21 de junho de 2015

DESENCANTO - MANUEL BANDEIRA

                                          




                                         Eu faço versos como quem chora
                                          De desalento… de desencanto…
                                          Fecha o meu livro, se por agora
                                          Não tens motivo nenhum de pranto.

                                          Meu verso é sangue. Volúpia ardente…
                                          Tristeza esparsa… remorso vão…
                                          Dói-me nas veias. Amargo e quente,
                                          Cai, gota a gota, do coração.

                                         E nestes versos de angústia rouca
                                         Assim dos lábios a vida corre,
                                         Deixando um acre sabor na boca.

                                            – Eu faço versos como quem morre.

                                       _________________________________
                 
                                                        Manuel Bandeira – Uma Antologia Poética, L&PM Pocket pág 26
                                                        (Teresópolis 1912)




38 comentários:

  1. Tais Luso, este poema de Manuel Bandeira sim, é de antologia. Não como no presente que, Antologia é sinónimo de exploração comercial da cultura, a desaprovar.
    Como adoro a cultura do Brasil, é-me sempre agradável a poder ir apreciando.
    Abraços

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    1. É verdade, Daniel, não é fácil fugir das explorações comerciais como também só posto o que me agrada, o que me toca a alma.
      Abraços além-mar! Obrigada pelo carinho da visita.

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  2. Tão bom reler Bandeira, por vezes tão deixado de lado por nós... Lindo! bjs, ótimo domingo e INVERNO! chica

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    1. Adoro, é tão verdadeiro, tão direto...
      Grande beijo, obrigada pelo carinho sempre presente!

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  3. A Manuel

    Porquanto Manuel faz os versos sem peias
    Versos de desamor, versos de desencanto,
    Mas se doloroso lirismo lhe corre pela veias
    Nem tudo é desespero, nem tudo é pranto.

    Embora verso de sangue, amor ele semeia
    Tristeza presente, porém diluída um quanto
    Dói-me essa dor desmedida, dói-me, creia
    Porque dor de Manuel é minha dor, garanto.

    Mas, nestes versos de angústia existe vida
    Uma vida que não abandona essa alegria
    A qual está a nossa volta, as vezes diluída.

    Ele faz os versos amargosos com ousadia
    Com a consciência de quem está de partida
    E que como Midas, tudo que faz vira poesia.

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    1. (...) "Dói-me essa dor desmedida, dói-me, creia"
      A dor de Manuel é a 'nossa' dor, tão real, tão cheia de verdades e tão presente...
      Abraços, amigo Jair, obrigada sempre!

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  4. Gracias por compartir tan hermoso poema
    Fuerte abrazo Tai

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    1. Obrigada pelo carinho da visita, querida Cristina.
      Tenha uma linda semana.

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    1. Olá, ReitiH, muito obrigada pela sua presença, abraços do Brasil!
      Ótima semana.

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  6. Versos que nos tocam. Nem sempre os poemas falam de amor. E em muitos corações, é a dor que habita. Grande Manuel Bandeira! Bjs.

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    1. Aliás, Marilene, gosto de poemas que falam da realidade, da dor, das angústias dos sentimentos, das fraquezas, nada muito belo, o que é mais verídico.
      Um beijão, linda semana!

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  7. Hay versos que duelen como el amor no correspondido.
    Un feliz domingo.

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    1. Verdade, Mari! Essa dor cala muito fundo, a dor da rejeição.
      Um beijo, linda semana!

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  8. Lindo demais esse poema. Muito bom passar por aqui.Abraço!!

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    1. Obrigada, Regina, uma ótima semana pra você.
      Abraços carinhosos do sul, e um tiquinho do frio que já começou.

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  9. Manule Bandeira - a dignidade em "ser o poeta incomparável"!
    Destaco:
    "Fecha o meu livro, se por agora / Não tens motivo nenhum de pranto."
    Abraço.

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    1. Também gostei disso, Célia. Quem não tem lá seus motivos, muitas vezes, para se derramar em lágrimas de desencanto? Por mais que queiram parecer sempre felizes e resolvidas, a vida mostra o contrário.
      Beijos! Ótima semana.

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  10. Muito triste meu conterrâneo Manuel Bandeira, tadinho. Viveu sob o estigma da tuberculose, adquirida ainda mocinho, na época sem cura. Marcou toda sua obra, referenciada noutras poesias."Toda uma vida que podia ter sido e não foi". Jamais casou, solteirão por imposição do destino. Namorou com prostitutas. Lindos versos, triste. "Tristeza espaçar, remorso vão". Beijos, Menina de Ouro.

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    1. Ótimo, Fábio! A biografia de Manuel Bandeira é tão rica e maravilhosa que ao lê-la entendemos perfeitamente seus versos, repletos de sofrimento e verdades. Assim, direto. E ao terminar, entende-se porque toda essa grandeza nos toca tão profundamente. É difícil colocá-las no papel e ainda emocionar terceiros.
      Beijos!

