Adélia Prado - Prêmio Camões 2024 |
PEDIDO DE ADOÇÃO / Adélia Prado
Estou com muita saudade
de ter mãe,
pele vincada,
cabelos para trás,
os dedos cheios de nós,
tão velha,
quase podendo ser a mãe de Deus
— não fosse tão pecadora.
Mas esta velha sou eu,
minha mãe morreu moça,
os olhos cheios de brilho,
a cara cheia de susto.
Ó meu Deus, pensava
que só de crianças se falava:
as órfãs.
________________________________________
Prado, Adélia
Oráculos de Maio / Adélia Prado – São Paulo
Siciliano, 1999 – pág 59 / 4ª edição
Nascida em 1935, cidade mineira de Divinópolis / Minas Gerais, Adélia é formada em Filosofia.
O estilo original e tocante da poesia de Adélia Prado está mais uma vez presente nessa sua obra Oráculos de Maio que privilegia a religiosidade, a reflexão e a memória. A forma com que ela consegue dar valor às coisas simples, comove o amante da poesia e o presenteia com a força da comunhão de suas palavras.
A poesia de Adélia evidencia o tom coloquial e o registro oral, sua linguagem desprendida transfigura o uso vulgar da língua numa manifestação verbal fecunda e única. Obras da autora:
Poesia Reunida 1990
Cacos para um Vitral 1991
Os Componentes da Banda 1991
O Homem da Mão Seca 1994
Oráculos de Maio 1999
Manuscritos de Felipa 1999
_____________________//_____________________
Es un bello poema Me gusto conocer a esa autora. Te mando un beso.
ResponderExcluirBoa noite de Paz, querida amiga Taís!
ResponderExcluirCom seus 88 anos, ainda vai lançar um livro. Que exemplo!
Mereceu o prêmio Camões.
O poema que você escolheu é espetacular.
"Quase podendo ser a mãe de Deus
— não fosse tão pecadora."
Perfeita consciência da nossa condição humana.
Tenha uma nova semana abençoada!
Beijinhos
Felizmente ainda tenho mãe e pai.
ResponderExcluirQuase a chegar aos 90, ambos, mas vivos.
Beijo
Prezada Taís,
ResponderExcluirAdélia certamente sabe como colocar em palavras o sentimento de órfãos.
Perder uma mãe tão jovem é horrível.
De fato, ela usa bem os ingredientes-chave: religiosidade, reflexão e memória.
Essas são posses quase sagradas de nossas almas.
Abraços,
Mariette
thanks for your sharing
ResponderExcluirMuito bonito!
ResponderExcluirGosto da escrita da Adélia Prado. Tenho três livros dela, dois de poesia e um de contos (Soltem os Cachorros).É uma figura muito simpática (pelo que já vi em algumas entrevistas).
Boa semana:))
Adélia é maravilhosa e escolheste uma entre tantas belas poesias! Ótimo dia! beijos, chica
ResponderExcluirQuerida amiga Taís,
ResponderExcluirA escritora e poeta (ela não gosta de ser chamada de poetisa), “Adélia Luzia Prado de Freitas”, mineira da cidade de Divinópolis, assim como meus saudosos pais e avós também eram mineiros (de outras cidades), foi a vencedora do “Prêmio Camões” deste ano (2024) , o mais importante prêmio literário da língua portuguesa.
Certa vez perguntei à “Adélia” como ela encara o envelhecimento e ela respondeu sabiamente:
“Douglas, com frescor e ternura eu avanço para me tornar uma flor, e não uma anciã”.
Bela lembrança!
Beijos e vamos em frente!!!
Boa tarde Taís
ResponderExcluirVocê escolheu um poema muito bom de Adélia Prado.
Gosto de esta autora, mas não conhecia este poema.
Mereceu bem o Prémio Camões.
Boa semana com saúde e harmonia.
Um beijo
:)
Muito lindo poema! Não só crianças são orfãs, quem nunca teve esse sentimento?
ResponderExcluirParabéns a Adélia Prado.
Grata.
Beijinhos.
Si toda obra de esta autora es como nos muestras, nos demuestra que no hace falta buscar palabras grandilocuentes para la poesía.
ResponderExcluirSaludos.
Uma digna vencedora do prémio Camões. Sem dúvida uma excelente poetisa, como demostra este belo poema que aqui partilhou, amiga Taís.
ResponderExcluirÓtima partilha, de homenagem a este senhora das letras, e da poesia.
Votos de feliz semana, com tudo de bom.
