em essência.
Os salários mal dão para os gastos,
as guerras não terminaram
e há vírus novos e terríveis, embora o avanço da medicina.
Volta e meia um vizinho
tomba morto por questão de amor.
Há filmes interessantes, é verdade,
e como sempre, mulheres portentosas
nos seduzem com suas bocas e pernas,
mas em matéria de amor
não inventamos nenhuma posição nova.
Alguns cosmonautas ficam no espaço
seis meses ou mais, testando a engrenagem
e a solidão.
Em cada olimpíada há récordes previstos
e nos países, avanços e recuos sociais.
Mas nenhum pássaro mudou seu canto
com a modernidade.
Reencenamos as mesmas tragédias gregas,
relemos o Quixote, e a primavera
chega pontualmente cada ano.
Alguns hábitos, rios e florestas
se perderam.
Ninguém mais coloca cadeiras na calçada
ou toma a fresca da tarde,
mas temos máquinas velocíssimas
que nos dispensam de pensar.
Sobre o desaparecimento dos dinossauros
e a formação das galáxias
não avançamos nada.
Roupas vão e voltam com as modas.
Governos fortes caem, outros se levantam,
países se dividem
e as formigas e abelhas continuam
fiéis ao seu trabalho.
Nada mudou em essência.
Cantamos parabéns nas festas,
discutimos futebol na esquina
morremos em estúpidos desastres
e volta e meia
um de nós olha o céu quando estrelado
com o mesmo pasmo das cavernas.
E cada geração , insolente,
continua a achar
que vive no ápice da história.
Coleção "Poesia Falada".
Claro que o tema é de hoje....Tão de hoje, que acabei de ver os Astronautas em video-conferência com o Papa...
ResponderExcluirAdorei a escolha do Post.
Beijo
Lindo querida!
ResponderExcluirVerdade! Devemos aprender com a natureza.
Beijos e bom sábado!
Carla
Muito este texto. Você vai lendo e confirmando cada ato.
ResponderExcluirUm beijo grande
É como pegar a gente de calças arriadas. Achamo-nos tão sabios, tão avançados e, em verdade,somos ainda seres das cavernas.
ResponderExcluirRealmente! Achamos que tudo sabemos, quando na realidade não sabemos de nada. Belo post amiga. Ótima escolha.
ResponderExcluirBeijos e ótimo domingo pra ti e para os teus.
Furtado.
Aqui termina a minha história então. Adeus mundo cruel! hahaha!
ResponderExcluirA gente se delicia com a beleza do poema e se deprime com a dureza da realidade que ele retrata. Coisas de geniais da palavra escrita. O Afonso Romano é fantástico!
Abração, Tais. paz e bem.
Taís,
ResponderExcluirlindo post, atual, verdadeiro e sábio.
Adorei, ótima escolha.
Bom domingo minha amiga.
Suzana Drummond
Muito boa escolha. Adorei a carta.
ResponderExcluirbeijos
Tais, que lindo este Blog .
ResponderExcluirSempre visito o de arte .Parabéns!!
Realmente sua alma é de " artista",li todos textos, achei muito interessante e ricos.
Paz no coração!
bjs
TAIS...amei a sua postagem.
ResponderExcluirNada de novo.Não paramos para pensar nisso.
Se queremos algo novo, a atirude partir de cada um de nós. Somos a mudança que queremos no mundo.
Mas alguns vão dizer..de que me adianta a mudança ser só minha?
Não é só sua. Existe um efeito dominó que não percebemos.
Façamos cada a nossa parte. Despretenciosamente. Sem esperarmos nada em trovca.
Não sou uma "Alice no pais das Maravilhas". Apenas tento fazer a minha lição de casa.
Pelo menos eu durmo com a conciencia tranquila.
Um super beijo carinhoso!!
MA Ferreira
Maravilhoso!
ResponderExcluir"Nada mudou" , o hoje apenas desloca algumas coisas para passar uma sensassão de ilusão; a fome continua; os vazios; a ganância; a corrida pelas novas descobertas; maquiagens cada vez mais milagrosas e os jovens continuam vivendo como se fossem os únicos e que nunca envelhecerão"
Bjs amiga e abençoada semana.
Olá Tais
ResponderExcluirQuanta verdade em um só texto. Tudo muda o tempo todo, mas como esses mudanças, nos fazem mais humanos?
Tenha uma linda semana
Bjux
Ele está certíssimo, todas as gerações que passaram e passarão, vão achar que vivem na melhor época do mundo. O homem se enche de avanços e novidades, no entanto, a natureza acompanha toda a transformação alheia ao que acontece. Não somos nada diante deste mundo tão poderoso!
ResponderExcluirAdorei o texto.A realidade da modernidade que nos deixa perplexos, na verdade como diz o poeta Affonso Romano, na sua essência continua a mesma.Parabéns pelo Post.Abraços Eloah
ResponderExcluirSou, extremamente, suspeita para comentar qualquer coisa do Affonso Romano, não consigo ser imparcial...rsrsrs...No mínimo, sagaz!
ResponderExcluirBelo Post. Beijo e boa semana!
