- Dr. José J. CamargoQuando alguém sofre uma tragédia pessoal, muitos dos amigos considerados mais próximos se afastam, negando o apoio esperado na hora difícil. E a amargura tem, entre outras coisas, a capacidade de separar amigos e companheiros porque esses e aqueles se confundem nos momentos felizes, mas são dolorosamente depurados nos momentos de dor.Claro que haverá sempre aqueles que só servem mesmo para a comemoração e nunca poderá se contar com eles, nem com a escassa utilidade que têm.Mas existem os que timidamente se retraem, e na distância sofrem muito pela desgraça do amigo, simplesmente por não saberem se oferecer para ajudar, nem o que dizer para confortar.Outros, ingenuamente, supõem que se falarem sem parar, estarão desviando o foco doloroso. Ridiculamente, relembram experiências tolas, ignorando que no sofrimento mais intenso a verdadeira ajuda não consiste em distrair, mas em compartilhar.Passado algum tempo é comum que a reminiscência mais carinhosa daquela passagem sofrida não tenha sido o discurso formal, mas um abraço prolongado ou um aperto de mão daqueles que se tem a sensação de que não se quer soltar, ou simplesmente a cumplicidade de um silêncio.Leo Buscaglia serviu de jurado num concurso de histórias infantis e se encantou com o relato de um garoto de seis anos que tinha um vizinho idoso, cuja esposa havia falecido recentemente. Ao vê-lo chorar, encolhido no quintal, o menino pulou o muro e simplesmente se sentou ao lado dele.No dia seguinte, a família recebeu um buquê de flores com o agradecimento comovido do vizinho.Quando a mãe perguntou ao menino o que havia dito ao velhinho, ele respondeu:-Nada. Só o ajudei a chorar._____________
(J.J. Camargo - Médico pioneiro de transplante de pulmão da América Latina).
Fonte: ZH de 3/12/2011. Porto Alegre
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E que grande ajuda já é ficar em silêncio, "ajudando a chorar"...
ResponderExcluirLindo texto desse nosso Dr gaúcho...beijos,linda semana!chica
Gosto quando leio um texto e este expressa exatamente o que eu sempre pensei sobre determinado assunto, quando tenho a sensação se ser algo meu também. Este me fez pensar num amigo querido que perdeu o pai recentemente e eu meio sem saber como, assim como o menino, o ajudei a chorar...
ResponderExcluirLindo texto, parabéns.
Muito doce o texto e bem "ternurento", tanto quanto uma crinça pode ser.
ResponderExcluirbeijos
Taís,
ResponderExcluirVou ressaltar um trecho da tua crônica: "Mas existem os que timidamente se retraem, e na distância sofrem muito pela desgraça do amigo, simplesmente por não saberem se oferecer para ajudar, nem o que dizer para conforta".
Eu sou um desses, não sei nem lidar com a minha dor quanto mais com a dos amigos. Abraços e parabéns pelo belo e sensível texto, JAIR.
Sábio relato esse que você compartilhou conosco, Tais!
ResponderExcluirDe fato, não basta falar - mesmo as palavras mais belas - num momento de tragédia pessoal. É preciso simplesmente saber consolar, e isso se faz no silêncio de um abraço ou no simples sentar lado a lado, como fez esse menino em relação ao idoso viúvo. Essa capacidade é um dom, mas acredito que esteja diretamente relacionada ao amor que há dentro de uma pessoa. Se nela houver real e puro amor, ela saberá consolar não da maneira que lhe convém, mas da maneira exata que o outro precisa. Como fez o menino deste relato.
Beijos meus.
Oi Taís!
ResponderExcluirMuitas vezes estar disponível, ao lado pacientemente, já ajuda muito! Nem sempre queremos bla-bla-bla.rsss
Excelente reflexão!
Beijinhos!
É verdade, incrível como pode o conforto caber num abraço, na presença que em silêncio compartilha, e, muitas vezes, apenas um olhar fundo na alma que soluça, basta...
ResponderExcluirLindo texto, que bom que o trouxe.
Bjos, amigaúcha querida!
Taís,
ResponderExcluire como é importante "ajudar a chorar."São muitos gestos que nos impelem em momentos assim. Uns apropriados outros nem tanto, como vc destacou, mas julgo que todos, na presença, no afã, na distância e no silêncio se comungam na dor sentida por aquele amigo(a).
São degraus difíceis de serem alcançados, mas um apoiado nos braço do outro tem mais chance de o conseguir.
Excelente reflexão.
Bjkas,
Calu
Que texto, amiga! E com um desfecho emocionante. Lindo! Consolar é das tarefas mais complexas. A maioria das pessoas, no momento mais crítico, nem está mesmo interessada em desviar a atenção da causa do sofrimento, - não desejam distrair-se.Elas esperam, isso sim, que os amigos compreendam seu momento difícil e, se não encontrarem palavras que mereçam ser ditas, apenas se coloquem ao seu lado.
ResponderExcluirPara dizer a verdade, não sei lidar muito bem nem com o meu próprio sofrimento. E quando a situação é muito difícil, embora me esforce, fico meio perdida, sem saber o que fazer para ajudar. É um pouco como é dito aí: "Mas existem os que timidamente se retraem, e na distância sofrem muito pela desgraça do amigo, simplesmente por não saberem se oferecer para ajudar, nem o que dizer para confortar.".
Esse foi um belo garimpo, amiga!
