-Tais Luso de Carvalho
Vivemos num país, que cada vez mais aparecem pedintes pelas ruas. E não dá para ajudar a todos. Dizer a cada um que não temos dinheiro é algo meio desumano, afinal estamos bem vestidos, bem nutridos e muitas vezes saindo de um supermercado com várias sacolas, revelando as compras. E como resolver isso? Depende. Se estamos bem humorados, a coisa até rola bem...
Dias atrás, eu e Pedro caminhando pelo bairro, notamos que vinha em nossa direção, mais um pedinte. Não era jovem, difícil de perceber sua idade. Poderia ter sessenta, como setenta... Mas com passos ainda firmes, parecia bem desempenado.
Fiquei surpresa quando o homem pediu um dinheiro e Pedro começou a falar espanhol, dizendo que não entendia bem, que éramos Argentinos. Prontamente, o pedinte abriu um largo sorriso...
- São Hermanos? Que beleza, adoro Los Hermanos!
Pedro e eu nos olhamos surpresos. Eu, no entanto, meio atrapalhada com a situação inesperada, achei o pedinte tri de simpático! E continuou:
- Sejam bem vindos aqui: nós Gaúchos, gostamos de vocês! Argentinos e Gaúchos são a mesma coisa, disse o pobre do homem.
Agradecemos muito desejando sorte e saúde ao pobre sorridente. Como o homem estava entusiasmado conosco, Los Hermanos, Pedro ainda se estendeu dizendo que estávamos gostando muito da cidade, de seu povo, das ruas, dos parques e que gostávamos muito do Brasil, e dos Gaúchos em particular.
Não demos dinheiro, mas o que era para ser uma brincadeira, virou verdade e alegria. Trocamos simpatias. Que coisa... E fiquei pensando se essa atitude, pelo menos uma vez, não foi melhor do que termos dado uns trocados.
Saí rindo do espírito de presença de Pedro que não quis dizer um 'não' - no seco. Pois é, nunca tinha pensado que poucas palavras pudessem suprir uns trocadinhos.
Só tenho de pensar que qualquer dia podemos encontrar o pedinte novamente... O que diremos? Que acampamos em Porto Alegre? Ele não deixará de saudar Los Hermanos que trovaram com ele. E bateremos mais uma trovinha, quem sabe lá...
Que o futebol me perdoe, mas nunca me interessou se Pelé é melhor do que Maradona! O que vejo são países com cultura gaúcha. Temos os mesmos costumes, uma natureza exuberante, um tango magnífico, nosso folclore igual e tudo se entrelaçando aqui, com o sul do Brasil.
Na verdade, adorei ter 'passado' por Los Hermanos... - de brincadeira.
Na verdade, adorei ter 'passado' por Los Hermanos... - de brincadeira.
Oi Tais,
ResponderExcluirmaturidade é quando aprendemos que rivais não são, necessariamente, inimigos.
A Argentina é um páis encantador e o seu povo certamente também o é.
Grande abraço
Leila
Oi, Leila, você disse tudo! Porém estamos acostumados a ver rivais se agredirem, se matarem. Olhe o que acontece entre as torcidas em nosso país, na política... Paixão não precisa ser agressiva. Poderiam e deveriam resolver as coisas com mais civilidade.
ExcluirMas essa foi uma pontinha da crônica.
Abraços, amiga.
Limerique
ResponderExcluirEra uma vez gaúchos e argentinos
Povos que trilhavam um só destino
Briosos gaudérios
Tradicionais, sérios
Lhes aprazia chimarrão e bovinos.
Gostei, Jair!
ExcluirAbraços, amigo.
Olá Tais! Adorei teu artigo, teu relato! E me veio a mente, hoje em dia evitamos da esmolas, porque não confiamos mais nas pessoas. Quantos se passam por pedintes e assaltam, ou seja pelas pessosas ruins os bons pagam.
ResponderExcluirMinha querida, muitas vezes as pessoas se prendem muito a detalhes ou origeme, a cor, etc. , no entanto podemos não falar a mesma língua, mas moramos debaixo do mesmo céu e somos filhos do único Deus!!
Abraçoss, continue postando textos lindos e com grandes ensinamentos. Bjuss fica na paz de Deus.
Olá, Lourdes, você está coberta de razão, hoje temos receio até de parar! Mas muitas vezes a gente acerta, pelo menos tenta. Mas temos de ter cuidado, sim.
ExcluirBeijos pra você, muito obrigada pela visita.
Muy interesante el texto, Un placer visitarte y desearte un buen inicio de ano. muchas felicidades.
ResponderExcluirMuito obrigada, Darwin Bruno, felicidades para você, também.
ExcluirUm abraço.
Limerique
ResponderExcluirPorquanto os gaúchos são trilegais
Veneram seus valores ancestrais
Não dispensam um mate
E brigam o bom combate
E têm os argentinos como iguais.
Está ótimo esse Limerique!
ExcluirObrigada, Jair.
Abraços.
Tais, interessante o episódio com o pedinte que você nos relata. Impossível não relembrar as tantas vezes em que nos deparamos com a delicada situação... Existem muitas maneiras de ajudar, certamente. A financeira nem sempre estará dentro de nossas possibilidades, nem sempre será de fato a melhor ajuda. Fiquei imaginando a performance de Pedro, incorporando um legítimo Hermano... E o sorriso largo e hospitaleiro do pobre homem, recebendo bem os vizinhos. No fundo nós, gaúchos e argentinos, somos sim a mesma coisa, ostentamos as mesmas tradições, a cultura marcante, como se não houvesse entre nós sulinos uma separação geográfica. As diferenças históricas, ou as trazidas pelo futebol, para mim não dizem muito: somos de fato Hermanos, e bem fazemos em considerarmos uns aos outros como tal!
