-Tais Luso
Revistas
especializadas fuçam a intimidade de artistas,
cantores, pintores... trazendo a tona um verdadeiro
arsenal sobre a privacidade dos viventes. Mas nada tão interessante e curioso como
saber do processo criativo e de algumas manias literárias dos escritores. Gente
com cabeça privilegiada também pode ser bem 'diferente'. E revirei meus escombros. Encontrei algumas coisas interessantes dessas pessoas especiais que nos servem de inspiração, ora nos
ensinam, ora nos fazem refletir. E mais: fazem de nós seres bem mais completos. Apesar de algumas esquisitices, tiro meu chapéu sempre, e com muito carinho.
Em breve, trarei outros.
______________________________________
Em breve, trarei outros.
______________________________________
Gabriel
Garcia Marquez
(1927
Colômbia/2014 México)–
autor
de Cem
anos de solidão,
tinha
uma mania que muitos
escritores também têm: contava a mesma história - que
tinha em mente
- a outros
escritores ou amigos.
Já
convencido,
começava
a escrevê-la. Essa
foi
uma mania que pegou por ter escutado um conselho de que para criar
uma boa história deveria contá-la inúmeras vezes para sentir o que
valia a pena ficar e o que deveria excluir.
Levou
30 anos para concluir Crônica
de uma morte anunciada.
Tenho
curiosidade de saber do porquê tanto tempo.
Também
fazia questão de uma flor amarela em cima de sua mesa e só escrevia
descalço. Era
compulsivo
por arrumação.
Isabel
Allende (1942 / Peru)
é um pouquinho supersticiosa, começa suas novelas sempre na
mesma data – 8 de janeiro –, e rezando. Acende uma vela e só
para de escrever quando a 'chama' apaga. No outro dia segue o mesmo
ritual.
Mário
Vargas Llosa (1936 / Peru)
arruma sua biblioteca de uma maneira bastante esquisita: os
livros são colocados por tamanho e país de origem! Certamente eu
me perderia com esse método bastante peculiar. Também escreve
rodeado das estatuetas de hipopótamos que ganha dos amigos, desde
que escreveu Kathie e o hipopótamo. É metódico e compulsivo
por arrumação.
Nélida Pinõn (1937 / Rio de Janeiro), só escreve bem vestida e investe alto na qualidade dos cadernos que usa e jamais usa neles uma caneta Bic. Com 8 anos já vendia seus escritos, mas para seu pai, seu maior incentivador. Apaixonadíssima por animais, se pudesse iria pra rua para cuidar deles. Participou de protestos e movimentos contra a ditadura militar ao lado de seus colegas escritores. Nélida Piñon foi a primeira mulher a presidir a Academia Brasileira de Letras (ABL) em 1996.
"Eu me dei conta de que tinha espírito aventureiro forte demais para ter filhos".
Certo, cada um sabe de si.
Ignácio
de Loyola Brandão (1936
/ Brasil-SP)
, só
começa a escrever depois de limpar a caixa de seu e-mail, cedo,
às 6 horas. Tem
como obsessão fechar todas as portas dos
armários e a porta do
escritório. Escreve até as
10 horas e rodeado de suas
cadernetinhas de anotações
da marca francesa
'Clairefontaine'
que
manda buscá-las. Além do papel ser especial, minimiza o impacto sobre o meio-ambiente.
Ernesto
Sabato (1911/2011 Argentina)
– era
muito disciplinado e
objetivo: se não
gostou do que escrevera na
parte da manhã,
tocava fogo nos escritos na
parte da tarde!
Também era um bom e
dramático artista plástico. Veja aqui.
Georges
Simenon (1903
Bélgica/1989 Suíça) dava-se o prazo de onze dias para começar e terminar um romance.
Como era compenetrado, explosivo, rígido e obsessivo, sentia-se
esgotado se passasse desse período. Nesse ritmo escreveu 192
romances, 158 novelas e mais 176 livros sob 27 pseudônimos. Tinha
mais uma mania peculiar:
em
envelopes separados colocava
nomes, idades e famílias dos personagens e a partir desse
feito
começava a desenvolver o drama, mas
sem saber do final. Também
compulsivo por arrumação.
Bernard
Shaw (1856
Irlanda/1950 Reino Unido) isolava-se
num puxadinho que mandou construir no jardim de sua casa. Era compulsivo
por arrumação. Mas isso é qualidade!
Pablo
Neruda (1904/
1973
Chile)
só
conseguia escrever
com tinta verde! Na
Guerra Civil Espanhol,
Neruda
não
terminou
um
de seus poemas;
quando chegou o novo carregamento, já era tarde, não
conseguiu pegar o fio da meada...Fica pra outra 'vinda'.
