- Taís Luso
Por ser tão desigual o comportamento humano, ora generoso e doce, ora arrogante e covarde, tudo pode nos pegar de mau jeito e nos surpreender. Não existe coisa mais desagradável e mais estressante do que conviver com gente comandante . Isso só se admite nas Forças Armadas. Na Sociedade Civil irrita.
Chega uma certa altura da vida, que estamos saturados de tantas intromissões, e gritamos por liberdade. Não aquela liberdade para transgredir ou aquela coisa conquistada aos trancos para mostrar poder ou sentir o ego em ascensão. São as amarras que nascem na infância quando buscamos o aval dos pais e mestres, quando buscamos aprovação. E assim, a gente segue na vida sem se dar conta.
Inicialmente buscamos aprovação nos primeiros anos de colégio e seguimos a vida buscando aprovação como boa filha, como ótima esposa, como ótima profissional, como ótima mãe, dona de casa, ótima avó... Ótima em tudo!
Lembro, de quando estava entrando na adolescência, ouvi várias vezes minha mãe dizer:
- Seja mais simpática com a dona Adelaide, não 'empaca', minha filha...
Ora, porque eu deveria ser simpática com uma criatura, se ela não me descia, era um tanto indigesta; por que eu deveria conquistar sua simpatia e não ela a minha?
Como eu gostaria que certas coisas, naquele tempo, se repetissem hoje, e na hora certa! Não me permitiria mais nenhum sofrimento; não me deixaria machucar, e nem uma resposta chula! Eu sou administradora da minha felicidade.
Em geral as pessoas tentam impor suas ideias, seus gostos, suas vontades na conhecida crítica construtiva. Como é difícil lidar com esse tipo de gente.
Temos de gostar de Carnaval e extravasar toda a alegria contida; temos de gostar de vinho porque é chique e romântico; temos de comer Escargot porque é uma iguaria chique; o mocotó porque é cultura regional; a feijoada porque é tipicamente brasileira, patriota; gostar de futebol porque é o esporte das massas...caso contrário é preconceito. Pelo amor de Deus...deixem a criatura tomar cerveja na hora em que quiser!
Então a gente empurra o difícil Escargot pra evitar um confronto filosófico com os supostos requintados; comemos as patas, o bucho e as tripas do boi (mocotó) para evitar o confronto com os regionalistas; comemos os pés, as orelhas, o rabo e a costela (feijoada), e entupimos as nossas coronárias porque nos passaram um convite de honra para uma festinha e contam conosco. E vamu qui vamu!
Incomoda ter de seguir uma modinha e deixar de lado nossas roupas preferidas para não sermos chamados de brega; incomoda a pergunta, safadinha, se sua filha casou ou vai ficar pra titia; incomoda a discussão pela nossa escolha ideológica; incomoda-me o gerenciamento de uns na vida de outros. Incomoda-me a hipocrisia. Incomoda-me, sobretudo, a dor da injustiça. Talvez uma casa no campo...
Onde eu possa ficar no tamanho da paz
e tenha somente a certeza
dos limites do corpo e nada mais.
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Minha querida, hoje estou assim, com cabeca de vento, desgostado, desilulido. As pessoas aproveitam da nossa boa fe para fazer farra as nossas custas...Mas amanha sera outro dia.
ResponderExcluirEsta semana os meus progenitores cumprem 52 anos de felicidade em conjunto e eu vou celebrar com eles e muito. Isso sim, sao coisas importantes. O resto, os que chegam, os que passam, os que ficam, tudo muito relativo e temporario...
Um grande beijo respeitador para si e obrigado por estas palavras, que inconscientemente, me fizeram um grande favor. Boa noite
Taís:
ResponderExcluirEsse seu texto é maravilhoso, nossa quantas vezes temos que engolir sapos e lagartos para sermos aceitos,porém, eu pessoalmente estou na fase de me agradar mais do que agradar os outros.
beijos,
Hua, kkk, ha, ha, achei hilário o teu desabafo, mas esquecemos o que mais importante é agradarmos a nós mesmos (e sem ofender o proximo no processo)...
