( Aulinha
Prática nº1 )
- Tais Luso de Carvalho
Não
é fácil comer certas comidas fora de casa, é muita mão de obra.
Cá do alto da minha vivência, já tenho direito adquirido para
comer algumas comidas como os primitivos. Comer galeto com as mãos,
num restaurante, não é lá muito chique. Por outro lado, comer uma
ave, cheia de ossos, com garfo e faca... não é moleza, é pura
arte. Então, prefiro pedir o tal do galeto pelo telefone e comer na
intimidade da família. Posso pôr em prática o que aprendi nas
cavernas.
Também
anda difícil comer pizza fora das pizzarias convencionais – lugar
que oferece garfo e faca. Não entendi, ainda, por que em alguns
shoppings, a pizza é entregue sobre um guardanapo de papel. Torna-se
muito complicado: quando você se dá conta, está com a massa na mão
e comendo o papel! Tá ficando difícil comer esse negócio, acho que
os shoppings estão moderninhos demais.
E
as empadas? Você já notou que ao morder uma empada, a metade cai
fora e a outra metade se esfarela? A massa da empada é chamada de
massa podre (termo técnico), que já não anima muito. Para lidar
com a tal massa podre, faça o seguinte: com uma das mãos tente
pegar a empada quebradiça e com a outra pegue o prato. Em seguida,
você encosta o prato no queixo e fique zanzando para aparar os
farelos. Entendido? Depois junte tudo e tente comer como dá.
E
o Espaguete? Como não é elegante cortar a massa, então vá
enrolando, enrolando, e veja se cabe na boca, não dê bola para uma
certa ânsia... Empurre e feche a boca. Os fiapos que resolverem
cair, tente aparar com o garfo. É uma briga de foice comer esse
negócio, mas tente, deixe a elegância para outra vez. Vale a pena,
o importante é a superação!
Você
já comeu, numa confeitaria, o doce mil folhas? E lembra do que
aconteceu? Cada folha vai para um lado e o recheio vai pra frente,
tudo se desmembra. Você só consegue comer o açúcar de
confeiteiro! Então junte o creme e os farelos com os dedos e seja o
que Deus quiser. Depois dessa experiência circense, resolva se quer
repetir a dose ou comer em casa como um novo primitivo
contemporâneo. Com o tempo a gente chega lá... E fique à vontade
se quiser voltar ao início dos tempos - ao Homo Sapiens.
E
a alface? Dizem que não se corta: o certo é ir dobrando com o
garfo, tipo envelope. Fique dobrando, dobrando... até formar uma
trouxinha, e depois tente levar elegantemente à boca – se der. E
tente mastigar aquele monte de verde seco. Força, você conseguirá!
Aniversário
de criança é delicioso: é um passeio pelos quitutes ingênuos que
só encontramos nesse tipo de festinha. É como voltar à infância.
É obrigatório ter o cachorrinho-quente, docinho brigadeiro e o
aniversariante e sua mãezinha apagando a velinha, cuspindo todo o
bolo para depois comermos! Mas faz parte da alegria. Depois entre no
trenzinho da alegria, um atrás do outro, e siga fazendo fon-fon, lá
do alto de sua maturidade... Você vai sentir-se muito confortável.
E
finalmente se resolva: coma os mexilhões, escargots, ostras,
alcachofras etc., como manda a etiqueta - ou desista. Não é lá
muito fácil encarar uma ostra e seus parentes. O negócio certo é
comer direitinho, embora maravilhoso seria comê-los como se
estivéssemos num boteco: sem rigor, despidos de frescura. Mas
estamos em público, portanto, temos de seguir as regras para não
sermos alvo de chacotas. É a vida.
Só
não abro mão dos cachorrinhos de aniversários infantis: vai de
qualquer jeito...mesmo com o trenzinho da alegria! Compensa. E que
falem, que pensem, que digam... Mas tudo vale a pena quando a festa é
dos pequenos!
E
por hoje, a aulinha de boas maneiras fica por aqui. Mas voltarei com
novidades noutra área.
cachorrinhos a massa, tão fácil...
o folhado, fácil de comer! a pizza moderninha...
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rsssss...Adorei te ler e acho que lembraste bem de tudo. Adorei o bolo cuspido. E é bem assim! Por isso tão em moda os bolos aparentes só com a vela e depois vem o outro. beijos,linda semana! chica
ResponderExcluirTaís: Adorei ler o teu texto, mas eu fora de casa só como peixe Grelhado ou carne assada mas sem molhos, porque eu não posso abusar além disso a minha comida tem que ser praticamente sem sal por motivos de saude do foro Cardiologico.
