Hidráulica no bairro Moinhos de Vento - classe A / POA
– Tais
Luso de Carvalho
Vergo-me à
conhecida frase (que
não vem ao caso se é ou não de Charles
de Gaulle),
de que
o Brasil não
é um
país sério. Infelizmente
o Brasil fica a desejar no quesito
honestidade.
E isso é certo.
No fundo, dá
vergonha e uma
enorme vontade é de esconder a
sujeira não sei onde. O melhor é
falar das nossas
belezas naturais,
falar de arte, literatura, da
fauna e flora,
da arquitetura, do
cachorro da vizinha…
Pelo menos se aprende alguma
coisa. Custa
a chegar uma notícia boa
para
dar um pouquinho de esperança e
acalmar os nervos. Um
fôlego.
São tantos escândalos, tantas
as
emoções
que
nosso
orgulho vai
perdendo as forças. E a nossa
fragilidade vai ganhando espaço
quando resolvemos comparar. O
pior de tudo são as comparações. E
pior é que nosso Hino
continua lindo, faz acreditar num
povo heroico e nas
margens plácidas. Parece que
acostumamos a viver em contradição.
Carregamos
esse maldito jeitinho brasileiro que
está embutido
no DNA do país, o abominável, o aproveitador jeitinho. E
isso aparece em tudo, principalmente no ano de eleições, em que
muitos vendem seus votos em troca de pequenos favores; gente que
vota em todas as eleições, no mesmo contraventor porque o camarada
é simpático ou distribui dentaduras, cestas básicas, promessas
descabidas aos necessitados – maior fatia do eleitorado. E depois
desaparecem. Dá pra pensar que a criatura morreu. Não!! Ressuscita 4
anos mais tarde com mais amor pra dar. Aí é que falta investir em educação. Tornar as
pessoas mais capazes, mais lúcidas para as escolhas. Para através
do voto dar rumo ao país.
Criança sem instrução, sem
oportunidade não vira anjinho, transforma-se num adulto desajustado e ladrão. Mas isso não quer dizer que os abastados sejam santos (nesses falta outros quesitos). A
verdade é que só vestimos a mesma camiseta nas Copas
do Mundo. Nesse ponto nosso patriotismo vai às lágrimas.
Criamos uma corrente de solidariedade do Oiapoque ao Chui e uma
irmandade do tamanho do país. Um só coração. Todos se dão as
mãos para torcer pelo Brasil. Ganhar a Copa é questão de vida ou
morte.
Mas o que somos, afinal?
Somos um povo sem ídolos, sem ninguém
que nos guie através do coração e da razão. Através de exemplos.
Somos um povo (na maior parte) sem educação, que joga lixo nos
rios, sofás e mil porcarias no riacho mais próximo. Um povo que
joga lixo nas ruas e depois reclama que os bueiros entopem e as
cidades viram um dilúvio com qualquer conta-gotas. Então fica
assim: o Estado joga a culpa no povo que não tem educação, que não
coopera, que sai quebrando tudo, e o povo continua a pedir escolas,
educação, saúde… Mas o povo geralmente nada leva, os políticos
ficam se amorcegando.
E assim vamos vivendo, burlando as leis
com o famoso Jeitinho Brasileiro.
Ao longo de nossa história aprendemos a
nos fantasiar: adoramos brilhos; brilhamos feito neons. Temos o mais
belo carnaval do mundo, lindas praias, sol pra vender, belos
monumentos, cidades arborizadas, linda arquitetura...
Mas rumando para a periferia não veremos mais plumas nem rendas: vamos pedir é que Deus nos defenda! Estamos no ano de Eleições: a festa vai começar.
Na Vila, esgoto a céu aberto...
Aplaudindo daqui! Muito verdadeira tua crônica!
ResponderExcluirNosso hino, bandeira são lindos,mas falta muito, muiiiiiiito mesmo ainda por aqui! E essas diferenças tão bem mostradas, do brilho ao esgoto, preocupantes!
Linda imagem da hidráulica no bairro que brilha...Triste a outra!
Porém ,real! beijos,chica
Linda Taís, texto que mostra as contradições de um País, que é lindo, rico, mas muito mal governado, o povo não quer aprender também, isso já é de tempos, paternalismo político/sócio/econômico, acho que não há solução se assim continuar.
ResponderExcluirÉpoca de eleições, tudo parece sempre do mesmo jeito, iremos ainda por muito tempo com "o jeitinho brasileiro"!
Abraços e tenhas uma linda semana!