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  11. OI TAIS!
    VERSOS DE DESENCANTO, MAS, LINDOS DEVIDO AO TALENTO DE "MANUEL BANDEIRA".
    ÓTIMA PARTILHA.
    ABRÇS
    -http://zilanicelia.blogspot.com.br/

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    1. Abraços, querida Zilani, uma linda semana!
      Obrigada pelo carinho da visita.

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  12. Very beautiful poem.
    A flower too.
    Greetings and hugs.

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    1. Que bom você aqui, de tão longe, Pantherka!
      Grande abraço!

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  13. Olá Querida, Tais, retornando ao blog......
    Que bela e acertada escolha do poema de Manuel Bandeira.
    Tão bom saber que divide conosco tanta riqueza cultural.
    Grande abraço!

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    1. Eu é que fico feliz por trazer poeta de tamanha grandeza, querida Marli!
      Abraço, meu carinho, amiga!

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  14. Que delicadeza! Lindo!

    Tais, minha cara, peço desculpas pelo meu sumiço. Passando para matar a saudade...
    Grande abraço

    Leila

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    1. Leila querida, que bom te ver! Entendo o sumiço (rss), é que são muitos amigos e o tempo é curto! Saudades suas, também. Saudade de seus belos textos, aparecerei!
      Meu carinho, amiga!

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  15. Bom dia querida Tais..
    uma poesia perfeita e me dei o trabalho de contar as rimas..
    por isso foram grandes.. poesia esta em 9 sílabas poéticas..
    a falar do que hj em dia muito vemos..
    é um desencanto atrás do outro..
    mas fica tranquila que eu to aqui com meus versos metendo pau..
    semana que vem posto mais uma..
    volta e meia me revolto rsrs
    antigamente era sempre.. hj não me desgasto tanto com essa
    podridão que temos de aguentar né..
    tenhas um lindo dia.. bjs e feliz sempre

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    1. Oi, querido amigo, pois é, todos estamos desencantados, bem ao estilo Manuel Bandeiral Depois do teu 'Quico' entraste a mil rs. E gostei! Mas todos estamos assim, até aqui, Mas a mídia está aí, mostrando toda a podridão no Reino! Completa indignação.
      Bjus, linda semana!

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  16. Lindo o poema! Gosto da poesia de Manuel Bandeira.
    A foto também é muito linda:)

    Mudou o visual do blogue...

    Um beijinho e um bom fim-de-semana:)

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    1. Oi, Isabel, também gostei da foto, uma flor solitária e se manteve viva...
      É, o visual do blog tornou-se mais neutro...
      Beijo, lindo fim de semana!

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  17. Taís, você escolheu um belo poema do Manuel Bandeira.
    Querida amiga, grande beijo!

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    1. É, gosto de poemas tristes, e também dos que falam do 'social'.
      Beijo, querida amiga, bom fim de semana.

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  18. Olá minha querida amiga Tais, outro dia estava a trocar email com um amigo e el me mandou um texto sem autor, achei lindo respondi, ele então me disse que era do caio, então num trecho lembrou desse poema, e eu mandei ele de presente, e nesse meio tempo leio aqui, não acredito em coincidências, gosto de chamar sincroncidade do Jung, pois havia postado um poema deste autor ímpar, que se fará sempre os meus favorito. Gosto dessa melodia melancólica que este poema me dá, uma tristeza inacreditavelmente linda (sou meio mórbido rs), mas na poesia se torna belo, a dor que nos arranca ou o sentimento mais puro que as palavras nos provocam, tou divagando...adoro isso.
    ps. Carinho respeito e abraço.
    o

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    1. Olá, querido amigo Jair, estava de férias? Pois é, também adoro poemas tristes, poemas têm de ser profundos, algo que faça algum rebuliço nos nossos sentimentos. que nos faça pensar e ao mesmo tempo ficar muitas perguntas no ar... justamente para nos levar a refletir sobre nossas vidas, o sentido que achamos nela etc e tal. Ou também nenhum sentido. Fica a escolha do freguês...
      Grande abraço, amigo, que bom que retornou.

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  19. Caraca... Li tão pouco Manuel Bandeira, mas é fantástico seu escrito.
    Esse, em particular, é bem depressivo e gosto de obscuridade na arte. Deixa-a intensa e profunda.
    Beijos Taís!

    Rivotril com Coca-Cola

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    1. Não sou muito fã de poemas alegrinhos, gosto daqueles que despertam em nós sentimentos de compaixão, de perdão, de reflexão, de cumplicidade... daqueles que mostram a crueza da vida e não a festa. E poemas que expõem o social como ele é. Na verdade, festa é algo bem transitório.
      Beijo, amiga!

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Muito obrigada pelo seu comentário
Abraços a todos
Taís