9 de maio de 2011

CINEMA COM PIPOCA E REFRIGERANTE?


 - Tais Luso de Carvalho

Há anos que eu não pisava numa sala de cinema. Com canais especializados em filmes, com milhões de locadoras, com possibilidades de comprar ótimos filmes em promoção, por que eu haveria de querer pegar o carro, rumo ao um cinema  quando seria melhor sentar numa cafeteria e colocar a agenda em dia?  

Sou comodista: adoro ver filmes esticada no sofá, ao lado do meu marido e do nosso cachorro cinéfilo – o Guga. E até fazer um intervalo pra tomar um suquinho. Mas sempre existe uma criaturinha pra encher o saco, achando que filme tem de ser visto num telão, numa sala de cinema e com 500 pessoas animadíssimas. Dizem, estas criaturas, que o filme começa a ser  curtido  na saída de casa... Que coisa mais esquisita isso.  

Tá bom: de tanto minha amiga me encher o saco, fui ao cinema com ela. A via-crúcis começou ao entrarmos no estacionamento do shopping: rodamos várias vezes, respirando aquele cheiro de estacionamento que me derrubou na primeira volta. Ficamos circulando... E eu com o maior enjoo do mundo, mas não disse nada pra não estragar o programa da criatura. Aquela sensação de desmaio, aquele soco na boca do estômago... Mas continuamos a rodar até que... Quase enfartei!!

 - OLHA A VAGA! COLOCA ALI...ALI!!! BOTA ALI !!!!!!

Deu! Mas não consegui esconder a minha impaciência dado ao meu enjoo. Entramos. Enquanto eu ficava na fila da bilheteria, entre caras e bocas tentando disfarçar meu mal-estar, minha amiga veio com um balde de pipocas, refris e canudinho. Eu olhei aquilo...  

- É PIC-NIC?'

Entramos na sala. Apagou a luz; o filme ia começar... Mas algo já começou a me irritar: na minha frente, um cabeção enorme, com cabelos armados começava a se movimentar. Eu, tentando enxergar pela brecha. Mas a coisa ficou difícil. Sentei em cima de minhas pernas para ficar mais alta. A pessoa detrás cochichou no meu ouvido que eu estava muito alta...Tá bom: desci. Comecei num zig-zag pra enxergar a porcaria do filme.

A mesma pessoa detrás, na agonia de esticar suas pernas - acho que tinha trombose - dava umas sapateadas na minha cadeira. Dei uma olhada pra trás na tentativa de um  se manca, caramba! Deu certo, me fiz entender, maravilha. Uma mão lava a outra.

Mas Deus do céu, em cinco minutos minha amiga e toda uma legião de pipoqueiros começaram num crec-crec e num urfffff, chupando o refri pelo canudo. Confesso a vocês que não consegui ver o filme. Minha amiga me oferecia pipoca de minuto em minuto, colocando o balde na minha frente e me cutucando. Eu não aguento que me cutuquem. Porém, viu que eu estava meio esquisita e disse baixinho:

- Você não está bem... O que você tem?
- Eu não estou aguentando estes pipoqueiros, estou numa crise existencial! 

Mal fechei a boca ouvi uns psiusssss!!
Mas como psius? Uma legião de pipoqueiros pedindo silêncio?

Mas fui firme: fiquei até o final para testar minha paciência, minha mente, meu diferencial! Saí contente: SOU SÃ! Contudo, não nego que saí num alto grau de irritação. Acho que tenho ouvido de tuberculoso, tenho uma sensibilidade auditiva maior do que a média.

Mas existem coisas que são  boas quando acontecem: não precisarei mais bolar desculpas: tenho certeza que minha amiga seguirá comendo suas pipocas, tomando o seu refri de canudinho, chupando pirulito, comendo amendoim ou salgadinhos sem a minha presença.  

Pipoca é bom comer sozinha: a gente pode lamber os dedos, comer se estalando, se engasgar com o caroço, tossir o caroço... Tudo meio animalesco.

Aliás, a nossa mastigação a gente aguenta; o que incomoda, na verdade, é a mastigação dos outros; o cochicho dos outros, a gargalhada exagerada dos outros, a conversa em decibéis fora do limite permitido.

Acho que aguentar certos trancos é questão de costume: mas admito que tenho horror a barulhos agudos ou aqueles inesperados, quando todos resolvem argumentar ao mesmo tempo. 
Pra mim é um nocaute, é fatal!


