1 de outubro de 2014

O MEU PAÍS


Declamado por João de Almeida Neto


O MEU PAÍS -  de Livardo Alves / Orlando Tejo / Gilvan Chaves  

Um país que crianças elimina;

E não ouve o clamor dos esquecidos;
Onde nunca os humildes são ouvidos;
E uma elite sem Deus é que domina;
Que permite um estupro em cada esquina;
E a certeza da dúvida infeliz;
Onde quem tem razão passa a servis;
E maltratam o negro e a mulher;
Pode ser o país de quem quiser;
Mas não é, com certeza, o meu país.


Um país onde as leis são descartáveis;
Por ausência de códigos corretos;
Com noventa milhões de analfabetos;
E multidão maior de miseráveis;
Um país onde os homens confiáveis não têm voz,
Não têm vez,
Nem diretriz;
Mas corruptos têm voz,
Têm vez,
Têm bis,
E o respaldo de um estímulo incomum;
Pode ser o país de qualquer um;
Mas não é, com certeza, o meu país.


Um país que os seus índios discrimina;
E a Ciência e a Arte não respeita;
Um país que ainda morre de maleita, por atraso geral da Medicina;
Um país onde a Escola não ensina;
E o Hospital não dispõe de Raios-X;
Onde o povo da vila só é feliz;
Quando tem água de chuva e luz de sol;
Pode ser o país do futebol;
Mas não é, com certeza, o meu país!


Um país que é doente;
Não se cura;
Quer ficar sempre no terceiro mundo;
Que do poço fatal chegou ao fundo;
Sem saber emergir da noite escura;
Um país que perdeu a compostura;
Atendendo a políticos sutis;
Que dividem o Brasil em mil brasis;
Para melhor assaltar, de ponta a ponta;
Pode ser um país de faz de conta;
Mas não é, com certeza, o meu país!


Um país que perdeu a identidade;
Sepultou o idioma Português;
Aprendeu a falar pornô e Inglês;
Aderindo à global vulgaridade;
Um país que não tem capacidade;
De saber o que pensa e o que diz;
E não sabe curar a cicatriz;
Desse povo tão bom que vive mal;
Pode ser o país do carnaval;
Mas não é, com certeza, o meu país!



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29 comentários:

  1. Na proporção exata das verdades exibidas, o poeta faz da poesia sua voz, sua denúncia mais que real.
    Contundente poema que rasga os véus das fantasias midiáticas.

    Bravo \o/
    Abraços, Taís e, grata por compartilhar.
    Calu

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  2. Belo poema escolhido minha amiga Taís, lamentamos tanto que assim seja esse lindo e rico pais, que é mesmo rico e lindo, mas muito mal governado, pena!
    Abraços apertados!

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  3. Taís Lindo adorei imenso de ler.
    Beijos
    Santa Cruz

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  4. Com toda certeza... também não é meu país!
    Excelente poema político-cidadão!
    Abraço.

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  5. Vamos ter a oportunidade agora de "mudar" alguma coisa... As eleições estão aí beirando as nossas portas. Mas o povo anda tão descrente dos seus governantes que ao ser perguntado em quem vai voltar, chega um cidadão e diz: vou procurar um candidato que seja o menos pior entre os piores...
    Que tristeza ouvir uma declaração como esta!
    Neste poema, João de Almeida Neto, este grande artista, soube retratar com fidelidade toda a mazela que assola o nosso país. Um poema de uma cadência riquíssima para ressaltar com tristeza o que se tornou o nosso país. Imagino como deve ter doído na sua alma fazer esta constatação em versos tão carregados de verdade.
    Com toda a certeza: ESTE NÃO É O NOSSO PAÍS!
    Brilhante a tua postagem, oportuna para o momento em que estamos vivendo.
    Que pelo menos nas estrelas que povoam o nosso céu interior possamos encontrar os sorrisos que mereciam estar no rosto dos brasileiros.
    Com carinho,
    Helena

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  6. OI TAÍS!
    JOÃO DE ALMEIDA NETO, DE FORMA LÚCIDA E POÉTICA NOS MOSTRA QUE NÃO É, NA VERDADE O "MEU PAÍS", NEM DE NINGUÉM QUE AME A PÁTRIA AMADA BRASIL.
    UMA ESCOLHA MARAVILHOSA E PERTINENTE.
    ABRÇS
    http://zilanicelia.blogspot.com.br/

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  7. Olá Taís! Fiquei muito feliz com a tua visita e, principalmente, pelas belas e carinhosas palavras de felicitações inseridas no teu comentário, quando da passagem do meu aniversário. Muitíssimo obrigado de coração.

    Se o país não é do João Almeida, com certeza, meu também não é. Rsrs. Belo e pertinente! Gostei bastante! Com ênfase para a estrofe abaixo:

    Um país que perdeu a identidade;
    Sepultou o idioma Português;
    Aprendeu a falar pornô e Inglês;
    Aderindo à global vulgaridade;
    Um país que não tem capacidade;
    De saber o que pensa e o que diz;
    E não sabe curar a cicatriz;
    Desse povo tão bom que vive mal;
    Pode ser o país do carnaval;
    Mas não é, com certeza, o meu país!

