Quando nasci, num mês de tantas flores,Todas murcharam, tristes, langorosas,Tristes fanaram redolentes rosas,Morreram todas, todas sem olores.Mais tarde da existência nos verdoresDa infância nunca tive as venturosasAlegrias que passam bonançosas,Oh! Minha infância nunca teve flores!Volvendo à quadra azul da mocidade,Minha alma levo aflita à EternidadeQuando a morte matar meus dissabores.Cansado de chorar pelas estradas,Exausto de pisar mágoas pisadas,Hoje eu carrego a cruz das minhas dores!
Augusto dos Anjos (Paraíba 1884 - 1914 MG) foi ignorado pela crítica do começo do século. Se alguma exceção se abriu, foi para reputá-lo como autor de versos estapafúrdios e aberrantes. Nas décadas seguintes acabou reconhecido como um dos mais admirados e originais poetas brasileiros. Augusto dos Anjos é, certamente, o precursor da moderna poesia brasileira, poesia que daria seu voo somente em 1922, na célebre Semana de Arte Moderna.
Augusto dos Anjos / Eu e Outras Poesias
L&PM Pocket – pág 153
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Adorei a escolha! Belo poema, grande autor! beijos,chica
ResponderExcluirOi, querida Chica, pois é, leio muitos poemas antes de escolher um; quero que fiquem junto de mim, aqueles que mais gosto! Mas existem uma infinidade, vou trazendo...
ExcluirBeijo, um bom fim de semana!
Lembre-se sempre disso: Um desabafo e uma reflexão...
ResponderExcluirDe tudo o que existiu fica tudo!
Ficam a empatia, os risos, o choro, o medo, o desabafo, os nós desatados e os que atamos também.
Ficam as palavras, as expressões e gestos de afeto e carinho.
Ficam os olhares de cumplicidade e intimidade nos momentos que foram nossos.
Ficam as músicas que não tivemos, as atrapalhadas, as caras de espanto e o medo de magoar com qualquer bobagem impensada.
O toque que a cada dia foi tomando forma mais sincronizada, sem muito desespero. Também fica junto com ele o abraço que foi se tornando cada vez mais apertado fazendo a gente quase entrar na gente.
Ficam os "nãos", os "sins", os "tudo bem" e ficam também os "bóra"! As aulas ficam. Tanto as de "como não fazer" quanto às de "como não ser".
Ficam as longas conversas sobre tudo e nada, sobre eu, sobre você, sobre os outros e sobre nós.
Ficam o silêncio e a troca intensa de emoções que fizemos através dele.
Ficam as broncas acompanhadas de gargalhadas, ficam as piadas engraçadas e as sem graça também. Ficam aquelas que fizemos pensando ao mesmo tempo a mesma coisa sobre a mesma situação. Como tudo isso foi incrível!!
Ficam os sentimentos de cuidado, de carinho, de zelo. Fica cravado no peito o respeito de uma grande e forte "amorizade".
Mas acima de tudo pudera eu dizer pra você: fica?!
Sugiro que modifiquemos e transformemos tudo isso que ficou para continuarmos usufruindo, mas de outra forma.
Muita das vezes vamos o que mais desejamos, é um local no qual nós podemos ancora nossos pensamentos e deixar desaguar aquilo que pensamos e sentimos, seja ela pequenas ou grandes... Confesso que é com este grande carinho que aqui parei hoje para me deleitar da sua farta mesa poética.... bj no coraçãop linda te espero em uanderesuacronicas.blogspot.com
Ja estou a te seguir, por favor faça o mesmo!
Já estou seguindo seu blog e irei conhecer alguns de seus textos.
ExcluirObrigada pelo seu lindo comentário, volte sempre.
Abraços.
Amei os versos do belo soneto escolhido!
ResponderExcluirAmiga, é sempre um prazer poder postar essas belezas e ter quem lê, eu amo ler e nunca deixo de refletir sobre o que leio, eu amo mitologias, mas também posto de tudo um pouco, meus poemas são sem peias exatamente por isso.
Aqui também sempre encontro algo bom para ler, é sempre um prazer!
Deixo abraços bem apertados!
Obrigada, querida Ivone, gosto muito de você aqui com seus ricos comentários.
ExcluirVocê, com sua sensibilidade, faz parte da casa...
Beijo grande!
Oi linda Taís,
ResponderExcluirA poesia é linda mais triste
Deu tudo errado até com as flores
Eu adorava conversar com as flores do campo quando criança.
Beijos
Dorli Ramos
Pois é, querida Dorli, penso tanto se as flores entendem alguma coisa!
ExcluirGostaria de saber isso...Mesmo assim tenho pena de ver uma rosa no vaso, cortada...
Beijo, amiga!
Tais, Augusto dos Anjos foi um poeta sui generis. Talvez avançado para o seu tempo, mas hoje na Academia Paraibana de Letras, de que foi Académico, está patente a sua estatueta.
ResponderExcluirE por falar em Paraíba, convido a dar uma passagem no meu espaço O SORRISO DE DEUS, que está em João Pessoa, Paraíba.
Abraços
Pura verdade, amigo Daniel. Não foi compreendido. Mas é assim, o que tem valor muitas vezes é reconhecido quando se vai...
ExcluirObrigada pelo carinho da sua visita,
Abraços!
É mágoa....ou saudade.....???
ResponderExcluirBonito.., não conhecia o autor...