Muita saudade. Bjs, querida. Inté!
Já experimentei consolo em silêncio
ResponderExcluire é maravilhoso....
Beijo
Olá,Taís!!
ResponderExcluirÉ o mais importante, compartilhar, só mostrar que está ali.
Faz uma grande diferença.
Eu sou muito emotiva, e me emocionei com a história do menino...não conhecia.Que lindo!
beijos!
Tudo de bom!
Que sempre tenha por perto amigo para compartilhar todos os momentos!
Sensacional crônica, Tais! perfeita e comovente. Adorei. Lição de vida... Obrigado!
ResponderExcluirDeixe-me fazer dois comentários acerca da amizade na dor:
1. Quando há uma tragédia, de imediato, as pessoas verdadeiramente amigas se aproximam, estendem a mão, auxiliam, dão o ombro... O problema não é o "imediatamente após". O problema é quando a tragédia leva tempo, se desenrola numa longa história (quer um exemplo? Fiquemos com este: Mãe de filho desaparecido). Aí, o que desgraçadamente ocorre, é que a pessoa acaba só. os amigos com o tempo se atêm às suas vidas atribuladas e esquecem. O sofredor passa a sofrer só e calado.
2. Li uma frase dia desses que gostei. Algo assim: "A solidariedade na dor é mais comum do que a solidariedade no sucesso. Quem tem sucesso sofre de um abandono muito peculiar".
E é uma verdade, né? Quando sofremos, as pessoas correm acudir, pois há ali um duplo sentimento. O de ajudar e se sentir importante por isso; e o de, intimamente, desfrutar da alegria de saber que "não foi comigo, ufa!". Já na alegria extrema, o sentimento geral é de inveja. O afortunado, invariavelmente, acaba só, ou repleto de invejosos interesseiros ao lado.
bjo a vc, parabéns pela sensível crônica!
Cesar
Oi, Cesar bem oportuno seu comentário. Achei ótimo.
ResponderExcluirSobre a inveja, Cesar, é um dos piores defeitos que encontramos no ser humano; com ela vem outros não menos detestáveis. Mas sobre a inveja já tenho crônica pronta a ser lançada em breve.
Mas só queria alertá-lo de uma coisa: esta crônica postada não é minha, é do Dr. José Camargo, um médico conhecido pela sua sensibilidade e dedicação com os pacientes. É um orgulho para os gaúchos. Quando a li me encantei e trouxe para o blog.
Beijos.
è de grande ajuda mesmo sendo para chorar juntos nos momentos dificil.
ResponderExcluirQuantas vezes senti o apoio de alguns amigos até mesmo no meu blog.
Mais infelizmente muitos só voltaram quando julgou que não ia postar mais meus problemas.
Eu tenho muito carinho por todos minhas amizades e não tenho palavras para agradecer tanto carinho que sempre recebo.
Sua postagem é muito bem diferenciada onde concordo em tudo.
Beijos no coração.
Evanir
Realmente um linda crônica.
ResponderExcluirBjos amiga,
Com carinho;
Bella
É uma excelente lição de vida. Nem sempre sabemos como devemos nos portar diante das situações, embora nada substitua a espontaneidade, é bom saber que um abraço,um aperto de mão ou um silêncio podem dizer tudo.
ResponderExcluirUm grande abraço do atelier. Loyde manda beijos, ela adorou o email sobre o vídeo...
Tais,
ResponderExcluirNossa! Eu não tinha reparado que a crônica não era sua! Claro, as letras miúdas no rodápé! Veja: como estou acostumado a ler coisas suas de alto nível, não estranhei. Bom sinal, né?
Olha, se vc vai soltar uma crônica sobre a inveja, saiba que vou ler, ansioso. Deixa te contar, e te dar essa dica: acabei de ler um livro de 1999, que eu não conhecia: "Inveja" do jornalista Zuenir Ventura - Objetiva. Comprei no sebo. DEMAIS!!! É um tratado sobre o assunto, porém leve e gostoso de ler. Não deixe de conferir.
Segue o link com a capa e resenha
http://www.editoras.com/objetiva/205-1.htm
1 bjo pra vc!
Cesar
Esse belo texto me lembrou uma ditado: "amigo de mesa não dá firmeza."
ResponderExcluirEm momentos difíceis nada melhor que um "olhar" solidário. Isso faz com que a dificuldade dê uma atenuada.
Beijos!
Ajudar a chorar. Muito interessante
ResponderExcluire muito importante ter lido este
texto.Gostei de o ler.
Bj./Irene
Lindo.. É muito difícil saber o que falar em determinadas horas com certeza...
ResponderExcluirTambém acho que o silêncio pode "dizer" algo bem mais eficaz.
Bjoo!
Que lindo! Muitas vezes só estar pertinho já é o suficiente.
ResponderExcluirBeijocas!
Pois é amiga, o garoto fez um nada com tanta profundidade.
ResponderExcluirBelo texto. ótima escolha.
Beijos e muita paz pra ti e para os teus.
Rosemildo Furtado.
Taís,que lindo! Como é bom ser consolado, ainda mais vindo de alguém com uma alma tão grande e sincera.
ResponderExcluirQue maravilha!
ResponderExcluirA sabedoria e o silêncio são vestígios de Deus...Ao ouvir o outro em silêncio, já está ajudando-o, a encontrar a melhor resposta do momento.
Divinamente maravilhoso!
Beijos!