Beijinhos, com carinho e amizade.
Mário Margaride
http://poesiaaquiesta.blogspot.com
https://soltaastuaspalavras.blogspot.com
Lindo o poema de Adélia Prado escolhido, Taís
ResponderExcluirOs pais do meu marido moravam em Divinópolis.
Conheço a cidade.
Muitos beijinhos
Verena
Seu comentário entrou sim, Taís;
ResponderExcluirfui eu que estive fora da rede.
Amei a premiação objeto de sua
publicação. Bjkas da Alice
Também estou " com muita saudade de ter mãe " e sei que tu, querida Taís, te sentes, como eu, " uma órfã ", já não sendo criança Estas, de certeza que têm um maior sofrimento por não entenderem a morte e, se a nós nos faz falta a Mãe , imagina a uma criança. A minha mãe viveu muito, a um mês de fazer noventa anos e ela costumava dizer que não era velha, mas, sim, que tinha muita idade e era isso mesmo. .Agora, Taís, somos mães e um dia partiremos deixando esse sentimento de orfandade nos nossos filhos e só espero que, quando isso acontecer, eles pensem o mesma que esta Senhora, " que " tenham saudade de ter mãe ". Sabes, Taís, perder uma mãe é uma dor imensa, mas perder um filho? Falo disso, porque ainda não me recuperei da noticia que tive há dias; uma senhora ( quase com 90 anos) de quem gosto muito perdeu uma filha que eu conhecia bem, mas, o problema é que talvez há 6 meses essa senhora tinha perdido uma outra, mais nova do que esta, as duas vitimas de câncer, Tem só a mais nova e há muito é órfã de mãe, de pai; é também viúva. Imagina, no mesmo ano perdeu marido e duas filhas ...Não tem um dia que não me lembre dela e no grande sofrimento que está a passar,
ResponderExcluirNão conheço a obra de Adélia Prado, mas sabia que tinha ganho o Prémio Camões. Foi muito merecido, sim! Obrigada, Taís, por me teres dado a conhecer este poema tão terno que me deixou nostálgica, mas que me fez pensar no tanto que devo à minha Mãe e no tão pouco que fiz por ela; fiz o meu melhor, mas fica sempre a sensação de que não foi o que ela merecia. Beijinhos, querida Amiga e fica bem, com saúde, especialmente. 🙏 🌻 🌻
Também perdi a minha mãe há dois anos...que saudade.
ResponderExcluirPrémio merecido para uma poetisa excepcional. Gosto muito de a ler.
Um abraço
Ótima lembrança para uma postagem: os versos e livros de Adélia. O poema é lindo. Também sou um órfão de 59 anos...acho que você sintetizou bem a escrita de Adélia: "linguagem desprendida" - é isso mesmo.
ResponderExcluirGosto muito de Adélia Prado que mais de uma vez já publiquei . E fiquei feliz quando soube que foi a vencedora do Prémio Camões.
ResponderExcluirAbraço e saúde
Difícil não se comover quando lemos sobre mães.
ResponderExcluirCabe o infinito nessas três letrinhas _ ah ,como são felizes quem as tem.
Adélia Prado é ótima, ela escreve essas coisas lindas :
"Uma ocasião,/meu pai pintou a casa toda/de alaranjado brilhante.
Por muito tempo moramos numa casa,/como ele mesmo dizia./
constantemente amanhecendo." Assim que imagino uma casa com uma mãe.
Só imagino! não sei que saudade é essa que me bate quando falo em mães... saudade do que não vivi.Taís
Beijinhos , amiga querida
.
Querida amiga precioso poema, no conocia a este autor.
ResponderExcluirMe emociono leerte.
Que tengas un bello dia.
Abrazos y besos
Querida Taisamiga
ResponderExcluirÉ, sem dúvidas, a maior poeta viva do Brasil e tenho quase todos os livros dela, embora como sabes, sou mais de prosa. Mas Adélia Prado é... Adélia Prado e por algum motivo, além de no ano corrente ter sido galardoada com o maior prémio cultural em língua portuguesa, o Camões também neste mesmo ano recebeu o Machado de Assis - o mais importante do Brasil.
Esta tua publicação revela, uma vez mais a atenção com que segues as ligações culturais luso-brasileiras. Aliás, encontrei-me com Adélia em 1985 aquando do encontro entre autores de língua portuguesa aqui realizado em Portugal. A ela ouvi uma frase que registei, não garantindo a sua exactidão: «... mulher é desdobrável. Eu sou.»