ResponderExcluirFique com Deus, menina Tais.
Um abraço.
Beleza Tais, o negócio é chutar a lata rs... "responder" a família,a coisas impostas que nunca nos pergutaram se queríamos ou não, se estavamos a fim, muitas vezes seguimos sem nem ao menos questionar pra gente mesmo. Com a maturidade, quando a realidade nos incomoda, descobrimos que temos que mudar e aí, tal qual Psiquê,vamos realizando a difícil tarefa de separa as sementes, para descobrir quem somos e o que queremos realmente.O que é nosso e o que não é,foi imposto. E vamos por aí com nossa bandeira de liberdade, conquistar o direito de usar e se comportar com nossa própria expressão. Nos amar em primeiro lugar, para termos prazer com o que está dentro de nós, não dos outros. bjs e adorei sua expressão. Chuta a lata! rs...bjs
ResponderExcluirOi Tais,
ResponderExcluirVoltei com saudades!
Que texto menina.
Tem gente tão intrometida que não nos deixa ser nós mesmo. Tenho uma amiga que não se conforma porque eu não gosto de cerveja, acha isso impossivel...imposssivel?
bjs
Querida amiga Tais.
ResponderExcluir"E vou empacar, mãe, cada vez mais! É saudável."
Estou totalmente de acordo. Eu também sou contra aquilo que se chama de "politicamente correto".
Vamos "empacar". Vamos dar "trancada" na hora H.
Um beijo minha boa amiga.
Victor Gil
Adorei o seu canto!?
ResponderExcluirÉ aquela história de blog de amigo meu, parei aqui. Já vesti o seguidora.
A gente passa a vida fazendo o que precisa, engolindo o que não gosta, aturando o que enrosca. O resultado é alegria aparente e coração despedaçado.
Me sinto tanto assim, às vezes. E é tão bom sentir que alguém sente como eu e, mais que isto, faz o que eu preciso aprender: se libertar.
Vai muito além do perceber, é o entender que no final da vida é você contra você.
Taí! Gostei
Te entendo, minha cara... Te entendo... Também ando de saco cheio de ter de ser tão politicamente correto. Às favas, com alguns chatos desses!
ResponderExcluirAliás, aprendi que é impossível agradar a todos. Uma frase de que gosto, e que não me lembro quem foi o autor, diz algo assim:
"Se queres agradar a todos, não faça, não seja e não ache absolutamente nada"
Verdade, né?
Outra coisa que esta tua crônica me fez lembrar, é de que temos de aprender a dizer não. Ah, como é duro fazê-lo... Neste quesito eu ainda estou em processo de aprendizado, tenho de confessar! Um bom tema para uma crônica, hein? "O não". Pode usá-lo se quiser. Confesso que eu não saberia desenvolver tal tema, já que quase não consigo dizer os nãos que deveria dizer...
bjão
Cesar
É isso aí amiga Tais
ResponderExcluirPassamos a vida representando naquele enorme palco e quando decidimos que não mais seremos atores todos nos olham de cara feia, reprovando nossa atitude como se estivessemos cometendo um crime mortal.
O duro da autenticidade é que se deve ser autêntico desde o início de nossas vidas. É muito dificil querer mudar o jogo no meio.
Um abraço
Tais adorei o seu texto! Engolir sapos para estar politicamente correta é péssimo!
ResponderExcluirBjs
Lindo dia.
O seu excelente texto sobre Inri Cristo foi linkado.
ResponderExcluirHá uma quadra célebre de um poeta popular português, António Aleixo, que diz mais ou menos isto:
ResponderExcluirEu não sou esperto, nem bruto,
Nem bem, nem mal educado.
Sou apenas o produto
Do meio em que fui criado.
Isto só para dizer que muitos dos nossos actos são comandados do exterior devido à pressão e censura social. É assim com a bebida, com o tabaco, com as drogas... A atitude do grupo comanda a vontade individual.
E quantas vezes seguimos o rebanho mesmo tendo vontade de ir por outro caminho?