ResponderExcluirUm abração pra ti, minha querida, desejando boas férias e boas crônicas escritas no bosque... sentada na grama?! rsrsrsrs Beijão!
Suzy... na mosca teu comentário. É o que sentes como boa gaúcha, não? Essa rivalidade só existe no futebol, o resto é brincadeira. Mas que a gauchada vive na Argentina e Los Hermanos vivem por aqui, não há dúvidas! Somos uma cultura, e realmente Pelé e Maradona, pra mim, são ótimos, se um foi melhor do que o outro, pra mim não pesa nada. Tanto é que um simples pedinte, coitadinho, adora Los Hermanos. Que pena que esses, da conversa, não eram os verdadeiros! kkk Até fiquei com pena...
ExcluirBeijos, amiga... sentada na grama? Jamais! Tenho fobia por aranhas, baratas... kkk
Foi engraçado, mas pode virar uma saia justa. Esses ilustres moradores de rua... :) Um grande abraço!
ResponderExcluirOi, Rovênia, pode virar, sim, mas estou sempre de olho... Mas um pouco de humanismo não vai mal, não! Às vezes temos de baixar as armas...
ExcluirGrande beijo, saudades.
Nunca fui de alimentar rivalidades, e acho que competição se faz no campo - no caso específico do futebol, entre estes dois países - mas te asseguro que os gaúchos são especialíssimos pra mim, não só convivo como alguns se tornaram essenciais na minha vida...costumes e gentilezas que encantam a gente, conquistam e justificam as relações que estabelecem....suspeitíssima, afirmo que cada vez conheço mais e mais gosto da terra e do povo gaúcho!
ResponderExcluirGostei do humor espirituoso do Pedro, assim como adoro vir aqui e trocar simpatia com vc...rs
Beijos, amigaúcha querida!
Você não existe, Denise, teria de mandar fazê-la!!! Sua gentileza ultrapassa fronteiras!
ExcluirNão estou no rincão...
Grande beijo, querida! Obrigada, sempre!!!
Admirável, Taís.
ResponderExcluirEste seu texto, é fenomenal.
Na verdade, o melhor da VIDa, é viver.
Abraços.
Olá, José Maria, muito obrigada. É verdade... nesse momento estou longe, vivendo!
ExcluirAbraços!
Gostei da saída...trilegal! Sucesso em 2013 !
ResponderExcluirOlá, Sana, também gostei!rsr
ExcluirÓtimo 2013 pra você, também. Obrigada pela presença.
Beijos.
Taís, às vezes essas pessoas que pedem, não pedem só o dinheiro, mas também o afago em sua alma, desprovida de delicadezas.
ResponderExcluirA VIDA muitas vezes torna as pessoas rudes sem que elas percebeam e é preciso um olhar mais profundo, um dedinho de prosa, um gesto de amor.
Linda esta tua crônica. Grande abraço e lindo dia!!!
Malu querida, às vezes, apenas um sorriso já diz alguma coisa. Diria que não é o 'apenas'. Mas são pessoas que não conhecem nada a não ser o sofrimento. Excluídas total da sociedade. Até um 'Bom dia' já recebi dessas criaturas. Lógico que achei estranho... E também, como tudo na vida, temos de ter um certo cuidado...
ExcluirBeijos!!
Sempre achei essa briguinha de nações meio boba. Temos muito mais a compartilhar se soubermos construir pontes ao invés de declararmos batalhas... Coisa boba!
ResponderExcluirAchei interessante essa passagem, Tais... É um reflexo dos amplos significados da palavra ajuda. É claro que eles pedem um trocadinho. Mas nós podemos nos sair melhor, muitas vezes, com algumas poucas e divertidas palavras.
Belo texto, amiga.
Beijos
Oi, Fellipe, com tantos pedintes... é impossível! Mas há como sair sem ofender, sem mostrar arrogância, sem deixá-los pior na sua miséria e no seu abandono.
ExcluirE quanto aos verdadeiros Hermanos, lembro que aqui, no sul, via-se muita solidariedade com aquele caso das Malvinas... Somos muito próximos. Há realmente, afetos.
Ótimo você por aqui!
Beijos.
Taís, aqui onde moro, interior do Paraná, convivemos com muitas pessoas oriundas do Rio Grande do Sul, tanto que nos bailes as músicas mais tocadas são as gaúchas, uma delícia rodopiar os salões ao som de um bom vaneirão, rsrs.
ResponderExcluirInteressante mesmo é o que aconteceu de uns tempos para cá, no meu blog as amigas que comentam com regularidade, são na maioria, gaúchas. Acho que o fato de sermos sulistas acabou nos identificando de alguma forma, fico feliz por isso.
O seu texto é, ao mesmo tempo, engraçado e reflexivo, gostei demais!
Beijos
Oi, Néia! Onde os gaúchos se fixam é de praxe criarem um CTG! rsr, levam a tradição e estendem os laços de amizade. Quanto aos blogs, claro que há uma certa afinidade: o Paraná é dobrando a esquina...rsr, tudo no sul!
ExcluirGrande beijo, amiga.
Wspaniała witryna i ciekawa osobowość. Z wielką przyjemnością tu zaglądam... Pozdrawiam z Polski...:-)
ResponderExcluirMuito obrigada por ter gostado do blog e pela sua visita.
ResponderExcluirBem-vindo ao blog!