Tenho medo. A tarde é cinzenta e a tristezado céu abre-se como uma boca de morto.Tem o meu coração um pranto de princesaesquecida no fundo de um palácio deserto.
Tenho medo. E me sinto cansado e pequenorefletindo a tarde sem meditar sobre ela.Na cabeça doente não cabe um meninosonhando, assim no céu não caberá uma estrela.
Nos meus olhos, no entanto, uma pergunta existe,um grito em minha boca e a boca não grita.Não há órgão que escute minha queixa mais tristeabandonada em meio à terra infinita!
Vai morrer o universo em sua calma agoniasem a festa do sol e o crepúsculo verde.Agoniza Saturno e sua pena me enlia,a terra é fruta negra que o céu nunca perde.
E pela vastidão do vazio vão às cegasas nuvens que entardecem, são barcas perdidasque esconderam estrelas rotas nas adegas.Cai a morte do mundo sobre a minha vida.
________________________________Pablo Neruda – Crepusculário / L&PM – pg 115
21 de fevereiro de 2009
TENHO MEDO - - Pablo Neruda
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Olá, Taís! Estava com saudades de ler teus textos sempre tão sóbrios e fluentes. Abraços e mto axé!
ResponderExcluirLU MARIA
Hum, que maravilhoso este teu blog aqui, acreditas que só agora que me dei conta deste aqui.
ResponderExcluirAmeiii, assuntos variados.
bjs