Bom dia
ResponderExcluirComo tudo isto é verdade e se repete.
Mas todos os dias as coisas são novas e os olhares são diferentes.
Cada palavra é nova e embora repetida nunca terá o mesmo som, vibração, velocidade ou o carinho de outras vezes.
Cada repetição pode ser mais alegre ou triste dependendo do nosso estado de espírito ou da nossa necessidade.
Agradeço a sua passagem no lidacoelho.
Esta sua escolha foi espetacular. Verdade, nada mudou, na natureza nada muda, mas tudo mudou no homem.
ResponderExcluirLindo, muito lindo.
Beijinho.
Um comediante daqui, Lewis Black, tem uma performance muito interessante. Ele diz que sempre foi muito esperancoso, e que com a idade, as esperancas dele nao morreram, so mudaram (ele e um comediante bem pessimista). Ele diz que tem certeza de que tudo que espera (em termos de melhorias sociais e governamentais) certamente se concretara... Um dia apos sua morte. rsrs
ResponderExcluirBeijos
Roy
Estamos sempre aprendendo e mudar é o mais difícil para o ser humano, mas essencial!!
ResponderExcluirBeijo Lisette.
Nada vai mudar em essência se não mudarmos a nossa essência. Muito bom.
ResponderExcluirInteressante esta carta.
ResponderExcluirPensei em duas situações o estado de a carta ser endereçada: aos mortos que morreram ou aos mortos que estão vivos, rs.
Aos mortos que estão mortos, apenas um desabafo, visto que eles nada sabem mesmo e nem tão pouco saberão, pois suas memórias jaz no esquecimento.
Todavia pensei aos mortos que ainda estão vivos e que estão escondidos em cavernas, bom seria que eles saissem para conhecer a realidade que o mundo vive, apesar das grandes evoluções globalizadas, como diz a autora nada mudou. Realmente nada mudou em relação aos menos favorecidos, mas cada momento muda em acréssimo para a classe elitizada.
Ah! quanta saudade do tempo das cadeiras nas calçadas, das brincadeiras de rodas que eram ao ar livre, hoje elas acontecem por trás das grades, é assim que se encontra a humanidade, vivendo em jaulas.
Muito interessabnte esse texto (carta) em forma poética. (Carta aos mortos). Para´bens.
Amiga, essa é uma carta aos mortos-vivos, - porém, quando a gente a lê não se dá conta dessa condição... E a história vai se repetindo...
ResponderExcluirBela escolha, amiga!
Bjs, querida. Inté!
Affonso Romano sabe das coisas, texto super atual que nos remete a uma bem humorada reflexão. Querida, obrigada por retornar meu email, vc me deixou mais tranquila. Vamos aguardar que essa fase passe rapidinho e que os nossos seguidores apareçam novamente em nosso painel..Beijos.
ResponderExcluirVira e mexe, nada muda, tudo com dantes... Pudéssemos, já mortos, saber da vida, queria receber uma carta dessas, mas só se fosse dele...é dos melhores, incrívelmente extraordinário...
ResponderExcluirLembro-me dele, quando dirigia a Biblioteca Nacional,suas palestras são um espetáculo de cultura e sabedoria.
Excelente, a escolha da crônica.
Vou seguir, este Porto (seguro)...
Oi, Tais,eu já tinha clicado "seguir",mas não funcionou, só agora, meu retratinho entrou no painel.
ResponderExcluir"Seguição" mútua,portanto...
Grata, por ter estado na Cadeirinha,voltarei,vez em quando.
Beijo
Querida Tais..
ResponderExcluirDei uma passadinha para desejar a você um lindo final de semana.Agradeço aos seus comentários sempre tão gentis em mei blog.
Eu ja comentei esta bela postagem mais acima.
Bj
Ma
Uma mistura de sátira, crítica, poesia, lirismo envolto por uma espécie de polemização. Concordo plenamente. Parabéns pelo post e pelo blog.
ResponderExcluirBeijos,
Débora.
Lindo, poético e inteligente, como tudo que este nosso poeta escreve.
ResponderExcluirBjs.
Muito interessante o blog !
ResponderExcluirÉ bom ver cada dia que passa mais originalidade nessa Blogosfera
HAHA ;) !
Deixo o meu aqui caso queira dar uma olhada, seguir...;
www.bolgdoano.blogspot.com
Muito Obrigada, desde já !
Achei interessante a forma como desmistifica, tais versos, aquela imagem de céu transparente. Mas entendemos que a carta aos mortos não tem o objetivo certamente de informá-los sobre o que mudou e o que não mudou. É como se a carta fosse escrita pelo eu lírico, e fosse aberta por nós antes de chegar ao seu destino... E então sentiremos a palavra muito mais forte quando ele diz aos que insistimos ser o ápice da história do que se a carta fosse diretamente para nós.
ResponderExcluirAdorei.
Exatamente, Fellipe, a carta foi escrita para os vivos-futuro mortos. Já foi dito tudo nos comentários, aliás todos ótimos. E vamos vestir a carapuça... Está na medida.
Excluirbeijos, bom você aqui!