- tais luso de carvalho
Ninguém mais pensa em desconectar, em parar de fazer algo por alguns momentos do dia. Não dá mais. Precisamos trabalhar muito, o dinheiro anda cada vez mais escasso. Sei disso.
Dormir um pouco mais? Hã? Cai fora, isso dá culpa. Tempo é dinheiro: o negócio é trabalhar, é produzir à exaustão para ter um pouco mais de conforto. Para uns, é questão de sobrevivência – entendo, país pobre... Para outros, os mais sortudos, uma casa na praia, uma na Serra, o carro do ano, viajar como um alucinado, roupas de grife e, no final, deixar um belo testamento... Também entendo. O ser humano é assim: quando tem o que mostrar, não mede as consequências e quase se mata. Mas a vida cobra:
Coitado! Já era... Mas viveu feliz, teve tudo o que quis – diria alguém, lá no velório do falecido. Será?
E depois do coitado ter se matado de trabalhar, nada vai mudar por aqui: a vida vai continuar a mesma: com seus terremotos, furacões, enchentes, os animais sofrendo nas mãos dos homens, epidemias se espalhando e os homens se matando barbaramente. E por nada. Será que vale tanto o sacrifício?
Desaprendemos a ficar um pouco na inércia. A cadeia de obrigações com hora marcada, a pressão no trabalho, preocupações com a família e ainda manter um certo status econômico geram o maldito estresse. Estresse que abre as portas pra tudo. Assim estamos nós, meio vulneráveis, uns coitados, num planeta em extinção. Credo.
Nossas férias tornaram-se um pesadelo: temos pouco tempo para conhecer o mundo que nos rodeia, pois o laptop e o celular não tiram férias... Vão juntos e solidários na alegria e na tristeza, até que a morte nos separe.
Mas, enfim, cheguei ao meu momento de reflexão: agora estou dando mais valor à paz de espírito e à saúde. Estou dando prioridade ao essencial, e quero fazer jus ao que mereço: já briguei; já sofri; já tive minhas perdas; já entrei em discussões que nada acrescentaram. Mas contudo, sou feliz. Temos momentos de felicidade e momentos de tristeza.
Esta crônica nasceu num dia em que resolvi acordar mais tarde... Depois, veio chegando - de mansinho -, uma culpa desgraçada, como se quisesse me dizer: hei, sua preguiçosa, vai ficar aí esticada até quando? Putz...
Naquele momento, senti que precisava mudar o rumo das coisas, e resolvi desafiar antigos conceitos que absorvi da própria sociedade. Eu só quero poder reger a minha vida e como um maestro: pegar a batuta e escolher a melodia que for melhor pra mim, no meu compasso.
Dormir um pouco mais? Hã? Cai fora, isso dá culpa. Tempo é dinheiro: o negócio é trabalhar, é produzir à exaustão para ter um pouco mais de conforto. Para uns, é questão de sobrevivência – entendo, país pobre... Para outros, os mais sortudos, uma casa na praia, uma na Serra, o carro do ano, viajar como um alucinado, roupas de grife e, no final, deixar um belo testamento... Também entendo. O ser humano é assim: quando tem o que mostrar, não mede as consequências e quase se mata. Mas a vida cobra:
Coitado! Já era... Mas viveu feliz, teve tudo o que quis – diria alguém, lá no velório do falecido. Será?
E depois do coitado ter se matado de trabalhar, nada vai mudar por aqui: a vida vai continuar a mesma: com seus terremotos, furacões, enchentes, os animais sofrendo nas mãos dos homens, epidemias se espalhando e os homens se matando barbaramente. E por nada. Será que vale tanto o sacrifício?
Desaprendemos a ficar um pouco na inércia. A cadeia de obrigações com hora marcada, a pressão no trabalho, preocupações com a família e ainda manter um certo status econômico geram o maldito estresse. Estresse que abre as portas pra tudo. Assim estamos nós, meio vulneráveis, uns coitados, num planeta em extinção. Credo.
Nossas férias tornaram-se um pesadelo: temos pouco tempo para conhecer o mundo que nos rodeia, pois o laptop e o celular não tiram férias... Vão juntos e solidários na alegria e na tristeza, até que a morte nos separe.
