27 de fevereiro de 2013

AS GAFES DO COTIDIANO



- Tais Luso de Carvalho

Não conheço ninguém que tenha escapado de cometer uma boa gafe. E o pior é  tentar arrumar a tragédia já consumada. Quando os olhos veem, mas o coração não sente, a flecha crava e o estrago é grande. Agradeço a  Deus quando não fico da cor de beterraba pra denunciar o desastre que cometi. Mas pensando bem, certas gafes não deixam de ser hilárias, mas para quem é a vítima é horribilis!

Bem, aconteceu há muitos anos, quando meus pais eram vivos, em Buenos Aires. Meus pais foram ao teatro - com um casal de amigos portenhos - los hermanos. Lá pela metade da peça, minha mãe ria com muita desenvoltura, sobre tudo o que a amiga dizia. Meu pai teve de interferir: a cutucou para parar de rir, pois a amiga estava comentando sobre uma parte  dramática da peça. 

Minha mãe, como não conseguia entender nada (a amiga falava  rápido), quis apenas ser simpática e achou que rir seria o melhor remédio, seria simpática. 

Acho que nesses casos é melhor se guiar pela cara da anfitriã: se ela rir, ria; se fizer cara de tragédia, encomende umas lágrimas... Dá sempre certo!

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Outro desses desatinos, aconteceu quando meu marido deu os parabéns a uma colega pelo filho que estava a caminho... A coitada estava muitos quilos acima do normal e muito barriguda. Ficou horrível. Não sei como os homens não desconfiam que as mulheres engordam também na barriga, e que nem toda a protuberância  é gravidez. Que coisa difícil pra eles; é como falar em cores degradé. Só conhecem o vermelho, azul, amarelo e verde. 

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No ano passado esbarrei com uma antiga colega de colégio, há muitos anos não nos víamos. Fiquei tão chocada com a mudança da mulher que quando abri a boca só me perdi: 

-  Que surpresa agradável te encontrar... você tá a mesma! 

Credo... como fui cretina! A mulher engordou tanto que a única coisa que não mudou foi a boca. Mas que mania essa de dizer aos outros que estão com o mesmo corpito depois de 200 anos! Eu também mudei; todos mudam, os anos passam. E sei lá o que ela viu em mim, pelo menos ficou de boca fechada – graças a Deus.  Antes um silêncio, mesmo que  revelador.

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Tenho uma vizinha que adora crianças. Não pode ver uma que vai se achegando... Estávamos as duas entrando numa confeitaria quando a vi colocar a mão na cabeça de uma criança que estava de costas, sentada:

- Que gracinha de menininha...

A criança virou pra ela e mandou passar a mão na cabeça da mãe!! Era uma anãzinha que devia  ter uns 35 anos. A situação ficou difícil, não tinha remendo. Foi aquilo e pronto. Até me afastei um pouco pra não piorar o negócio...

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Lembro de uma de meu pai: estávamos, eu e ele no Banco, esperando pelo atendimento, quando avistou um colega antigo, trabalharam juntos no início da carreira. Meu pai, contente por encontrar o antigo colega, abraçado com uma jovem, disse-lhe: 

- Que linda sua filha, essa eu não conhecia, vai dar trabalho aí pro paizão!

Não era filha, era a mulher do cara. Meu pai além de chamar o sujeito de velho ainda elogiou a  mulher do próximo. Não entendo como estou sempre junto nessas situações.

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Outra saia justa, horrorosa, aconteceu numa viagem ao Rio de Janeiro, há muitos anos. Ainda adolescente, lá pelos meus 15 anos, minha família foi convidada para um jantar, daqueles meio afrescalhado.

Lembro que haviam vários talheres, taças, copos, pratos, pratinhos... E na frente do pratinho do pão, uma tigelinha com lavanda ( para lavarmos as pontinhas dos dedos antes de pegar o pãozinho). Um dos convidados não pensou duas vezes: pegou a tigelinha e bebeu. Pensou que fosse um tipo de aperitivo! O bom foi que todos fizeram que não viram. Mas o pior foi quando ele viu que aquilo era para outra finalidade. Coitado. Por isso que odeio muitas frescuras: acho que etiqueta tem limite.

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Ontem, no supermercado, peguei um vinho do Porto, mas não encontrava o seu valor. Não deu outra: meio estabanada, e já cansada, ataquei o primeiro avental branco que surgiu no corredor e pedi ajuda. Muito educado, o senhor pegou o vinho, perguntou de onde peguei e tentou me ajudar, mas não conseguiu achar o preço. Agradeci, mas acho que mostrei meu desapontamento por nem ele saber o preço das coisas onde trabalhava. Quando fui para caixa, o homem estava na minha frente com seu avental branco que dizia no bolso: Hospital de Pronto Socorro. Olhei para os atendentes e o avental era verde! Confundi  os   aventais.

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Acredito que todos nós cometemos algumas gafes. Mas confesso que tenho de me cuidar, ir tateando... sou meio perigosa nesse  quesito. O triste é que desando a rir  não consigo segurar.
Acho que sou uma incapaz.