Tais
ResponderExcluirQuando se avizinham eleições, há de tudo para dar. Tudo são facilidades para o povão. É na altura que é apregoado o seu, o valor do seu voto, entenda-se!
Logo que haja eleitos, esfuma-se tudo menos a corrupção, a escola daí e daqui!
Postei no INTEMORATO.
Beijos
A situação mudaria ou mudará somente quando - se ocorrer um dia - as pessoas, de modo geral, adquirirem consciência de retidão, enquanto isso não ocorrer...
ResponderExcluirTodo mundo consegue discernir o certo do errado, então o que falta para agir de modo correto? Consciência!
Um abração. Tenhas uma ótima semana.
C'est bien d'voir un œil critique sur son propre pays, sans pour autant le dénigrer systématiquement...
ResponderExcluirMerci, Jeanmi, viennent à nouveau.
ExcluirBienvenue sur mon blog.
Salutations.
Uma bela crônica! Infelizmente as autoridades e o povo insistem nos mesmos erros e certamente será muito difícil
ResponderExcluiracertar enquanto não houver no país uma educação verdadeira, de qualidade.
Um grande abraço,
Élys.
A vida é bela!
ResponderExcluirNum lugar esconso e bem distante
Existe um país com povo inzoneiro
Onde poucos são gente importante
E maioria que sequer tem dinheiro.
Mas, no planalto central, numa ilha
Políticos se locupletam o dia inteiro
Na cidade/fantasia de nome Brasília
Num clima corrupto bem banzeiro.
Mas vai haver futebol nessa terra
Então deixa de ser encrenqueiro
E procure não iniciar uma guerra
Por que não há lugar prá vespeiro
Neste país que o povinho se ferra
Mas sempre dá o jeitinho brasileiro
Dizer mais o que? Tais Luso. Disse tudo! A muito não assisto mais telejornais, para não morrer de tédio e tristeza. "Meu partido é um coração partido e as ilusões estão todas perdidas (...) Ideologia eu quero uma pra viver".
ResponderExcluirTaís, é duro ter lucidez para ver tudo isso. As desigualdades de tratamento estão presentes em todos os cantos desse rico e belo país. De um lado, as praias encantadoras. De outro, a miséria e a ausência de saneamento básico. Nas propagandas eleitorais, nota-se que todos conhecem os problemas brasileiros e sabem de cor as soluções ideais para saná-los. Eleitos, perdem a memória. E o pior, são sempre os mesmos. Quando um desocupa a cadeira, já prepara espaço para a chegada do outro. Estou cansada de ver tamanha propaganda envolvendo a copa. Se desejavam que o Brasil se tornasse o centro do universo, por algum tempo, conseguiram. Estamos na boca de todos como exemplo de irresponsabilidade e incompetência. Esse mesmo povo que se veste de verde e amarelo não mostra patriotismo na hora do voto , levando em conta, tão somente, suas pessoais prioridades, igualando-se à forma de agir dos governantes. Bjs.
ResponderExcluirMinha querida amiga Tais, gosto das fotos impactantes ao serem comparadas, consequencias de uma mesma situação, e chamar de abominável jeitinho brasileiro, esta abominável mania, acredito que esta 'filosofia' made in Brasil, infelizmente já está no DNA, como dizes. Consequentemente, a desonestidade que é corriqueira nos dias de hoje, a falta de vergonha, caráter, de pessoas que confiamos o voto, daí eu pergunto: adiantou eu tentar escolher conscientemente meu candiato, mas antes disso eu acredito e é o que se espera no mínimo que é a honestidade de quem está investido de um cargo, uma função importante, que representa um grupo imenso de pessoas, infelizmente é o que se vê em Brasília por exemplo...há algum tempo atrás rs na faculdade fiz um trabalho sobre direito alternativo, e tinha como um bom representante Warat, Carlos Alberto, e ele falava na carnavalização no nosso país, que tudo acabava(em pizza, colocação minha), e usei um jogo da seleção nacional para exemplificar o lado negativo da carnavalização (tou divagando rs) , tanto que até nos dias de hoje a política se serve do futebol para maquiar a realidade cruel que vivemos, vide gastos para a Copa...
ResponderExcluirMinha querida amiga, obrigado por mais uma bela e triste e verdadeira crônica, obrigado por tuas palavras sempre tão bem ditas, e obrigado por me permitir refletir e aguçar meus sentidos.
ps. Todo meu carimho meu respeito e meu abraço.
