- Tais Luso de Carvalho
Ainda leio
jornais impressos, gosto de ler logo após o café da manhã. Passo
os olhos numa montanha de informações e leio o que me interessa.
Gosto dessa intimidade com o jornal e com os livros. Gosto de papel.
Bem...
Cheguei numa
página do jornal e fiquei espantada. O título era assim:
Leitura
Dinâmica – Mil palavras em um minuto. Lógico, achei uma coisa
meio doida e pensei qual a razão de tamanha pressa? Tudo bem,
leitura dinâmica todos conhecem, mas…
O problema é
que isso é um aplicativo embutido num novo celular que está chegando
ao Brasil e que vai nos permitir ler mil palavras (por minuto)
naquela telinha! E diz mais: com a ferramenta, seria possível ler um
romance de 300 páginas em pouco mais de 1 hora! Que loucura.
Pensei em
morrer. Preciso descer desse planeta!! Tudo está muito rápido, não
dá tempo de engolir. Será que há vida noutro planeta? São tantos, alguns até simpáticos…
Será a Terra o único lugar a hospedar vidas?
Bem, se já
não sou amiga de Smartfones - odeio dedinhos andando à procura de
aplicativos - então fico a imaginar uma leitura dinâmica num celular. Não conseguiria acompanhar essa velocidade nem em tela de cinema. Preciso fazer minhas conexões, pensar.
Estou
começando a simpatizar com o homem Cro-Magnon, que viveu há
milhares de anos; ele tinha boa aparência, com cultura própria e
foi evoluindo sem muita pressa, deixando seus vestígios nas
cavernas. Estou começando a achar que o homem Cro-Magnon era O Cara! Sabia viver.
Penso seriamente em parar de evoluir para não enlouquecer.
O artigo do jornal diz
que essa revolução tecnológica é para suprir a
falta de tempo das pessoas. Elas estão sem tempo para ler tudo que
gostariam.
Mas desde quando as pessoas leem tanto assim?
Mas desde quando as pessoas leem tanto assim?
Nego-me em
acompanhar tanta tecnologia. Prefiro pisar na real. Não vou fixar
meu olhar num único ponto da tela, eliminar o ato de mexer meus olhos, e tampouco penso em condicionar meu
cérebro à regras preestabelecidas.
E esse aplicativo também serve para leitura acelerada de e-mails! Não consigo
entender o porquê de tanta pressa se o que temos para viver já não
é lá grande coisa. É melhor ficar coçando... Mais saudável.
Depois de ter lido o artigo fico a pensar, cá com meus botões, quanto desperdício, quanta solidão
estamos plantando nessa virtualidade exagerada. Mais aplicativos para nos mexermos menos.
Sinto que preciso
resgatar um pouco do meu passado. Preciso buscar minhas memórias
antes que um vírus entre no meu disco C, faça uma anarquia e delete
toda minha história.
To indo.
Taís, também não entendo tantas coisas nesse mundo... Não sei pra que tanta pressa, tantas necessidades cada vez maiores.
ResponderExcluirFalaste tudo e muito bem! beijos,chica e linda semana, sem pressas, de preferência!
Bom dia, Taís!
ResponderExcluirQue belo posto que realmente nos faz pensar muito em retornarmos nosso olhar, nosso coração, nossa alma a um tempo que ficou para trás e que aos poucos podemos voltar na companhia de pessoas, no desfrute agradável da comunicação que nos faz crescer como seres humanos!
É bom parar para pensarmos nesse assunto mesmo.
Adorei, paz e luz!
Mariângela
Taís! Desçamos juntas desse mundo! Também ando às margens de tanta evolução e consumismo. Quero ter tempo, todo tempo que ainda Deus me premia, para saborear da vida. Nada como o real. Virtual, às vezes, é bom, até necessário, mas somente o suficiente para nos ajudar em alguma tarefa. No mais nada como o olhar uma pessoa, um livro, um jornal, ouvir uma música, um rádio e criarmos em nossa mente as imagens! Insubstituível qualquer uma dessas ações! Valeu, menina Taís, pelo excelente artigo!
ResponderExcluirAbraços.
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Olá Tais,
ResponderExcluirInteressante que sábado, após ver os jornais da Record e Nacional, falei para o meu marido: "Pare o mundo, que eu quero descer"-rsrs. Até sonhei que o mundo estava acabando. Ô sufoco!
Eu jamais iria desejar ler um romance de 300 páginas em torno de uma hora. Gosto de ler pausadamente, voltando a página quando preciso; enfim, degustando a leitura. Quem aguenta acompanhar essa modernidade? Somente os jovens mesmo, que, infelizmente, não procuram se aprofundar em coisa alguma. Já estou custando a me familiarizar com todos os novos recursos tecnológicos e só faltava mesmo uma novidade assim, para me fazer pirar de vez-rsrs.