ResponderExcluirBeijos
Santa Cruz
Tais, eu às vezes dou uma de "dona das cavernas" pois adoro pizza do shopping que vem sobre um papel manteiga e mais uns guardanapos pra limpar o óleo que escorre [cotovelo à fora se deixar kkkkkkk]. Enrolo como fazem os italianos e deixo rolar guela à baixo. Macarrão eu prefiro pene e aí como com elegância...Adoro uma manga inteira ou fatia de melancia sem cortar e aí já viu a lambança, mas f...-se a etiqueta, acho que a vida é muito curta pra vivê-la debaixo dos padrões etiquetados por gente que nem sabe o que é uma banana o cacho. Acredita que eu vi uma super, hiper e mega chique ensinando a comer a banana cortadinha em fatias e não como nós brasileiros a comemos [como macacos, segundo fala dela...].
ResponderExcluirPode até ser complicado, mas eu não ligo muito pra etiquetas quando a coisa deixa de fluir em meu favor kkkkkkkkkkkk.
bjkas doces e boa semana.
Limerique
ResponderExcluirBom mesmo é colocar-se à parte
Ao invés de desfraldar estandarte
Sair bem de mansinho
Comer no seu jeitinho
Porque degustar não é uma arte.
Diverti-me muito participando de suas aulas... Coberta de razão você está. Adorei!
ResponderExcluir[ ] Célia.
Hahhahahah Diverti-me muito com sua aulinha de boas maneiras à mesa, fiquei imaginando cada cena! E, claro, amei a dica para por em prática - em casa - aquilo que aprendemos nas cavernas! rsrsrs Afinal, tudo é um questão de adequação: se você quer pousar de bonitinha, fina e charmosa, vá a um restaurante e coma como manda o figurino; mas se quer realmente comer, sentir o gosto da comida, degustar os sabores, peça pelo telefone e fique à vontade no aconchego do lar! rsrsrs
ResponderExcluirEntendi certinho sua aula? rsrsrs
Ainda rindo, deixo beijos. Ótima esta crônica!
J'adore cette photo qui résume bien la difficulté de l'exercice !...
ResponderExcluirParece que o bolo cuspido já ganhou salvação, hj o bolo é de mentira e as fatias vem servidas lá da copa/cozinha (o que me dá mais medo...rsrs)
ResponderExcluirLembrei de uma cena recente, em que o pedido de um sanduíche foi motivo de "sessão desmanche" pra poder comer o dito cujo, impossível morder com elegância aqueles 5 andares de recheio...só garfo e faca deu jeito!!... rsrs
Olha Tais, acho que se evita ferir a etiqueta em público, mas já flexibilizei muito, pouco se me dá se acham feiuo ou bonito eu cortar o que não pode, o que não dá, é pra sentir náusea com a boca cheia de algo que lá dentro acaba parecendo um buque de flores que se abriu instantaneamente , fazfavor... kkkkkkkk
Agora, o bom mesmo é comer com gosto, sentindo o prazer da comida e das companhias, de pleno acordo com vc!!!
Adorei (novidade!!!) passar por aqui e dar boas risadas ( a caverna vai entrar no assunto na próxima oportunidade que eu tenha! ). Beijo pra vc, que o frio não venha forte como anunciado!!
ResponderExcluirOlá Taís,
Dei boas risadas com sua bem humorada aula de boas maneiras. Já passei desta fase 'frescurite' e prefiro comer os alimentos à minha moda mesmo-rsrs. Claro que ainda mantenho o bom senso, mas sem exagero. Já desisti de comer alguns alimentos em público, como as empadas, p. exemplo. Haja guardanapo e você ainda fica procurando um espelho para certificar-se de que não está com a boca cheia de farelos. Vamos combinar que é um verdadeiro malabarismo pegar a empada quebradiça com uma das mãos e o prato com a outra e ficar recolhendo os farelos-rsrs. Saboreio melhor os alimentos quando os peço por telefone e os como tranquilamente no conforto do lar, sem preocupação com olhares críticos-rs. Etiqueta mesmo só quando não há como evitar.
Adorei este momento relax.
Beijo.
OI TAIS!
ResponderExcluirACHEI MUITO BEM HUMORADO ESTE POST.
SABE, FIQUEI PENSANDO QUE ELE É DIVERTIDO MAS, VERDADEIRO, POIS QUEM JÁ NÃO PASSOU UM PERRENGUE DOS QUE ESTÃO AI?
PIOR, É QUANDO SE TEM FILHOS PEQUENOS E QUEREMOS DAR O EXEMPLO...
GRATA PELA VISITA LÁ NO "SÓ PRA DIZER".
ABRÇS
http://zilanicelia.blogspot.com.br/
Tais, muito engracado voce e. "Continue fazendo fon fon", que graca me ha causado rsrs, adoro expressoes brasileiras.
ResponderExcluirVoce sempre tem razao, suas observacoes sao muito precisas. Eu ja resolvido: como aquele lugar onde me sinto confortavel ou nao como nada. Tal vez so gnocchi... porque sao praticos, deliciosos, nao caen na blusa... en fim, sao menos propensos a fazer um papelon. sim, amo gnocchi, tudo de bom com eles!
