- Taís Luso de Carvalho
Quando se é jovem parece que o tempo que se tem pela frente é infinito, aquela coisa do 'dá e sobra'. Sobra tempo pra se correr atrás do supérfluo, da fama, do belo, de dançar, nadar, estudar, praticar esporte, viajar para os lugares mais exóticos do planeta e conhecer gente muito diferente, tão diferente que talvez nem exista! Haja fôlego.
Porém, um dia a gente pega mais idade e encara o que a vida não esconde. Com o tempo a coisa fica diferente, mas num ponto bom, como os melhores vinhos. Não dá para nos amarrarmos à eterna juventude como se nela morasse toda a felicidade. Ela é rápida, tanto quanto a vida.
Conheci uma pessoa que ao aposentar-se entrou na onda de viajar. Claro, por que não? Tinha em mente conhecer o mundo, e lá se foi ela com uma amiga mais jovem e com outro pique de vida. Passou um mês batendo canela pelo continente asiático, tudo um pouco apressado. Foi a muitos lugares, mas, na verdade, pouco viu de toda aquela beleza. Pouco desfrutou. Voltou muito cansada, não aguentou o tranco. Sua viagem deveria ter sido feita com mais calma, mais estudada e menos alucinante. A melhor viagem é aquela que traçamos dentro do nosso ritmo e do nosso gosto.
A rotina assusta muitas pessoas. A calmaria é confundida com tédio. Vejo pessoas da 3ª Idade se mexendo como adolescentes: nadam, dançam, viajam, estudam num ritmo pesado. Não leva muito tempo para sentirem-se demolidas, mas não desconfiam da causa. Calma, amiga! Que montanha-russa! Para onde esta gente quer ir com tanta pressa?
Com o passar do tempo deu para perceber que não quero isso pra mim, e nem aguentaria tal tranco. Quero ter calma e poder ver na rotina algo saudável, como realmente é. Não sei por que a rotina é tão mal falada; ela tem seus encantos, já é nossa velha conhecida, não há muito desgaste.
Lembro de uma vez que fizemos uma dessas viagens estabanadas com uns amigos, fomos em três carros para a Argentina e Uruguai, ambos países ao sul do meu estado. Tudo foi muito divertido e também cansativo, um frio imenso! Teria sido uma ótima viagem se feita no nosso ritmo e mais programada.
Também temos de pensar com quem viajar, isso é fundamental.
Olá Tais
ResponderExcluirVocê tocou num ponto muito importante. Parece que virou moda a idéia de que é preciso viver, conhecer, disfrutar, usufruir, como se nos restasse apenas mais alguns minutos. O gostoso da maturidade é justamente a maturidade. Planejar, se organizar para poder gozar os momentos bons, os passeios, os novos horizontes que se abrem. Podemos ter uma outra visão das coisas diferentemente da juventude que tudo quer em um segundo. Mas parece que muita gente até isso tem que aprender. Viver é saborear, não engolir. Disfrutar os anos que nos restam com qualidade, bom gosto, planejamento, esse é o diferencial que separa a maturidade da juventude.
Um abraço
Olá querida, está sumida...
ResponderExcluire eu também, como sempre tudo que escreve é maravilhoso..
Beijo grande em seu coração...
Fátima
http://aumentandoaautoestima.blogspot.com/
"Eu fiz um acordo com o tempo... Nem ele me persegue, nem eu fujo dele... Qualquer dia a gente se encontra." Eu tô nessa aí, que o Mário Lago ensinou. Abração, Tais. Paz e bem.
ResponderExcluirOi Taís,
ResponderExcluirIsso é uma verdade, muitas vezes vivemos tão agitados, num corre-corre tão grande e para quê? Perdemos o melhor da vida que é simplesmente vivê-la, sem pressa, sem correria, vivendo um dia de cada vez. Aprendendo a saborear aquilo que ela nos traz ( e ela não nos traz só coisas ruins, tem muita coisa boa também).
Estou aprendendo (muitas vezes aos trancos e barrancos) a tirar o pé do acelerador. Não é fácil, mas é preciso.
Gostei muito da crônica.
abraços.
Com certeza é tempo de degustar, apreciar, sorver com calma cada gota, notar as sutilezas, discriminar os sabores, notar as nuances.
ResponderExcluirbeijos
Tais,
ResponderExcluirTa aí uma grande verdade! Corramos! Todos se empurram nessa escadaria de maluco, que só sobe, em direção ao tal sucesso. Aliás, você poderia escrever um dia desses sobre essa "obrigatória busca pelo sucesso".
