Caminho
entre as minhas perdas
que
são insetos escuros,
e
os meus ganhos: douradas borboletas.
A
luz de uma paixão, o dedo da morte,
o
grave pincel da solidão
desenharam
meus contornos, firmaram
meu
chão.
Que
liberdade, não precisar pensar;
que
alívio não ter de administrar
minha
vida:
apenas
andar, e olhar,
apenas
ouvir essas vozes
que
vêm de longe, passam por mim
e
não me dão importância.
Porque
no vasto oceano,
a
minha eventual desarmonia
é
só uma gota
desafinada.
Mais
nada.
____________________________________________________
Para Não Dizer Adeus – 3ª ed. editora Record, 2005, Rio de Janeiro - pg 139.
Formada
em Letras anglo-germânicas e com mestrados em Literatura Brasileira
e Linguística Aplicada, Lya Luft trabalha desde os 20 anos como
tradutora de alemão e inglês. Já verteu para o português obras
de autores consagrados como Virgínia Woolf, Günter Grass, Thomas
Mann e Doris Lessing, além de ter recebido o prêmio União Latina
de melhor tradução técnica e científica em 2001 pela tradução
de Lete: Arte e Crítica do Esquecimento, de Harald Weinrich.
Romancista, ensaísta, cronista e poeta, deixo aqui alguns de seus livros. Lya nasceu em Santa Cruz do Sul, em setembro de 1938 - RS.
As Parceiras / 1981 – A Asa Esquerda do Anjo / 1981 - O Ponto Cego / 1999 - Reunião de família / 1982 - O Quarto Fechado / 1984
- Mulher no Palco / 1984 - O Rio do Meio 1996 – Mar de Dentro / 2002 - Perdas e Ganhos / 2003
– Histórias do Tempo / 2000 - Pensar é Transgredir / 2004 - Histórias da Bruxa Boa / 2004. Atualmente escreve uma coluna na Revista Veja.
_________________________________________________
Nadinha a acrescentar
ResponderExcluirNeste pleno conteúdo
Pois não é de admirar
A Lya Luft disse tudo!
Olá, Tais,bom dia...
ResponderExcluir...saudade de ler Lya Luft e ver uma obra de P.Picasso...claro que para cada um a maturidade vai refletir de várias formas e bem diferentes, mas creio que saberemos que ela ,a maturidade, está conosco, quando o julgamento/ aprovação do alheio já não interfere mais em nossas ações "apenas ouvir essas vozesque vêm de longe, passam por mime não me dão importância"e "a minha eventual desarmoniaé só uma gotadesafinadaMais nada", e ao concluir que a vida é uma sucessão de perdas e ganhos, "insetos escuros, douradas borboletas" e que o tempo que passou, não nos levou e limitou em nada e sim deixou ," A luz de uma paixão, o dedo da morte,o grave pincel da solidãodesenharam meus contornos" , somatizando para o nosso crescimento e a consolidação de nosso amor próprio."firmarammeu chão".
Obrigado pelo carinho,belo domingo,belos dias, beijos!
Tenho três livros dela e gostei muito de todos eles: O Silêncio dos Amantes, Perdas e Ganhos e A Asa Esquerda do Anjo. Não tenho conhecimento de muitos mais, publicados por cá.
ResponderExcluirGostei do poema, que transmite o alheamento de quem quer parar de sofrer.
Bom domingo para si Taís:)
Nossa Lya é maravilhosa!Adoro e gostei de tua escolha! bjs, lindo domingo,chica
ResponderExcluirOlá, bom dia, Tais.
ResponderExcluir"Que liberdade, não precisar pensar;
que alívio não ter de administrar
minha vida" - então não? Era tudo o que eu queria, em certas fases da vida ;)
Lya bem sabe como é ;)
Picasso no seu "período azul", aqui nesta tela, vai muito bem.
Tem um bom domingo, querida Taís.
bjn amg
Saber caminhar entre as perdas da vida é maturidade plena! Lya Luft descreve extraordinariamente, como sempre!
ResponderExcluirAbraço.
Bom dia querida Tais.
ResponderExcluirLer Lya Luft é muito bom. A imagem do trabalho Pablo Picasso, lindíssimo. A vida é uma sucessão de perdas e ganhos, "insetos escuros, douradas borboletas , bela frase. Amiga deixei no meu blog um premio dardos para você. Um feliz domingo. Enorme abraço.