Beijo & queijo
Henrique
Gracias por darla a conocer. Me gusta mucho su poema.
ResponderExcluirUn abrazo.
Em "Pedido de Adoção", presente na coletânea "Oráculos de Maio", Adélia Prado nos presenteia com um poema carregado de emoção e pungência, tecendo um retrato íntimo da dor da perda materna e do profundo anseio por acolhimento. Belíssima homenagem , Tais! Obrigado por compartilhar ! Beijos.
ResponderExcluirOlá, amiga Taís
ResponderExcluirPassando por aqui, relendo este excelente post de homenagem a Adélia Prado, que muito gostei, e desejar uma feliz fim de semana, com tudo de bom.
Beijinhos, com carinho e amizade.
Mário Margaride
http://poesiaaquiesta.blogspot.com
https://soltaastuaspalavras.blogspot.com
Taís:
ResponderExcluirel recuerdo de una madre siempre trae "saudade" y si se expresa con palabras tan bonitas, la añoranza es más fuerte.
Abraços.
Não conhecia.
ResponderExcluirBeijinhos
Uma bela e feliz escolha da obra de Adélia que a traduz em parte. Eu me encanto com esta simplicidade, este olhar para os movimentos a sua volta e daí uma reflexão sempre palpável. Este final é fantástico Taís. Vejo em Adélia e Rubem Alves algo que me encanta talvez seja esta simplicidade de poetizar.
ResponderExcluirUm bom lindo fim de semana amiga.
Bjs de paz.
Feliz porque a minha Mãe sempre me acompanhou até ao seu fim. Fui a adopção que produziu ao fazer-me nascer de si.
ResponderExcluirEste "PEDIDO DE ADOÇÃO" de Adélia Prado leva-me a outras lembranças de meninos amigos e conhecidos desda a minha infância. Uma Homenagem que vale ouro.
Obrigado pela escolha, Taís.
Beijo,
SOL da Esteva
Linda escolha para homenagear esta grande escritora. Esta semana o nosso circulo de biblioterapia teve como temática as obras dela. Foram potentes as trocas iluminadas pelos seus poemas e contos. Boa noite.
ResponderExcluirBoa noite, amiga Taís
ResponderExcluirPassando por aqui, para desejar uma feliz semana, com tudo de bom.
Beijinhos, com carinho e amizade.
Mário Margaride
http://poesiaaquiesta.blogspot.com
https://soltaastuaspalavras.blogspot.com
Adélia Prado sabe tocar-nos o coração com palavras que também sentimos. Gosto muito da poesia que escreveu.
ResponderExcluirUma boa semana, minha Amiga Taís.
Um beijo.
Nunca li livro nenhum dela... Tenho que o fazer!
ResponderExcluirMinha querida Taís, carinhoso abraço, boa semana :)
Adélia Prado merece a sua linda homenagem, Tais.
ResponderExcluirPoema forte e maravilhoso.
Um abração
Querida Taís
ResponderExcluirTão linda a Poesia de Adélia Prado. Uma forma de escrever
que nos toca profundamente, que quase nos fala, porque
diz as coisas como se estivesse a contar-nos a sua forma
de sentir.
O Prémio Camões, o mais alto galardão da Língua Portuguesa,
foi muito bem entregue e eu congratulo-me com isso.
Adorei o Poema que aqui transcreveu, minha amiga.
Beijinhos
Olinda
Querida Tais, paso a dejarte un saludo, que tengas un feliz y bendecido día.
ResponderExcluirAbrazos y te dejo un besito
Bom dia Taís,
ResponderExcluirQue poema tão belo da Grande Adélia Prado.
Não conhecia e adorei.
Muito obrigada por ter partilhado esta pérola da Poesia.
Beijinhos,
Emília
So beautiful.
ResponderExcluirwww.rsrue.blogspot.com
Querida Taisamiga
ResponderExcluirVolto a atacar: este comentário não é um... comentário! É um alerta e uma ordem! Mando-te que vás ao «Duas ou três coisas», o blogue do meu grande Amigo (que entre muitos cargos importantes, foi embaixador de Portugal no Brasil e prefaciou e apresentou as «Crónicas das Minhas Teclas». Lá verás uma publicação estratosférica: um retrato a cores e em alto contraste da Kamal com uma legenda genial: «YES WE KAM!»
Conta ao teu Pedro, que ele bem merece e assim escuso de escrever dois espantos iguais... Preguiçoso...
Beijos & queijos
Henrique