Bfs
Beijo
Essa é puramente "Mágoa", mas tem a "Saudade" que postarei mais tarde - também de Augusto dos Anjos. Linda de morrer! Casualmente eu estava na dúvida de qual postaria primeiro, rs
ExcluirBeijos
Fascinante, Augusto dos Anjos. Sei até dele de cor seu poema mas conhecido: Versos Íntimos. Quando era mais jovem tinha o livro dele já era fascinado pela sua forma de escrever, extrair beleza do mórbido, encantar com o repulsivo, asqueroso. Imaginava só ser possível folhear seu livro depois de imensa alegria qualquer, aproveitar e contrabalancear. O poeta de um livro só: EU, precisou mais não, pra se notabilizar. "Caba bom!", como se diz pro aqui no nordeste. Alias, ele era Paraibano. Beijos, Tais!
ResponderExcluirOi, Fábio, Paraibano de 1884. Que pena que não viu seu grande sucesso. Seus versos doem, machucam, ora tenho pena dele, ora tenho pena de nós todos lendo "Queixas Noturnas"... Tantos versos lindos, mas "Versos íntimos" arrasa.
ExcluirBeijos, Fábio!
Minha querida amiga Tais, sabes o quanto gosto deste poeta, Augusto dos Anjos é meu poeta punk, um visionário, quase um futurista, também acho um dos pilares da influência literária brasileira que influenciou sobre maneira na Semana de Arte Moderna em 22. Acho que desde antes, digo, antes de conhece-lo já cultuava coisas mórbidas rs, gostava de frequentar um cemitério, principalmente após a morte de meu avô materno, meu herói. Quando o conheci de fato foi amor a primeira leitura, seu poemas de cor dele até hoje, não lembro desse poema, mas amei ler algo que para meu inconsciente parece uma obra nova dele. O temas dele também não estão muito distante do que gosto ou procuro ou consigo escrever, claro, tudo dentro de uma proporção que eu acho rs. Este poema não é diferente, é único. Ele sempre tratou de minhas dores, minhas mágoas, sempre soube me dizer o que estava sentindo, a poesia tem poder sobre mim, a poesia de Augusto dos Anjos fala, ainda, pela minha alma. Belíssima postagem querida amiga Tais.
ResponderExcluirps. Carinho respeito e abraço.
rss, Coisas mórbidas? E você já notou como os versos mórbidos são lindíssimos? Parecem mais reais. Mexem mais com nossos instintos de preservação da vida, de medo, de dúvidas. Não diria instintos 'primitivos' como o nosso político lá...
ExcluirGrande abraço, amigo Jair!
que lindo
ResponderExcluirTambém acho, obrigada pela visita, ludu.
ExcluirQuerida amiga Tais, primeira vez que contatei Augusto dos Anjos, fiquei embasbacado, assustado...nem consegui ler todo o livro "Eu" Somente mais tarde fui perdendo o medo...
ResponderExcluirUm abração. Tenhas um lindo fim de semana.
Eu também, virei um espanto só, principalmente com "Versos íntimos"! Forte. Augusto dos Anjos é um dos meus preferidos, e seu sofrimento têm a ver, aparece em tudo. É um misto de admiração com espanto e dó, justamente porque levou tempo para ser reconhecido, o que não deveria. Foi incompreendido.
ExcluirGrande abraço, amigo Dilmar!
Olá Tais.
ResponderExcluirUm poema incrível, com grande magoa e problemas existências. Um feliz fds para vocês. Beijos.
Realmente, muitas mágoas... E que lindo quando lemos sentimentos bem colocados, mesmo os que exprimem dor.
ExcluirBeijo grande, amiga! Obrigada pelo carinho da visita.
Hermoso soneto y destacado homenaje has dejado Tais a interesante y reconocido escritor
ResponderExcluirFuerte abrazo
Os poetas são pessoas sensíveis, Cristina, é pra se guardar do lado direito do peito!
ExcluirObrigada pelo teu carinho
bjus!
UN POEMA BELLO. GRACIAS POR COMPARTIRLO.
ResponderExcluirABRAZOS
Gracias pela sua visita sempre gentil, amigo ReltiH!
ExcluirUm ótimo fim de semana.
Abraços!
Acróstico
ResponderExcluirAlinham-se os astros no firmamento
Um raríssimo tão feliz acontecimento
Generosos presenteiam a Terra então
Um prócer das artes nasce neste chão.
Surgiu pois Augusto, esse poeta maior
Tendo no seu bedelho a cartilha de cor
Onde uma altíssima poesia se encontra
Deleitando aquele que observa a montra.
O vate que em todos os temas é capaz
Sabe tudo dessa arte que tão bem faz
Assim, nos brinda com sua inspiração
Nesses versos que de graça nos serão.
Jacente a seu poemar assim tão sagaz
Obliterando qualquer maior pretensão
Seja Augusto aquele que nos satisfaz.
Que lindo acróstico, bela homenagem, Jair! Os versos desse poeta são tão sofridos que comovem, Obrigadíssima pela sua homenagem - sempre à altura.
ExcluirGrande abraço, amigo, um bom fim de semana.
Este comentário foi removido pelo autor.
ResponderExcluirOi, querido amigo, outro soneto lindo entrando aqui, homenageando esse poeta,
Excluiro fantástico Augusto dos Anjos! Se eu soubesse construir sonetos também faria um em sua homenagem, mas sou cronista, minha veia é outra.
Adorei tua participação, como sempre.
Bjus e uma linda semana!