Este tema dava "pano para mangas" e possivelmente não chegaríamos a uma conclusão que servisse todos.
Mas a abordagem aqui feita é realmente fantástica e muito oportuna.
Parabéns.
Incomoda também toda vez que uma criatura humanóide sabe que sou vegetariano e berra escandalosamente e horrorizada, sei lá por qual motivo:
ResponderExcluir- VOCÊ NÃO COME CARNE NÃO? VOCÊ COME O QUE ENTÃO?
Eu respondo pacientemente:
- Estanho derretido.
Estive por aqui relembrando certos incômodos!
Olá Taís,
ResponderExcluirDesde que me conheço como gente, conheço-me como exceção e jamais tive vocação para regra.
E você me fez lembrar uma passagem: Temos uma casa de campo em Cachoeiras de Macacu, estado do Rio de Janeiro. É um lugar bem agradável e para nosso lazer temos uma piscina.
Todo final de semana aparecia um amigo para se refrescar e passar o final de semana. Cada dia que se passava a “clientela” aumentava. Não mais só amigos. Eram os amigos dos amigos.
E eu cada vez mais atolada na cozinha, pilotando um fogão enquanto os convidados ficavam iguaiszinhos a panquecas na frigideira, virando de um lado para o outro até dourar.
Eu que nunca fui uma flor de fineza, já estava de medidas cheias. Até que uma ilustre desconhecida, amiga de amiga, exigia comida na hora certa, pois estava com crianças.
Eu fiz pouco caso, e a belezura foi até meu marido para ele tomar as providências.
Ele já com “umas” na idéia falou assim mesmo na frente de todos:__ Lourdinha, você não sabe receber mesmo!!!!!!!!!!!!!!!! Ai eu peguei o paninho de prato que estava no ombro joguei de lado e respondi: Eu só não sei receber quem não sabe chegar!!!!!!!!!!!! Foi a mesma coisa de jogar sal em cururu. Foi gente pra todo lado. Desde esse dia tenho tomado banhos e mais banhos de piscina sem intromissão de estranhos ou de amigos folgados.
Não engulo tudo que querem me enfiar de goela à dentro. Deixo de ser um amor de pessoa para ser verdadeira
Beijos,
Dalinha
Thaís,
ResponderExcluireste texto é fabuloso!Um verdadeiro grito de liberdade.
Concordo contigo, acho que com a idade, adquirimos o estatuto de poder"empacar" à nossa vontade!!!
Um abraço*
PS-fiquei fã, vou voltar sempre!
Deus me livre, amiga, conviver com gente "comandante", principalmente, quando essa gente não comanda porcaria nenhuma, só quer comandar.
ResponderExcluirÉ verdade, Taís, com o passar do tempo, percebemos quantas aprovações necessitamos.
Por que temos de ser "ótimos" em TUDO???
Desde pequeninos temos mesmo de aprender a ser simpáticos, mesmo sem querer. Coisa ruim isso, não? O engraçado de tudo isso é que nos ensinam também a não sermos falsos. Mas como não aprender a falsidade, se temos de fingir que gostamos de quem não engolimos?
Muito interessante você dizer nestes termos, que nos fazem gostar das coisas por uma questão de cultura. Muito legal mesmo!!!
AMEI, amiga Taís!!! Você consegue nos prender. Você faz-nos lembrar de coisas que nem mais nos lembrávamos.
Aí, a gente fala: "Me deixa! Vê se me erra! Vai ver se eu estou na esquina!" Para não mandá-los para outro lugar, não é, amiga?
Como sempre, Taís, é um prazer ler-te!
Um abraço,
Lúcia.
Ai Tais, como sempre dando um show!
ResponderExcluirEu tenho 16 anos, ainda sou uma adolescente! Imagine só como as pessoas ainda tentam me moldar!
Não quero que isso soe como um desabafo mas, ultimamente andam me impondo a presença de uma pessoa que não é muito gentil comigo. Sabe estamos quites ele não vai com a minha cara e eu nã vu com a dele. Mas tudo que eu posso fazer é sorrir. E a vida segui.
