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Jaime Vaz Brasil
Elas
chegam e pedem por seus filhos
que
sumiram num tempo desumano
quando
espadas forjaram soberanos
e
o expresso da morte ganhou trilhos.
Quando
aportam na praça dos lamentos
como
barcos perdidos na neblina
a
esperança navega, clandestina,
mas
Caronte transporta seus rebentos.
Nessas
madres loucas
o
vazio replanta
a
semente morta das esperanças tantas.
Suas
vozes duras
quase
em desatino
clamam
por justiça,
choram
seus meninos.
Elas
rezam e renovam suas sendas
num
protesto refeito a cada instante
onde
a crença, já quase agonizante,
nas
vigílias constantes de remenda.
O
poder, aninhado em mãos tiranas,
inseriu
dentro delas os seus gumes
e
nas dores que guardam, se resume
a
história latino-americana.
Essas
madres loucas
a
erguer retratos
são
do povo triste
um
espelho exato
e
seus lenços brancos
aves
peregrinas
a
voar, imóveis,
sobre
a Argentina.
______________________ Punhais do Minuano, WS editor - 1998 (pg 40)
Jaime Vaz Brasil, nasceu em Bagé - 1962, é psiquiatra e escritor gaúcho. Diretor técnico e docente do Instituto Fernando Pessoa. Possui seis livros publicados e recebeu vários prêmios literários e em festivais de música. Dentre eles, o Prêmio Açorianos de Literatura e o Prêmio Felippe d'Oliveira. Alguns dos poemas foram musicados, e há dois livros com os poemas em cd: "Os Olhos de Borges", musicado por vários compositores, e "Pandorga da Lua", musicado por Ricardo Freire.
Maravilhosa e intensa poesia do Jaime! Gostei muito! beijos, lindo domingo! chica
ResponderExcluirConhecendo e aprendendo sobre o autor.
ResponderExcluirUm poema que diz muito às mães que sabem da loucura que é o amor por seus filhos!
Ótimo destaque você deu Taís, ao Jaime - sua vida e obra.
Obrigada!
Abraço.
Belíssimos versos sobre tema tão triste...
ResponderExcluirParabéns ao Jaime Vaz Brasil!
Beijos, Taís!
Soneto-acróstico
ResponderExcluirJoga aquelas palavras com perfeição
Ataca os malditos com golpe certeiro
Indene a vedetismos seus versos são,
Mexe com crueza acúlea no vespeiro.
Efetivo neste ataque àquela opressão
Vai à batalha íntegro, de corpo inteiro.
Ainda que as mães lamentem em vão
Zéfiro de justiça desfará esse nevoeiro.
Bem colocada essa tal poesia protesto
Reduz os bárbaros ao que são: tiranos
Asnos peçonhentos de cérebro infesto.
Sente dor de mãe que por muitos anos
Insiste na Plaza de Mayo em manifesto
Lutar contra os amaldiçoados insanos.
Versos comoventes sobre um tempo negro da história latino americana. Beijos, Tais!
ResponderExcluirOlá Tais,
ResponderExcluirUm poema tocante.
A ditadura deixa rastro de sofrimento onde quer que se instale. Pobres mães! É triste, sem dúvida, mas é bonito ver que elas nunca desistem de sua luta. Dificilmente elas terão o alívio de recuperar os restos mortais de seus filhos ou mesmo a graça de saber o que aconteceu com eles.
Não conhecia o autor. Apesar do tema triste, o poema é brilhante.
Feliz semana.
Beijo.
Hermoso poema de Jaime Vaz...recoge todo el fuerte sentir emotivo, sufrimiento de las madres en la Argentina por sus hijos desaparecidos.....herida que nunca cerrará en países , en su gente ,donde la dictadura causó tanto daño...
ResponderExcluirFuerte abrazo, gracias por compartir este hermoso poema
Desde Chile
Cristina
Olá Taís! Confesso que não conhecia o Jaime Vaz Brasil, com certeza se fará presente na minha relação dos grandes poetas brasileiros. Ótima escolha! Belo poema, com enfase para a estrofe abaixo:
ResponderExcluirNessas madres loucas
o vazio replanta
a semente morta das esperanças tantas.
Suas vozes duras
quase em desatino
clamam por justiça,
choram seus meninos
Beijos,
Furtado.
Olá Taís! Boa Noite!
ResponderExcluirMuito belo poema do Jaime!
E sobre um tema tão tocante, ainda nos dias de hoje!
Muito boa postagem!
Beijos e beijos mil
http://simplesmentelilly.blogspot.com.br/
UN POEMA QUE ALTERA EL ALMA. MUY HERMOSO TEXTO!!! GRACIAS POR COMPARTIR.
ResponderExcluirABRAZOS
Olá, Reitih, bem-vindo ao blog e muito obrigada pela sua presença.
ExcluirAbraços aqui do Brasil!
Um belo poema sobre um triste acontecimento.
ResponderExcluirUm abraço, Élys
Poemas de intervenção são um modo de lutar pelo que não é certo e seguro.
ResponderExcluirBelíssima e oportuna composição.
Beijos
SOL
Eis um bom poema sobre um momento muito triste no país do hermanos.
ResponderExcluirUm abraço. Tenhas uma linda tarde de quarta-feira chuvosa!
Só por esse final: "
ResponderExcluirEssas madres loucas
a erguer retratos
são do povo triste
um espelho exato
e seus lenços brancos
aves peregrinas
a voar, imóveis,
sobre a Argentina", desenhou um retrato exato das dores dessas Mães da Praça de Maio.
Momentos tristes da política argentina, que ainda hoje, não virou para sempre, aquela página negra da história!
Abraços!
VitorNani & Hang Gliding Paradise
Manchas que recaem sobre nações e que nunca serão apagadas. Essas mães nunca desistiram, mesmo sabendo que não poderão enterrar seus filhos. Há governos que destroem famílias e esse lado escuro da Argentina permanecerá sem luz. O poema traz uma descrição de muita beleza e sensibilidade. O autor é deveras talentoso. Bjs.
ResponderExcluirAs "Mães da Praça de Maio" - amor-dor até à morte.
ResponderExcluirbj amg