Beijos.
Pues es cierto, cuando comes un milhojas y comienzan a esparcirse una tras otra hoja por el suelo o cuando comes langostinos con tenedor y cuchillo...A mi se me hace eterno.
ResponderExcluirMuy divertido y simpático Post.
¡¡¡Gracias por tu comentario!!!
Abraços e beijos.
Uma bela e cheia de humor aula de boas maneiras.
ResponderExcluirGostei muito!
Saudades, também daqui.
Beijos,Élys.
Aula de etiqueta e de humor!
ResponderExcluirÓtima crônica!
Beijos de Loyde e toda a turma do atyelier
Olá sra Tais Luso, é um prazer estar deputando neste blog, que já sigo. Como entrada leio este post, escrito de uma maneira muito bem humorada, com doses cavalares de verdades - adorei o pôr em prática o que aprendi nas cavernas rs (genial). Faz muito tempo que aprecio os blogs do dr Pedro, pois são inteligentes, curiosos, tratam matérias que muito me interessam e agora o teu blog, pois nos posts que dei uma lida, muito tenho a aprender, a rir e refletir neste blog.
ResponderExcluirFesta de criãnça é tudo de bom, troco um 'churrasquinho' por uma boa festa infantil, e lá, bom, lá deixo a criança interior solta, até encher a barriga rs. Muito bom este post.
ps. Meu carinho meu respeito meu abraço.
Olá, Jair, pois é, também lhe dou as boas vindas! Ontem li bastante de seu blog, de vez em quando fico algum tempo num blog só para conhecê-lo melhor, pois somos muitos nessa imensidão que é a blogosfera.
ExcluirNesse meu blog, faço umas intercaladas do hilário à crônicas mais sérias, até para fazer uma pausa, uma recreação.
Bem-vindo!
Grande abraço.
.
ResponderExcluirEu sei que tem bom humor
nas suas palavras até porque
o garfo e a faca fazem parte
do nosso cotidiano.
Obrigado pela bela leitura
e as palavras encantadoras
com as quais abrilhantou o
comentário no meu blog.
Um beijo,
silvioafonso
.
Risos e mais risos, Tais. Fiquei completamente sem etiqueta aqui no trabalho, lendo gostosamente o seu texto. Amei! :) Bom fim de semana!
ResponderExcluirOlá Tais! Não sou muito chegado à etiquetas. Valorizo mais a barriga cheia. Rsrs.
ResponderExcluirBela crônica amiga. Parabéns!
Abraços e um ótimo final de semana pra ti e família.
Furtado.
Tais, amadinha me fez rir e muito. Sabe sou de pouco riso, infelizmente,mas sua escrita me fez desopilar o fígado.Ri,e continuo rindo lembrando o que comi....rssssss
ResponderExcluirQuanta frescura temos que enfrentar para comermos um ótimo macarrão,ahhh! Há alimentos que temos que fazer uma boa ginástica para não perdê-los pelo caminho até à boca.Fazer o quê? Tais,você e suas crônicas estão ou melhor são ótimas. Grande beijo!
Taís, você foi ótima, como sempre. Fui lendo, imaginando as cenas e dando risadas. Sabe que já nem me importo com algumas regras? Se as folhas são muito grandes, eu as corto. Se não consigo enrolar o macarrão, corto. O importante é nos sentirmos bem e à vontade. Bjs.
ResponderExcluirTais, nada como a privacidade do lar para degustar um galeto sossegadamente!
ResponderExcluirSeu texto está divertidíssimo, tão bom de ler.
Beijos
Sempre atenta e pronta para o divertimento.....Sim...que
ResponderExcluirtoda essa etiqueta, faz parte....
Felizmente que hoje já não se liga tanto a certos pormenores,
e há sempre um jeito de dar a volta.
sabe que a etiqueta por aqui, para comer a sardinha no dia
dos Santos Populares, é uma fatia de pão, uma sardinha bem gordinha em cima e uma mão sem 'problemas', arrancando a pele
colocar de lado, depois pegar nos lombinhos do petisco e
levar à boca, sem desperdiçar nada, o que quer dizer, que os dedos têm de ser bem 'saboreados'.....
Oh Taís....etiqueta já era....ou procuro o meu canto...
Mais uma belíssima crónica, das que tanto gosto....
Beijo
Caramba, fiquei com fome depois disso tudo, viu? Mas entendo bem o que diz. Falando em cachorro-quente, mas não o de festa, faço sempre uma bagunça. A salsicha e os recheios vão escapando pelo outro lado, ih...
ResponderExcluirMas olha, não tem nada melhor que comer em casa, quietinho, sem plateias! Já consegui lançar mil toneladas de cheddar na minha barba e o caminho até o banheiro foi tortuoso.
Muito boa essa aula! Que venham outras.
Beijo