A virtualidade em excesso está minando as relações. Saudades dos velhos tempos, quando a vida parecia correr mais devagar, sem excesso de informações desagradáveis e quando os contatos se faziam agradavelmente, com presença física e olho no olho.
Ótima crônica.
Beijo.
Olá Tais!
ResponderExcluirDepois de um longo intervalo...estou voltando mas devagar! Já não consigo acompanhar as novas tecnologias...sou de outro tempo.Confesso que há novidades que acho interessantes e boas, outras nem tanto e, nem me interessa saber a utilidade de tanta aparelhagem.Faço as minhas opções e procuro viver o que me resta sem grandes preocupações. Continuo a gostar de livros e de revistas em papel!! Para escrever um poema pego numa caneta e num papel...nunca no computador!Parabéns pelo texto. Um grande abraço e boa semana.
Oi Taís! Correr para quê? Desde muito tempo sei que a pressa é inimiga da perfeição? Belo texto amiga.
ResponderExcluirAbraços e uma ótima semana para ti e para os teus.
Furtado.
Taisamiga
ResponderExcluirAqui em Goa nem me apetece descer... Eu conto. 35º no mar 28/29º, preços astronómicos - pequeno-almoço 1,30 € (feita a conversão...) etc, etc., etc. Só de pensar que no dia 1 de Maio chegarei a Portugal até me arrepio. Mas...os filhos,noras, netos e neta... As saudades são muitas.
Na Travessa tenho vindo a publicar umas croniquetas de cá.
Abç ao Pedro e qjs para... tu
Minha querida amiga Tais, aos costumes o encantamento se refaz, gosto de papel, sou daqueles que acreditam que livros não são tudo, mas depois não tem muita coisa, mesmo depois da internetrs - isso não é meu, mas sempre uso, então..., e o cheiro do livro, bom, sou do tempo da hemeroteca, papéis, papéis e as leituras que ajudaram a moldar este ser que aqui se apresenta. Leitura pra mim é prazer e prazer, pra que pressa ? e quando a pressa a disposição é completamente desnecessária (penso eu), mesmo com teus mais argutos argumentos...ok, pensei em morrer, e eu morrer de rir - adorei...isso é mais que lidar do que falar e refletir sobre o tempo, mas de tentar entender o que se passa, desde quando o hábito da leitura é algo além do normal neste país, adorei Tais...mas é tecnologia, queremos ter, afinal ter é tudo, para que ser, para ler e entender se posso implantar um chip, e deixar de ser eu ?
ResponderExcluirTo contigo, viva o homem Cro-Magnon, tenho medos e interesse ao mesmo tempo por este novo tempo, mas caldo de galinha e cautela não faz mal a ninguém, não quero perder o pouco de humano que ainda posso exercer, tecnologia, mas com saúde, outra bela sacada dona Tais...gosto dessa idéia do resgate de nossa hiostória (adorei especialmente esta parte, dizes muto bem Tais), é como se estivéssemos entregando a alma ao d., mas a minha é de Deus.
Querida Tais, nos brinda com mais uma belíssima crônica..estas me acostumando a não esperar menos, vou parar de dizer, é a melhor crônica tua que li, como já disse, e teria de repetir, então não digo mais, que é a melhor crônica tua que li. Obrigado por me fazer rir e refletir com a leveza de teus escritos.
ps. Todo meu carinho respeito e abraço.
Tais, podes estar sempre firme na terra e tomar bizarrias da publicidade por enganosa. O que muito rápido é a competição entre os exageros e tentar vender o que amanhã já ninguém mencionará. O que leste, penso que não passa de um apelo a mais despesismo. Se pensarmos em termos de leitura, a sério, quem iria pensar em mil palavras num minuto?
ResponderExcluirReportando-ma à consagrada Elis, fiquei a saber que nasceu em Porto Alegre. Realmente ela foi divinal. Ainda a ouvi ao vivo em Lisboa. Fui sempre fã. Presentemente, a filha Maria Rita, a tenta imitar, tendo uma boa voz, nunca terá o talento da mãe.
É a pensar nas vendas que somos convidados ao empurrão. Vou ficar junto de si a ler o jornal enquanto calmamente saboreio um café. Bj
ResponderExcluirFast tudo
ResponderExcluirVai de fast isso, fast aquilo, fast food
Quanto mais fast, mais rápido se ilude
Já não diminui o rítimo para pensar
Esse homem que está em todo lugar
Lhe parece que viver é uma corrida
Porém o que passa é a própria vida
E ele, consumindo-se, não aproveita
Correr, trabalhar sem pensar sua seita.