Trumam
Capote (1924/1984
EUA)
era
da turma dos preguiçosos, que só gostavam de escrever deitados. Não iniciava seus
textos antes de verificar se no ambiente em que estava não havia
nenhum inseto. Muito
supersticioso fazia duas versões manuscritas a lápis antes de
datilografar,
e
não colocava mais do que três bitucas de cigarro no cinzeiro. Na casa dos outros, as colocava no bolso. Jamais começava algo nas sextas-feiras. E nem terminava.
Luis
Fernando Veríssimo
tem por hábito jogar paciência no computador, na espera e esperança
de que as ideias cheguem. Depois que soube que Chico Buarque fazia o
mesmo, perdeu o sentimento de culpa.
Jorge
Luis Borges
(1899
Argentina/1986 Suíça), todas
as manhãs registrava seus sonhos que usaria em suas ficções. Mas o
excêntrico é que, volta e meia, escrevia na banheira, como também,
algumas vezes, Vinícius de Morais usava da mesma 'tática'
– era
uma maneira
de afastar os indesejados. Nada por asseio, não deveriam ser tão fanáticos...
Cristóvão
Tezza (1952 – (Lages -
SC/Brasil) autor de vários romances, entre eles O filho
eterno, ao iniciar um romance
passa por um processo de ansiedade torturante e
que muitas vezes o angustiam. O primeiro de seus sintomas é a
obsessão em arrumar todo o escritório, sem deixar um clipe fora do
lugar.
Fabrício
Carpinejar (1972
RS/Brasil)
poeta,
romancista,
autor
de vários livros, entre eles, Canalha,
não
consegue escrever sem camisa, é
como desrespeitar a imaginação - diz o escritor. Na hora de algum
bloqueio faz faxina da pesada, com detergente e enceradeira. Volta ao
computador
com as ideias cristalinas e
sem vontade de mentir!
Caramba...esse sem dúvida é o mais esquisito!
Carlos Fuentes e Victor Hugo eram andarilhos para uma boa inspiração, enquanto que
Ernest
Hemingway, Virginia
Wolf, Wolfgang
von Goethe tinham
a mania de escrever em pé.
Hemingway
Metáfora - literatura e cultura (2011)
ha esses grandes homens e suas pequenas manias,
ResponderExcluirmuito interessante essas postagem.
gostei tanto que queria compartilhar, mas vc não tem o botão de compartilhamento...
ResponderExcluirpecado !!!!
Que legal essas esquisitices...mas acho que o nosso Carpinejar ganhou mesmo,rs...Ele é o máximo até nessa hora! Adorei ler e saber disso tudo! bjs, ótimo dia! chica
ResponderExcluirAmiga Taís, legal, gostei de ler, acho que todo mundo tem suas superstições e/ou manias!
ResponderExcluirAbraços apertados!
Bom dia querida Tais.. ou seria fria dia..
ResponderExcluirabaixo de zero aqui no sul tche srs
não tá fácil não.. anota aiiii
Samuel Balbinot- poeta- 1984 seguindo rsrs
começou a escrever depois de desilusões amorosas..
agradece a elas senão não teria feito tudo que fez ao longo destes 10 anos de versos..
comecei a escrever depois de pensar algo sobre o amor e saiu uma rima legal.. nunca mais parei desde lá..
só escrevo em companhia de músicas..
primeiros anos tinha um ritual..
acendia uma vela, incenso, muito rock n roll...
levava ao quarto fatias de pão colonial com uma perna de salame pra acompanhar regado a um bom vinho claro..
lembro que num domingo fiz 10 poesias..
acho que foi culpa do vinho rsrs
hj não mais faço essas coisas.. afinal a inspiração está sempre presente..
beijos e feliz sempre
Diria que é um BigBrother que queremos vêr....
ResponderExcluirNós por cá diríamos..... Mas é interessante saber que famosos,
também têm os seus 'tikes.'
Uma boa semana
Abraço
Cada louco com sua mania, não é assim um dito popular? Adoro o silêncio e uma trilha sonora tipo "Canon" quando me predisponho a redigir algo. Sinto-me bem assim, mas sem nenhuma pretensão ou tique nervoso...
ResponderExcluirAbraço.
Oi Taís,
ResponderExcluirDe louco cada um tem um pouco.
Eu vou mandar um e-mail pra você que começará a rir quando ler e talvez acorde pra rir.
Eu já ri bastante. Ai meu Deus que distração.
Amanhã o bicho pega no meu blog.
Beijos
Soneto-acróstico
ResponderExcluirAos que criam
Assim como homens, escritores são assim
Se comportam esquisitos, porquanto o são
E cada um quer alcançar o seu próprio fim
Sem que alguém os questione, porque não?
Que nós tenhamos alguma mania estranha
Unicamente nós outros os simples mortais
Intrigante seria, porque então essa sanha?
Se escritores sem manias seriam normais?
Indiferentes ao que deles todos pensamos
Tantos excêntricos produzem obras de arte
Indicando que os comentado continuamos.