31 comentários:

  1. rssss....Adorei as gafes por aqui e quem não as comete?// Impossível!! Todos aprontamos alguma,rs beijos,tudo de bom,chica

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    1. Não conheci ninguém, Chica! Por isso me conformo. rsr
      Beijão pra você, obrigada, amiga.

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  2. Limerique

    Antes de refletir na sua cachola
    Então quer elogiar e se enrola
    Põe os pés pelas mãos
    Concorda dizendo não
    Na verdade você pisou na bola.

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    1. Ah, sim... você se fixou na 'minha' gafe com a colega! rsr
      Credo, foi demais, pisei na bola, e feio!
      Abraço, Jair.

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  3. kkkkkkkkkkkkk isso é terrível, na hora dá vontade de morrer. Nem vou contar as minhas, pois daria um livro de várias páginas.
    Bjux

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    1. Bem que poderia deixar aqui pelo menos uma de suas gafes, Wanderley. Correu!? rsrs
      Bjs, obrigada.

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  4. Hilário, Tais! Divertidíssimo seu texto, com a confissão das gafes em família! Bem típico do gênero masculino confundir esposa com filha, protuberâncias com gravidez, já presenciei algumas cenas semelhantes nesta vida! rsrsrs Nossas gafes normalmente são outras, estão relacionadas ao desejo de agradar, de sermos simpáticas. Eu poderia contar algumas aqui - diria até que você está nos instigando a isso rsrsrs - mas vou me conter e revelar uma só: certa vez fui procurada pelo pai de um aluno, um senhor muito sério, de cara fechada. Já estava no fim da conversa quando o pai me pediu para, por favor, parar de chamá-lo de senhor. Natural, algumas pessoas preferem o tratamento de você... Mas não era esse o caso, me explicou a pessoa: não sou o pai, sou a mãe!!! kkkkkkk Eu realmente fiquei sem chão. A mulher não usava maquiagem, tinha cabelos curtos, tudo nela fazia parecer um homem. Além disso - perdoe-me a indiscrição! - ela tinha bigode!!! Pelo menos aprendi a observar com mais atenção antes de chamar alguém de "senhor" ou de "senhora"... rsrsrs

    Obrigada por me fazer rir muito nesta noite, você é ótima! Beijos.

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    1. kkkkkkk, horribilis!! Mas claro que quero ler a de vocês! Entrego minhas gafes e saio de mãos vazias? Adorei a sua! Credo.

      Suzy, só pra você... Um dia me telefona um amigo, no meu aniversário: atendi e ele disse:

      - da onde fala?
      - a SENHORA quer falar com quem?
      - com a Tais!
      Aí ele deu os parabéns etc e na conversa eu caí na asneira de dizer que eu não tinha reconhecido sua voz, que ele tinha voz de FUNCIONÁRIA PÚBLICA APOSENTADA! kkkkkkkkk

      Pode, amiga??? Ih, tem muita coisa...
      grande beijo!

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    2. kkkkkkkkkkkk Nossa Senhora da Gafe! kkkkk Mas não dava pra terminar a conversa sem essa, não? kkkkkk Gafe é sempre assim, quando a gente vê, já saiu! E aí não adianta remendar, o jeito é sair de fininho e, com o passar dos anos, transformar tudo em crônica... rsrsrs Beijão!

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  5. Ah! estas gafes dão belos textos de humor.Eu já fiz algumas, por isso me cuido muito.Boca fechada não dá vexame.
    Adorei tua crônica.Divertida apesar dos protagonistas não terem achado graça, com certeza.
    Brisas e flores.Bjs Eloah

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    1. Oi, Eloah, bota vexame nisso, amiga...
      Muito bom ter você aqui. Obrigada pelo carinho.
      Um beijo!

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  6. rs,rs,rs,rs muito boa.
    Eu cometi uma que para mim foi a maior e pior, num domingo a noite fui a farmácia fiz as compras de urgência e na saída abri a porta do carro e sentei no carona e fiquei esperando e nada do marido se mexer para casa, ai olhei bem para ele, kkkk eu entrei num carro errado cheio de gente para balada, o nosso carro estava na frete estacionado, eu olhei para todo mundo , levantei , sai e fechei a porta e finalmente ocupei o meu lugar, kkkkkkkkkkkk

    bjão e bom final de semana

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    1. kkkkk, pô, Bella! Esse é o cúmulo da distração. Essa não faço não. Aliás, espero.kk

      Beijão pra você, amiga!

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  7. Muito bom, Tais. Ri muito com suas histórias. Eu sou "que nem vc", uma tristeza nesse quesito. O pior é que sou péssima em reconhecer pessoas, e como tenho um nome incomum, elas sempre se lembram de mim. Eu fico sempre com cara de "onde conheço essa pessoa"... E como sou muito espontânea, sou também uma rainha dos foras. Mas já fui pior... estou aprendendo aos trancos e barrancos. Qualquer dia, conto essas histórias. Beijo no coração!