34 comentários:

  1. Olá Tais
    Você deu sorte que nenhum celular tocou durante o filme, isso é muito comum acontecer. Bom mesmo é o sofá da casa da gente.
    Bjux

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  2. Eu ia dizer que gosto de pegar um cineminha.....,mas já não digo....,pois
    o que prefiro mesmo, depois de ler esta crónica...é ficar a ler todas estas crónicas, bem mais divertidas que um
    cineminha...O que eu me diverti...
    Beijo

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  3. Cheguei do trabalho e disse para mim mesma, hoje preciso ler alguma coisa da Tais...E olha! Você é incrível!
    Consegue verbalizar coisas que sinto e nem me dou conta ás vezes...Acho-me um bicho estranho, anti-social, meio tipo embrenhada, quando saí de minha cidade e me mudei para São Paulo,as pessoas me perguntavam:E aí? Acostumou-se com o agito?Eu sempre respondia:- Sou como gato, acostumo-me com a casa. E olha, minha casa, desde muito jovem cheguei a essa conclusão, é o lugar melhor do mundo...Simples modesta...Mas voltando ao cinema é bem isso mesmo. As pessoas tentam, não assistir o filme, mas mesmo sem vontade, fazer o que é de praxe. Comer pipocas e tomar refrigerantes.
    Amo tua autenticidade!Valeu-me o dia tua crônica!
    Sempre me descubro em tuas escritas.
    Eta menina arretada!
    Tua fã de carteirinha...eu
    [risos] [Rima até aqui não dá]

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  4. rssssssssssssss....muito legal!

    Tem gente que vai lá só pra no escurinho se atracar no pote maior de pipocas que existe!

    E haja saco pro barulhinho...

    Adorei! beijso,linda semana,chica

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  5. Você é maravilhosaaaaaaaaa.
    Ri muito , muito mesmo meu estômago chega a doer, kkkkk

    pior fui sábado no Shoping e não tive coragem de entrar no cinema, comeceim a pensar nos prós .

    Mas eu adoro cinema confesso, adoro a telona, mas quando podia me dava ao luxo de ir as segundas e as quintas a tarde é muito tranquilo (oui pelo menos era, kkkk)
    Bjs e ótima semana.

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  6. Taís,você sofreu hein!mas é assim mesmo,ir ao cinema sem passar por estas situações não é cinema,rs.Adorei sua crônica.Um grande beijo!

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  7. É tudo mudou, pior que a educaçáo também, beijo Lisette.

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  8. Tais...vc consegue escrever uma cena tão corriqueira de maneira que pra vc aparentemente irritante, mas para nós, leitores vamos dando risada desde o primeiro parágrafo.
    É u "saco" mesmo a falta de respeito das pessoas, pelo outro.
    Celular que toca, risadinhas inoportunas...
    Mas me conta.. o filme..valeu a pena??

    Um grande beijo..

    Te admiro!!

    Ma ferreira

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  9. Boa noite Thaís!!
    Pois eu cada vez mais me poupo de agradar aos outros e procuro agradar a mim mesma amiga. Num caso desses é um stress danado. Ave Maria! Tô fora de me forçar a barra, quando eu posso é claro. Vc aguentou firme hein? Parabéns pelo teste de resistência. Testar a paciência deve ser útil para alguma coisa...kkk
    Beijos e boa semana!
    Carla

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  10. Tem gente, que pelo simples fato de pagar, pode tudo, inclusive, ser grosso e mal educado.

    Beijos e ótima semana pra ti e para os teus.

    Furtado.

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  11. Adoro ler tuas crônicas...sorrio sempre pela tua criatividade e ponto de vista...mas acredite, eu adoro um cineminha...e tenho tido mais sorte que tu...
    mil beijos

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  12. Bom dia
    Nem sei já o que é ir a um cinema.
    Vivemos fora da cidade e depois quando chega a noite há sempre algumas coisas que nos ocupam.

    Essa coisa das pipocas pegou moda e até parece que faz o jantar ou a ceia de alguns cinéfilos.

    Agradeço a passagem no lidacoelho.
    Parece que nos temos esquecido.

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  13. Taís, eu me divirto com algumas de suas crônicas, me preocupo com outras, me ponho a refletir com todas!
    Dizer que gosto e concordo com o seu texto já se tornou repetitivo. Mas também quem manda escrever de forma tão espontânea e com tanta qualidade?
    Vai ter que ficar ouvindo elogios...
    Loyde ficou toda prosa com sua resposta ao comentário dela.
    Beijos do atelier.