    Abraços,

    Furtado.

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  8. Olá! Além de tudo uma forma de expressão maravilhosa! abraços

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  9. Que belo poema... E atualíssimo!
    Com certeza amiga, este não é o meu...o nosso país!
    O que é uma pena... Um país abençoado por Deus, agora nas mãos desses corruptos.
    Beijos amiga,
    Linda tarde pra você!
    Mariangela

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  10. Oi Taís! 0/
    Primeiro, obrigada pelo carinho e atenção que tem dado à minha Coluna. Ela ainda está engatinhando no mundo dos blogs. Adorei tudo o que escreveu, principalmente na postagem da Emanuelle, você é uma querida. :)
    Já tinha lido esse poema aqui mesmo, costumo vir aqui de madrugada, hehehe e tu me apresentou um poeta que eu não conhecia. Concordo com ele em quase (quase!) tudo sobre o nosso país. Mas dizer que é do futebol depois do mico do 7x1 da Copa é um pouquinho demais! hahahaha! Mico histórico! Combinou com a situação, é rir para não chorar.
    Não sei se tu viu o vídeo que o Silas Malafaia fez contra a Dilma que defende terrorista. Olha, achei um tanto falacioso, tem umas coisas lá que dá para notar que não eram cristãos sendo mortos, por causa da aparência islâmica de alguns de barba, mas com certeza tinha muitos cristãos ali também. Cenas bem chocantes, horrorosas! Não recomendo aos mais sensíveis e acho até inconsequente pessoas liberando em redes sociais como o Face onde A GENTE SABE que é proibido, mas TEM MUITA CRIANÇA que acessa com ou sem o consentimento dos pais SIM!
    Eu, que quando saio na rua ou quando alguém que amo sai não tenho certeza da volta. Eu, que dependo da precariedade do transporte público. Eu, que quando fico doente ou minha mãe fica, tenho que fazer escândalos por não ter um plano de saúde e depender do SUS, infelizmente, tenho que ser realista e dizer: ESTE É O MEU PAÍS! É UMA DROGA! NÃO VEJO PREVISÃO DE MELHORAS, MAS É A REALIDADE!
    Beijos querida nova amiga e volte sempre que quiser, eu estarei sempre por aqui. :)

    http://colunadami.blogspot.com.br

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  11. Taís, li, reli, me encantei nas duas vezes. A capacidade do autor de levantar questões tão importantes, sem atenção por parte do governo, merece aplausos. Colocou em evidência problemas que todos percebemos e situações que vivenciamos, já sem esperança de mudança. Com sensibilidade e talento, mostrou seu inconformismo e decepção. Fiquei feliz por ter tido a oportunidade de ler esses versos. Bjs.

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  12. Maravilha....Que Bela Escolha.....Era o texto
    que apetecia ler no momento...vou reler..jà volto...

    Esperemos que venha aí uma melhoria.......mas
    continuará a ser o país que os irmãos Brasileiros (e nós) adoraremos sempre..
    Boa reflexão......e fé em Deus...
    Bfs
    Abraço

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  13. Minha querida amiga Tais, João de Almeida Neto faz parte de minha vida musical, na adolescência curti muita música nativista (hoje ainda,um pouco menos),de onde conheço ele, dos festivais, é uma voz única (junto com meu saudoso Cesar Passarinho) nos pampas,e esta poesia só me faz gostar mais deste homem, lúcido como tuas crônicas e belo e suave como é a poesia,embora o tema nos faça sofrer. Aguardo ansioso uma resposta do povo brasileiro nas urnas.
    ps. Todo meu carinho meu respeito e meu abraço.

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  14. Pior que o país que não é de J. Almeida é muito parecido com o meu país! Gostei muito desta publicação. Ainda tenho esperança de poder mudar o meu país. Um abraço

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  15. Olá, Taís Luso

    Parabéns, por nos brindar, com um poema vivo, de alma, do dia a dia.
    Abraços

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  16. TAIS,

    tristeza e constrangimento cívico , absolutamente bem elaborado pela competência deste do João Almeida Neto cuja, consciência de cidadania fica aqui explicitada!

    Um abração carioca.

    Um abração carioca.

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  17. Taisamiga

    Voltei à tua companhia; o Crónicas das Minhas Teclas está em “hibernação”, mas não está parado; (diz-me sff se gostas deste título e ou não gostas). Se for não, alvitra um título que eu analisarei e se entender que será melhor, o aceitarei. É, pois,um desafio que te lanço. Muito obrigado.

    Mas por agora quero dar-te a informação de que já acabei o texto, o Leonel Gonçalves está a ver o dito e… a Raquel também. É uma mulher de armas, sempre pronta a ajudar-me!...