Pois é Homo sapiens esse animal vil
Que queima a vela pelos dois lados
E nada sabe da vida, porque não viu?
Ignorante, comporta-se como gado
Como em manada atravessando rio
Acreditando que sofrer será seu fado.
Pois amiga Táis, onde isso tudo vai parar? Gosto da tecnologia. Inclusive acho que a internet pode fazer com que o jovem se interesse pela leitura, entretanto, nada substitui o prazer proporcionado pela leitura de livros, jornais e revistas impressos no velho e bom papel.
ResponderExcluirUm abração. Tenhas um ótimo dia.
Olá Taís tem hora que dá vontade de pedir para parar o mundo.
ResponderExcluirHá uma correria, um incremento acelerado, que nos catalisa a todo instante e haja tecnologia despejada sobre os pobres mortais.
O perigo é ter leitores velozes mas cegos.
Linda sua cronica.
Um abração carinhoso.
Beijo amiga.
Sorte ao azulão na próxima.
Oi Taís, não estava sabendo deste aplicativo...
ResponderExcluirTenho 22 anos e tenho smartphone, não por vaidade mais por necessidade de
ter uma rapidez nas respostas de e-mail, mensagens de watssap , mas tudo para
trabalho e faculdade, nada de pessoal. Acredite se quiser, já levei nome de alienado
por não ter tantos aplicativos e jogos no meu aparelho. As informações são muito rápidas
e eu não tenho esse pique todo kkk As vezes acho que nasci na geração errada. Estas máquinas deixam agente louco. Lembra quando surgiu a internet aqui no Brasil que nós ficamos um pouco com receio e depois aceitamos na maior? Acredito que será assim.
Outro dia, uma amiga falou que daqui a 10 anos, teremos aplicativo para fazer café e detalhe ele vai sair na hora pelo aparelho celular. Inacreditável? Quem viver, verá. kkk
Abraços
kkkkkkkk se encontrar um planeta habitável me avise tá? Tô de malas prontas kkkkkkk.
ResponderExcluirTambém adoro o cheiro do papel (livros, jornais e revistas). Adotei o iPhone mas não fico baixando aplicativos feito louca e teclo muito pouco... Gosto da tecnologia mas não sou sua
escrava... Continuo apreciando a natureza e a vida simples...Gosto de fazer pão caseiro, de
costurar meus lençóis, ainda uso um coador de café de pano e não gosto de microondas...Pronto falei!!!!
Viu só que vc não está sozinha nesta vida? Mas continue de malas prontas que, na primeira oportunidade alçaremos vôo!
Beijão
Adoro mesmo é o livro de papel! Folhear, não há verbo mais lindo! Cheirinho, então!
ResponderExcluirCarmem, obrigada por todos os seus comentários nos outros posts, adorei.
ExcluirBem-vinda ao blog! As coletâneas e revistas estão na guia, abaixo da faixa.
Beijo pra você.
Oi Tais,
ResponderExcluirsempre bom vir aqui...
o que eu fico pensando é que as pessoas vão investir neste aparelho para ganhar tempo e depois pagar muito caro por perder cedo a memória... essa é a verdade.
Grande abraço
Leila
Boa pergunta: "Mas desde quando as pessoas leem tanto assim?" Nunca se conversou tanto ao celular e nunca as pessoas estivaram tão solitárias, tão ensimesmadas, satélites de si mesmas. Os modismos ditam os costumes, os como deve ser, os comportamentos. Se não fosse a moda, a grande maioria das pessoas não sabiam como se comportar , como se vestir, como viver. Adoro pessoas autenticas.
ResponderExcluirLer 300 paginas em uma hora? De quantas delas vc se lembra depois de dois dias? Muitas dessas "novidades maravilhosas" me parecem apenas a expressão da necessidade da industria de vender sempre. Por isso surgem tantas "inovações tecnologicas". Acho que estou ficando velho mas aprendi uma coisa dos tempos em que eu vivia sempre apressado e estressado. A gente passa anos e anos correndo feito louco para no final das contas chegar a lugar nenhum. Certo?
ResponderExcluirCertíssimo!!!!
ExcluirPenso igual, estou diminuindo meu ritmo, minha intenção não é ir... é ficar!
Taís, e quem garante que alguém que não gosta de ler vai passar a fazê-lo, levando em conta aplicativos???? Não se trata de pressa, mas de preguiça, de falta de interesse. Os apreciadores da leitura querem paz para fazê-lo. Não substituo o livro impresso por nada. Gosto de fazer anotações, de marcar frases ou colocações que me encantam, de voltar a certas páginas sem ficar rodando tela de computador. Esse progresso tecnológico não é para mim. E não estou perdendo nada (heheheheheh). Bjs.
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