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  14. HIII admito que adoro cinema , e tem que ser com pipoca , mas nunca me senti encomodada com refrigerentes e pipoca pq na verdade não dá para escuitar pois colocam o volume do filme muito alto, isso me encomoda mais, e sempre dou sorte de nçao ter os moleques chatos , só uma vez que tinha uma turminha chata mas é raro comigo

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  15. Taís!
    É assim mesmo!!! (rsss)
    Desisti de ir ao cinema já faz muito tempo por todas essas coisas que você citou e mais... as filas enormes e, se entrar já no escurinho corre-se o risco de sentar em cima de algum resto de lanche. Tem também os cheiros, de pipoca engordurada com queijo ardido, cheiro de bafo de boca, tem sempre um engraçadinho com bafo de cerveja, cheiro de pum e aquela misturada de perfumes (além de ouvido de tuberculoso, eu também tenho nariz sensível - rssss).
    Nada é melhor que ver um filmezinho em casa, no aconchego do nosso sofá.
    Vou parar por aqui, senão acabo fazendo outra crônica...
    Beijocas.

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  16. Thais, a última vez que fui ao cinema foi para assistir 'Comer, Rezar e Amar", fui com uma amiga muito querida, mas lá pelas tantas ouvi um ronco... rsrsrs, olhei para o lado, e lá estava ela tirando o maior cochilo!!!! Delicadamente deu um cutucão, mas não adiantou.... Então me conformei com a situação e assisti o filme comendo ou roendo a minha pipoquinha.

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  17. Tais,
    Prefiro o sofá também, sem dúvida!
    Sou preguiçosa demais, não gosto de assistir filme sentada e calçada, rs...
    Sem falar na fila da pipoca, na fila para entrar no cinema, na fila do estacionamento...
    Só em pensar nisso tudo, já desisti de ir!
    Bom mesmo é a comilança em casa, esticada, com o controle na mão pra pausar a hora que quiser...
    Bjo!

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  18. Boa tarde, querida amiga Tais.

    Ri do princípio ao fim. Adorei!!!
    Menina... Quando eu ainda ia ao cinema, só me sentava lá na frente, nas primeiras cadeiras. Isso tudo é irritante demais.

    Quando você citou o PIC-NIC, lembrei-me de um dia que levei meus dois filhos para assistir "Dinossauros".

    Querendo agradá-los muito, eu comprei um pacote cheio de coxinhas, empadas e pastéis de vários recheios. Para completar, uma caixa de bombom Garoto.

    Chegamos atrasados e nos sentamos na última fileira. Comemos o tempo todo, procurando não fazer barulho.
    Na hora de abrir os bombons era impossível o silêncio.

    Até hoje rimos disso, mas me arrependo de ter incomodado alguns.

    Um grande abraço.

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  19. Hoje, só assisto em casa mesmo. Não tem nem comparação.

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  20. Taís, apesar de todos os possíveis contratempos, eu ainda adoro ir ao cinema, gosto de sentir a reação do público, principalmente, numa comédia.
    Seu texto ficou ótimo!

    Beijos

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  21. Amiga,

    eu assumo: prefiro assistir refestelada no meu sofá. Na supertela de um cinema, em som e imagem, é realmente magnífico, mas confesso minha preguiça, e minha total impaciência para as pipocas, para os cabeções na minha reta, para os odores, y otras cositas más... Os fanáticos por cinema que me desculpem, mas, para mim, cinema em casa é fundamental.

    Maravilha, Taís!

    Bjs, querida. E inté!

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  22. caríssima Tais Luso,estoy curiosíssimo para recordar o que ki falei lá na Malu, das mininas a respeito.Tô ki tô, vou lá sim
    quanto ao post teu, pura verdade, não vou aux cinemá a anõs, só aqui em casa mesmo,amei o post!
    hugs

    viva a vida

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  23. Ah, Tais, é um luxo sair pra dar uma volta na blogosfera, e passar por aqui - agora com tempo suficiente pra ler com calma, rir muito ao me deliciar com tua escrita formidável: vc nos põe na cena!!
    Não sou muito adepta de cinemas, me incomodam a fila e o ar condicionado gelado, me fazendo desejar um edredon e meu sofá...mais pipoca e guaraná!!...rsrs

    Eu troco esse programa por uma boa conversa, por exemplo.
    Adorei, como sempre!
    Bjo pra vc, com o desejo de que este fds te traga oportunidades maravilhosas de entretenimento...rs

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  24. Caríssima Tais Luso,estoy curiosíssimo para recordar o que ki falei lá na Malu, das mininas a respeito.Tô ki tô, vou lá sim
    quanto ao post teu, pura verdade, não vou aux cinemá a anõs, só aqui em casa mesmo,amei o post!
    hugs

    viva a vida

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  25. Oi, Tais! Eu confesso que já gostei muito de eventos públicos e sessões culturais, mas atualmente tudo o que eu tenho podido substituir pelo conforto da casa (mesmo que minha casa não seja lá tão confortável) tenho substituido. Pelo menos a gente evita dores de cabeça e animosidades por causa de uma falta de educação que campeia solta pelas ruas. Tá realmente difícil conseguir pelo menos ser respeitado. Abraço grande. Paz e bem.