Cientes de nossas críticas fazem sua parte
E relendo suas escritas nós leitores vamos
Sem levantar portanto qualquer estandarte.
Tais, adorei conhecer essas peculiares hábitos. Reparou que alguns têm em comum a mania de ver tudo arrumado, a seu modo? Geralmente as pessoas imaginam os escritores em locais meio bagunçados, jogando rascunhos ao chão ou a um cesto que nunca acertam (kkk). Talvez essa ideia venha de roteiros de filmes. Nossa, escrever em pé, para mim, seria um suplício. Gostei muito da postagem. Bjs.
ResponderExcluirArrumar os livros pro tamanho na estante, né normal não? Poxa, também faço isso. Bom saber dessas "esquisitices" Afinal os cara, longe da aura de imortais, são de carne e osso. Beijos, Tais!
ResponderExcluirFenomenal!!! Nunca leí tantas "exquisiteces" de tan famosos escritores....he reído con muchas de ellas no imaginables...
ResponderExcluirExcelente relato de formidables "manías literarias"
Fuerte abrazo
Gostei muito desta tua postagem, Taisinha. São mesmo muito interessantes as manias desses escritores, que, quase todos eles, representam o que temos de melhor da literatura universal. É matéria para ser relida, mais tarde.
ResponderExcluirBeijinho.
Que interessante!
ResponderExcluirGostei de ler e de saber destas manias de escritores. O que mais me surpreendeu é a mania quase comum a todos: mania de arrumação. Tinha uma ideia precisamente contrária. Pensava que os escritórios de escritores seriam um arrumação muito desarrumada, com livros e papéis por todo o lado. Imagens que nos ficam dos filmes...
Beijinhos
Olá Tais,
ResponderExcluirPareço bem normal diante de todas essas figuras ilustres-rsrs. Interessante que vários possuem mania de arrumação. Creio que é normal certas esquisitices por parte de 'criadores' em geral, que se valem de rituais estranhos para extravasarem sua arte ou inspiração. Eu tinha uma colega que pintava quadros e somente o fazia nua. Achava estranho na época, mas depois passei a a compreender tal atitude.
Bem interessante a postagem.
Beijo.
Eu não podia imaginar que tinham manias desse tipo rs.Cada uma!
ResponderExcluirBeijos, Taís!!!
MUY INTERESANTE TU POST. GRACIAS POR COMPARTIR.
ResponderExcluirABRAZOS
Tais estou contente que meu blog tenha te inspirado, ador crochê , entre outras coisas, agora estou fazendo uma manta de granny linda que postei a algum tempo.
ResponderExcluirse você gosta de costurar tenho um blog de costura com muitos tutoriais legais
http://dicadecosturadefifia.blogspot.it/
Querida Fifia, não entendo nada de costura, estou seguindo seu blog de decoração (não conhecia), adoro móveis, objetos e tudo que diz respeito à decoração! Gosto de criar, de improvisar. Conheça o 'Das Artes', você vai gostar.
ExcluirGrande beijo.
Minha querida amiga Tais, amei este post, curioso que só rs...Cem anos de Solidão, acredito ser o livro que mais me tocou, lembro de chorar ao terminá-lo, e sempre tive esta impressão, de ser uma enorme história que me era contada e que eu tinha uma necessidade de contar, de falar sobre o livro, tentar influenciar e fazer o outros lerem...Jorge Luis Borges me encantou, em certo período de minha vida anotava os sonhos, mas por influência de Jung, na tentativa de interpretá-los...Nossa, querida Tais, este é o post para se ler várias vezes, nós os amantes da leitura, amante desses gênios da literatura. Sempre um imenso prazer fazer parte dos leitores deste blog que sempre me trás uma surpresa, uma curiosidade, palavras de sabedoria e alegria, reavivando sempre o prazer que tenho de ler.
ResponderExcluirps. Carinho respeito e abraço
Olá Taís,
ResponderExcluirEstou aqui rindo das manias de nossos escritores e escritoras,parece que em todos[as],baixa o espírito da faxina...Adorei!
Que bom ler tuas escritas,sempre me atualizo e me divirto também.
Beijos!
Izildinha
Amiga, já tinha lido uma matéria semelhante no Facebook, só que falava de outros detalhes da Virginia Woolf e, como lá é tudo tão imediatista, acredita que não consigo lembrar dos detalhes? E olha que ela é uma de minhas autoras favoritas ever!
ResponderExcluirPercebi que grande parte dos escritores são (ou eram) muito organizados, nesse quesito, como escritora saio perdendo de cheio! hahahaha! Sabe aquele tipo de pessoa que chega em casa e vai jogando as roupas e lançando os coturnos longe no quarto? #SouDessas.
A minha bagunça nunca foi problema, mas existem pessoas com TOC que não conseguem fazer nada mesmo em locais bagunçados. É uma espécie de catarse, como se a organização exterior pudesse curar a interior.
Beijos.
Rivotril com Coca-Cola