Bem, os relógios lá de casa estão todos que nem o do Dali, escorrendo, tamanha pressa do dia-a-dia! Ah, mas quando estou de férias, o que é raríssimo, aí só quero calmaria e paz... Não me venha convidar pra acompanhar guia turístico e passeio ecológico lá nas minhas férias! Sou aquele que fica no hotel dormindo um pouco mais, enquanto todos já estão saltando às 6h e indo ao encontro do ônibus e dos passeios eletrizantes!
Para mim, de eletrizante já chega SP!
bjo
Cesar
ô Taís,
ResponderExcluirÉ isso mesmo, as pessoas só querem viver tudo e rapidamente. VIVER, VIVER E VIVER!! Mas, o que é viver? Bom, para mim, no presente momento, é isso que estou fazendo, lendo sua bela crônica e escrevendo esse comentário. Uma rotina tranquila, sem correrias, no meu ritmo. Vivendo um bom momento, lendo um texto que me apraz. Para outros isso não passa de chatice, um tédio. É a confusão entre rotina e tédio. Confusão essa que, a meu ver, foi propositadamente instalada no inconsciente coletivo por pessoas interessadas em aproveitar de uma forma ou de outra, esse contingente de entediados. (Vc já viu o que vende esses livros de auto-ajuda, e a proliferação de tratamentos alternativos para os males "do coração"? etc.) É mais ou menos como o vírus e o anti-virus. Ainda pretendo desenvolver melhor essa idéia.
Adorei sua crônica. Ótima, aliás, como sempre. E concordo com você, nada de correria. Vamos respirar!
Bjssssssss
Engraçado, a crônica é considerada um gênero com pouco "pedigree", mas é, paradoxalmente, um texto muito bom de se ler, que vai indo, despretensioso, e levando a gente atrás. Como um sono na rede, uma coisa boa. As suas, Taís, são ótimas.
ResponderExcluirEliane F.C.Lima
Adorei a crônica. Acho que estou passando pela fase do rapidão. Não que eu queira isso, mas as pessoas exigem que você seja apressada, eficiente, que faça muitas coisas e que viva com o botão multitarefa permanentemente ON. Um dia conquisto meu direito à tranquilidade.
ResponderExcluirBeijos
Sempre digo, que viver a vida intensamente faz com que percamos a essência das coisas simples...Também não quero isso pra mim, assino em baixo. Bjs.
ResponderExcluirPrecioso relato...parece que si corremos por la vida no nos haremos mayores... y no por eso vamos apara el tiempo... que al final es el que no da la calma
ResponderExcluirMuchas gracias por la visita
Besos
Bem, faz tempo passei da idade de viver correndo como quem precisa "tirar o pai da forca." Conheço muita gente da minha idade que é assim. Mas não acredito na possibilidade de equilíbrio emocional sem alguma rotina.
ResponderExcluirAdorei a crônica, Taís!
Bjs, amiga, e inté!
ººº
ResponderExcluirCorroboro a 1ª parte do seu texto.
Sinto nostalgia dos meus tempos de juventude.
Isso mesmo: calmaria!
ResponderExcluirA gente passa a vida toda cheia de compromissos, correndo daqui pra lá e vice-versa!
Com a aposentadoria ou simplesmente com a chegada da maturidade, deve-se usufruir da calmaria.
Eu estou nessa: tipo, "tô nem aí, tô nem aí..." rsrsrs
Beijocas, lindona!
Bom feriadão, com muuuuita calma!
Bela crônica, Taís.
ResponderExcluirQuem muito corre, tende a cansar...
Tudo é uma questão de equilíbrio, ou seja, nem tanto e nem tão pouco.
Viajar é maravilhoso, desde que planejada a viagem de modo despretensioso, respeitando o se próprio tempo e momento.
Aquela viagem do tipo, "fui a Europa e coheci mais de 10 países..." é loucura e exibicionismo puro. Às vêzes, um único lugar, aqui mesmo nesse nosso país maravilhoso, nos faz sentir muito bem e verdadeiramente renovados. Viagem à Europa como nas Américas, ou qualquer lugar do mundo,deve ser feita por prazer.
Beijos de luz
Todos temos o nosso tempo interior e este sim, contém em si toda a sabedoria.
ResponderExcluirbj grande
É muito importante ver uma escritora de teu calibre, defender esse assunto com essa propriedade que é tua marca registrada.Concordo plenamente e me descubro ainda mais amiga da rotina,da tranquilidade...
ResponderExcluirParabéns!
Abaixo o sufoco!
Te amo!
Em primeiro lugar, queria salientar que achei tua fisionomia muito parecida com a atriz global Irene Ravache, identica! Em segundo lugar, queria concordar com voce nesse texto , acho que o que importa não é a quantida e sim a qualidade, a gente atropela o ritmo da vida com essa pressa toda. Em terceiro lugar, te comunico que ganhaste uma fã, seguidora e comentarista fiel.
ResponderExcluirAbraços.