Mas, enfim, cheguei ao meu momento de reflexão: agora estou dando mais valor à paz de espírito e à saúde. Estou dando prioridade ao essencial, e quero fazer jus ao que mereço: já briguei; já sofri; já tive minhas perdas; já entrei em discussões que nada acrescentaram. Mas contudo, sou feliz. Temos momentos de felicidade e momentos de tristeza.
Esta crônica nasceu num dia em que resolvi acordar mais tarde... Depois, veio chegando - de mansinho -, uma culpa desgraçada, como se quisesse me dizer: hei, sua preguiçosa, vai ficar aí esticada até quando? Putz...
Naquele momento, senti que precisava mudar o rumo das coisas, e resolvi desafiar antigos conceitos que absorvi da própria sociedade. Eu só quero poder reger a minha vida e como um maestro: pegar a batuta e escolher a melodia que for melhor pra mim, no meu compasso.
Olá, Taís. Gosto de vir aqui. Continue a reger a sua vida, mesmo fora do compasso, mas sua.
ResponderExcluirAbraços.
Tais, depois que descobri (tardiamente?) que o trabalho compulsório enobrece só o dono do capital, relaxei. Trabalho, mas com a criação e arte, que é o que importa para a sobrevivência do espírito. Para a da carne, a gente vai levando, a gente vai levando, a gente vai levando... /Adorei o seu blog e o estou seguindo. abraço. Paz e bem.
ResponderExcluirUma bela reflexão exposta em uma bela crônica.
ResponderExcluirAbraços,
mR.
Tatá,
ResponderExcluirSabe que neste domingo, domingo de uma semana absolutamente caótica, eu fiquei o dia inteiro na cama apenas assistindo filmes - foram 3.
Mandei a culpa embora.
Como sempre, adoro o que escreves.
Beijos e saudades.
Bom dia Taís.
ResponderExcluirAs vezes é preciso parar mesmo.Esquecemos de cuidar da gente,de nos mimar um pouco, não é verdade?
Tem uma crônica de Marina Colasanti,que gosto muito,e que fala desta nossa acomodação e da maneira como vamos levando a vida:"Eu sei que a gente se acostuma, mas não devia.".
Um abraço tbm pelo "Dia Nacional da Posia".Numa bela prosa, encontramos as vezes,uma bela poesia.
Um abraço e uma linda semana.
Emília
Bom dia Tais!
ResponderExcluirPassei para informar que já foram publicados no meu blog os 13 textos que estão a concurso.
Pedia-lhe que desse o seu voto em comentário.
Obrigado e uma beijo
Perfeito teres levantado este assunto, Tais. Eu também sofro de uma terrível crise de consciência a cada vez que me dou uma folga qualquer, por menor que seja. Vida besta... Às vezes fico tão cansado das coisas terem de ser assim...
ResponderExcluirbjão
Oi Tais
ResponderExcluirA muito tempo descobrir que preciso de um tempo para mim. Aprendi a priorizar as coisas e a valorizar as coisas simples. Tenho o suficiente para viver de forma tranquila e o resto seria um luxo desnecessário. Assim levo uma vida muita legal.
Beijos
Concordando contigo, acrescento mais: minhas citações que me dão suporte...heheh
ResponderExcluir"Ser um ser permissível a si mesmo é a glória de existir."
Clarice Lispector
“Tudo o tempo leva.
A própria vida não dura.
Com sabedoria,
colhe a alegria de agora
para a saudade futura.”
Helena Kolody
Tais,Clarice,Helena...certíssimas!
Maravilhoso texto!! tomar a vida nas mãos é tudo que se precisa!!
ResponderExcluirTem selinho pra vc lá no blog, passa buscar, tá?
Bjos
http://baliar.blogspot.com/2010/03/selo.html
Porque a vida passou antes que pudéssemos viver ...
ResponderExcluirBeijos.
Ufa!! Tem toda razão.
ResponderExcluirbeijos
Pois é, cara Taís, o segredo é SE PERMITIR...a gente passa a vida se cobrando e, por consequência, cobrando dos outros...quando nos damos conta, a vida se foi...eu agora, me permito...acho que essa é a grande sabedoria do amadurecimento...
ResponderExcluirBeijinho.
Ótima crônica Taís. Ah se levássemos a vida mais a sério todos os dias e desligassemos o "modo automático", e simplesemente viver, deixar a vida fluir, sentir a vida surgir. Enfim nada melhor que viver!