Ao ler seu texto percebi que não sou a unica que se senti assim. Adora meu cabelo cacheado, as músicas que escuto e o meu jeito! Não precisams mudar, não é mesmo?
Bjão!
Como eu compreendo...
ResponderExcluirTambém muitas vezes respondia á altura a gente dessa e a minha mãe ainda me criticava a mim!
É triste...mas eu nem da minha própria mãe consigo aprovação.
Porque temos de ser nos a rebaixarmo-nos e não o contrário? Estou farta.
Sei que sou jovem,mas já me apercebi de tudo o que voce escreveu.
Gosto do seu blogue.
Apesar de sermos de países diferentes,somos pessoas com coisas em comum.
beijo.
vc conseguiu expressar todos meus pensamentos. parabéns pelo entendimento e dedicação. wagner
ResponderExcluirRsrsrsrs Esta sua crônica foi um verdadeiro grito de independência! Faz algum tempo que dei o meu: assumi as coisas que realmente gosto, que me fazem bem e que estão de acordo com meus valores. Para as outras, digo NÃO convicto e sem qualquer remorso. Sem medo da opinião alheia inclusive. Afinal, temos breves anos de passagem por esta terra, não merecemos viver engolindo goela abaixo os desejos dos outros, em detrimento dos nossos! Autenticidade é de que o mundo precisa. Saber empacar em relação a algumas situações faz um bem enorme!
ResponderExcluirAdoro suas crônicas! Já passou da hora de dormir, e eu continuo por aqui, lendo sempre mais uma... Obrigada por compartilhar tanto talento! Beijos.
Eu não gosto de festas e nem sou namoradeira, meus amigos não entendem isso, dizem q n aproveito a vida, mas acontece que quando estou em alguma festa, não consigo me sentir feliz. As pessoas acham q ficar em ksa n é aproveitar a vida,mas, para mim ser feliz é fazer as coisas que gosta.
ResponderExcluirTaís,
ResponderExcluirCheguei no seu blog jogando a palavra "intrometida" no google... rs. Fiquei muito feliz em encontrar seu blog e este seu texto que tanto se encaixa nos meus sentimentos. Por exemplo, contrariando expectativas, só casei quando realmente quis, aos 45 anos, e fui tão feliz antes (perguntavam: como pode?)como sou agora, quando perguntam: como não vai ter filhos? Que saco! Dou-me ao luxo de contrariar expectativas alheias, sim, mas nunca contrario minhas necessidades, urgências e valores. É isso que faz a gente viver bem! Muito prazer! Passe conhecer meu blog, se curtir poesia. Bjs.
Olá, Esther, bem-vinda ao blog! Quanto ao texto... Se cada um cuidasse da dua vida acredito que seríamos muito mais felizes. A intromissão das pessoas é algo tremendamente desagradável. E a mim, me tira do sério. Mas é com o amadurecimento que tomamos certas atitudes, e usando um termo meio chulo, 'chutamos o balde'!
ExcluirMuito obrigada por sua visita. Irei conhecer seu blog, sim.
Bjs.
Estou cansada também de ter que ficar inventando desculpas para ser diferente...adorei o seu texto, porque fala exatamente do que hoje me deixa extremamente incomodada...pôxa, varias vezes passei por situações em que fui convidada para reunioes em bares e festas em que não sentia vontade de ir, justamente porque não gosto da pessoa que me convidou, e odeio esse negócio de falsidade, em que fingimos nos importar com as pessoas. Não é assim! E várias vezes tentei recusar arranjando uma desculpa qualquer, de que não poderia porque meu namorado não estaria para ir comigo ou algo assim, e me deparo com críticas sobre como eu deveria agir no meu namoro! poxa, se Eu gosto de sair só na companhia do meu namorado, é problema meu, e outra, que se eu quisesse dizer a verdade, que na verdade eu não queria ir porque não gosto da pessoa, eu seria rechaçada, porque simplesmente essa sociedade não aguenta a sinceridade!
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