    No dia 16 deste mês começa a edição: capa e miolo vão entrar na impressão e, depois, vou pensar na distribuição que seja a melhor. E a publicidade? O editor e eu estamos carentes de euros e será a que for possível com a participação de quem queira também publicitar junto das Amigas e dos Amigos, o que desde já agradeço muito. Vou ainda tentar junto da malta amiga da comunicação social que façam o que melhor entenderem.

    Está também a ser estudado o local do lançamento; tem de ser mais ou menos espaçoso e com boas condições. E não muito caro… Enfim, trabalha-se. E espero em breve dar-te uma novidade que entendo excelente…

    Porém, neste interregno, voltarei a visitar-te e a comentar-te como é meu apanágio. E naturalmente a avisar-te sobre o local, o dia e a hora do lançamento. Queria-te lá, mas estás no Brasil: para te ver e/ou conhecer pessoalmente e ver… te comprar muitos exemplares pois poderás dá-los às tuas Amigas e aos teus Amigos, como prenda de Natal; um livro dum Portuga é sempre coisa diferente… rrrrrrsssss…

    Qjs

    Este texto é único e vai repetir-se pelos blogues e comentadores e colabores que me têm acompanhado; infelizmente não posso avisar e comentar uma a uma ou um a um. Desculpa

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  18. Esse poema tem que viajar para Brasília...
    MARAVILHOSO!!!
    Taís, beijos!

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  19. Conheço esses versos na voz de um cantor nordestino de Forró, e também gravada por Zé Ramalho, muito boa e bem feita.

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  20. Amiga Tais, eis as nossas feridas, as nossas mazelas...
    Para que haja mudanças neste país é necessário que a mentalidade geral mude também, do contrário, 'tudo continuará como dantes no quartel de Abrantes'
    Um abração. Tenhas uma linda semana.

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  21. Tais, gostei e aprecei esta tua postagem que aproveitando os primorosos versos do brilhante autor, enfatizas a indignação aos descuidos dos governantes para com o povo, - o maior patrimônio que um país possa ter.

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  22. Que maravilha! Ganhei duas honrosas visitas da minha amiga Tais Luso. Olha, vou te contar, esse poema e aquele do Vinícius (Pátria minha, patriazinha, não rimas com mãe gentil...tô lembrando de cabeça, desculpe), são um retrato senão perfeito, mas muito próximo da nossa terrível realidade. Parabéns pela escolha!
    Sobre as "medalhinhas do falecido Eduardo Campos", não sei se serve de esclarecimento, mas uma prima minha que mora em Pernambuco contou-me que foram encontradas mesmo. Minha amiga, eu só sei que essa é mais uma entre as muitíssimas tragédias desse nosso estranho país.
    Obrigada e um carinho imenso por ti e tuas postagens tão conscientes, amiga! Bjssss

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  23. Hola Tais!
    (tienes parentesco con Pedro Luso?)...

    Un blog muy interesante el tuyo... Me quedo para seguir conociéndote.
    Me gustó el poema. Muy honesto, transparente; un retrato hablado del país...

    Gracias por acompañarme en mis blogs. Eres bienvenida.

    Abrazos desde Chile!

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  24. Olá, doce Taisinha, escolheu um belo e instigante poema. O João de Almeida Neto deve ser um grande compositor, pelas palavras tão bem ditas, pelo raio-x desse pais que, a mim também, desaponta. Eu também, se pudesse, migraria para um outro pais, onde as pessoas seriam respeitadas como um todo. " Um país que perdeu a identidade;
    Sepultou o idioma Português;
    Aprendeu a falar pornô e Inglês;
    Aderindo à global vulgaridade;" É de doer o coração. O povo perdido, sem certezas das suas escolhas, por não crer em nenhuma delas, é muito triste. Um povo sem consciência, pela falta da 'educação.' O dia do voto, aqui, se transformou em dia de reencontros; rever os antigos colegas e amigos. O povo já não sabe a quem escolher, a quem creditar os seus votos, amiga.
    Grande poeta, desenhou o país com palavras. Esse país, não me representa.
    Obrigada, querida, pela visita e pelo comentário lúcido e amoroso, como sempre.
    Beijinhos doces no coração e na alma. E que tenhas uma semana de paz e luz!!!!
    <3

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    1. Pra que não sejamos injustos...grande interpretação do nosso João de Almeida Neto...mas, a autoria da poesia é de Livardo Alves, compositor Paraibano, em 1979...inicialmente censurada pela ditadura, foi interpretada em 1994 em forma de música, por Zé Ramalho.

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  25. Um compositor que sabe mostrar aquilo que muito gostariam de dizer.
    Um abraço

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  26. Olá Tais,

    Ele foi fundo nessa composição.
    Excelente na forma e no protesto, embora desalentador.
    Nem sobrou nada para acrescentar, pois os versos retratam com propriedade a situação reinante no país e que é objeto da nossa indignação.

    A tela da Tarsila do Amaral é fantástica e deu uma bela casada com a composição de João de Almeida Neto.

    Beijo.

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  27. lindo demais João de Almeida Neto

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Muito obrigada pelo seu comentário
Abraços a todos
Taís