ResponderExcluirAbraço
É, a preguiça, definitivamente, não é motivo pra sentirmos culpa ou angústia, apenas não podemos deixar q nos impeça de realizar aquelas atividades tão importantes e, ao mesmo tempo, consideradas simples e desnecessárias. Belo texto!
ResponderExcluirMenina, ele não tinha tudo o que queria, pois faltou o tempo para aproveitar o que ele queria, ou lutou para conquistar...
ResponderExcluirFique com Deus, menina Tais Luso.
Um abraço.
Que delícia de descoberta, nunca é tarde para sermos felizes, só depende de nós, o mundo não vai mudar enquanto nós não mudarmos primeiro. Um abraço!
ResponderExcluirTais,
ResponderExcluirpegar na batuta e ser maestro da nossa própria vida é o que deveriam fazer todos os seres humanos. Só cada um sabe o que sente, o que o faz feliz, que passos tem dar para sentir que não passa pelo planeta em vão.
Não só de pão vive o homem... muitas vezes é preferível ter menos um carro ou fazer menos uma viagem mas, viver mais tranquilo observando toda a beleza da vida e da natureza. Celebrar cada pequeno momento e vivê-lo intensamente.
Este é um texto para todos reflectirem e mudarem o que é preciso mudar nas suas vidas ..enquanto é tempo!
o meu abraço
Pois, é Taís!
ResponderExcluirViver neste mundo que nos obriga ao compasso alucinante dos avanços tecnológicos é cada vez mais difícil. A gente voa, sem perceber, no ritmo do sopro desse estranho vento, preocupados em adaptar-nos a esse infinito tudo que tem sempre que ser "de última geração".
E lá vamos nós, meio robôs, meio gente, apertando sempre novos botões e teclados; já ficando um tanto destreinados de olhar o céu, de ouvir o canto dos pássaros, de sentir perfume das flores, e principalmente de sentir a nós mesmos como parte dessa natureza, que nos manda vários e importantes recados, sempre ignorados, porque não estão lá, entre os inúmeros e-mails que a gente "precisa" abrir todos os dias.
Viver é tão mais simples. Mas o homem segue, pelo poder ou pelo dinheiro, fazendo o planetinha "girar" cada vez mais rápido, e nem se dá conta de que talvez seja este o motivo de estar tonto, - a procura de si mesmo.
Vamos nos permitir, sim. Voltar a ser o que sempre deveríamos ter sido...
Gosto muito de te ler, Taís!
Bjs e inté!
Se não tivermos tempos para nós mesmos, quem nos concederá este tempo tão precioso?
ResponderExcluirSe não aproveitarmos enquanto carne viva, quem sabe o que encontraremos enquanto espírito?
Vivamos o que nós podemos concretizar e deixemos para sonhar as vidas improváveis.
Direto do Rio.
Beijão.
Concordo com vc, pois de que adianta correr tanto, para onde vamos? O que pretendemos encontrar? Temos que viver um dia após outro, até porque não podemos prever aquilo que acontecérá, então por que não esperar pra ver?
ResponderExcluirInclusive nesta minha atual postagem, eu faço minha introdução falando que muita gente só trabalha por causa de dinheiro, e outros fazem de sua rotina de trabalho um lazer, e é isso que tento fazer, e acho que consigo...rsrsrs...pois viver de arte neste país, tem que ter dom, e amar aquilo que faz.
Me desculpa, mas esqueci de me despedir...rsrsrs...
ResponderExcluirBjos pra vc.
Waleria Lima.
Sempre valorizei o momento. Ambição? Não tenho! Preciso de muito pouco para ser feliz. Só se vive uma vez e não se sabe quando se vai embora. Portanto...
ResponderExcluirBjkas, lindona!
Olá Tais!
ResponderExcluirÉ por crônicas assim que eu adoro o seu blog!
Parece que foi feito pra mim!...rss
Há muito aprendi a dar um tempo pra mim... depois de anos sentindo culpa por coisas que não conseguia fazer...sempre atolada nos compromissos e responsabilidades.
Adorei o texto...e, se você me permite, vou levá-lo comigo...publicar no meu blog.
Meus amigos merecem ler esta reflexão!
Uma grande e carinhoso abraço...
