio de dores... Fiquei amarela.  Uma pessoa infectada, sai de um hospital e vem direto pra minha casa bater um papinho? Oh, My God... O que está acontecendo?
O cara parecia uma metralhadora giratória: com os olhos vermelhos, marejados, tossia em todas as direções. Encheu minha sala de vírus! Comecei a me coçar toda. De nervosa. Tive pena, sim, mas isso não resolveria o problema dele. E nem o meu... Eu estava com urtiga, urtigão por todo o corpo! Pânico, a gente não controla.
Enquanto fui tomar um calmante, aproveitei para pensar o que deveria fazer? Não queria magoar as criaturas. Mas alguém ouviu minhas preces ou eu mostrei - no meu semblante – que o Andrezinho não estava muito inofensivo para fazer visita. Ficaram mais uns 5 minutos e foram embora. Mas me deixaram a dúvida: peguei ou não peguei?
Na madrugada, minha garganta deu sinal de vida: e eu não tinha nada de remédio, nem um Tamifulzinho... Levantei e fui fazer o que minha avó me ensinou: fiz gargarejos de água morna com sal: aos montes! Passei o dia me observando, e estou no pc tentando me acalmar.
Com essa aprendi: gripe? Não levo e nem aceito: fico em casa, incomunicável, chazinho e sem visitas! No ano passado, foram quatro mil óbitos – pela gripe comum – por complicações respiratórias.
Não quero gerar pânico, apenas mostrar um pouco do que certas visitas podem nos causar, e quando não se deve visitar ninguém!




13 comentários:

  1. Passei por aqui - e lhe estendo a minha mão solidária. Num momento assim, que podemos fazer? Lembra-se de frase: "Mineiro só é solidário no câncer"(Oto Lara Resende)? É só uma daquelas frases de humor (e meio inexplicáveis), mas eu me lembrei dessa triste solidáriedade. Esperar que o tempo passe, venha o calor, o vírus morra, viaje...
    Por enquanto, torcemos, rezamos e procuramos tocar a vida - sem nos afetarmos.

    Um grande abraço.

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  2. Eu já grito de dentro de casa, com a porta fechada, que não estou...

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  3. Taís,

    Ah, como ser não bastasse toda a desgraça de corrupção e estagnação que vivemos neste país, agora vêm as pestes! Ó Senhor, ajude-nos!

    Eu, da mesma forma que o José Carlos, já ia lhe estendendo a minha mão solidária, mas de repente a recolhi, pois lembrei: melhor não, melhor não...

    bjs (de longe)
    Cesar Cruz

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  4. A gente se cuida, se protege, e a coisa bate a nossa porta...que loucura! Ri tanto que não aguentei...fico imaginando a tua cara, e as estórinhas que iam se formando dentro da tua cabeça. Adorei a parte da garganta.
    Nem sei, se isso acontecesse comigo não sei como ficaria, pois com a gripe "normal", quando a pessoa vai tomar alguma coisa do meu copo, eu pergunto - tá resfriado!
    Se cuida Taís, pois agora eu estou fugindo até de espirro...kkkk!
    Bjs.

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  5. Imagino o quanto deve ter ficado agoniada! Eu tbm ficaria. Essa pandemia tá tomando proporções assombrosas, queira Deus q as consequências possam ser de alguma forma suavizadas.

    Grande abraço, Taís!
    Saudades de ti.
    LU MARIA

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  6. Olá Taís,
    Até meu último dia de férias no Ceará estive ótima.
    Mas peguei uma carona para Fortaleza o ar estava muito forte e no avião sentei próximo a três entes mascarados.

    Cheguei ao Rio de Janeiro completamente resfriada, arriei mesmo.

    Porém não fiquei desesperada e graças a Deus, não foi a gripe da moda, foi só um gripezinha fajuta, mesmo.

    Mas todo cuidado é pouco.
    Beijos,
    Dalinha

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  7. È sempre bom passar por aqui e ler tua cronicas...bem espero que a garganta seja apenas um alarme falso do que vc esperava...


    Ademerson Novais de Andrade

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  8. Q comédia Tais!!! estava lendo e rindo do seu relato rsss... tem gente tb que não tem senso né?? sabe que esta doente (sabe lá com o q rs) e ainda vai fazer visita... ninguém merece!!!rss...
    O jeito é fugir dessas visitas inesperadas rssss...

    Bjos e ótimo domingo pra ti!!

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  9. Aff, imagino que tenha melhorado, pois não tenho notando nenhum sinal de "mal suíno"...

    Fique com Deus, menina Tais.
    Um abraço.

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  10. rsrs, é Daniel, não foi desta vez... Nenhum sinal. Mas fiquei com medo da minha própria sombra!

    Obrigada!
    tais

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  11. Amiga Taís, a propósito, estou sem trabalhar esses dias e vou aproveitar para dar um pulinho a Porto Alegre te visitar. kkk

    Vou ter de passar uns dias na sua casa, pois morar em Goiás, é muito longe para eu me desabalar daqui só para te visitar e chegar e voltar logo e quero ficar em sua casa, pois temos muito o que conversar, e se ficar em hotel não vou aproveitar o tempo e tem outra, preciso de cuidados especiais pois estou com suspeita de ter contraido a Influenza A (H1N1). kkk

    Mas que coitada essa senhora, hein, Taís? A coitada se lembrou de você, foi ao hospital perto da sua casa e se lembrou de fazer uma visitinha cordial. Isso que é amizade!

    Que inocência, não é, amiga? E ela deve ter pensado: Deus não mandou a gente dividir com o próximo? Deve ter dito pro Andrezinho: Vamos lá dividir essa novidade com a dona Taís, meu filho!

    E tem outra, Taís, "se Maomé não vai à montanha, a montanha vai a Maomé" evitas sair, ir ao teatro, ao cinema, usar o transporte coletivo, ir a supermercado, quando vai, nem pensa em pegar o carrinho, não entra em elevador junto com outras pessoas para não encontrar o vírus e o vírus vai até você.

    Isso que poderíamos dizer que é o cúmulo da comodidade, nem precisas sair de casa para encontrar-te com o vírus.

    Não tem "presente de grego"? Pois é, tem também "visita de grego". kkk

    Muito bom seu texto, Taís, em cada parágrafo, dói a barriga de tanto rir. Além de muito bem escrito, cômico.

    Podes ficar tranquila, Taís, eu levo uma maleta cheinha de Tamiflu, e juro que divido com você, pois aprendi com essa senhora a dividir as coisas.

    Apraz-me ler-te!
    Um abraço,
    Lúcia.

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  12. Não!!! Fica por aí, toma tamiflu, muita água, descansa e manda e-mail... E toda a minha solidariedade!

    Felizmente não peguei, estou normal. Mas é algo que assusta um pouco, amiga Lúcia, ainda mais a criatura saindo do hospital direto pra minha casa.

    Esta vou ficar devendo pra algum santo, talvez pra Nossa Senhora dos Aflitos...

    beijão, amiga, te cuida.
    tais

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  13. Anônimo17:44

    Boa Noitinha Tais.
    Ler tuas crônicas é sempre como se eu lesse um livro imenso em poucos minutos.E que nesse livro, além de todas as informações a respeito do assunto, sempre houvesse uma pitada de humor.
    Falando sério, uma secretária lá de minha escola, foi assim de imediato, voltou do hospital gripada...mas sarou, agora depois de uns 15 dias o filho está com o tal vírus Influenza.Tuas escritas tão claras e verdadeiras, são o há de melhor.
    Tua fã e amiga.
    izildinha

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Muito obrigada pelo seu comentário
Abraços a todos
Taís