Olá Tais,
ResponderExcluirVocê disse tudo nessa sua excelente e lúcida crônica. Todos sabemos que educação é primordial num país, pois um povo culto jamais se vergará ao oportunismo. Contudo, os governantes não desejam um povo culto e, por isso mesmo, não investem na educação. Aliás, o governo, através de seus representantes políticos, só desejam se locupletarem à custa do povo, superfaturando obras, desviando recursos, etc. Sinto uma enorme indignação contra a política corrupta do nosso amado Brasil. Não suporto ver propaganda política, pois sei que se eleitos o discurso será outro, pois serão contaminados pelo sistema, mesmo se tiverem alguma boa intenção. Estou verdadeiramente desolada, pois não vejo perspectivas para mudanças, já que os candidatos a cargos políticos são sempre os mesmos. Nosso povo é um povo que não perde oportunidade de tirar vantagem em tudo. O jeitinho brasileiro deveria funcionar para coisas boas e eficazes, mas, infelizmente, não é assim que acontece. Não sei se dou risada ou se choro diante da situação dos estádios, já que provavelmente alguns somente ficarão prontos às vésperas da copa do mundo e sem oportunidade de tempo para serem testados adequadamente. Já imaginou se houver falha estrutural e acidentes? Não quero nem pensar. A imagem que o Brasil passa para fora do país, no momento, é de irresponsabilidade e incompetência. Não era o momento de realizarmos um evento de tamanha envergadura em nosso país, que necessita urgente de recursos nas áreas da educação, saúde e segurança.
Amo meu país e sinto uma tristeza enorme por presenciar a sua destruição pela vaidade, egoísmo, falta de escrúpulos e mal caráter daqueles que detêm o poder e a quem cabe proteger o seu povo. #Oremos!
Muito bonita a imagem da hidráulica.
Parabéns pela ótima crônica.
Beijo.
Para quê educação? Quanto mais rude e ignorante for o povo, para eles é bem melhor, pois assim não sabem que roubam e quanto roubam. Bela e muito pertinente a tua crônica Tais!
ResponderExcluirAbraços,
Furtado.
Taís,gostei tanto do seu texto que peço sua permissão para postá-lo em meu blog tb,com os devidos créditos. Análise sensata de nosso país! bjs,
ResponderExcluirOi, Anne Liere, claro, pode postá-lo em seu blog e agradeço por divulgá-lo.
ExcluirUm beijo pra você e um lindo fim de semana.
Quando voce diz "somos um povo sem idolos" voce me fez lembrar alguns personagens norte americanos, inlcusive presidentes como Lincoln que foi um homem exemplar. Sem falar em inumeras conquistas tecnologicas e sociais. O meio devida la (falo por conhecimento proprio) é imensamente melhor que aqui. Veja só que um balconista de padaria pode ter um carro zero quilometro. Pode parecer sem sentido mas significa que voce pode viver muito, mas muito melhor mesmo, do seu trabalho. Adicionea isso grandes figuras nas Artes, na Politica,e nas Ciencias e entendera porque o americano tem orgulho justificado do pais deles.
ResponderExcluirEnquanto nós vamos ficando sem escolas, sem hospitais sem aposentadoria digna, mas em compensação temos os estadios mais caros do mundo-" que orgulho" não é?
Não sei que dizer.....pois por cá o mal é igual.....Haverá por aí uma herança....???
ResponderExcluirEstou envergonhado, pois parece crónica feita deste lado do Oceano.....Tomei a liberdade de
amputar uma dúzia de linhas, para enviar por mail a gente daí e daqui.......Hoje festejou-se o 25 de Abril......e lá dizia o nosso poeta Ary.......
.........................
E se esse poder um dia
o quiser roubar alguém
não fica na burguesia
volta à barriga da mãe!
Volta à barriga da terra
que em boa hora o pariu
agora ninguém mais cerra
as portas que Abril abriu...
Vamos tentar.......sempre...
Beijo
Amiga Tais, vim, aqui, agradecer tua visita ao meu modesto espaço. Também aproveitei a oportunidade e li o post anterior a este, a linda história do cão amigo do morador de rua. Os cães são perfeitos, não discriminam, são amigos incondicionais. Sou suspeito para falar de cães, porque os amo. Quando perguntam a mim de quantas pessoas minha família é composta, digo de seis: eu , minha mulher; a Sheila, minha filha; a Gisele e as minhas três cachorras: a Meg, a Mel e a Belinha.
ResponderExcluirSobre a maldade contra os bichos e contra o planeta, de modo geral, digo a mesma coisa que havia dito anteriormente, é uma questão de consciência. Indivíduo consciente, não agride o semelhante nem o animal nem a natureza. O homem consciente é um sábio.