Lia
www.liaks25.blospot.com
Oi Tais!!
ResponderExcluirObrigada por liberar sua crônica.
Estou levando comigo e publicando no meu blog!
Passa lá pra ver...
Beijos
Lia
www.liaks25.blospot.com
Oi Tais...eu de novo...rsss
ResponderExcluirPor um lapso, esqueci de mencionar o teu blog na minha postagem...agora coloquei o link do teu blog, para que meus amigos possam visitá-la e apreciar as coisas lindas que você escreve.
Tenho certeza que eles vão adorar!
Beijos
Lia
Olá Tais! Estive visitando o espaço da Sandra quando lá encontrei uma bela crônica de tua autoria, como também, um convite para visitar o Porto das crônicas, invadi, gostei e não resisti em dizer que a crônica é muito verdadeira e muito bem coordenada. Espero que sirva de lição para àqueles que vivem exclusivamente para o trabalho. Com certeza aqui voltarei para apreciar os teus posts.
ResponderExcluirBeijos pra ti e para todos os teus.
Furtado.
Olá. Vim aqui por sugestão da Lia. Tudo muito bacana, de bom gosto. Parabéns!
ResponderExcluirSeu texto é perfeito...um retrato fiel da sociedade moderna, ávida, alucinada por "ter", bem mais do que "ser".
Beijos...boa noite.
Tenha um ótimo final de semana, lindona!
ResponderExcluirBjkas, muuuitas!
Olá Tais, não conhecia esse seu lado de cronista, me surpreendi de forma extremamente positiva. E como comentei no blog da Linara, o meu amadurecimento trouxe a necessidade de momentos de quietude.
ResponderExcluirbeijinho
lá no Longevidade, tem uma brincadeira pelo dia do blogueiro que foi ontem...
Oi, Silvia, que bom vê-la aqui!
ResponderExcluirMas acho que confundiste este blog com o meu outro, o DAS ARTES, que só trato de artes.
Este – o PORTO DAS CRÔNICAS, é de Literatura, e aqui só escrevo crônicas.
Um grande beijo, amiga, e obrigada pela visita neste blog.
tais
Já te cumprimentei por esse texto belíssimo e reflexivo no blog da Lia. Segui seu rastro de sensibilidade e poesia e já te sigo pra não te perder...Bjs querida, parabéns pelo espaço.
ResponderExcluirlindo texto..ótima reflexão.. faz a gente pensar em como esta vivendo.. adorei.. saudade de vc.. vc está bem ? linda tarde cheinha de paz e amor...beijão
ResponderExcluirOlá
ResponderExcluirBoa Semana.
Renata
Ah Tais, que engraçado. Eu tenho pensado nisso, de dimiuir o ritmo e tenho conseguido. Mas já faz tempo que venho nessa. Mas te digo...às vezes vem mesmo uma culpa, ou uma vergonha.....ai, a gente não tem jeito mesmo.
ResponderExcluirTaís, muitas vezes pego-me pensando em tudo que você escreveu... sinto que meu dia precisa ter 48 horas pra ser feito tudo que precisa ser feito... e que eu deveria ser de aço.
ResponderExcluirNa verdade... acho que o problema não a falta de tempo pra fazer o que necessita ser feito. mas sim a necessidade de se libertar das preocupações e dúvidas... é pensar que vai dar certo antes de ter começado... e dormir em paz só por causa disso!
Bjs!
E foi exatamente isso que vim fazer!
ResponderExcluirParar e viver...ver e ler meus amigos
de blog.
Querida Tais, é preciso romper essa
'roda viva' que nos impomos!
Ela nos tritura, nos mói e nos cospe fora, sem dó.
Abraço carinhoso!
Não só concordo , como vivo isso.
ResponderExcluirAmei tudo que li.VOU VOLTAR! Levei este post para meu BLOG (Eles escreveram ...) veja lá!!
Bjos
De longe um dos mais belos textos visto aqui e em qualquer outro lugar. Muitos parabéns
ResponderExcluirOlá Tais,
ResponderExcluirtotalmente de acordo e plena da prática,o tema não só me reflete o atual cotidiano,como foi motivo há dois anos atrás da minha feliz resolução de aposentadoria.Estou me divertindo com o tempo que passei a dispor.È pura arte do viver!
Paz e Luz,
Calu