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  26. Taís.

    Cinema é tudo de bom...
    Hoje em dia o cinema que frequento é de casa, rsrsrrs
    Passa no meu blog e tem lançamento de livro em Floripa - Tem Gaúcho nesta coletânea, enfim passa no Por Toda Minha Vida e agradeço se ajudar a divulgar pois estou nele também.
    O lançamento é amanhã nas Livrarias Catarinense.

    Beijo

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  27. Amiga,

    eu assumo: prefiro assistir refestelada no meu sofá. Na supertela de um cinema, em som e imagem, é realmente magnífico, mas confesso minha preguiça, e minha total impaciência para as pipocas, para os cabeções na minha reta, para os odores, y otras cositas más... Os fanáticos por cinema que me desculpem, mas, para mim, cinema em casa é fundamental.

    Maravilha, Taís!

    Bjs, querida. E inté!

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  28. Thais;
    Estou com você e não abro! Adoro cinema mas está cada dia mais difícil termos pequenos prazeres quando estamos na coletividade. Não estou sendo elitista nem excusivista. Mas a verdade é que a cada dia que passa temos que conviver com a falta de educação, falta de respeito, individualismo. E se é para viver com individualismo que fiquemos apreciando as delicias da vida dentro de nossa casa.
    Forte abraço e adorei o texto
    Gustavo MB

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  29. Em síntese, disse tudo e mais um pouco, Taís.
    Faz tempos que cinema deixou de ser diversão pra mim.Às vezes acho que estou ficando ranzinza, mas depois de lê-la me senti apoiada e confortada pelo atual desprezo em programas de índio, antes tão curtidos__antes, bem antes, srsrs.
    Me vi em tua narrativa, quando da última vez que me arrisquei num cinema.
    Tô contigo e não abro; um filminho em casa tem muito valor.Ontem mesmo comprei uma caixa da Audrey Hepburn e estou me deliciando dia-a-dia. Se vc gostar, sinta-se convidada para uma seçãozinha caseira.
    Bjo grande,
    Calu

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  30. Tais querida, que crônica deliciosa! Como é bom ler você, saio sempre com um sorriso no rosto. Beijos querida, boa semana pra vc.

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  31. Final vejo alguém protestando contra a Coca-cola e o balde de pipocas mo cinema.
    Arre... não aguento mesmo.
    E quando um engraçadinho coloca uma pastilha elástica depois de bem mastigada em cima do banco do lado e nós nos sentamos sem ver?
    Tem graça, não tem? Calças estragadas. Qualquer dia enfio um balde de pipocas pela cabeça abaixo de alguém que me incomode no "nimas".
    Beijos

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  32. Recentemente, além do crec crec, havia um casal ao nosso lado que tinha síndrome de desentupidores de pia ou de esgoto, não chupavam o canudo, mas a lingua um do outro, um saco... Mas mesmo com essa chatices, ainda adoro ir ao cinema, telão, som, e o clima, até a fila não me incomoda sabia?
    Uma delícia a sua crônica...
    beijinho

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  34. Boa noite querida Tais rsrs
    bah.. complicado desde o começo né..
    já é o fim achar as tais vagas tri raras.
    aqui na minha cidade não temos mais cinema já tem anos..
    primeiro , a sala é dos padres
    e depois anos atrás fizeram sujeira pelo que o pai fala..
    colocavam filmes adultos, porém o cara que cuidava o local abusou e trouxe casais para sexo ao vivo em cima do palco.. dai fechou o tempo e nunca mais abriu..
    poucas vezes fui..
    é muito chato como vc citou.. um cabeção.. um cri cri em cada canto..
    mas vale para testarmos nossa paciência..
    gosto de filmes, mas prefiro ver no meu canto..
    e outra.. cinema e refrigerante não combinam rsrs
    como as pessoas são viciadas neste acido que corrói tudo dentro delas..
    prefiro ficar na minha deliciosa agua..

    uma linda noite beijos meus e até sempre doce amiga

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Muito obrigada pelo seu comentário
Abraços a todos
Taís