Um abração. Tenhas um lindo fim de semana.
Olá, Dilmar, agradeço também pelas tuas visitas 'gauchescas' - nossa terra que muito nos orgulha e o qual você fez uma homenagem, o chimarrão. Quanto à família, também temos além dos filhos, aquele que arrebata os nossos corações, o dono da casa e de tudo: o Guga, nosso cão-filho. Se os homens se espelhassem mais nos animais o mundo seria outro,
ExcluirGrande abraço e um bom fim de semana.
Querida Tais:
ResponderExcluirLeyendo tu crónica sobre tu país, y sobre sus gobernantes y sus promesas en periodo electoral, te diré que por desgracia la historia se repite en muchos otros países.
Los políticos incumplen sus promesas electorales de forma vergonzosa cuando consiguen el poder y viven en un mundo irreal a los problemas de los ciudadanos hasta las próximas elecciones, donde de nuevo volverán a vender su mundo idílico e imaginario.
Lo lamentable es que la historia se repite en partidos con diferente ideología, produciendo en el pueblo una sensación de desamparo.
Gracias por tus amables comentarios que me has dejado en mi blog.
Besos
Olá Tais, como sempre belíssima e coerente crônica. O governo tem medo de que as pessoas estudem e comecem a serem críticas em todos os sentidos.Lá fora, (em outros países) é como você citou, no final da sua escrita só rendas e fitas,mas por baixo dos tapetes Deus que nos defenda.Às vezes, me pego pensando no futuro e tenho medo do que os que ficarem vão passar e sofrer.Parece que a cada dia a violência contra idosos, crianças e animais aumenta e nem há palavras para expressar tão grave situação. O que vamos fazer? Será que só nos resta rezar?
ResponderExcluirTenha uma linda semana! grande abraço!
Oi, Marli, rezar? Não adianta. Já não faz mais efeito, é igual a antibiótico, o organismo já acostumou.
ExcluirAcho que o povo ficando no 'calcanhar', indo às ruas reivindicar o que é de seu direito surte mais efeito. E olha lá!!!
Grande beijo.
Tais,isso seria só o começo da tristeza que nos aflige...Mas viva o futebo!Viva o carnaval!
ResponderExcluirTais temos um pais abençoado com frutas,verduras e legumes de tudo quanto é espécie,fartura,abundância,mas uma cambada que quando não depreda de um jeito,depreda de outro...
ResponderExcluirSem palavras até para começar...
É a falência da Educação e do respeito ao cidadão de bem.
Boa noite Tais!
ResponderExcluirParabéns pela lucidez de análise do jeitinho brasileiro! Mas minha cara amiga, em Portugal sofremos da mesma" doença"...e já é crónica! Eu nem vou falar aqui dos políticos e das suas artes e manhas,dos banqueiros e dos negócios escuros e que são perdoados,os grandes casos que envolvem membros do governo e que os juízes deixam prescrever...enfim dá nojo e vontade de partir para outro planeta. Mas temos futebol a toda a hora em todos os canais e emissoras de rádio e isso é que é bom para entreter o povo!!!
Agradeço o seu cuidado, a minha saúde não vai lá muito boa, não. Um abraço amigo.
Oi Tais! Seu texto está no meu blog hoje se quiser ver:
ResponderExcluirhttp://recantodosautores.blogspot.com.br/2014/04/o-abominavel-jeitinho-brasileiro.html
bjs,
Achei tão curioso a coincidencia , do mesmo texto , agora me situei.
ResponderExcluirbjs
http://eueminhasplantinhas.blogspot.com.br/
rss, bem-vinda, Simone!
ExcluirUm beijo!
Um jeitinho sacana que na realidade não dá jeito em nada. Só demonstra o caráter (ou a falta de) de quem escolhe viver usando o jeitinho brasileiro. Lamentável que tenha rendido tanto aquela propaganda até hoje nas atitudes de muitas pessoas.
ResponderExcluirBeijooooo!
Taís, tantos anos se passaram e continuamos ladeira abaixo...E nem mesmo uma pandemia foi capaz de humanizar os inescrupulosos, que na verdade se animaram mais e mais.
ResponderExcluirQue lugar jardim mais lindo nesta foto, lembrei da casa alugada de meus nonos, tinha vários buchinhos (acho que é esse o nome da planta), eram em formato de bolo feito em forma de anel, nós, crianças nos divertíamos tanto entre eles, parecia um enorme labirinto naquele pequeno quintal...
Abraço!