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    1. Oi, Rovênia! Olha, não sou boa pra guardar fisionomias, só se a pessoa for dotada de traços marcantes. Caso contrário, vou dando corda, deixando ela falar até minha mente descobrir de onde a criatura veio. kk Aliás, tenho uma crônica no blog sobre isso, mas não lembro onde. Vou tentar descobrir onde falo desse assunto.

      Beijão pra você, escreva, conte e me avise! kk.

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  8. Querida amiga

    Há visitas aos lugares amigos,
    para recolher palavras.
    Há visitas a estes mesmos lugares
    Para semear palavras.
    A visita de hoje além da leitura
    das preciosas palavras que aqui encontro,
    é também para agradecer
    a alegria de passar pela sua vida
    e encontrar o perfume da amizade
    de forma tão intensa.

    Que a sede da alegria
    Nunca cesse em ti.

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    1. Olá, Aluisio, agradeço por suas palavras e por sua gentil visita. Volte sempre!

      Abraços e um bom fim de semana.

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  9. Nada disso.....É muito engraçado e já tem uma boa coleção....
    ....as minhas....não conto....rsrs
    BFS
    Beijo

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    1. Olá, Andrade, bem que você poderia enriquecer os comentários contando uma sua...rsrs

      Beijos do Brasil!
      Bom fim de semana.

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  10. Parabéns Tais, você e e suas historias engraçadas, sempre compartilhando com os leitores. E qual de nós algum dia na vida já não comentemos gafes? Uma das grandes gafes é dar parabéns em velório ao invés de condolências.

    Bj

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    1. Olá, Araújo, a do velório não se escapa, acho que por ser difícil, por ficarmos sem palavras de conforto e muitas vezes apenas cumprindo regras sociais é que abrimos a boca, meio tímidos, e sai uma asneira dessas. Também já passei por isso, só que disse tão baixinho que ninguém ouviu: ainda bem, foi um alívio.

      Obrigada pela sua presença.
      bj.

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  11. Taís,
    para seu consolo, eu já cometi gafes iguais ( parece que certos 'furos' são comuns ) o pior são os outros, inéditos que eu também cometi...
    Só é engraçado para contar. Na hora é horrível.
    Um grande abraço de todos do atelier. Loyde, sua fã, manda um beijo

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    1. Olá, Antonio, grande abraço, obrigada.
      Um beijo na querida Loyde e ótimo domingo pra vocês.

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  12. Taís, cometer gafes é absolutamente humano, porém não percebê-las é que se torna gravíssimo, rsrs.

    Beijos

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    1. Oi, Néia... não tem como não percebê-las! rss Desse mal não sofro!
      Beijão!!

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  13. Oi Taís.
    Primeiramente a escolha da imagem é perfeita.Quantas vezes pensamos - "Poxa seu eu tivesse ficado com a boca fechada, poderia ter passado sem essa"'Acredito que a maioria das gafes, como a que você se referiu da festa cheia de detalhes; são cometidas em ambientes em que não nos sentimos muito à vontade, ou fomos forçados a ter que fazer presença, por conta disto, é criado um certo nervosismo e acabamos fazendo besteiras.
    Mas fico feliz em saber que não fui a única que já passou por estas situações desagradáveis. Agora se tem um campeão de gafes, esse é o meu marido. Ele fala antes e pensa depois, daí o resultado é desastroso, o pior é quando tenta corrigir, e fica mais pesado.
    Mas depois que tudo passa. É só risadas.
    Gostei muito ta crônica, muito bem humorada.
    Bjs.

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    1. Essa de fala antes e pensa depois... também já fiz umas! rs
      Beijos, querida, obrigada pela presença.

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  14. Realmente. Que atire a primeira pedra quem nunca as cometeu.
    Eu já cometi também. E tantas que com o tempo fui ficando "cabreiro". Penso duas vezes antes especialmente de fazer perguntas.
    Certa vez encontre, numa lanchonete,i com uma não tão jovem senhora que, anos antes conheci como esposa de um meu prezadíssimo colega. Anos haviam se passado. Tive vontade de ter notìcias do meu amigo, porém consciente do verdadeiro tour over dos relacionamentos, nos dias de hoje e que nem sempre os vínculos acabam de forma tranquila, pensei, pensei e optei por fazer um comentário, em vez de fazer qualquer pergunta.
    - Mas heinn, dona Maria, há quanto tempo não vejo meu amigo Fernando!?
    - Nem eu - foi a resposta.
    Dei graças a Deu por não ter feito a pergunta e mudei de assunto.

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    1. Nossa... a resposta seria de doer. Mas que dá uma certa curiosidade, ah, dá. Mas é bom sempre irmos tateando... Hoje em dia me cuido muito, também.

      Um abraço!

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  15. Tais, entro de fininho no seu blog e adoro. Adorei as gafes que você contou e de comentaristas. A de achar que a moça era filha, quando era a mulher do cara, vixi já cometi. Abs de uma fã

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Muito obrigada pelo seu comentário
Abraços a todos
Taís