Por supuesto que debe de ser bueno ya que el texto lo es, un buen domingo.
ResponderExcluirOi Tais,
ResponderExcluirgosto de Lia Luft, a primeira vez que lemos é difícil digerir, depois vamos entendendo e aceitando as verdades. Poucos autores tem a coragem de serem tão verdadeiros como ela.
Parabéns pela escolha. Ótima semana para você.
Bjs
Oi Taís,
ResponderExcluirNunca li esses livros. E gosto muito de os livros de Jô Soares. Um dia li um com 464 página em 2 dias sentada à frente da minha casa, ri muito. O livro é: O homem que matou Getúlio Vargas.
Os que passaram a frente a minha casa deveriam pensar que tinha enlouquecida.kkk
Beijos
Dorli
Em uma das suas escritas Lya Luft diz:
ResponderExcluirA vida é maravilhosa, mesmo quando dolorida. Eu gostaria que na correria da época atual a gente pudesse se permitir, criar, uma pequena ilha de contemplação, de autocontemplação, de onde se pudesse ver melhor todas as coisas: com mais generosidade, mais otimismo, mais respeito, mais silêncio, mais prazer. Mais senso da própria dignidade, não importando idade, dinheiro, cor, posição, crença. Não importando nada.
Lindo poster Tais!
Como sempre esta a nos trazer raridades com conteúdos profundos...
big bj em seu coração ótimo inicio de semana..
O texto de Lya é sempre um céu tão claro.
ResponderExcluirUma bela partilha, Taís.
Abraços,
Uma excelente escolha poética.
ResponderExcluirA Lya é uma grande escritora.
Boa semana, querida amiga Tais.
Beijo.
Pois é cara amiga Taís, minha primeira incursão no mundo de Lia foi em A Asa Esquerda do Anjo, mas naquele momento não fiquei muito entusiasmado. O tempo foi passando, ela escrevendo mais livros, os quais eu sabia pela mídia, mas devido a grande repercussão de Perdas e Ganhos aventurei-me neste e fiquei surpreendido pelo salto estilístico. De lá para cá tenho lido Lya regularmente. Lya grande e eclética escritora.
ResponderExcluirUm abração. Tenhas uma linda semana.
Oi Tais, boa tarde amiga.
ResponderExcluirComo é bom ter esta maturidade de saber caminhar!
Linda escolha.
Beijos, ótima semana!
Mariangela
Uma tela de Picasso emoldurando uma poesia de Lya Luft é simplesmente um post maravilhoso,
ResponderExcluirUm abraço.
Élys.
Querida Maninha recebi dois presentes postados por você a obra de Pablo Picasso e o poema da grande Lya Luft, já li vários livros dela gosto demais.
ResponderExcluirObrigada pelo presentão, ótima postagem.
beijinhos, Léah
Excelente! Somos efêmeros, o de menos, chama de uma vela na escuridão da noite dos tempos. Pouco acrescentamos aos dias, que seguem inexoravelmente... O sol nasce sem a nossa permissão, a lua... Tudo já existia, sem a nossa permissão e passarão muito bem sem a gente. Somos grão de areia no vasto areal, muito pouco acrescentamos, tanto almejamos, como se fôssemos grandes coisas. Só nós somos tão importantes pra nós mesmos, só nós sabemos o quanto nos queremos. Ótima poesia Tais, bem do jeito que eu gosto, reflexiva, beijos!
ResponderExcluirJá consagrada, Luft dispensa apresentações. É dona de poesia madura, trabalhada.
ResponderExcluirBela postagem, Tais.
Meu abraço,
Jorge
Mais uma excelente partilha!
ResponderExcluirAbraço Tais!
Rui
Palavras claras, suaves, de efeito...
ResponderExcluirBela postagem, amiga Taís!
Beijos!
Excelente escolha, belissimo poema.
ResponderExcluirTais, recebi um prémio que circula na net e venho partilhá-lo consigo. A importância não está no prémio em si, mas sim no que ele representa, a criatividade, imaginação, inspiração, bem como as horas e dedicação que cada um, dedica aos seus blogues deixando neles um pouco de si.
Provavelmente já recebeu de outros amigos esta recomendação, mas fica também aqui o meu reconhecimento pelo mérito do seu blogue.
Beijinhos
Maria
Querida Maria, muito obrigada pela sua gentileza, pelo carinho e pelas suas palavras de reconhecimento. Além do prêmio, em si, o maior é a palavra de vocês, dos queridos amigos blogueiros.
ExcluirMeu carinho pra você.
Muito obrigada por nos trazeres um poema profundo de uma poetisa que não conhecia. A maturidade é isso mesmo, é, com o passar dos anos , sabermos entender a vida, termos a consciência que a caminhada é feita com encontros, desencontros, encantos, acalantos, muitas dores, sucessos e imensos somhos que não se realizaram. Com a experiência adquirida temos a obrigação de aprender que um caminho também se faz com pedras; algumas vezes é possivel alisá-las com maquinas tornando a estrada lisinha e agradável de se usar; noutras porém, os pedregulhos são de tal modo grandes e duros que não há máquina que as quebre; só um coração experiente, carregado de vontade e resiliência consegue desviar-se e seguir o melhor caminho. Aprendemos com a maturidade a saber aceitar, compreender, perdoar; entendemos melhor que a vida segue o seu caminho e nós temos de a acompanhar sem reclamar. Obrigada pela partilha, Tais. Um beijinho
ResponderExcluirEmilia
Belíssima escolha Tais ! Lya Luft é sempre motivo de encontro com nosso eu... Beijos minha querida, prazer estar aqui !!!
ResponderExcluirGRANDIOSO TEXTO!!!! GRACIAS POR COMPARTIR.
ResponderExcluirABRAZOS
Olá Irmãzinha: Obrigada pela sugestão, mas fiquei tão furiosa com o acontecido que vou mesmo é postar algo novo para ajudar a esquecer. Meu filho que sempre me socorre está de férias no Japáo, vai demorarrrrr a chegar aqui :).
ResponderExcluirMUITO OBRIGADA E
mil beijinhos, Léah
Olá Tais! Passando para me deliciar com a leitura deste belo e profundo poema da grande Lya Luft, fruto das tuas mais acertadas escolhas, assim como dizer que fiquei muito feliz com a tua visita e com o teu amável comentário deixado no nosso humilde espaço.
ResponderExcluirBeijos e muita saúde e paz para ti e para os teus.
Furtado.
Taisinha,
ResponderExcluirAcho que li todos os romances da Lya Luft, e muitos outros romances que ela traduziu, mas poesia, há muito tempo estou por ler. Depois deste poema, vou ler o livro "Pra não dizer adeus". Era o ânimo que me faltava.
Beijinho daqui do escritório.
Tais, somente depois que já vivemos "alguns" anos e passamos por diversas experiências podemos avaliar o que passou e caminhar entre perdas e ganhos com certa tranquilidade. A admirável escritora foi perfeita em suas colocações sobre maturidade... contornos definidos (com risos e lágrimas) e chão conhecido.
ResponderExcluirGostei muito de sua escolha e essa tela sempre me encantou. Bjs.
Obrigada pelas palavras deixadas no meu "Ortografia". Passarei aqui outras vezes.
ResponderExcluirBeijo.
Belíssima escolha, Tais!
ResponderExcluirMaturidade é mesmo saber contornar as vicissitudes da vida, que nos moldam... para o bem e para o mal...
Confesso que não conhecia a autora, mas adorei o poema!
E a imagem... um excelente suporte para o tema! Adorei o post!
Beijinhos! Bom fim de semana!
Ana
Minha querida amiga Tais, amo demais Lya Luft...e funciona mais ou menos assim comigo, embora tenha mais insetos escuros que coloridas borboletas, mas estou aprendendo com tempo e o mar, vasto mar que é a vida, e nele sou uma gota, apenas uma gota, mas que posso com o andar do tempo, fazer parte do oceano, já maduro colaborar positivamente pela harmonia deste oceano, que sempre precisa ser visto, ser tocado, e para sempre ser vivido...divaguei minha amiga, mas luto comigo o tempo todo para me entender melhor, amadurecer e eu poder perceber este amadurecimento, este crescimento enquanto ser humano. Sempre muito bom estar por aqui.
ResponderExcluirps. Carinho respeito e abraço.
Hoje li sobre envelhecer-se.
ResponderExcluirQue bom a junção delas, envelhecer com maturidade
ainda que a balança muitas vezes pende para as perdas,
mas que esta maturidade faça redescobrir o caminho a seguir.
Beleza de partilha e bela ilustração.
Meu abraço.Bjs